Diversão & Arte [email protected] 17 Curitiba, quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019 ## CINEMA Lycio Vellozo Ribas Filmes de animação com peças de Lego, o famoso brinquedo, até que ficaram co- muns nos últimos tempos. Há curta-me- tragens comas pecinhas e personagens fa- mosos domundo pop, como Batman e Ho- mem-Aranha, que podem ser encontrados em TV a cabo ou em streaming. O próprio Batman ganhou um divertido longa-me- tragem–‘Lego Batman: O Filme’, de 2016. Mas a disseminação desses filmes, embora fosse anterior, só ganhou corpo com ‘Uma Aventura Lego’, de 2014. Agora, a Warner, donadas animações deLego,lança a conti- nuação,‘UmaAventura Lego2’,que estreia nesta quinta-feira (7) em Curitiba. O grande diferencial de ‘Uma Aventura Lego’ em rela- ção às outras animações com as pecinhas é uma espécie de ruptura da “quarta parede” dentro do ambiente Lego. A “quarta pare- de” é um conceito oriundo do teatro: ela separa o palco do público–as outras três paredes são o lado esquerdo, o lado direi- to e o fundo do palco. Às vezes essa “quarta parede” é quebrada pelos atores, que conversam com a plateia. O mesmo conceito pode ser aplicado em mídias como histó- rias em quadrinhos – os personagens in- teragem com seus escritores ou leitores – e cinema – personagens como ‘Deadpool’ “conversam” com o espectador. No caso de ‘Uma Aventura Lego’, quando a histó- ria parece chegar ao clímax e tudo parece perdido, os personagens percebem que os acontecimentos dentro do ambiente Lego são conduzidos por duas pessoas de car- ne e osso fora delas, um pai e um filho. A criança criava todo um mundo de imagi- nação na cidade de Legomontada pelo pai, para desespero dele (esse spoiler prescre- veu). Uma “quarta parede” dentro do pró- prio filme. ‘Uma Aventura Lego 2’ repete esse con- ceito e traz os principais personagens do filme anterior, como o otimista Emmett, a guerreira Lucy e o Batman, ele mesmo. A cidade Lego parece viver em paz até que ocorre uma invasão alienígena. Os invaso- res são seres do planeta Duplo (montados com peças elementares de Lego Duplo). Apesar de todo o clima de guerra, Emmett tenta um acordo de paz, que fracassa. Nem mesmo Superman, Lanterna Verde, Aqua- man, Flash e Mulher Maravilha, unidos, conseguem dar um jeito. Passados cinco anos, a cidade Lego ruiu e virou um deser- tão ao estilo Mad Max. Todos ficarammal- vados, raivosos, furiosos, refugiados, ego- ístas. Todos, menos Emmett, é claro. Cabe a ele a missão de tentar resgatar cinco de seus amigos – Lucy e Batman, entre eles –, sequestrados após uma nova invasão. Os raptados acabam levados ao planeta Du- plo, onde a dona do pedaço quer porque quer se casar com... Batman, ele mesmo. O novo filme não poupa elemen- tos do longa original – in- cluindo músicas descara- damente grudentas, ao estilo ‘Tudo é incrível’ – e a possibilidade de fazer qualquer nave ou veículo com peças Lego. Também não poupa referências divertidas a vários ou- tros clássicos do cinema, como ‘O Impé- rio Contra-Ataca’, ‘Jurassic Park’, ‘Liga da Justiça’, ‘O Senhor dos Anéis’, ‘Planeta dos Macacos’ (o original) e ‘DeVolta para o Fu- turo’. Tudo, claro, com peças Lego. Assim como emseu antecessor, a“quarta parede” é o segredo que faz, em ‘Uma Aventura Le- go 2’, com que tudo seja incrível. Tudo é incrível em ‘Uma Aventura Lego 2’ Continuação do filme de 2014 reedita todos os elementos, inclusive a ‘quarta parede’ ‘Se a Rua Beale falasse’ leva às telas ‘melancolia negra’ da obra de James Baldwin Em seu novo filme, ‘Se a Rua Beale Fa- lasse’, o diretor Barry Jenkins prova que seu cinema é, estética e narrativamente, permeado pela melancolia. Mas o longa não trata exatamente do sentimento co- mo o conhecemos, associado à tristeza e depressão,e simde uma emoção compo- der transformador, que possibilita a re- flexão. A obra, baseada no livro do escri- tor James Baldwin, estreia nesta quinta- -feira (7) nos cinemas. No longa, o jovemnegro Fonny é preso de forma injusta após ser acusado de es- tuprar uma mulher latina na Nova York da década de 1970. A narrativa acompa- nhaa lutade suanamoradaTish,que está grávida, e da família de ambos para sol- tá-lo, ao mesmo tempo em que explora o relacionamento e as dificuldades en- frentadas pelo casal. Com esse foco no cotidiano e relacio- namentos dos personagens, Jenkins – que também dirigiu o vencedor do Os- car ‘Moonlight: Sob a Luz do Luar’ (2016) – se firma como parte de uma nova onda de diretores que buscam dar destaque à humanização dos negros em suas obras, com conceitos como respeito, solidarie- dade e família, vividos mesmo em con- dições adversas. ‘Se a Rua Beale Falasse’ foi indica- da a 3 Oscars: atriz coadjuvante (Regi- na King), Trilha Sonora e roteiro origi- nal (Barry Jenkins). A produção combate uma das faces mais danosas do racismo, a que nega a possibilidade de os negros, como seres humanos, serem múltiplos e terem ações contraditórias. Frank Hunt, pai do protagonista, é um pai amoroso, referência de humanidade para o filho, mas que emdeterminadomomento agri- de a esposa. Em outro ponto da narrativa, os pais dos protagonistas se unem para aplicar pequenos golpes, como intuito de juntar dinheiro para pagar a defesa de Fonny. O cenário reflete uma tentativa de incluir na obra figuras reais, sem idealização ou mártires. O roteiro de Jenkins destaca o óbvio: essas pessoas são humanas. Lucy e Emmett no deserto que restou da cidade Lego: combate a alienígenas do planeta Duplo Cena de ‘Se a Rua Beale falasse’ Fotos: Divulgação Batman: alvo de casamento

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