7 [email protected] Curitiba, quarta-feira, 31 de julho de 2019 Cidades ## SAÚDE EM FOCO Paraná fecha um terço dos leitos de internação pediátrica em nove anos Rede pública foi a mais afetada, aponta pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Pediatria Rodolfo Luis Kowalski Em nove anos, o número de leitos de in- ternação pediátrica, aqueles destinados a crianças queprecisampermanecer nohos- pital por mais de 24 horas, sofreu uma re- dução drástica no Paraná. Em maio de 2010, o estado contava com 3.872 leitos desse tipo. Em 2019, já eram 2.668, uma redução de 31,09%. Em todo o Brasil, ape- nas os estados de Minas Gerais (-1.591) e São Paulo (-2.345) perderam mais leitos que o Paraná (-1.204). Os dados foram divulgados anteontem pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que realizou o levantamento sobre a disponibilidade de recursos físicos dos serviços de assistência à criança e ao ado- lescente em alusão ao Dia do Pediatra, ce- lebrado em27de julho.Apesquisa revelou, ainda, que no Brasil inteiro foram desati- vados nos últimos nove anos 15,9 mil lei- tos de internação pediátrica - eram 59.798 em 2010, mas caiu para 43.854 neste ano. Voltando ao caso paranaense, verifica- -se que a redução mais significativa foi justamente nos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com os dados do Cadastro Nacional de Estabelecimen- to de Saúde (CNES), mantidos pelo Minis- tério da Saúde, o Paraná contava há nove anos com 3.214 leitos pediátricos. Hoje, já são 2.175, o que aponta para uma redu- ção de 32,3%. Quem conta complano de saúde ou pro- cura atendimento em unidades privadas, contudo, também foi impactado, uma vez que o número de leitos nos estabeleci- mentos “não SUS” passou de 658 para 493, com queda de 25,1%. Segundo a presidente da SBP, Lucia- na Rodrigues Silva, os dados levantados coincidem com o panorama de limitações e precária infraestrutura que se apresenta àqueles que diariamente atuam nos servi- ços de assistência pediátrica. “A queda na qualidade do atendimento tem relação di- reta com recursos materiais insuficientes. Essa progressiva redução no número de leitos implica obviamente em mais riscos para os pacientes, assim como demonstra o sucateamento que se alastra pela maio- ria dos serviços de saúde do País”, afirma. Por outro lado, Vinicius Filipak, diretor de gestão emSaúde da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (Sesa), avalia o cená- rio de forma diferente. “Tem alguns efei- tos que temos de levar em consideração. Primeiro que existe uma transição demo- gráfica no país,como envelhecimento pro- porcional da população, com menos nas- cimentos e mais idosos. Então diminui a demanda de internação”, aponta Filipak. “A pediatria, assim como outras especia- lidades, temmelhorado o atendimento na atenção primária e com manejos de con- dições clínicas que não precisam de inter- nação. O número de leitos por si só não diz praticamente nada”, complementa. Situação do estado é ‘razoavelmente confortável’, diz diretor da Sesa De acordo com o diretor de gestão em Saúde da Sesa, Vinícius Filipak, o Para- ná conta atualmente com um número su- ficiente de leitos de internação pediátri- cos, distribuídos entre todas as regionais de saúde. Segundo ele, seguindo os crité- rios doMinistério da Saúde, que levamem consideração a idade e a o contigente po- pulacional, o Paraná deveria ter pelo me- nos 1,8 mil leitos desse tipo. “Estamos com 2.440, uma situação ra- zoavelmente confortável.Apenas duas re- gionais, a de Paranaguá e a Metropolita- na, que tem um número um pouco abaixo (do recomendado), mas nada de alarman- te”, afirma Filipak, apontando ainda que, mesmo como fechamento de umterço dos leitos no estado em nove anos, a taxa de ocupação no Paraná ainda é relativamen- te baixa. “O que temos de levar em considera- ção é a taxa de ocupação. E nesses leitos do estado, hoje, essa taxa fica entre 25 e 30%, uma média histórica que se mantém há muitos anos. Então sempre tem vaga e o fechamento (de leitos) é porque não tem demanda. Hoje existe uma diminui- ção dessa necessidade geral de leitos de pediatria, o que também faz com que ha- ja formação de poucos profissionais pedi- átricos.Émuitoi difícil contratar pediatras em algumas cidades, porque já não se for- mamprofissionais nessa área como há 20, 30 anos”, complementa. Hospital Pequeno Príncipe mantém restrições no atendimento ao público No começo de maio, o Hospital Peque- no Príncipe (HPP), em Curitiba, fechou o pronto-atendimento para pacientes do SUS por conta da lotação, que chegou a 98%, com espera de horas para o atendi- mento. Mais de dois meses depois, a situ- ação persiste e o atendimento segue res- trito, com o hospital atendimento apenas casos referenciados pelas Unidades Bási- cas de Saúde, casos de emergência ou en- caminhados pelo Samu e pacientes crô- nicos do hospital - conforme, aliás, prevê o contrato assinado pela instituição jun- to ao SUS. Com 370 leitos de internação pediátri- ca, dos quais 62 para Unidades deTerapia Intensiva (UTIs), o HPP é referência no atendimento em alta complexidade, jus- tamente um dois principais gargalos no atendimento pediátrico no Paraná, ad- mite Vinicius Filipak. “Observamos com grande preocupação a ocupação de leitos nos hospitais de alta complexidade, que têm muitas especialidades, casos mais complexos e que não tem como levar a outros hospitais.” Hospital Pequeno Príncipe mantém restrições de atendimento Franklin de Freitas

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU2OA==