BEM
PARANÁ
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Saúde &Comportamento
CURITIBA, SEGUNDA-FEIRA, 24 DE NOVEMBRO DE 2014
Vai viajar? Não se
esqueça da saúde
É preciso cuidado com as vacinas, além de pesquisar doenças do destino. Médico dá dicas
Pesquisas sobre passa-
gens, reservas de carro e ho-
tel, compras de roupas ade-
quadas para determinada es-
tação do ano. Ufa! Toda via-
gem requer preparativos que
tomam conta da agenda an-
tes das férias.
Com tanta correria, mui-
tos se esquecem do principal:
as vacinas necessárias para
aproveitar certos destinos.
Sem elas, o viajante está su-
jeito a complicações de saú-
de mais graves e que resul-
tam até em óbito, em alguns
casos. Por isso, o recomendá-
vel é consultar um médico
especializado que indique as
vacinas necessárias de acor-
do com o destino.
E engana-se quem pensa
que esta preocupação é exclu-
sividade de quem viaja para
o exterior ou para destinos
exóticos. Dependendo da re-
gião do Brasil, doenças dife-
rentes podem ser adquiridas.
Assim, pode ser necessário
tomar a vacina de febre ama-
rela, por exemplo.
SAÚDE
EM FOCO
Alexandre Menna Barreto
Orientaçõessobrecomo
emagrecer da forma ideal
A prevalência mundial da obesidade praticamente
dobrou desde 1980. Dados da OMS (Organização Mun-
dial de Saúde) apontam para mais de 1,4 bilhão de adul-
tos, acima dos vinte anos, com sobrepeso. No Brasil, se-
gundo o Ministério da Saúde, em 2011 o índice de brasi-
leiros acima do peso foi de 48,5%.
Um dos principais erros de quem quer perder peso é
a pressa. É o alerta de Alexandre Menna Barreto, endo-
crinologista do Laboratório Frischmann Aisengart, nes-
te 11 de outubro, Dia Nacional e Mundial de Combate à
Obesidade. “Emagrecer requer mudanças de hábitos
de vida como alimentação, atividade física, controle de
doenças associadas, suspensão do cigarro, do álcool,
dentre outros, e isso não se faz de um dia para o outro”,
comenta.
Por conta da pressa, de acordo com Menna Barreto,
alguns pacientes recorrem a medicamentos ou fazem
dietas nutricionalmente insuficientes. Outro erro bas-
tante frequente é exagerar na atividade física e fazê-la
sem a devida orientação, o que pode provocar lesões
musculares e articulares, além de uma sensação de can-
saço intenso, prejudicando as demais atividades do dia
e desmotivando o tratamento.
O especialista explica que a compulsão alimentar é
um distúrbio químico que provoca alteração na capaci-
dade de se sentir saciado, ou seja, o indivíduo come
mais do que necessita, tanto em quantidade como em
frequência, e não se sente satisfeito. Assim como a ano-
rexia e a bulimia, pode estar associado à depressão,
ansiedade e outros transtornos psíquicos. “Estas pesso-
as geralmente ganham muito peso, pois consomem
muito mais calorias do que precisam”, observa.
A obesidade é uma consequência da modificação
cultural mundial que ocorreu nas últimas décadas, com
aumento do consumo de alimentos refinados, industri-
alizados e produtos “prontos” para uso, com alto valor
calórico. Assim, o tratamento mais eficaz é imprimir
uma modificação permanente de comportamento nas
pessoas, tanto no padrão alimentar, quanto na ativida-
de física.
O especialista orienta que uma alimentação saudá-
vel deve ser variada, saborosa, contendo todos os nutri-
entes necessários para o equilíbrio e bom funcionamento
do organismo. As dietas restritivas privam o organismo
desta variedade e, portanto, não contêm todos os nutri-
entes de que nosso corpo precisa. “É errado restringir a
dieta a apenas um grupo alimentar. Legumes, verduras
e frutas tornam o prato mais apetitoso e vitaminado.
Todavia, é importante que os demais nutrientes como
carboidratos e proteínas também estejam presentes em
nossas refeições em proporções adequadas”, explica.
O endocrinologista também afirma que comer rápi-
do não é interessante, pois a digestão se inicia na boca,
através da mastigação. “Comendo rápido há um maior
consumo de calorias, uma vez que a sensação de sacie-
dade pode levar até vinte minutos para acontecer e,
desta forma, até que o indivíduo se sinta saciado, a in-
gestão calórica acaba sendo exagerada”, descreve.
O ideal, segundo o médico, é mastigar de vinte a
trinta vezes o alimento ou até que ele fique sem gran-
des pedaços sólidos. Descansar os talheres durante a
mastigação e comer em pratos menores, com talheres
pequenos, pode ajudar neste processo. A refeição deve
durar pelo menos 20 minutos.
O médico revela que o consumo excessivo de bebi-
das alcoólicas também é um fator prejudicial, pois a
maioria delas tem um teor energético elevado.
Quanto ao acompanhamento da dieta, Menna Bar-
reto orienta que nosso peso corporal oscila durante o
dia e de um dia para o outro, e isso pode acontecer por
diversos motivos. “O ideal é se pesar somente uma vez
por semana, sempre na mesma balança, no mesmo ho-
rário e com a mesma roupa. Desta forma é possível ava-
liar se as mudanças estão surtindo o efeito desejado ou
se algum ajuste se faz necessário”, conta.
O médico revela que, por todos esses fatores, muitas
pessoas acabam desistindo da dieta e isso se dá tanto
pela pressa quanto pela falta de variedade no cardápio.
É importante modificar muitos hábitos e crenças defini-
tivamente e, para isso, força de vontade e determinação
são imprescindíveis. “É muito importante que estas
mudanças e adequação alimentar sejam orientadas por
um profissional capacitado e lembrar que o tratamento
adequado da obesidade exige uma equipe multidisci-
plinar, com endocrinologista, nutricionista, psicólogo e
educador físico”, enfatiza.
“Além de obter um ganho estético e psicológico com
a redução do peso, a alimentação saudável proporciona
mais energia e ânimo, maior rendimento nas ativida-
des diárias, e melhora do humor ”, finaliza.
Alexandre Menna Barreto, endocrinologista do Laboratório
Frischmann Aisengart.
Dados do The Lancet mos-
tram que de cada 100 mil via-
jantes para áreas em desen-
volvimento, 50 mil terão al-
gum problema de saúde.
Destes, cinco mil ficam aca-
mados e 300 precisam ser in-
ternados; 50 precisam de res-
gate aéreo e umacaba falecen-
do. A maior causa de mortali-
dade (62%) está relacionada
a problemas cardiovascula-
res; já as doenças mais co-
muns são diarreias, febre alta,
lesões cutâneas e DSTs.
“Muitos viajantes sabem
da importância de se praticar
a medicina preventiva antes
de viajar, porém se limitam a
pesquisar no ‘Google’ para
obter orientações”, afirma Dr.
Jaime Rocha, infectologista do
Laboratório Frischmann Ai-
sengart. Ele explica que a cha-
mada Medicina do Viajante é
uma especialidade interdisci-
plinar que lida com a preven-
ção, diagnóstico e tratamento
de doenças relacionadas às
viagens, levando em conta in-
formações como o destino da
viagem, itinerário, tempo de
estadia, tipo de viagem (negó-
cios, lazer, missão etc), históri-
co de saúde e de vacinação.
“Com esses dados é possí-
vel traçar um programa pre-
ventivo, que leva em conside-
ração as doenças prevalentes
no destino, eventuais proble-
mas que possam estar acon-
tecendo naquele lugar, além
de características do viajante,
como fatores de risco para
doenças e risco de exacerba-
ção daquelas já existentes”,
afirma ele. Após esta análise,
o viajante recebe orientações
que incluem cuidados com
animais e mosquitos, com
temperaturas extremas, in-
gestão de água, de alimentos
e a prescrição de vacinas ou
medicações, se indicado.
O infectologista lembra
que, para uma viagem segura,
é preciso ter total conhecimen-
to das patologias naquele de-
terminado local, se é uma lo-
calidade urbana ou rural, qual
o meio de transporte a ser uti-
lizado, período do ano emque
a viagem será feita, como esta-
rá o tempo e o tipo de turismo.
“Um roteiro de aventura re-
quer ainda mais cuidados,
uma vez que será feito na
mata, montanha ou no mar”,
lembra o médico. Todos estes
dados servem de base para
que o viajante tome as vacinas
adequadas e se proteja.
“Embora todos se lem-
brem de checar o automóvel
antes de cair na estrada, ain-
da não é rotina procurar aten-
dimento médico antes de vi-
ajar ”, revela Dr. Rocha. Ele
informa ainda que, após o re-
torno, o ideal é que pessoas
que apresentem algum pro-
blema de saúde informem ao
médico sobre suas viagens
nos últimos meses, mesmo
que curtas e para destinos
próximos. Quem voltou sem
sintomas, dependendo do
tempo de viagem e do desti-
no, deve ter sua saúde nova-
mente avaliada, com um
olhar específico para proble-
mas que possam ter sido ad-
quiridos na viagem.
DICAS PARA VIAJANTES
)
Lavar sempre as mãos com água e sabão
)
Em regiões de clima quente, lembre-se de usar protetores solares, chapéus e do uso de roupas leves
)
Usar sempre preservativos, prevenindo as doenças sexualmente transmissíveis, incluído AIDS e hepatites. Não
compartilhar seringas
)
Pacientes diabéticos, hipertensos, cardiopatas, pneumopatas e todos que fizerem uso crônico de quaisquer
tratamento devem levar consigo as respectivas medicações em suas caixas originais. Para viagens internacionais,
devem portar as receitas assinadas por médico, com os nomes genéricos traduzidos para o Inglês, em caso de viagens
internacionais. Se fizer uso de medicações injetáveis, levar uma justificativa (em inglês) assinada por seu médico
)
Não andar descalço; evitar nadar em lagoas e pequenos córregos de água parada, evitando doenças como
esquistossomose, além de acidentes com animais aquáticos
)
Não nadar ou pescar sozinho. Afogamento é causa importante de morte entre turistas. Evitar bebidas alcoólicas e
checar bem seus equipamentos, pode evitar problemas
)
Quando alugar carro, usar sempre cinto de segurança. Dirigir, de preferência, durante o dia, principalmente se
não conhecer as estradas. Manter as crianças no banco traseiro, evitando a principal causa de morte entre viajantes
que são os acidentes de trânsito
)
Os animais, vivos ou mortos, devem ser evitados devido o risco de transmitirem doenças como a raiva e outras.
Caso aconteça algum acidente com animais, o mais correto é procurar atendimento médico imediato
)
Beba somente água mineral engarrafada.Se não for possível, trate a água disponível com Hipoclorito de sódio a
2,5%, colocando 2 gotas em 1 litro de água e aguardando por 30 minutos antes de consumir
)
Evite adicionar gelo nas bebidas
)
Assegure-se que o alimento esteja bem cozido, frito ou assado
)
Fique atento à temperatura dos alimentos expostos para venda. Os alimentos perecíveis devem ser mantidos em
baixa temperatura (abaixo de 5° C) e os quentes bem aquecidos (acima 60 °C)
)
Evite o consumo de frutos do mar crus
)
Moluscos e crustáceos podem conter toxinas que permanecem ativas mesmo após a cocção
)
Não consuma leite nem seus derivados crus
)
Não consuma preparações culinárias que contenham ovos crus
)
Frutas e verduras que possam ser descascadas e cujas cascas estejam íntegras, podem ser consumidas cruas
)
Em caso de febre, lesões de pele, diarréia ou quaisquer anormalidades procure atendimento médico no seu retorno.
“
“Embora todos se
lembrem de checar
o automóvel antes
de cair na estrada,
ainda não é rotina
procurar atendi-
mento médico antes
de viajar. Quem
voltou sem sintomas,
dependen-do do
tempo de viagem e
do destino, deve ter
sua saúde novamente
avaliada, com um
olhar específico para
problemas que
possam ter sido
adquiridos na
viagem. ”
de Jaime Rocha,
infectologista