6 Economia Curitiba, quinta-feira, 17 de janeiro de 2019 [email protected] Rodolfo Luis Kowalski Os últimos meses foram de notícias preo- cupantes para os amantes de livros no Bra- sil. Emoutubro do ano passado,mesmomês em que a rede de livrarias Fnac fechou sua última loja no país (chegou a ter 12) e en- cerrou as operações online, a Livraria Cul- tura, com dívidas de R$ 285 milhões, pediu recuperação judicial.Nomês seguinte, seria vez da Saraiva, com R$ 675 milhões a pagar, pedir o mesmo recurso. Massealgumasportassefecham,outraspa- recem estar se abrindo para o mercado edito- rial. E a prova disso é que no Paraná, mesmo com todo esse cenário de crise, o número de livrarias não para de crescer, segundo apon- tamdados levantados peloEmpresômetro,do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tribu- tação (IBPT), a pedido do Bem Paraná. Em 2008, por exemplo, haviam 1.634 li- vrarias no Paraná, das quais 541 (33,1% do total) estavam em Curitiba. Hoje, já são 2.107 empresas do ramo no estado e 708 na Capital (33,6% do total), o que aponta pa- ra um crescimento de 29% no número de li- vrarias em todo o Paraná e de 30,9% apenas no município entre os anos de 2008 e 2018. Apenas no ano passado, ainda segundo o Empresômetro, foram inaugurados 80 no- vos empreendimentos no estado (23 deles naCapital),enquantoapenasquatroempre- sas (uma delas emCuritiba) fecharam as su- as portas. Já se considerado todo o perío- do analisado 2008 a 2018), temos que nos últimos 10 anos foram inauguradas 854 li- vrarias no Paraná, enquanto 381 fecharam as portas (em Curitiba, 267 novas empresas surgiram e 100 deixaram o mercado). Para Juarez Vidal, 48 anos, supervisor de varejo da Livrarias Curitiba, o cenário chega a ser surpreendente (por conta domomento que vive o setor),mas não exatamente ines- perado. É que com a saída de grandes redes varejistas do mercado ou a redução de sua participação no setor, novas empresas, de menor porte, estão surgindo para surprir a demanda dos clientes. “De certa forma a gente se surpreende, mas como acompanhamos o mercado ve- mos esses novos surgimentos. Aí tem du- as situações: as grandes livrarias se concen- tram em capitais e grandes centros, o que deixa uma possibilidade de novos negócios em cidades menores, que ficam desprovidas de livrarias físicas para o consumidor visi- tar. E outro fator recente é essa diminuição ou saída de algumas redes, que acaba abrin- do essa possibilidade para novos negócios, principalmente livrarias pequenas e mé- dias”, comenta o especialista. Gigante curitibana navega em águas calmas Com mais de 50 anos de atuação e 29 lojas es- palhadas por 16 municípios nos estados do Pa- raná, Santa Catarina e São Paulo, o Grupo Livra- rias Curitiba é um dos poucos gigantes do setor livreiroquehojenavega emáguas calmas nomer- cado editorial brasileiro. Após registrar queda no faturamento em 2016 e empatar o resultado no ano seguinte, a empresa voltou a registrar cres- cimento na venda de livros no ano passado, com uma variação entre 5,5 e 6%. “Conseguimos recuperar um pouco da dificul- dade que enfrentamos nos últimos anos. Esta- mos enfrentando os desafios que todo o merca- do temenfrentado,mas temos buscado trabalhar muito com uma gestão sóbria e focada nos prin- cipais desafios que o segmento vem apontando”, aponta o supervisor de varejo do Grupo, Juarez Vidal, comentando ainda que a empresa mantém investimentos nos pontos principais do negócio. “Continuamos investindo, trabalhando mui- to a questão de melhoria nos pontos de venda para apresentar lojas mais confortáveis, espaços mais atrativos para o consumidor, e focando na questão de atender a necessidade dos clientes, seja através de produtos ou serviços, investindo no atendimento. Assim conseguimos estar numa média do mercado”, detalha Vidal. Venda de livros está em alta no país Já deu para notar que não é só de más notí- cias que o setor livreiro viveu em 2018. E nos úl- timos dias, outra boa nova foi divulgada pela co- luna Mercado Aberto, da Folha de S. Paulo, a qual apontou que houve um crescimento, tímido em termos de faturamento, mas ainda um cresci- mento,como tratoudedestacar Ismael Borges,da Nielsen, entidade de pesquisa e análise do setor. Os ventos que sopram pelo Paraná, inclusi- ve, acusam a possibilidade de um futuro posi- tivo. Uma das evidências disso é que uma das principais tendências editoriais, ao lado da li- teratura geral (romances), é a área de literatu- ra infanto-juvenil. “Agente vê isso combastante alegria,.Percebe- mos que hoje os pais, cada vez mais, estão fican- do atentos a essa questão da importância de tra- balhar no desenvolvimento da leitura. Vemos is- so tanto na questão da oferta de livros, comnovos autores de títulos infanto-juvenil, quanto tam- bém essa conscientização maior das famílias”, comemora Juarez Vidal. # NA CONTRAMÃO Franklin de Freitas

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