[email protected] Turismo 17 Curitiba, quinta-feira, 7 de março de 2019 Fotos: Bárbara Magalhães ## CARNAVAL 2019 Estação Primeira de Mangueira é campeã do Carnaval carioca e conta a história não oficial do Brasil na avenida Rodrigo Browne Histórico. Não há definição melhor para o desfi- le campeão da Mangueira este ano. Na contramão das outras escolas de samba o carnavalesco Lean- dro Vieira, em seu quarto desfile oficial, apresenta um enredo político e conquista pela segunda vez o título de campeã do carnaval carioca (a primeira foi em 2016–na sua estreia com enredo emhome- nagem à Maria Bethânia). O resultado fez justiça. Nos dois dias de desfile nenhuma outra escola em- polgou tanto a avenida Marques de Sapucaí quan- to à Mangueira. E isso aconteceu não somente pe- lo fato da agremiação ser uma das mais populares no carnaval,mas, simpelo excepcional samba-en- redo que conta a história do Brasil subvertendo os heróis dos livros pelos heróis populares – que fo- ram“esquecidos na versão oficial” dos historiado- res. Como resistir a esses versos? “Brasil, meu dengo/ A Mangueira chegou/ Com versos que o livro apagou/ Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento/ Tem sangue re- tinto pisado/ Atrás do herói emoldurado/ Mulhe- res, tamoios, mulatos/ Eu quero um país que não está no retrato“. E por incrível que pareça aMangueira revelou ao Brasil esse país que não está no retrato oficial. O enredo “História pra ninar gente grande” foi con- tado em 24 alas e cinco alegorias. Em entrevista após a confirmação do título o carnavalesco Lean- dro Vieira comentou: “Esse enredo é do tamanho da coragem dessa gente. Viver e resistir é um ato de coragem”. E “essa gente” que ele se refere são as mulheres, os negros e os índios, as maiores ví- timas da história não oficial que foram estampa- das numa enorme bandeira verde e rosa no encer- ramento do desfile. Para chegar ao vigésimo título do carnaval ca- rioca a Estação Primeira de Mangueira deu liber- dade total ao carnavalesco. Em um momento po- lítico delicado com muita intolerância nas dis- cussões, a Mangueira não teve medo de falar de Marielle Franco (vereadora negra assassinada há um ano – um crime sem solução até hoje), ou de desqualificar a importância de heróis nacionais como o patrono do exército Duque de Caxias – o “pacificador”, da Princesa Isabel e de Pedro Álva- res Cabral. Está no samba: “Deixa eu te contar/ A história que a história não conta/ Oavesso domes- mo lugar”. Perfeito. O desfile e o enredo da Mangueira de 2019 de- veria servir como cartilha para as aulas de Histó- ria no Brasil. Questionar a “versão oficial” e mos- trar uma história até então desconhecida damaio- ria do povo brasileiro.Após o título LeandroVieira mandou um recado para o presidente Bolsonaro que twitou uma cena pornográfica de um bloco de carnaval: “O carnaval é a festa do povo. O carnaval é cultura popular. O carnaval não é o que ele acha que é. O carnaval é isso. E ele deveria mostrar pa- ra o mundo o carnaval da Mangueira”. NOTA Desfile das campeãs no meio da avenida O melhor local para assistir o Desfile das Campeãs é o camarote Folia Tropi- cal. Com localização privilegiada, bem no meio da avenida, ele conta com três andares e serviço de buffet e open bar incluído no valor do ingresso - que es- tá em torno de R$1.700. Isso dá direi- to a uma camiseta exclusiva, transfer de ida e volta ao sambódromo e até a utilização de um espaço de beleza. No camarote quem compra os convites circula ao lado de celebridades convi- dadas e ainda pode assistir um pocket- -show da cantora Gal Costa no interva- lo do desfile. (RB) SERVIÇO: Ainda há ingressos para o desfile das campeãs do grupo especial. Eles po- dem ser adquiridos pelo site www.fo- liatropical.com.br ou pelo televendas (21) 3202-6000. ORDEM DE DESFILE DO GRUPO ESPECIAL SÁBADO (09/03) • Às 21 h - Acesso – Estácio de Sá • Entre 22h05 e 22h20 - 5ª – Salgueiro • Entre 23h10 e 23h40 - 4ª Portela • Entre 0h15 e 1 h - 3ª – Vila Isabel • Entre 1h20 e 2h20 - 2ª – Viradouro • Entre 2h25 e 3h40 - 1ª – Mangueira A história do Brasil em verde e rosa Carro alegórico questiona o papel heroico dos bandeirantes “O sangue retinto por trás do herói emoldurado” Membros da velha-guarda no carro abre-alas da Mangueira Ala Cunhambebe homenageia indígenas que lutaram contra portugueses A vereadora assassinada Marielle Franco é lembrada no encerramento do desfile Homenagem ao abolicionista cearense Luís Gama O Folia Tropical no setor 6 da Sapucaí

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