[email protected] Educação 15 Curitiba, terça-feira, 17 de abril de 2018 Prática esportiva faz diferença nos estudos ## QUEM SE MOVIMENTA CONSEGUE GANHOS MAIORES O jeitinho brasileiro e o sistema educacional Em qualquer sociedade humana, e não apenas na brasilei- ra, a diferença entre o que é preconizado legalmente e a práti- ca concreta, quando esta não pode ser expressamente caracte- rizada como fora da lei, mas também não constituiu exatamen- te a ideal, é denominada “jeitinho”, e aparentemente somos os campeões da modalidade. Este jeitinho pode ser definido como o meio pelo qual, apesar das regras, leis, determinações, atingi- mos determinados objetivos que não estariam exatamente em conformidade com elas, ou seja, a forma como contornamos de- liberações que, levadas em conta, impediriam a ação preten- dida, portanto fazendo prevalecer o pessoal em detrimento do comunitário. A cultura brasileira tem no jeitinho uma das suas mais caracte- rísticas manifestações, mostrando bem como são diluídas nos- sas formas de controle social, frequentemente definido como o “conjunto dos recursos materiais e simbólicos de que uma so- ciedade dispõe para assegurar a conformidade do compor- tamento de seus membros a um conjunto de regras e princí- pios prescritos e sancionados”. Durkheim, considerado um dos fundadores da sociologia educacional, definia o conjunto das ações exercidas pelas gerações adultas sobre as mais jovens como a transmissão da ordem e da integração social, e consi- derava que era exatamente a escola o meio mais adequado pa- ra desenvolver no jovem e na criança os estados emocionais e morais para o acatamento das regras comunitárias. Foi tam- bém um dos primeiros a discutir o conceito de anomia, situação de perda de identidade normalmente ocasionada pelas trans- formações sociais muito rápidas, que se traduzem em ausência de objetivos e regras claras; analisando também com profundi- dade o crime e suas punições, e o mecanismo utilizado social- mente para as desobediências e as ameaças à ordem social. Evidentemente a questão do controle social envolve muitos dos mecanismos da cooperação e da coesão de uma determi- nada comunidade, cujas raízes até agora não foram suficien- temente compreendidas, e em particular no Brasil, e não ape- nas pela colonização portuguesa, mas pelas características dela – afinal vir para cá constituía um degredo ou pelo menos uma espécie dele – muito diferente daqueles observadas em ou- tros países, mas também pelo tráfico de escravos, a organiza- ção gerencial e política vinda de uma metrópole distante, e ou- tros. Nosso país foi fundado no compadrio, nas relações pes- soais postas acima da lei, e disso resultou a consideração de que as penas da lei serão sempre para os outros, para os inimi- gos, e não para aqueles que conseguem se valer dela para au- ferir vantagens, privilégios e impunidade. Estar à margem das instituições contribuiu para enfraquece-las, para que tenhamos as famosas “leis que não pegam”, e a adaptação das legislações conforme a conveniência dos poderosos do momento. É visível que a cultura do jeitinho está estabelecida, e prejudica essencialmente o processo educativo, com improvisações, falta de aprofundamento, organização deficiente. Nós o vemos como normal, como parte da estrutura de nossa personalidade, como característica brejeira de nosso povo. Não é. O jeitinho é com certeza um dos fatores impeditivos do real combate à corrupção, pois induz ao pensamento do “tirar pro- veito de tudo”, à ideia de que, se estivéssemos lá, poderíamos também nos beneficiar, ou pelo menos “ajudar nossos parentes”, disfarçando em boas ações aquilo que não passa de crime e malversação do erário público. Não se pode construir muita coi- sa sem um arcabouço legal estável, muito menos uma nação ci- vilizada. Certamente nosso país merece algo melhor que isso. Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil. S ala de A ula Wanda Camargo |
[email protected] Especialista afirma que as atividades físicas aumentam a concentração e o aproveitamento escolar dentro e fora da sala de aula Quem acha que apenas estudar o tempo to- do pode render um melhor aprendizado, está enganado. Estudos mostram que é mais ren- tável aliar horários de aprendizagema prática de esportes. Uma pesquisa realizada recente- mente pela Universidade de Illinois, nos Es- tados Unidos, mostrou que os estudantes que praticam esportes regularmente têm um ren- dimento escolar 20% maior do que os outros alunos. Isso porque os exercícios físicos aju- dam a aumentar a concentração, fixando me- lhor o conteúdo estudado. Além disso, o es- porte colabora para o convívio social, auto- estima, pré-disposição, diminui a ansiedade, melhora a memória e as noites de sono. Uma publicação feita pelo Journal of Pedia- tric Psycology, da Academia de Oxford no Rei- no Unido, relevou que o esporte proporciona um alívio em períodos de tensão como provas escolares, vestibulares, apresentação de tra- balhos ou até em entrevistas de emprego. A prática regular de exercícios causa a liberação da beta-endorfina no corpo, substância res- ponsável pela sensação de prazer e bem-estar. Cérebro A intensificação do bombeamento do san- gue, propiciada pelos exercícios físicos, joga mais oxigêniono corpo,inclusive oxigenando mais a massa cinzenta e estimulando o nas- cimento de novos neurônios e a interconexão entre eles, as sinapses. Até o final da década de 90 acreditava-se que o ser humano nascia com um número estabelecido de neurônios e durante o ciclo de vida só os perdia. Recente- mente, a ciência comprovou, através de inú- meros estudos, que amassa cinzenta também se desenvolve, dependendo da área emque os exercícios físicos estão associados: é o con- ceito de plasticidade cerebral. Quem prati- ca algum tipo de esporte tem menos risco de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), porque os exercícios físicos estimulam a cir- culação sanguínea e a oxigenação do sangue. As endorfinas e o bom humor A prática de esportes estimula a produção de endorfina no nosso organismo, um hor- mônio produzido pela glândula hipófise que tem ação analgésica e ao ser liberado pro- duz sensação de bem estar, alegria e melho- ra do humor. Essa sensação de bem estar e conforto, produzida pelo próprio organismo, é uma das formas mais saudáveis de comba- ter o estresse. Benefício da atividade física entra na sala de aula Franklin de Freitas QUATRO PRÁTICAS ESPORTIVAS E SEUS BENEFÍCIOS Exercícios aeróbios Ginástica de solo, natação, caminhada em parques públicos e corrida leve podem ser feitos de 30 minutos a uma hora todos os dias, se for possível, ou três vezes por semana. Essas práticas podem aliviar a ansiedade, auxiliar no controle da pressão arterial, favorecer o sistema cardiovascular, reduzir o estresse e melhorar o humor. Exercícios anaeróbicos São atividades que exigem um nível maior de esforço, como corrida de 100 metros, natação intensiva, levantamento de peso, musculação, flexão, aga- chamento, ginástica olímpica. Esse tipo de exercício, conhecido como “exer- cício resistido” ajuda a ganhar massa muscular e a reduzir o peso. Recomen- da-se que tenha curta duração: 30 a 60 minutos no máximo. Beneficia a cir- culação sanguínea, melhora o metabolismo e não ocupa muito tempo do estudante. Esportes coletivos Fazer exercícios com uma turma ou participar de um time de vôlei ou fute- bol, além de propiciar a prática esportiva ainda promove a sadia convivên- cia em grupo, estimula a rapidez de raciocínio e reflexos e treina a lideran- ça e a interação social. Lutas A prática dos diversos tipos de luta é uma excelente alternativa para tirar um pouco o foco dos estudos e reduzir a ansiedade, ao mesmo tempo em que se estará treinando duas qualidades essenciais para o estudo: discipli- na e concentração.