6 Cidades Curitiba, quarta-feira, 13 de março de 2019 [email protected] Compartilhamento de bikes e patinetes terá concorrência acirrada em Curitiba Prefeitura ainda estuda impactos para regulamentar diferentes sistemas que atuam na Capital ## ‘ÚLTIMA MODA’ Narley Resende Pelo menos três novas empresas de compartilhamento de ciclos—que in- clui bicicletas convencionais e elétri- cas, e patinetes elétricos—devem co- meçar a operar emCuritiba nos próxi- mos meses. Com isso, cinco startups (empresas de inovação emergente), que locam os modais via aplicativos de celular, já oficializaram serviços ou intenção de desembarcar na Ca- pital. A concorrência já era prevista pela Yellow, primeira a instalar pro- jeto piloto com aluguel de bicicletas e patinetes elétricos emárea limitada. A pioneira até esconde números para não expor à concorrência, que prome- te ser cada vez mais acirrada. A estadunidense Lime, que come- çou a operar em São Paulo em janei- ro, está para chegar em Curitiba com o peso de um aporte de US$ 335 mi- lhões, tendo como principal investi- dor a Uber — gigante dos aplicativos de carona compartilhada. A Uber já tem seu próprio serviço, a Jump, que também deve chegar à capital para- naense em breve, assim com a brasi- leira Scoo.As últimas duas ainda sem previsão anunciada. Logo depois da implantação da Yellow, Curitiba recebeu a mexicana Grin, que entrou no país através de uma parceria com a empresa de en- tregas Rappi. A Grin e a Yellow se fun- diram em fevereiro deste ano, em uma transação ainda sem dados financei- ros divulgados. Com a junção, a área de atuação será ampliada e compati- bilizada. Ao todo, as duas empresas agora somam 300 bicicletas conven- cionais e 600 patinetes em Curitiba. A Grin anunciou em fevereiro que neste mêschegariaamil patinetesnacidade. “A área de patinetes, que antes pe- gava basicamente o Centro Cívico, a gente conseguiu expandir para uma área que agora vai do Alto da XV até o Batel. Estamos terminando de fazer o processo de integração para deixar as áreas de atuação compatíveis”, adian- ta o gerente de relações públicas da Yellow, Marcel Bely. O preço praticado é de R$ 3 para os três primeiros minutos de uso e R$ 0,50 a cada minuto extra. O pagamen- to é feito pelo cartão de crédito cadas- trado no app. Em primeiro momento, o serviço “virou moda”, atraiu curio- sos ematividades de lazer.Ouso como transporte regular é uma das metas, não só da Yellow, que deve, inclusive fazer ajustesnospreçosparapromover ao usuário funcional. “A gente já con- seguiu diversificar para pequenas dis- tâncias nomeioda tarde emeiodama- nhã, que a gente classifica para peque- nas reuniões,noconceitodeprimeirae últimamilha.As pessoas estão percor- rendo caminhos maiores, principal- mente com os patinetes que tiveram a área expandida. A gente está fazen- do algumas pesquisas e vamos rodar no aplicativo para entender um pou- co mais do perfil do usuário”, anuncia. Vandalismo ainda é um grande desafio O sucesso aparente não esconde os ris- cos enfrentados pelo serviço, alguns pre- vistos, como depredação e vandalismo. Ambas as empresas instaladas, ou em vias de instalação, operam apenas com aplica- tivos, ou seja, sem estações ou “docas” co- mo as que estão para funcionar em Belo Horizonte.ABHTrans, autarquia de trans- porteda cidademineira,lançoueditais pa- ra concorrência de empresas interessadas emoperar as estações similares às que são utilizadas emcidades comoNovaYork,Pa- ris e Buenos Aires. Esse sistema inibiria o vandalismo, já que os ciclos alugados são estacionados e travados nas estações fixas pela cidade. A retirada é feita por meio de cartão de crédito na própria estação. Em Curitiba, chamou atenção, logo nos primeiros dias de operação do sistema da Yellow, o número de equipamentos van- dalizados. Em um dos casos, de feverei- ro, três bicicletas foram arremessadas no mesmo ponto de um rio no Centro Cívico. Em outro, vídeo circulou neste mês mos- trando adolescentes destruindo uma bici- cleta após terem frustrada uma tentativa de remover peças dabicicleta.Logonapri- meira semana de operação da Yellow, em 22de janeiro,aGuardaMunicipal atendeu a quatro ocorrências emque bicicletas fo- ram furtadas ou levadas para áreas fora da delimitação ofertada no aplicativo. As bi- cicletas acabaram recuperadas, mas par- cial ou totalmente destruídas. A empresa não revela balanço atual de depredação. Há também a possibilidade de acidentes, emque os eventuais prejuízos são arcados exclusivamente pela empresa. “A empresa trabalha com os ‘guardiões yellow’ quemonitoramos equipamentos, fazem pequenos reparou e levaM à ofici- na. A gente tem um galpão em Curitiba. Todos os nossos equipamentos possuem sistemas de segurança online (com GPS e travas, por exemplo). Dentro do apli- cativo existe um espaço para denúncias e rapidamente a gente consegue ir atrás dos equipamentos furtados ou vandaliza- dos”, explica Bely. Ainda em janeiro, a Yellow informou ao Bem Paraná por meio de nota que havia intenção de colocar em funcionamento o sistema de bicicletas elétricas em Curiti- ba em março, mas agora a data é incerta. “A gente lançou as bicicletas elétricas em São Paulo (no dia 11 de março). Es- tamos testando os equipamentos e a de- manda para saber como vai funcionar. Existe uma expectava de expansão para Curitiba, acredito que depois de São Pau- lo e Rio de Janeiro”, afirma o gerente de relações públicas da empresa. O vandalismo não é exclusividade de Curitiba, ou de cidades como São Paulo e BeloHorizonte,onde o serviço já dá sinais de maturação. Em fevereiro do ano pas- sado, a empresa Gobbe.bike que operava um dos sistemas de bicicletas comparti- lhadas sem estações (dockless) de Paris decidiu encerrar suas atividades na capi- tal francesa e em toda a Europa após ape- nas quatromeses de atuação.Lançado em outubro de 2017, o sistema sem estações, com um controle apenas via aplicativo, entrou em colapso após “a destruição em massa” de sua frota de bicicletas. A decisão de encerrar as atividades foi “decepcionanteeextremamente frustran- te”, escreveu a empresa de Hong Kong em notaemqueanunciouofimdasoperações. Em quatro meses, 60% da nossa frota foi destruída ou roubada, “tornando o proje- to europeu inviável”, segundo a empresa. Os sistemas dockless (sem docas) per- mitemaosusuáriosalugarbicicletasusan- do um aplicativo, geralmente digitando o códigodabicicletaparadesbloqueá-la.No final da viagem, as bicicletas podem ser estacionadas em qualquer lugar. Sistemas de compartilhamento de bici- cletasmais estabelecidos,comooVelibde Paris, Citi Bike em Nova York, ou os sis- temas brasileiros, exigem que as bicicle- tas sejam devolvidas às estações. Em No- va York “dá certo” porque há estações em praticamente toda cidade. Franklin de Freitas Patinetes elétricos de aplicativos: já são 600 equipamentos em Curitiba

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