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CURITIBA, QUINTA-FEIRA, 8 DE JANEIRO DE 2015
BEM
PARANÁ
Irmãos e sem-teto são suspeitos de ataque
Três suspeitos pelo ataque terrorista à revista de humor
Charlie Hebdo foram identificados ontem, segundo
informações da imprensa francesa. Eles seriam os
irmãos Chérif e Hayd Kouachi, de 34 e 32 anos, e o sem-
teto Hamyd Mourad, de 18 anos. As autoridades não
confirmaram se o trio foi preso.
As fotos dos irmãos Kouachi, que nasceram na capital
francesa, foram vazadas no Facebook, onde uma rede
social pede a prisão dos três suspeitos do atentado, que
vitimou 12 pessoas, incluindo dois policiais e o editor
Stephane Charbonnier, conhecido como Charb.
Agora, a polícia realiza um a grande operação para deter
os autores do atentado, que fugiram em direção ao leste
de Paris após roubarem um carro. Uma fonte da polícia
também informou que um dos irmãos suspeitos já havia
sido julgado anteriormente por acusações de
terromismo. O trio seria militante do movimento
fundamentalista islâmico. Analistas de terrorismo dizem
que os suspeitos, seja quem forem, têm marcas de
combatentes jihadistas treinados. Nas horas seguintes
ao ataque, simpatizantes de jihadistas enviaram uma
enxurrada de tweets elogiando a operação.
Umataque, dozemortoseumaconsternaçãomundial
Homens mascarados, gritando "Allahu akbar!" (Deus é Grande!), invadiram o escritório da revista satírica
Charlie Hebdo
ontem, matando 12 pessoas antes de fugirem. Foi o pior ataque terrorista na França em pelo menos duas décadas. O
caricaturista Jean Cabut, conhecido pelos leitores pelo nome de Cabu, e Stéphane Charbonnier, editor do jornal, que
usava o pseudônimo Charb, estão entre os mortos. Dez jornalistas — incluindo quatro dos melhores cartunistas do país —
e dois policiais foram mortos. Um dos policiais havia sido designado para atuar como guarda-costas de Charb.
O ministro do Interior Bernard Cazeneuve disse que as forças de segurança realizam buscas em toda a cidade à procura
dos homens que atacaram a publicação.
Corinne Rey, cartunista que afirmou ter sido forçada a permitir a entrada dos homens no prédio do jornal, disse que eles
falavam francês fluentemente e que afirmaram ser da Al-Qaeda. Em entrevista ao jornal
l'Humanite
, ela declarou que a
ação deve ter durado uns cinco minutos.
O presidente francês François Hollande chamou a ação contra a publicação, que costuma atrair críticas de muçulmanos, de
"um ataque terrorista, sem dúvida". Segundo ele, vários outros ataques foram evitados na França "nas últimas semanas".
A França elevou seu nível de alerta de segurança para o patamar mais alto e reforçou a segurança em templos, lojas e
escritórios de empresas de comunicação e de transporte. As principais autoridades do governo realizam uma reunião de
emergência nesta tarde e Hollande deve fazer uma declaração em rede nacional de televisão hoje à noite.
Uma testemunha que trabalha nas proximidades, Benoit Bringer, disse à rede iTele que viu vários homens mascarados,
armados com rifles automáticos no escritório da revista, no centro de Paris.
Os homens subiram ao segundo andar do prédio e começaram a realizar disparos de forma indiscriminada na redação,
informou Christophe DeLoire, integrante do grupo Repórteres Sem Fronteiras. "Este é o dia mais negro da história da
imprensa francesa", afirmou ele.
Luc Poignant, funcionário do sindicato dos policiais de Paris, disse que os homens fugiram num carro que os estava
esperando e que, mais tarde, trocaram de veículo, usando um carro que havia sido roubado.
A porta-voz da promotoria de Paris, Agnes Thibault-Lecuivre, confirmou que 12 pessoas morreram no ataque.
Imagens publicadas no site da emissora estatal France Televisions mostram dois homens vestidos de preto num
cruzamento, aparentemente fazendo disparos. O grito de "Allahu akbar" pode ser ouvido em meio aos disparos.
Minutos antes do ataque, o jornal havia tuitado uma charge do líder do grupo Estado Islâmico com suas resoluções de
Ano Novo. A charge, intitulada "ainda não há ataques na França" traz a caricatura de um combatente extremista dizendo
"Espere, ainda temos até o final de janeiro para fazermos nossas resoluções de Ano Novo".
O jornal recebe muitas ameaças por causa das caricaturas do profeta Maomé e outras charges controversas que publica.
Seu escritório foi alvo de bombas incendiárias em 2011, após uma edição na qual Maomé estava na capa. Desde então, o
semanário havia mudado de endereço e estava sob escolta da polícia. Cerca de um ano mais tarde, o semanário publicou
mais caricaturas do profeta, atraindo críticas de muçulmanos de todo o mundo.
Os ataques levaram à intensificação das medidas de segurança na capital francesa. O atentado desta quarta-feira é um
dos piores em Paris desde 1995, quando uma bomba explodiu na estação de metrô Saint-Michel, matando oito pessoas.
“Nós sabíamos que
estávamos sob
ameaça, como
outros países do
mundo. Estamos sob
ameaça porque
somos um país de
liberdade e porque
somos um país de
liberdade vamos
afastar as ameaças e
punir os agressores."
do presidente da França,
François Hollande
"Esse ato de
barbárie, além das
lastimáveis perdas
humanas, é um
inaceitável ataque a
um valor
fundamental das
sociedades
democráticas — a
liberdade de
imprensa".
da presidente do Brasil,
Dilma Rousseff
"É a primeira vez em
quarenta anos que
'Charlie Hebdo' não
me faz rir. Antes de
raiva ou indignação,
é um momento de
tristeza profunda"
Do escritor Éric Müller
"É uma onda de
compaixão que
abraça hoje o povo
francês em face a
este atentado de
fundamentalistas
islâmicos que,
infelizmente,
segundo as
informações, era
previsível"
da presidente da Frente
Nacional (FN) da França,
Marine Le Pen
“Trata-se de um ato
terrorista,
injustificável como
toda ação do gênero,
que além de tirar a
vida de colaboradores
de um veículo que se
caracteriza por
abordar a realidade
pela via do humor,
claramente pretende
intimidar a imprensa
que não se submete
a uma visão de
mundo totalitária”.
Trecho de nota da
Associação Nacional de
Jornais, em
solidariedade com o
jornal Charlie Hebdo
Manifestação em
repúdio a ataque
reúne mais de mil
pessoas em Paris
Mais de mil pessoas se
reuniram ontem na Place
de la République (Praça
da República), em Paris,
para homenagear os
jornalistas da revista
satírica
Charlie Hebdo
mortos em um atentado
terrorista. A
manifestação foi
organizada por um
conjunto de partidos de
esquerda encabeçado
pelo Partido Comunista
Francês (PCF) e pela
Frente de Esquerda, e
ocorre pacificamente até
o momento. Os
manifestantes exibem
broches com a inscrição
"o ser humano em
primeiro lugar" e
cartazes com a frase "eu
sou Charlie". Eles
também exibem
mensagens em defesa
da liberdade de
imprensa e contra o
extremismo político.
Hollande declara
luto nacional
O presidente francês,
Francois Hollande,
declarou ontem como dia
de luto nacional após o
ataque que deixou 12
pessoas mortas na
redação da revista
satírica
Charlie Hebdo
.
Em um discurso
televisionado à nação,
Hollande convocou os
franceses a se unirem e
defender a liberdade de
expressão. Ele chamou os
jornalistas de "nossos
heróis de hoje". O ataque
foi o mais mortal na
França em décadas. O
Charlie Hebdo
tem
publicado caricaturas de
extremistas islâmicos e
do profeta Maomé. Os
atacantes estão foragidos
e Hollande disse que a
polícia francesa fará tudo
para capturá-los. O país
tem visto um aumento
das tensões relacionadas
a assuntos de religião.
Hollande disse aos
franceses: "vamos nos
unir e nós vamos
ganhar".
Obama promete
ajuda para pegar
terroristas
O presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama,
se comprometeu a ajudar
a França na caça aos
terroristas responsáveis
pelo atentado contra o
jornal
Charlie Hebdo
,
informou ontem a Casa
Branca. "Estamos em
contato com oficiais
franceses e eu orientei
minha administração
para providenciar
qualquer assistência [que
a França precise] para
levar os terroristas à
justiça, disse por meio
de nota. Ele também
expressou suas
condolências e
solidariedade à França.
"Nossos pensamentos e
orações estão com as
vítimas deste ataque
terrorista e com o povo
da França neste
momento difícil", disse
por meio de nota. Mais
cedo, o porta-voz da
Casa Branca, Josh
Earnest, havia afirmado
em entrevista à CNN os
EUA agiriam neste
sentido.
Líderes muçulmanos condenam ataque
Líderes muçulmanos condenaram o ataque contra a
redação da revista satírica francesa
Charlie Hebdo
, mas,
ao mesmo tempo, alertaram que o crescimento do
sentimento anti-islâmico na Europa aumentou o apoio
aos jihadistas de todo o continente.
Nas capitais de nações muçulmanas, ministros
manifestaram no rádio solidariedade com a França
depois que homens armados mataram 12 pessoas em um
ataque na sede da revista
Charlie Hebdo
, em Paris,
publicação conhecida por suas charges sobre o Islã.
Na Europa, líderes muçulmanos condenaram o ataque e
fizeram pedidos por tolerância. Algumas mesquitas
reforçaram a segurança para se protegerem contra
possíveis ataques de represália. Organizações islâmicas
condenaram o ataque na internet e usaram a hashtag
#CharlieHebdo para expressar solidariedade.
No Cairo, o ministro de Relações Exteriores, Sameh
Shoukry, disse que o Egito "está do lado da França" na
luta contra o terrorismo, que ameaça a segurança e a
estabilidade global. Amensagem foi ecoada por
declarações semelhantes dos governos da Arábia
Saudita, Tunísia e Iraque, onde as autoridades travam
uma guerra contra o grupo extremista Estado Islâmico,
na coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.
O ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlut
Cavusoglu, condenou os ataques, mas também alertou
que sentimentos anti-islâmicos na Europa estavam
ajudando a alimentar o terrorismo. "Precisamos
combater tanto islamofobia quanto o terrorismo. Nós
destacamos os perigos do aumento do racismo,
discriminação e islamofobia na Europa. Este estão
diretamente ligados ao terrorismo", disse Cavusoglu.
Em toda a Europa, as organizações islâmicas
condenaram com veemência o ataque e pediram um
diálogo maior entre os grupos de fé para combater as
fricções sociais.