[email protected] Cidades 5 Curitiba, quinta-feira, 3 de dezembro de 2020 Pandemia e estiagem ajudam porto de Paranaguá a bater recorde Em 2020, local superou marcas históricas porque não parou durante a crise do coronavírus Lycio Vellozo Ribas Na última segunda-feira (30), os Portos de Paranaguá e Antoni- na bateram o recorde anual his- tórico de carga movimentada, ao atingir 53,382 milhões de tonela- das durante o ano. O recorde an- terior era de 53,08 milhões de to- neladas, em2019. Considerando o cálculo de que omês de novembro fechou com 4,45 milhões de tone- ladas, o ano de 2020 tem, até o úl- timo mês, 53,53 milhões de tone- ladas movimentadas. A previsão é de fechar o ano com 57 milhões. Curiosamente, dois fatores ajuda- ramnesse recorde: a pandemia do coronavírus e a estiagem. Nos meses em que a pandemia mais apavorou no Brasil, entre março e maio deste ano, os Por- tos tiveram uma alta considerável de movimentação em relação a 2019. Emmarço, forammovimen- tadas 5,37 milhões de toneladas; em abril, 5,52 milhões; em maio, 5,71milhões,omelhormês dahis- tória do Porto. Isso totalizou 16,6 milhões de toneladas. No mesmo período em 2019, o total chegou a 12,48 milhões de toneladas (4,31 milhões emmarço, 4,22 em abril e 3,95 emmaio). Além disso, em se- te dos 10primeirosmeses de 2020, a movimentação foi superior ao mesmo mês em 2019 (ver quadro) . Segundo aPortos doParaná,que administraosPortos deParanaguá e Antonina, a pandemia ajudou na quebra dos recordes por causa de alguns fatores. Primeiro, porque os portos não pararam em ne- nhum momento. “Apesar da pan- demia, o ano foi de muito traba- lho”, afirmou o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernan- do Garcia. Segundo, porque hou- ve uma demanda maior de produ- tos neste ano. Terceiro, como ha- via menos carros nas estradas por causadas recomendações de isola- mento social,mais caminhões pu- deramchegar aoporto.Atéodia27 denovembro,foram422.774cami- nhõescarregandoedescarregando noporto,contra375.899emtodoo ano de 2019. Amesma coisa acon- teceu com os trens, que podiam chegar ao porto com mais frequ- ência e com composições maiores. Além disso, a pandemia causou medo de faltar produtos em todo o mundo. Segundo a administra- ção, a China aumentou o volume de compras de alimentos porque temia ficar sem comida. E o dó - lar alto favoreceu as exportações, deixando omercadomenos pessi- mista. “É um resultado do Paraná, de toda a comunidade portuária. Sempre falamos aqui: o porto tem de ser cada vezmais competitivo e eficiente”, disse Garcia.“As expor - tações de grãos e alimentos cres- ceram, com o câmbio favorável”. Cerca de 65% da movimentação dos portos paranaenses entre ja- neiro e outubro deste ano foi ex- portação: 38,1 milhões de tone- ladas de cargas. O volume é 13% maior que o registrado no mesmo período, em2019 (28,2milhões de toneladas). As importações soma- ram 17,1 milhões de toneladas, ou 4%mais que no ano passado, com 16,4 milhões de toneladas. Estiagem Por incrível que pareça, a falta de chuvas também ajudou. O em- barque de grãos só pode ser feito com tempo seco. Com a estiagem, houve mais dias para movimentar grãos no Porto de Paranaguá. E os granéis sólidos responderam por mais de 66%das exportações e im- portações. Foram quase 32,5 mi- lhões de toneladas de grãos movi- mentadas entre janeiro e outubro de 2020. No ano anterior, foram 29,6 milhões de toneladas. “O tempo seco favoreceu os em- barques”, afirmou Garcia. “Além disso a safra foi recorde do Para- ná, uma união de fatores que au- menta a nossa responsabilidade em busca de novos recordes”. A soja sempre foi o carro-chefe dos grãosmovimentados emPara- naguá. O porto é o segundo do Pa- ís emexportaçãodoproduto.Tam- bémganhou destaque o volume de açúcar, que aumentou 78% em re- lação a 2019. O porto é o líder na- cional em exportação de óleo ve- getal e carne e frango congelada. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em movimentação geral, os portos de Paranaguá e Antonina só ficam atrás do de Santos (SP), que é o maismovimentadode todaaAmé- ricaLatina–sónoprimeirosemes- tre deste ano, foram 55,7 milhões de toneladas. Mudança de formato de gestão deu autonomia e eficiência subiu Em 2019, o porto de Paranaguá tornou-se o primeiro porto estatal do Brasil a ter autonomia de gestão. Em vez de ser di- retamente administra- do pelo Estado, o Porto agora é controlado pe- la empresa pública Por- tos do Paraná. Isso trou- xe melhora na organiza- ção administrativa, deu autonomia, possibilitou mudanças eumnovotra- balho de planejamento. “Conseguimos nos adequar a todos os ques- tionamentos existentes, incluindo Tribunal de Contas, Ministério Pú- blico, Agência Regula- dora”, disse o diretor- -presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernan- do Garcia. “Com tudo equalizado, consegui- mos iniciar efetivamen- te o desenho do plane- jamento dos portos, coi- saquenãoexistia antes”. A nova autonomia ajudou a trazer um in- vestimento pesado da Klabin, maior produto- ra e exportadora de pa- péis paraembalagens do Brasil.Aempresa passa- rá a administrar um ter- minal destinado àmovi- mentação de carga geral em Paranaguá. O aporte inicial foi deR$ 1milhão e a empresapretende fa- zer investimentos de R$ 130milhões no local.Há duas décadas não acon- teciam novos arrenda- mentos em Paranaguá. Aatual gestão está de- senhando o futuro dos portos paranaenses pa- ra os próximos 40 anos. Estão programados in- vestimentos na ordem de R$ 1 bilhão em obras de infraestrutura terres- tre e marítima nos pró- ximos anos, sendo R$ 403,3 milhões no pro- gramadedragagemcon- tinuada. Também estão em andamento o pro- jeto do novo Corredor de Exportação, a refor- ma do Píer de Inflamá - veis (R$28,5milhões) ea derrocagem da Pedra da Palangana (R$ 23,2 mi- lhões), entre outros. ## INFRAESTRUTURA NÚMEROS DOS PORTOS DE PARANAGUÁ E ANTONINA 2º porto do Brasil em movimentação geral, atrás apenas de Santos (SP) 1º em exportação de óleo vegetal e frango congelado. 2º em exportação de soja, açúcar, carne, papel e álcool. 2º em movimentação de contêineres e veículos 1º em importação de fertilizantes. 1º em capacidade para movimentação de con- têineres. Não só no Brasil, mas em toda a Amé- rica Latina. 10% das cargas marítimas brasileiras passam pelos Portos do Paraná 2.254 navios recebidos até novembro de 2020, uma média de 204 por mês (ou 6,74 por dia). Em 2019, foram 2.402 no ano todo, uma média de 200 por mês (6,58 por dia). A MOVIMENTAÇÃO DE CARGA NOS PORTOS, MÊS A MÊS, EM 2019 E 2020 3,62 3,57 4,31 4,22 3,95 5,27 5,36 5,25 4,09 4,94 4,48 4,02 3,45 3,86 5,37 5,52 5,71 4,38 5,16 5,37 5,22 5,04 4,45 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agoto Setembro Outubro Novembro Dezembro 2019 2020 O porto de Paranaguá, no litoral do Paraná: embarque de grãos facilitado José Fernando Ogura/ANPr