[email protected] 13 Esportes Grupo quer nova federação de skate no Paraná Represenção do esporte no Estado tem disputas políticas e jurídicas. Modalidade vai estar na Olimpíada de 2020 ## POLÊMICA Curitiba, sexta-feira, 15 de março de 2019 Redação Bem Paraná A inclusão do skate nas Olimpíadas em 2020 va- lorizou ainda mais o esporte e é vista como um dos motivos de uma disputa política entre orga- nizações que pretendem representar os atletas do Paraná. Neste ano, o “Movimento Skate, Ordem e Progresso”, que reúne associações de skatistas dis- sidentes da Federação de Skate do Paraná, decidiu organizar uma associação que possa representar a categoria e assumir o lugar da atual agremiação. Um pedido para que a federação paranaense seja deslegitimada deve ser feito à Confederação Bra- sileira de Skate (CBSk) . O grupo atribui a medida a um “declínio do ska- te em todos os cenários, ocasionado por uma ges- tão pouco eficiente”.“OEstado que já foi considera- do celeiro do skate nacional, hoje conta compoucas pistas aptas para treino, principalmente na Capital, pouco ou nenhum incentivo para os atletas, como no caso do skate feminino, retirado do Circuito pa- ranaemse por 4 anos,retornando somente em2018, após o anúncio do Skate às Olimpíadas. Apesar da enorme soma de dinheiro arrecadado com patro- cínios e apoios, pouco foi feito”, justifica o Movi- mento Skate, Ordem e Progresso, em comunicado. Há também um imbróglio jurídico causado por denúncias sofridas pelo atual presidente da enti- dade, Adalto Elias Pereira, acusado de exploração sexual contra três supostas vítimas, que têm en- tre 15 e 17 anos. Mesmo afastado das funções na federação, a pedido do Ministério Público, desde o fim do ano passado, também por problemas de má gestão, Adalto encabeça a chapa eleita para diri- gir a entidade. A oposição afirma que os votos das associações filiadas forammanipulados. “Eles fizeram uma ar- mação jurídica emqueoadvogadoeoviceda chapa delepresidiramamesa (da comissãoeleitoral).Nós tínhamos 14 votos contra 8 e eles foram tirando, anulando voto nosso, um a um, alegando que não tinham prestação de contas. Oito a dez votos (de associações) foramanulados”,afirma Fernando Jo- hnson, porta-voz do grupo que pretende lançar a nova federação, que se candidatou a presidente. Johnson reclama que os filiados não foram avi- sados sobre a suposta falta de documentação.“Não avisaram a gente sobre qual associação estava ati- va, qual não estava. A Federação esteve fechada o mês inteiro da convocação, abrindo apenas na vés- pera para inscrição de chapas, recebida por um vo- luntário,nãopor ummembroda Federação”,expli- ca Johnson. “O observador da confederação suge- riu adiar a eleição para 15 de janeiro, dando tempo para prestação de contas e para as associações ar- rumaremadocumentação”. Segundoele,dianteda negativa, a oposição se retirou da disputa: “Dian- te da impossibilidade de voz e voto, direitos total- mente desrespeitados na assembleia e temendo o pior devido ao calor dos ânimos, demos as costas à federação”. Foi quando, de acordo com Jonhson, a Prá-Skate ressurgiu. Atuando discretamente no apoio de projetos, como a Go Skate Curitiba, a OS- CIP criada em 2016, abriu as portas para o movi- mento de dissidentes da Federação e decidiu orga- nizar o skate no Paraná através de outra liga.“Jun- tou o skate com a vontade de andar. A estrutura é enxuta, cristalina, mas estruturada de forma pro- fissional e legalmente preparada”, disse Johson, que assumirá a presidência da Prá-Skate Acusado de exploração sexual, presidente alega “armação política” O presidente afastado da federação, Adalto Elias Pereira, atribui as denúncias de abuso sexual contra ele a uma “ar- mação política”. “Isso tudo foi armação política. Vou pro- var na Justiça que não devo nada. São acusações de adver- sários. Esse processo foi na eleição de 2013. Fizeram a mes- ma acusação”, responde. Pereira afirma que sua reeleição foi legítima e que seguiu o estatuto da federação. “Todos os concorrentes tem possi- bilidade para isso (vencer a eleição). Se não aceitou o resul- tado da eleição eles tem direito de ir atrás. Estou afastado. Concorri a eleição porque não tinha impedimento. O afasta- mento era para não trabalhar na federação. Mas eu não par- ticipei da eleição. Quem participou da eleição foi um procu- rador meu (o advogado Ygor Salmen)”, afirma. O presidente afastado afirma que as denúncias de abuso sexual e uma outra que questionou as contas da federação tem o intuito de tirá-lo da federação e que a tentativa de criar uma nova entidade é pelo fato de a oposição não acei- tar o resultado .“Ganhamos. Por isso que eles estão corren- do atrás. Mesmo se eu renunciar à federação quem assume é o vice-presidente (Jhonatan Moraes dos Santos). Só não concorreu (as associações filiadas que votaram) quem esta- va com documentação irregular. Se você é filiado a um clu- be e não paga mensalidade não tem direito a voto”, justifica. Adalto Pereira afirma que a ação que questionou as con- tas já foi sanada. “Eles entraram antes da eleição, as duas chapas, entraram no MP questionaram a prestação de con- tas da federal. Na semana passada o MP deu retorno dizen- do que está tudo emdia, deu umparecer favorável”, garante. Emsetembrode2018,ele foi afastadodas funçõesde forma liminar a pedido do Ministério Público do Paraná, por meio da1ªPromotoriade Justiçade InfraçõesPenais contraCrian- ças, Adolescentes e Idosos de Curitiba. A denúncia é pela prática do crime de exploração sexual contra adolescentes. Conforme denúncia recebida pela Promotoria, o acusa- do atraía os jovens com a promessa de benefícios materiais, como peças de skate. No momento da retirada dos equipa- mentos, o homem pedia em troca a “realização de atos se- xuais”. Os crimes teriam sido praticados na sede da Federa- ção, no bairro  Tarumã, em Curitiba. Alémde afastado cautelarmente de suas atividades na FSP, conforme a liminar, o acusado deve “abster-se de exercer qualquer função ou atividade ligada à Federação, estando, ainda, proibido de adentrar as sedes da referida agremiação e instituições filiadas, campeonatos esportivos, estabeleci- mentos recreativos ou quaisquer eventos voltados ao públi- co infanto-juvenil”. O processo está em segredo de justiça. O advogado de Adalto, Ygor Salmen, afirma que a ação aguarda espaço na pauta de audiências da vara da infância do Tribunal de Jus- tiça. “A secretaria está abarrotada de processo. E nós cobra- mos, inclusive, que se designe a audiência porque somos os mais interessados em esclarecer”, diz. O advogado respalda sua tese no argumento de persegui- ção política. “O que posso dizer é que há neste processo, sim, ‘armação política’. Esse mesmo grupo vem realizando uma série de denúncias contra Adalto desde 2013 e todas até agora foram arquivadas. Inclusive, a última relaciona- da à prestação de contas foi arquivada pelo Ministério Pú- blico”, defende. De acordo como advogado,as associações de oposição não souberam participar do processo eleitoral e, por isso, ago- ra querem anular a eleição. “O que acontece é uma insatis- fação de um grupo que não consegue consolidar exigências mínimas para compor uma associação. Não apresentam se- quer a documentação necessária para concorrer. Este ato (eleição) foi consolidado e validado pela Confederação Na- cional do Skate. Para participar dos atos basta apresentar a documentação básica para participar dos processos”, ironi- za. Fernando Johnson, por sua vez, informou que o movi- mento para criar uma nova federação começou em agosto do ano passado e não em 2013. Fernando Johnson (de camisa branca) com apoiadores do movimento Skate, Ordem e Progresso Franklin de Freitas

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