[email protected] Economia 6 Curitiba, quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019 # SÍMBOLO DO MOVIMENTO DE PROTEÇÃO DOS MARES Curitiba entra na onda ecológica e declara guerra aos canudinhos Empresas que trabalham com produto em inox e vidro começam a aparecer pela cidade e já fazem sucesso Rodolfo Luis Kowalski Mais novo ‘inimigo número 1’ do meio ambiente, os canudinhos plás- ticos estão, ao que tudo indica, com seus dias contados em Curitiba. De- pois de grandes empresas, como o McDonald’s e a Starbucks, deixarem de usar o produto e países como Es- cócia, Inglaterra e municípios como o Rio de Janeiro tambémvetaremos ca- nudinhos,a capital paranaense já dis- cute a possibilidade de proibir o uso do apetrecho. E na esteira disso tudo emerge um mercado voltado aos ca- nudinhos ecológicos. Em Curitiba, uma das empresas atuando na área é a Ecocanudinhos. Fundada no 2º semestre de 2018, a marca, focada 100% em sustentabi- lidade, lançou oficialmente seus pro- dutos em meados de janeiro, quando deu a largada ao comércio virtual. Es- tão à venda três tipos de canudo reu- tilizável — curvado de inox, de vidro e retrátil de inox com silicone. “Tudo começou no ano passado. Minha noiva é instrutora de Yoga e quando começou essa onda dos ca- nudinhos ela comprou um no Rio de Janeiro. Achei interessante e fui pes- quisar sobre o mercado. Aí veio a ne- cessidade de fazer algo que impactas- se positivamente o mundo e as pes- soas”, explica Thiago Pissaia, de 35 anos, proprietário da marca. Segundo ele, a expectativa é que se- jam vendidos 5 mil itens por mês pe- la empresa. Além dos canudos, foi de- senvolvido também um Eco Copo re- trátil, feito de silicone, e uma sacola para ser utilizada como lixoemcarros, com o slogan “Evolua e não polua”. “Vendemos para o Brasil inteiro, principalmente Rio de Janeiro e Nor- deste,lugares compraia.Mas está nu- ma pegada de conscientização geral e nossa expectativa é que (o negócio) cresça bastante”, diz o empresário. Se comprados individualmente, os canudos reutilizáveis custam de R$ 12,90 (curvado de inox) a R$ 49,90 (retrátil de inox com silicone). Além de serem vendidos individualmente, os produtos podem ser encontrados em kits especiais, com preços que va- riam entre R$ 27,90 e R$ 150,00. Para comprar, basta acessar o site da mar- ca (www.econudinho.com.br) . Além disso, quem mora em Curitiba pode retirar os itens direto no escritório da empresa (Rua Itupava, 1402. Mais in- formações no perfil oficial da marca no Instagram (@econudinho). Thiago Pissaia e os produtos desenvolvidos pela Ecocanudinhos, empresa focada 100% em sustentabilidade Fotos: Franklin de Freitas Empresa de cookies também se aventura no ramo Outra marca que entrou no ramo dos canudinhos reutilizáveis é a Cookie Stores. Fundada no começo de 2018 pelas irmãs Camila e Rafaela Camargo, a empre- sa passou a comercializar recentemente o Kit Ecológi- co, com o canudo reutilizável de inox, escovinha para limpar e o saquinho de bottons por R$ 40. “Não é porque trabalhamos com doces e cafés, que não temos impacto sobre a sociedade. Se quisermos mudar o mundo em que estamos, devemos começar por nós e não apenas esperar que as coisas se ajeitem sozinhas”, explica Camila. Para Rafaela, o novo produto é capaz de mostrar aos consumidores uma proposta de valorização do seu produto. Apesar de custar mais que um canudo con- vencional, o reutilizável substitui o vilão de plástico e pode ser guardado para sempre. A Cookie Stories fica na Rua Moysés Marcondes (nº 429), no bairro Juvevê, e funciona de segunda a sex- ta, das 12 às 19 horas, aos sábados, das 11h30 às 18 horas e nos domingos, das 14 horas às 18h30. Já a Cookie Street fica na Av. Vicente Machado (n° 554), no Centro de Curitiba, e funciona de segunda a sex- ta, das 8 às 18 horas. Mais informações na página ofi- cial da Cookie Stories no Facebook ou no site www. cookiestories.com.br . Curitiba já discute a proibição do apetrecho SAIBA Por que o produto plástico virou vilão? É indiscutível a importância do tema poluição ambiental. Mas afinal, por que o canudinho plás- tico? A verdade aí é que o ape- lo é mais significativo, simbó- lico, uma vez que todos hão de concordar que os canudinhos es- tão longe de ser o principal pro- blema quando o assunto é po- luição por plásticos. Só nos Es- tados Unidos, por exemplo, mais de 500 milhões de canudos plás- ticos são utilizados diariamen- te, de acordo com uma pesquisa do governo. Já uma pesquisa di- vulgada pela revista Science em 2015 aponta que a humanida- de gera anualmente um total de 275 milhões de toneladas de re- síduos plásticos – e um valor en- tre 4,8 milhões e 12,7 milhões de toneladas chega aos oceanos, que até 2050 terá mais plástico do que peixes, a se manter o rit- mo atual. Assim, o canudo funciona como uma espécie de porta de entra- da para discussões mais profun- das, servindo ainda para cons- cientizar a população acerca da importância de se “aposentar” os materiais de uso único, como sa- colas e garrafas. Além do Rio de Janeiro, pelo menos outros 68 municípios já discutemna Câ- mara de Vereadores ou aguardam a san- ção de prefeitos para proibir a utiliza- ção de canudinhos plásticos, segundo levantamento do site Cidades Inteligen- tes. Uma dessas cidades é Curitiba, nu- ma iniciativa da da vereadora Maria Le- ticia Fagundes (PV) com emendas dos vereadores Goura (PDT) e Professor Eu- ler (PSD). A iniciativa, que começou a tramitar em 11 de junho do ano passado e já foi aprovada pela Comissão de Meio Am- biente, pretende obrigar restaurantes, lanchonetes, bares e estabelecimentos similares a ofertar apenas canudos co- mestíveis ou de papel biodegradável, individual e hermeticamente embala- dos com material biodegradável. Com a emenda, ainda seria vetado ao Poder Pú- blico, a partir de 1º de janeiro de 2020, comprar canudinhos plásticos–exceção feita aos estabelecimentos de saúde. Obviamente que o tema deve ter lon- gos debates e embates, embora parte do setor já veja com bons olhos a troca por produtos mais sustentáveis.

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