P olítica em D ebate Ivan Santos com colaboração dos editores do Bem Paraná [email protected] + em www.bemparana.com.br Richa é preso por obstrução da Justiça na ‘Quadro Negro’ Da Redação Oex-governadorBetoRi- cha (PSDB) foi preso ontem em nova fase da Operação Quadro Negro, o Grupo de Atuação Especial de Com- bate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Pú- blico do Paraná, que inves- tiga desvios de R$ 22 mi- lhões de recursos para a construção e reformas de escolas estaduais.Alémde- le, também foram presos o ex-secretário de Estado do Cerimonial, Ezequias Mo- reira, e o empresário Jorge Atherino, apontado pelo MP como suposto “opera- dor financeiro” do esque- ma. O tucano teve a prisão preventiva decretada pe- lo juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 9ª Vara Criminal de Curitiba, que acatou denúncia segundo a qual o ex-governador te- ria agido para tentar “com- prar” o silêncio do delator do caso, o ex-diretor-geral da Secretaria de Estado da Educação,Maurício Fanini. É a terceira vez que Ri- cha é preso. Em setembro de 2018, ele foi detido na operação Rádio Patrulha, também do Ministério Pú- blico Estadual, que investi- ga suspeitas de fraudes em licitações para obras emes- tradas rurais. Em janeiro, Richa foi preso na Opera- ção Integração, desdobra- mento da Lava Jato na Jus- tiça Federal, que apura um esquema de pagamento de propina por concessioná- rias do pedágio. Em ambos os casos ele foi soltopoucos dias depois,por decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Além disso, o tuca- no havia obtido salvo-con- dutos do ministro do STF, Gilmar Mendes, sob a ale- gação de que não haveriam fatos novos que justificas- sem as prisões. As decisões de Mendes, porém, não al- cançam a operação do Ga- eco de ontem. Impunidade - No des- pacho em que acatou o no- vo pedido de prisão contra Richa, o juiz Fernando Bar- delli Silva Fischer critica duramente, sem citar no- mes, as decisões de Men- des. Na decisão, o juiz che- ga a comparar a exigência de “contemporaneidade” dos fatos para embasar as prisões preventivas a um “mantra da impunidade”. “Não por acaso, as mani- festações a favor da liber- dade de criminosos do co- larinho branco, que prati- caram seus crimes durante um longo período de tem- po, convenientemente ci- tam o ano do início da prá- tica criminosa e omitem a data do seu término”, aponta Fischer. O juiz afirmou que dos crimes de “corrupção e fraude à licitação supos- tamente decorreram ou- tras práticas criminosas que perduraram até o ano de 2017, como crimes de obstrução de investiga- ções e lavagem de dinhei- ro”. Entre as provas, segun- do ele, estão despachos que autorizaram a realização do aditivo no contrato de construção e reforma das escolas, depoimentos do delator afirmando que re- cebia as propinas e fazia o repasse ao ex-governador e que o tucano “lhe orde- nou a apagar fotos, conver- sas e outros elementos de prova”. Além disso, lembra que os desvios nas obras de escolas prejudicaram mais de 20 mil alunos. Adiamento Um pedido de vistas do vereador Felipe Braga Côrtes (PSD) acabou levando a Comissão de Constitui- ção e Justiça da Câmara Municipal de Curitiba a adiar, mais uma vez, a votação de parecer sobre o po- lêmico projeto do prefeito Rafa- el Greca que pretende implantar o uso exclusivo do sistema de bilhetagem eletrônica no transporte coletivo da Capital, com a consequente extinção paulatina da função de cobrador de ôni- bus. O líder do prefeito, vereador Pier Petruzzielo, recomendou voto favorável à tramitação da proposta original, desconside- rando o substitutivo geral apresentado pelo vereador Tico Kuz- ma (Pros), que estabelece que a substituição dos cobradores pelo cartão transporte só ocorreria quando o cobrador se apo- sentar, pedir demissão, aderir a plano de demissão voluntária ou aceitar exercer outra função empresa de ônibus. Competência Petruzziello alegou que esse debate não caberia à CCJ, que, no entender do líder do prefeito, deveria analisar apenas a consti- tucionalidade e não o mérito da proposta. Braga Côrtes anun- ciou que pretende quer propor um voto favorável que referen- de o substitutivo de Kuzma. Esta é a segunda vez que o projeto é analisado na comissão. Cartel Na próxima sexta-feira, a Câmara promove audiência pública para debater o transporte coletivo da Capital. Proposta pela ve- readora Professora Josete (PT), e sob o nome ‘Democratizando o Transporte Público em Curitiba’, a audiência discutirá questões técnicas sobre a tarifa e o contrato vigente que é alvo de inves- tigações por suspeitas de superfaturamento, valores desatuali- zados, tarifas duplicadas, sonegação, fraude na licitação e for- mação de cartel. Nepotismo O Ministério Público expediu recomendação administrativa di- rigida ao prefeito de Ampére (região Sudoeste), Disnei Luqui- ni (PP), para que ele deixe de fazer contratações de servidores para cargos comissionados que possam configurar a prática de nepotismo, ainda que para funções temporárias. O MP deu pra- zo de dez dias ao prefeito para uma resposta. Namorada A recomendação propõe ainda a demissão de funcionários que tenham reação de parentesco de até terceiro grau com ocupan- tes de cargos de direção, chefia ou assessoramento na gestão municipal, notadamente de uma servidora específica, namorada do filho do prefeito. Nessa situação, a Promotoria recomenda a demissão em até cinco dias. Devolução Sete vereadores e um ex-vereador que foi presidente da Câmara Municipal de São Jerônimo da Serra (Norte Pioneiro) firmaram ter- mos de ajustamento de conduta com a Promotoria de Justiça da região, e vêm devolvendo aos cofres do Legislativo valores recebi- dos indevidamente. Investigação da Promotoria constatou que os parlamentares vinham recebendo vencimentos integrais, sem des- conto de dias em que houve falta não justificada. Os valores rece- bidos indevidamente foram acrescidos de multa de 50%. Planejamento O governador Ratinho Júnior (PSD) afirmou ontem, em reunião do secretariado, que o trabalho de planejamento de ações de curto, médio e longo prazo que está sendo realizado pela admi- nistração estadual não configura somente um programa de go- verno, mas sim uma política pública de Estado, que deve contri- buir para o desenvolvimento do Paraná nas próximas décadas. “Todos podemos caminhar juntos para um futuro melhor no Pa- raná, que tem condições de se tornar referência no Brasil em eficiência de gestão e inovação”, afirmou ele. Curitiba, quarta-feira, 20 de março de 2019 MP acusa ex-governador de tentar ‘comprar’ silêncio de delator do esquema ## GAECO Richa chega ao Gaeco: terceira prisão emseismeses Ernani Ogata Carlos Costa/CMC Pagamentos a delator seguiram até agosto de 2017 Na denúncia que emba- sou a nova prisão do ex- -governador Beto Richa (PSDB), ontem, o Gaeco afirma que os pagamentos do grupo político do tuca- no para a suposta “com- pra” de silêncio do delator do caso, Maurício Fanini, teriam seguido até agos- to de 2017. Fanini foi pre- so a primeira vez, em julho de 2015, mas foi solto dez dias depois. Acabou sendo detido novamente em se- tembro de 2017. De acordo com a denúncia, para evi- tar que ele firmasse acor- do de delação e contasse o que sabia sobre o esque- ma, o ex-governador te- ria encarregado o empre- sário Jorge Atherino a fa- zer repasses mensais ao ex-diretor. Inicialmente, segundo o Gaeco,entre janeiro e abril de 2.017“Atherinoefetuou quatro repasses mensais, mas de menor valor, que totalizaram a quantia de R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais) em espécie”, a Fanini.Depois disso,oem- presário, utilizando-se de intermediários, ainda te- ria feito mais dois repas- ses ao ex-diretor da secre- taria, de R$ 8 mil cada, no Graciosa Country Club, no bairro do Cabral, em Curi- tiba, “sendo a primeira no final do mês de junho de 2.017 e a segunda no início domês de agosto de 2017”, afirma o MP. Defesa de tucano diz que prisão não tem fundamento O advogado Guilherme Brenner Lucchesi, que de- fende o ex-governador Be- to Richa, manifestou-se sobre a prisão do tucano, ontem. “A defesa de Car- los Alberto Richa esclare- ce que a determinação de prisão exarada hoje não traz qualquer fundamento. Tratam-se de fatos antigos sobre os quais todos os es- clarecimentos necessários já foram feitos”, escreveu. “Cumpre lembrar que as fraudes e desvios cometi- dos em obras de constru- ção e reforma de colégios da rede pública de ensi- no foram descobertos e denunciados pela própria gestão do ex-governador Beto Richa. Por orientação do ex-governador, no âm- bito administrativo, todas asmedidas cabíveis contra os autores dos crimes fo- ram tomadas. A defesa re- pudia o processo de perse- guição ao ex-governador e a seus familiares; todavia, segue confiando nas ins- tituições do Poder Judici- ário”, finalizou o defensor. Advogados de outros im- plicadosnocaso tambémse manifestaram. O advogado MarlusArnsdeOliveira,que atua na defesa de Ezequias Moreira, informou que se manifestará nos autos. Já Luiz Carlos Soares da Sil- va Júnior afirmou que Jor- ge Atherino “está à dispo- sição da Justiça para quais- quer esclarecimentos”. [email protected] Política 3

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