[email protected] 7 Curitiba, sexta-feira, 22 de março de 2019 Cidades # DIA DA ÁGUA Poços artesianos se multiplicam pelo Paraná Instituto das Águas aponta existência de 19.407 poços regularizados no Estado. Só no ano passado, 2.100 foram outorgados Rodolfo Luis Kowalski Obra complexa de engenharia voltada à captação sub- terrânea nos diversos aqüíferos, os poços artesianos es- tão em alta. De acordo com o Instituto das Águas do Paraná, autarquia vinculada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), o Estado conta atualmente com 19.407 poços em situação regular, ou seja, com outorga de direito de uso da água.E o número não para de crescer. Em 2017, por exemplo, 800 poços foram outorgados em todo o Paraná, dos quais 17 em Curitiba. No ano passado, foram 2,1 mil autorizações de uso, 55 delas na Capital. Já neste ano, até o dia de ontem, cerca de 500 outorgas foram expedidas em todo o estado, 12 em Curitiba. Jurandir Boz Filho, geólogo e diretor de recursos hí- dricos do Instituto, aponta que o crescimento reflete a melhora na estrutura para emissão de outorgas e tam- bém acompanha um crescente interesse da população por esses poços. “Amedida que foi passando os anos, foi aumentando o interesse e a demanda devido à divulga- ção, mais empresas especializadas, pessoas indo atrás de financiamento”, explica. Construir um poço, contudo, não é para qualquer um. Luan Suehara, gerente de logística da Perfugel, empre- sa curitibana especializada em poços artesianos, expli- ca que esse tipo de obra é vantajoso para grandes con- sumidores de água. “Se é para uma casa, para família, não vale a pena. R$ 200 (por mês) de água é um custo baixo para ter um po- ço, que tem um custo elevado”, explica ele, cuja empre- sa, que tem mais de 30 anos de expertise, perfura po- ços a partir de 100 metros de profundidade. “A procura é muito grande, principalmente no verão. Em Curitiba, padarias, indústrias e empresas diversas já nos contra- taram”, complementa. De acordo com o geólogo Airton Alba, também é co- mum verificar a existência de poços em condomínios. “Pelo menos 10% dos condomínios têm poços artesia- nos particulares. Pessoal comescola de natação, estabe- lecimentos que consomemmuita água, todos eles usam. É uma economia brutal e ele vai tomar água mineral, uma água mais pura e mais mineralizada”, diz. O geólogo, contudo, ressalta que, na Capital, para con- seguir fazer um poço é necessário perfurações mais pro- fundas, geralmente acima de 200 metros e com custo a partir de R$ 40mil.Ademais, os curitibanos que investem numpoço conseguemeliminar o custo comágua,mas se- guem obrigados a pagar a tarifa de esfoto. “E o esgoto é praticamente 50% do valor da conta de água. Então um condomínio que pagava R$ 20 mil de água vai continu- ar pagando de R$ 8 a R$ 10 mil de esgoto”, exemplifica. Governo promove ações no Dia da Água Para celebrar o Dia Mundial da Água, o Governo do Paraná promo- ve ações diversas de conscientiza- ção, preservação e sensibilização sobre biodiversidade. A principal das iniciativas é o lançamento do programa Educação Ambiental pa- ra Bacias Hidrográficas, com ações que serão realizadas até o dia 28 de abril em diferentes municípios paranaenses. O objetivo é ampliar a discussão sobre a importância da preserva- ção dos mananciais para que a água possa efetivamente estar disponí- vel para todos. Serão base do tra- balho as 16 bacias hidrográficas do Paraná. “A agenda de atividades es- tá voltada para o objetivo maior da Secretaria que é o desenvolvimen- to sustentável em todas as regiões do estado”, ressalta o secretário do Desenvolvimento Sustentável e Tu- rismo, Márcio Nunes. Alémdisso, ao longo domês tam- bém será feita a soltura de peixes nas bacias do Paraná e o plantio de árvores, entre outras ações. Nove a cada dez instalações estão irregulares Em todo o Brasil, segundo estu- do do Instituto Trata Brasil em par- ceria com o Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas daUSP,existem mais de 2,5 milhões de poços arte- sianos, que extraem 17.580 m³ por ano, valor suficiente para abastecer toda a população do país por um ano. Acontece, porém, que a maior parte desses poços - algo em torno de 90% - é clandestina, estando su- jeita a contaminações e problemas sanitários e ambientais. De acordo com Jurandir Boz Fi- lho, atualmente o sistema de fisca- lização funciona apenas a partir de denúncias e não existe a fiscaliza- ção de rotina. Este, inclusive, é um aspecto que está sendo melhorado. “Está tendo a fusão do Instituto das Águas com o IAP e queremos me- lhorar isso”, explica ele, apontando ainda que poços não regularizados apresentam maior risco de conta- minação e também atrapalham na gestão do uso da água, principal- mente nas áreas com maior con- centração de poços. RÁPIDA Dia Mundial da Água Celebra- do em 22 de mar- ço, o Dia Mundial da Água foi criado em 1993 pela ONU com o in- tuito de alertar a popu- lação sobre a importân- cia da preservação da água. Desde 2010, o aces- so à água limpa e potável é reconhecido internacio- nalmente como um direi- to humano, mas ainda as- sim mais de 2 bilhões de pessoas não dispõem dos serviços mais básicos. Por isso, o tema da campa- nha neste ano é “Água pa- ra todos: não deixar nin- guém para trás”, numa adaptação da promessa central da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Poços caseiros não são raros na periferia: água do jeito antigo Franklin de Freitas

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