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P olítica em D ebate Ivan Santos com colaboração dos editores do Bem Paraná [email protected] + em www.bemparana.com.br Juiz nega recurso a ‘ex-braço- direito’ e a operador de Richa Da Redação O juiz Paulo Sérgio Ribeiro, da 23 a Vara Criminal da Jus- tiça Federal de Curitiba, rejeitou novo pedido de habeas corpus ao ex-chefe de gabinete do ex-governador Beto Ri- cha (PSDB), Deonilson Roldo e ao empresário Jorge Athe- rino, ambos presos na Operação Piloto, 53 a fase da Lava Jato, que investiga o pagamento de propina ao grupo polí- tico do tucano em troca do favorecimento da empreiteira Odebrecht em uma licitação para obras de duplicação da PR 323, entre os municípios de Francisco Alves e Maringá (região Norte), em 2014. Na decisão, o juiz aponta existi- rem provas de lançamentos de R$ 3,5 milhões na conta- bilidade paralela da Odebrecht ao esquema, que teria De- onilson e Atherino como seus operadores. O magistrado elenca outras provas, como gravação de conversa de fevereiro de 2014, no Palácio Iguaçu, entre o ex-chefe de gabinete do governador e o empresário Pedro Rache, do grupo Bertin, que através da empresa Contern, planejava participar da concorrência. Na conversa, Deo- nilson afirma que o grupo de Richa tinha “compromissos” com a Odebrecht, e pede que a Contern se afaste da dis- puta em troca da participação em negócios com a Copel. O juiz também aponta movimentação financeira atí- pica tanto de Deonilson, quanto de Atherino e suas em- presas. “Além disso, o volume das operações financeiras suspeitas de lavagem de dinheiro atribuídas Deonilson Roldo e Jorge Theodocio Atherino parece transcender o crime de lavagem em relação vantagens indevidas rece- bidas no contrato da duplicação da PR 323, o que é indí- cio de envolvimento em outros crimes de corrupção ou em lavagem de outros crimes de corrupção. A ilustrar, a movimentação financeira de mais de quinhentos milhões de reais das empresas de Jorge Theodocio Atherino e com mais quinze milhões recebidos em espécie”, explica ele. Delações - A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) foi parcialmentebaseadaemacordosdedelaçãopre- miada fechados pelo ex-diretor deDepartamento de Estra- das de Rodagem do Paraná (DER/PR), Nelson Leal Júnior e do ex-deputado estadual Tony Garcia. “Embora a grava- ção tenha sido entregue aoMPF por pessoa condenada por crimes financeiros e pouco digna de crédito (AntônioCelso Garcia), a perícia realizada confere, em princípio, autenti- cidade à prova,oque foi confirmadopelopróprioPedroRa- che deAndrade emseu depoimento”,lembra omagistrado. Corrupção - Segundo o juiz, as investigações mostram ainda que a propina paga pelo esquema não seria apenas para caixa dois de campanha de Richa. “Ademais, ape- sar dos pagamentos terem sido solicitados a pretexto de contribuição de campanha, o rastreamento bancário até o momento efetuado não confirmou o direcionamento dos valores com esse propósito, antes havendo indícios de que serviram para enriquecimento pessoal de parte dos envolvidos”, diz Ribeiro. “Não se trata, em princípio, de meras doações eleitorais não registradas, pois os pa- gamentos tiveram uma contrapartida, a atuação do Che- fe de Gabinete do então Governador para reduzir a con- corrência da licitação para duplicação da PR-323 em be- nefício do Grupo Odebrecht”, considerou o juiz. Jantar O Ministério Público Eleitoral no Pa- raná protocolou ontem uma repre- sentação contra o deputado estadu- al eleito Fernando Francischini (PSL, pedindo a cassação de seu diploma por “captação e gasto ilícito de recur- sos” durante a campanha. O MPE ale- ga ter constatado “graves irregulari- dades”, na prestação de contas de campanha do parlamentar, entre elas a existência de gastos de campanha não quitados, incluin- do um jantar promovido no restaurante Madalosso, no valor de va- lor de R$ 74.290,00.“Desta forma, a estratégia de livre distribuição de alimentos e bebidas como forma de arregimentar eleitores para participação em comícios mostra-se ilícita”, diz a promotoria. “Abuso” Em texto publicado nas redes sociais, Francischini atribuiu a ação a uma reação da procuradora regional eleitoral, Heloisa He- lena, contra a denúncia feita por ele na eleição sobre suspei- tas de irregularidades nas urnas eletrônicas.“O problema e que a Procuradora (...) recebeu as minhas devidas criticas ao sistema como ofensas, e esta se utilizando de seu cargo e função para pedir a cassação de meu mandato”, afirmou, apontando que a ati- tude seria “inconstitucional, ilegal, verdadeiro abuso de poder”. Cota O MPE também entrou com seis ações contra coligações e par- tidos acusados de lançar candidatos “fantasmas” para driblar a exigência de uma cota de 30% de candidaturas do sexo femini- no. As ações foram protocoladas contra as coligações “Endireita Paraná” (PSL, PTC e PATRI) que concorria aos cargos de deputa- do estadual; “Endireita Brasil” (PSL, PTC e PATRI) para os cargos de deputado federal; “Unidos Pelo Paraná” (PRTB e PRP) para os cargos de deputados federais; e os partidos Podemos, nos car- gos para deputados estaduais; PV, para vagas a deputados esta- duais; e o PT para cargos de deputados federais. Alta O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), recebeu ontem al- ta e ficará em casa pelos próximos dias. Greca foi internado no Hospital Marcelino Champagnat no último dia 28, com diag- nóstico de hérnia umbilical recidivada estrangulada e subme- tido à cirurgia de emergência na madrugada do dia 29, em que foi identificada uma perfuração do intestino delgado. Repouso Segundo os médicos, Greca apresentou boa evolução pós-operatória após onze dias de internação, sendo seis na UTI.Agora, a recomen- dação é de repouso domiciliar por mais sete dias, com alimentação leve e curativos na área do corte. Segundo eles, a volta às atividades na prefeitura pode ocorrer a partir da próxima segunda-feira. Greca postou uma foto com a equipe médica e agradeceu o atendimento. O prefeito destacou a qualidade do atendimento recebido e ressal- tou que os médicos que acompanham seu caso atendem também pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Cajuru. Autarquias O governador Ratinho Junior (PSD) afirmou ontem que, depois de reduzir de 28 para 15 o número de secretarias, o governo está organizando a modernização das autarquias estaduais. Ra- tinho Jr disse que o compromisso de sua gestão, assumido ain- da em campanha, é modernizar a máquina pública e reduzir as despesas do governo. O governador garantiu que as estruturas não serão extintas, mas haverá a fusão de autarquias corres- pondentes, como o Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná (ITCG) e o Instituto das Águas do Paraná, da Secreta- ria de Estado do Meio Ambiente. O mesmo acontecerá com al- guns órgãos da Secretaria da Agricultura, como o Instituto Pa- ranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), a Companhia de Desen- volvimento Agropecuário do Paraná (Codapar) e o Centro Para- naense de Referência em Agroecologia (CPRA). Franklin de Freitas Curitiba, terça-feira, 8 de janeiro de 2019 Deonilson: movimentação financeira suspeita Arquivo/Bem Paraná Magistrado rejeita novo pedido de habeas corpus de Deonilson Roldo e ## OPERAÇÃO PILOTO Acusados ‘ignoraram’ Lava Jato Na decisão em que negou os novos pedidos de habeas corpus ao ex-che- fe de gabinete do governador BetoRi- cha,DeonilsonRoldoe aoempresário JorgeAtherino,o juizda 23.ªVaraCri- minal da Justiça Federal de Curitiba, Paulo Sérgio Ribeiro, destacou que as negociações para o pagamento de propina pela Odebrecht ao esquema teriamocorrido no segundo semestre de 2014, quando a operação Lava Jato não só estava em pleno andamento, como já era bastante conhecida pu- blicamente. Na avaliação do magis- trado, esse fato demonstra que am- bos os acusados estavam dispostos a desafiar o trabalho de investigação do Ministério Público Federal sobre as operações suspeitas da empreitei- ra envolvendo agentes públicos. “Isso significa, em cognição su- mária, que nem mesmo o início des- sas investigações e a sua notoridade foram suficientes para prevenir que ambos, Deonilson Roldo e Jorge The- odocio Atherino, solicitassem vanta- gem indevida de executivos do Gru- po Odebrecht, recebessem o dinheiro e ocultassem e dissimulassem o pro- duto do crime”, lembrou Ribeiro. “Tal comportamento indicaocaráter serial das condutas de corrupção e lavagem e indicam a prisão preventiva como necessária para interrupção da prá- tica de novos crimes”, avaliou o juiz. Omagistrado aponta ainda que, se- gundo o MPF, Roldo continuaria atu- ando em 2018 na campanha de Richa ao Senado. Preso no dia 11 de setem- bro, na Operação Rádio Patrulha, que investigasuspeitade fraudesemobras de estradas rurais,o ex-governador foi solto três dias depois por decisão do ministro do Supremo Tribunal Fede- ral, Gilmar Mendes, mas não conse- guiu se eleger. “Como se não bastas- se, há indícios do envolvimento atu- al de Deonilson Roldo em campanhas eleitorais”, afirma Ribeiro. “Tendo os crimes em apuração sido pratica- dos no contexto de campanha eleito- ral,comobtenção,emcognição sumá- ria, de vantagem indevida a pretexto de doação eleitoral, Deonilson Roldo tem, no presente momento, similares oportunidades para persistir na arre- cadação de recursos ilícitos, no caso mediante promessas futuras, sem ol- vidar o risco, aqui também atinente a Jorge Theodosio Atherino, de utilizar recursos ilícitos guardados para des- pesas atuais de campanha. Destaque- -se que amesma interceptação telefô- nica revelou diálogos de Jorge Theo- dócio Atherino que, embora precisem ser melhor apurados, sugerem a con- tinuidade até o presente de práticas financeiras fraudulentas”, escreveu o magistrado. [email protected] Política 3

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