[email protected] Saúde 17 Curitiba, segunda-feira, 15 de abril de 2019 Foto de celular pode prevenir cegueira infantil ## ABRIL MARROM Oftalmologista dá dicas para os pais de como tirar uma fotografia dos olhos do bebê para identificar as principais causas de perda da visão na infância A campanha “abril marrom” de combate à cegueira que este mês movimenta toda a comunidade of- talmológica do País esbarra em um grande obstáculo: o “teste do reflexo vermelho” popularmente conhecido como “teste do olhinho” só é obriga- tório no Distrito Federal e em 16 dos 26 Estados brasileiros. Segundo o of- talmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier o exame deve ser feito logo após o parto para checar a presença de catarata, glau- coma, retinoblastoma (tumor no olho) ou a retinopatia da prematu- ridade em bebês prematuros. “Todas estas doenças são congênitas, ou se- ja, semanifestamdesde o nascimen- to e respondempor 70% dos casos de perda da visão na infância” afirma. Por isso , o teste do olhinho é uma importante ferramenta de preven- ção da cegueira infantil. O exame consiste em direcionar para a meni- na do olho do bebê um oftalmoscó- pio, equipamento semelhante a uma lanterna com lente refletora. Quan- do o reflexo é vermelho e contínuo indica que todas as estruturas ocu- lares estão íntegras. “Se o reflexo for esbranquiçado ou descontínuo sina- liza que a criança deve ser encami- nhada a um oftalmologista para que possa receber o tratamento correto”, ressalta. Queiroz Neto afirma que o teste do olhinho tem baixo custo, mas diver- sos projetos de lei com a proposta de estender a obrigatoriedade do exa- me a todo o território nacional vêm encontrando dificuldade de aprova- ção no congresso nacional. Este foi o caso do projeto de lei 4090/2015 que em 28 de março deste ano foi devol- vido sem manifestação pelo relator da CFT (Comissão de Finanças e Tri- butação) na Câmara dos deputados. Como fotografar o bebê A boa notícia é que famílias sem plano de saúde ou que moram em estados onde o exame não é obriga- tório, os pais podem fotografar do olho do recém-nascido com o celu- lar e encaminhar a um especialista do serviço oftalmológico mais pró- ximo credenciados ao SUS (Sistema Único de Saúde). Queiroz Neto ex- plica que enquanto a mãe segura a cabeça do bebê e abre s pálpebras de um olho, depois do outro, a fo- to pode ser tirada com flash em um quarto escurecido, posicionando o celular a uma distância de 30 cen- tímetros do olho. Se o reflexo da fo- to não for avermelhado ou apresen- tar algum desvio a criança deve ser levada o quanto antes para consul- ta oftalmológica. Catarata Ooftalmologistaafirmaqueamaior causa de perda da visão na infância é a catarata, opacificação do cristalino queprecisa ser operadanos primeiros meses de vida, principalmente quan- do atinge os dois olhos simultanea- mente.Algumas crianças só são diag- nosticas mais tarde e via de regra vão passar a vida toda sem enxergar. Este não foi o caso de Eduardo Rodrigues. A mãe, Ana Rodrigues, conta que o marido percebeu o olho de Eduardo esbranquiçado quando ele já tinha 3 anos. Ela lembra que na consulta Queiroz Neto disse aos pais que é ra- ro recuperar a visão. A cirurgia se- ria uma “caixinha de surpresa” por- que a catarata estava bastante madu- ra e dificulta checar outras alterações no olho. Felizmente quando foi reti- rado o curativo da cirurgia e o oftal- mologista pediu a Eduardo para des- crever um desenho na parede ele dis- se: “ É um menino de boné”. “Todos nós batemos palma, comemorando. Nunca vou me esquecer deste dia”, conta Ana Queiroz Neto afirma que nem sempre a catarata congênita afeta os dois olhos. Já fiz várias cirurgias em crianças que tiveram apenas um olho afetado. A doença, ressalta ge- ralmente está relacionada a doenças infecciosas como toxoplasmose, ru- béola ou outras contraídas pela mãe na gestação. O importante é nunca desistir de cuidar da visão. A primei- ra consulta na infância deve ser feita aos 3 anos quando os pais não usam óculos e aos 2 anos quando usam. Glaucoma infantil O glaucoma na infância tem as mesmas características da doença entre adultos – aumento da pres- são interna do olho e lesões no ner- vo óptico. O oftalmologista afirma que a maior diferença é a necessi- dade de operar praticamente todos os casos na infância. As causas po- dem ser hereditariedade e também infecções durante a gravidez. Retinopatiadaprematuridade A doença está em ascensão na in- fância por causa das gestações pre- coces entre adolescentes. Segundo o oftalmologista atinge 30%dos bebês prematuros, é caracterizada pelo crescimento de vasos na retina que podem provocar seu deslocamento, é mais prevalente entre os nascidos com menos 1.500 gramas ou antes da 32ª. semana de gestação. O tra- tamento é feito com aplicação de la- ser de argônio ou diodo que coagu- la os vasos sob anistia local”. afir- ma. As principais recomendações de Queiroz Neto durante a gestação pa- ra evitar as doenças congênitas no bebê são: lavar bem verduras, fru- tas e legumes, manter as mãos lim- pas, conferir a carteira de vacinas, especialmente se tomou a segunda dose da vacina de rubéola antes de engravidar e evitar as aglomerações. S aúde em foco *Leonardo Torres Você está drogando seu filho e não sabe Muitos pais ainda acham que os aparelhos eletrônicos são ino- fensivos e até auxiliam no desenvolvimento de seus filhos. Sempre escutamos aquela frase: “ele tem somente 2 anos e já sabe mexer em tudo no celular”. O tempo de mastreia no uso de qualquer coisa é o tempo de treino. Desde pequenos, estamos usando mais e mais apare- lhos eletrônicos. As últimas pesquisas demonstram que utiliza- mos os aparelhos cerca de 9 horas por dia. E quando aponto os números nas salas de aula, meus alunos acabam falando que a pesquisa está errada, que eles utilizam muito mais. A verdade é que colocar um aparelho eletrônico na mão de uma criança é um alívio para os pais, vovós, babás, etc.. E quan- do eles percebem que a criança se viciou nos aparelhos, é tarde demais, já que essa prática começa logo na terna infância. Co- meça muitas vezes até com qualquer choro. O problema é que hoje, assim como o mundo fora de casa an- da perigoso, o mundo dentro de casa, ou seja, o virtual, o da in- ternet, também pode prejudicar a integridade psicológica e físi- ca de nossos filhos. Eles estão cada vez mais influenciados por conteúdos que não são controláveis e muitas vezes perigosos. O massacre de Suzano, por exemplo, foi totalmente viabiliza- do por meio da internet. Os desafios da Baleia Azul, da boneca Momo, entre outros, além de afetarem psicologicamente uma criança, podem levá-la à morte. Quando se coloca um aparelho nas mãos de uma criança, ela para de chorar, de correr, de ser peralta, pois os aparelhos ele- trônicos causam o mesmo efeito que uma droga pré-operató- ria denominada midazolan. Ou seja, interrompe-se seu desen- volvimento e aprendizado, que passa por essas estripulias. Cria- -se um anestesiamento na criança. Porém, assim como qualquer droga, vicia, causando perda de memória, dificuldade de con- centração, de foco, desinteresse por outros estímulos...falta de interação social e, psicologicamente, gera depressão, ansieda- de, pânico, etc.. A culpa não é somente dos pais, nem das crianças, mas princi- palmente de como estamos vivendo. Parece que a sociedade e o mercado querem que os pais cuidem dos filhos como se não tivessem trabalho e trabalhem como se não tivessem filhos. Os direitos de maternidade e paternidade são escassos aqui no Brasil. A perspectiva igualitária é importante, ou seja, o pai e a mãe devem combinar, a fim de cuidar dos filhos igualmente e se dis- ponibilizar igualmente. Isso não pode ser desculpa para um pa- triarcado escondido na famosa frase: “eu trabalho e você cui- da dos filhos”. *Leonardo Torres, 28 anos, palestrante, professor e doutorando em Comunicação e Cultura Midiática Teste do olhinho é importante ferramenta para prevenção Divulgação

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