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3 [email protected] Cidades Curitiba, terça-feira, 23 de junho de 2020 ## SISTEMA DE SAÚDE EM XEQUE Paraná começa semana mais crítica, mostra pesquisa Estudo mostra que municípios de Cascavel, Cornélio Procópio, Cianorte e Toledo são os mais afetados até aqui Rodolfo Luis Kowalski Com avanço rápido no número de in- fecções pelo novo coronavírus e o con- sequente aumento na quantidade de óbitos e na taxa de ocupação dos lei- tos de UTI do SUS e da rede privada, o Paraná enfrenta nesta semana o mo- mento mais crítico desde o início da crise sanitária, em meados de março. Inclusive, uma pesquisa divulgada on- tempela Pontifícia Universidade Cató- lica do Paraná (PUCPR) traz um alerta e, também, um alento. Começando pela notícia ruim, oDou- tor José Rocha Faria, do Centro de Epi- demiologia e Pesquisa Clínica da PU- CPR, avisa que, se mantida a taxa de crescimento da doença, sem a dispo- nibilização de novos leitos, as UTIs do sistema público de saúde voltadas ex- clusivamente para o atendimento de pacientes com Covid-19 estarão satu- radas em menos de duas semanas. A boa notícia, por outro lado, é que a maior parte das pessoas que precisarão ser internadas em unidades de terapia intensiva daqui a duas semanas ainda não está infectada. “Portanto, está em nossas mãos mudar esse cenário”, res- salta Faria. Ainda conforme o estudo da PUC- PR, a situação mais crítica neste mo- mento está localizada na região Oeste do Estado, que apresenta ocupação de 76% dos leitos de UTI do SUS destina- dos para pacientes suspeitos ou con- firmados com a Covid-19. A cidade de Cascavel, inclusive, apresenta a maior incidência de casos desde o início da pandemia: 533 casos/100.000 habi- tantes. Além disso, na última sema- na o número de casos em todo o Es- tado cresceu 51%, mas em Cascavel e em Toledo o avanço foi de 68 e 83%, respectivamente. Na região Leste do Paraná, onde es- tá Curitiba, a situação também preo- cupa. Na Capital, o número de casos cresceu 43% na última semana e a ta- xa de ocupação dos leitos SUS de UTI estava em 79%, ontem. “Ainda que es- sa taxa de ocupação seja apenas 10% maior do que há uma semana, não há muito o que comemorar: o crescimen- to foi pequeno porque mais leitos fo- ram disponibilizados (eram 338, ago- ra são 385). Na realidade, o número de pacientes em UTI cresceu 25% em ape- nas uma semana”, explica Faria. Com casos em alta em quase todas as regiões, semana pode ser decisiva ‘Abrimos antes de fechar e talvez sejamos a economia mais arrasada’, diz médica Médica intensivista do Complexo Hos- pitalar do Trabalhador e integrante do Centro de Estudos e Pesquisas em Emer- gências Médicas e Terapia Intensiva (CE- PETI),Mirella Cristine de Oliveira comen- ta que as projeções feitas por pesquisa- dores pelo mundo inteiro com relação ao Brasil não são positivas. E umdos motivos para isso, segundo ela, é que o país ‘abriu antes de fechar’, ou seja, a quarentena foi afrouxada antes do tempo. “Eu tenho lido predições internacionais e a expectativa é que o Brasil seja o pa- ís com maior tempo de quarentena. Nós abrimos antes de fechar. Talvez tenha- mos o maior número de contaminados, o segundo maior número de mortes e tal- vez a economia mais arrasada”, comenta a médica. “Um fator importante para economia é fechar no tempo certo e abrir com segu- rança, que daí tem mais tempo para recu- perar a economia. Esse vai e vem é pre- judicial. Falta visão, governança, inclu- sive para setores empresariais”, critica a especialista. Curitiba passa dos 3 mil casos e tem 114 mortes confirmadas A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba confirmou, ontem, mais cinco óbitos de moradores da cidade por Co- vid-19 e outros 147 novos casos confir - mados da doença. A cidade já tem 114 mortos pelo novo coranavírus. O boletim da Secretaria Municipal da Saúde mostra ainda 147 novos casos confirmados da doença em moradores da cidade. Todos os resultados são por teste RT-PCR (padrão ouro). Agora são 3.032 pessoas que testaram positivo na capital paranaense. “Notamos que as doenças agudas vêm se agravando e os casos de internamen- tos por síndrome respiratória têm ca- da vezmais confirmação para covid-19”, disse a médica infectologista Marion Burger, do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde. Estado ASecretariadeEstadodaSaúde,emin- forme emitido ontem, divulgou 612 no- vos casos da Covid-19 e 18 óbitos pela in- fecção no Paraná. O Estado soma 14.948 diagnósticos confirmados e 460 mortos em decorrência da doença. Há um ajus- te de município de residência de caso confirmado. As 18 pessoas que faleceram estavam internadas. São nove mulheres e nove homens, com idades que variam de 20 a 89 anos. Os óbitos ocorreram entre os dias 16 e 22 de junho. 330 cidades para- naenses têm ao menos um caso confir - mado pela Covid-19. Borrazópolis e Es- pigãoAltodo Iguaçu tiveramregistrope- la primeira vez. Em 118 municípios há óbitos pela doença. Brasil OBrasil teve 654 novas mortes por co- vid-19 confirmadas ontem, de acordo com atualização do Ministério da Saú- de. Com esse acréscimo às estatísticas, o país chegou a 51.217 óbitos em fun- ção da pandemia do novo coronavírus.O balanço também teve 21.432 novos ca- sos registrados, totalizando 1.106.470. Estatísticas mostram que dois infectados transmitem o vírus para três pessoas Dados levantados pelo departamento de Estatística da UFPRmostramque a ta- xa de transmissão do coronavírus estava em 1,52 no último domingo. Traduzin- do, isso significa que cada duas pessoas contaminas está infectando outras três, emmédia.Alémdisso, houve um leve au- mento na comparação como domingo da semana anterior, quando essa taxa, cha- mada de R, estava em 1,48. Segundo Mirella de Oliveira, os países que reabriram a economia, em sua maio- ria, tinham R de 1 ou abaixo, o que sig- nifica que a doença já estava em fase de supressão.“Agora, quando você abre sem que tenha controle do R, isso [explosão das infecções] está fadado a acontecer”, afirma a especialista. “Houve um com- portamento social inadequado, com fi- la em shopping, loja de departamento, em um momento que não havia supres- são de contaminação, o que fez que o R subisse. Infelizmente, as pessoas não tentendem que subiu o R e nas últimas duas semanas [a pandemia] explodiu”, complementa. Américo Antonio/SESA INCIDÊNCIA DA COVID-19 (casos/100 mil habitantes) Cascavel: 533,1 Brasil: 516,32 Cornélio Procópio: 464 Cianorte: 326,8 Toledo: 305,76 Londrina: 192,2 Paranavaí: 185,57 Maringá: 170,42 Curitiba: 128,65 Paraná: 126,82

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