[email protected] 7 Cidades Curitiba, sexta-feira, 4 de janeiro de 2019 ## SAÚDE ANIMAL Curitiba precisa de cães e gatos doadores de sangue Cidade tem apenas um local que faz transfusão, mas estoque é baixo e preocupa Ana Ehlert Umcheck up de rotina em Jhonnie, de 11 anos, revelou a existência de um linfoma —um tipo de câncer — e um problema muito comum em Curitiba: a falta de sangue para transfusão e uma corrida contra o tempo. “Há ape- nas um lugar em Curitiba que faz transfusão de sangue, mas lá também não havia estoque e apenas uma bolsa custava cerca de R$ 500, sem contar a transfusão”, con- ta Julyanne Coutinho, a médica veterinária responsável pelo diagnóstico do gato da raça Sagrado da Birmânia. Sim. A transfusão de sangue era para uma animal de estimação, não para uma pessoa. A similaridade de si- tuação, contudo, não para por aqui: a transfusão, assim como nos humanos, exige que o tipo sanguíneo do doa- dor seja o mesmo do receptor. Curitiba tem apenas uma empresa que faz transfusão de sangue em cães e ga- tos e apenas um laboratório que faz a tipagem sanguí- nea do animal. Apesar disso, na Pet Transfusion não há estoque de sangue de gatos, apenas de cães. O veterinário respon- sável pela coleta de sangue nos cães doadores, Luciano Marini do Amaral, explica essa situação pela dificulda- de de tirar sangue de um gato. “Normalmente, eles pre- cisam ser sedados para que a gente consiga tirar san- gue deles”, conta. “Mas essa é uma meta para este ano, ter um sistema de coleta e estoque de para sangue de felinos “diz. Os bancos de sangue para cães e gatos não são muito comuns. O primeiro hemocentro veterinário privado do Brasil, o Hemopet, abriu as portas em 1999. Antes de- le, algumas universidadesmantinhambancos de sangue animal, mas o estoque era consumido nos próprios hos- pitais universitários. A proliferação de bancos de sangue de cães também se deve ao diagnóstico mais comum de erlichiose, uma doença comum em cães transmitida por carrapatos, que nos casos mais graves exigem a transfusão de sangue. Isso aconteceu com Ranger, um cão de 2 anos da ra- ça Pastor Alemão. O dono do animal relata que perce- beu sangue no focinho do cão. “Ai levei ele no veteriná- rio que deu uns remédios e disse que se ele não reagis- se seria necessário transfusão, mas ele sarou”, conta o advogado Deoclécio Bispo de Silva. Amaral, da Pet Transfusion, conta que a doação de sangue se inicia na seleção dos doadores que é feita de acordo com o quadro clínico dos animais e não de raça. “Qualquer cão pode doar desde que esteja bem de saú- de”, explica. Ele esclarece que mais do que a saúde ao animal precisa ter temperamento. “Os doadores preci- sam ser dóceis e tranquilos, pois não trabalhamos com sedação ou anestesias”, diz. “O doador precisa estar cal- mo e ter seu conforto assegurado”, ressalta. Maior desafio é conseguir manter o estoque, apesar da complexidade A população de animais de estimação idosos cresce rapidamente, e seus donos se dispõem a gastar mais a fim de pro- longar a vida dos bichos. Esta é uma di- ficuldade para o serviço de banco de san- gue que, caro e complexo, ainda é pouco difundido nas clínicas veterinárias. Co- mo não há legislação específica, os vete- rinários são orientados a seguir as rígi- das normas da Agência Nacional de Vi- gilância Sanitária (Anvisa) para bancos de sangue humano. O desafio, em ambos os casos, é pare- cido: conseguir doadores e manter o es- toque. Para ser doador, o animal tem de ser saudável e atender a outros requisi- tos. Antes da coleta, o doador passa por uma bateria de exames. Transfusões sanguíneas fazem parte do tratamento de diversos problemas, como insuficiência renal, doença do car- rapato e verminoses. Em Curitiba cada transfusão de sangue para cão custa em R$ 200 e R$ 450, dependendo do tipo de material necessário, segundo Amaral. Para gato o valor está em torno de R$ 500 em algumas clínicas que compram de fora ou levam um gato doador de san- gue. Os gatos têm três tipos sanguíneos (A, B e AB) e só podem receber sangue compatível com o seu. Sangue canino é outra história. Há mais de 18 tipos de sangue canino cata- logados até o momento. Numa primeira transfusão, cães podem receber sangue de qualquer doador saudável. A chance de ocorrer uma reação é baixa.Apartir da segunda transfusão, o cão só pode rece- ber sangue compatível com o seu. Trata-se de mais um grau de sofistica- ção, num mercado crescente que atende atualmente cerca de 30 milhões de cães e movimenta R$ 15 bilhões, pelos cálcu- los da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Henry Milleo Procedimento é praticamente igual ao realizado em humanos Os cães após doarem o sangue, voltam a sua atividade normal ins- tantaneamente após a coleta. As- sim como os humanos, após a doa- ção precisam se alimentar. Como o processodedoaçãoé realizadoa ca- da 2 meses, são acompanhados pe- riodicamente por exames clínicos e exames de sangue a cada coleta. São garantidos também toda a sua sanidade,comos antiparasitá- rios externos e vermífugos que os protegem de pulgas, carrapatos e vermes internos. OConcentradodeHemácias,per- manecerá emunidade de refrigera- ção especial para banco de sangue sob uma temperatura de 4°C, po- dendo ficar 35 dias armazenada. OPlasma Fresco é congelado em um freezer especial, que chega a temperatura de -30°C e é agora chamadodePlasmaFrescoConge- lado.Nessa temperatura, eleman- tém sua validade por até 1 ano. Já o Concentrado de Plaquetas, ficará se movimentando em equi- pamento específico, para que as plaquetas não se agreguem, e so- mente terá sua validade por 5 dias. Luciano Marini, da Pet Transfusion: “Qualquer cão pode doar” PRÉ REQUISITOS PARA UM CÃO SER UM DOADOR Ter entre 1 e 8 anos Pesar no mínimo 25 kg Não precisa ter nenhuma raça específica, todas podem doar Nunca ter tido doenças graves Não ser portador de doenças crônicas Estar com todas as vacinas atualizadas

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