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Diversão & Arte [email protected] 6 Curitiba, segunda-feira, 29 de março de 2021 ## MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PARANÁ COM AÇÕES ON-LINE MAC faz 51 anos com grande programação Neste mês de março, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná completa 51 anos de existência. Émais demeio século de história como espaço de formação pa- ra artistas e críticos; como aliado no en- sino das artes para professores e alunos; e como espaço diverso, inclusivo e plural de acesso à arte para o grande público. Para os próximos meses, o MAC Para- ná tem programados diversos projetos e atividades, como o tradicional Salão Pa- ranaense de Arte Contemporânea, a ex- posição da artista Dulce Osinski e ações on-line para discutir a arte indígena con- temporânea no Paraná, entre outros te- mas. Está sendo fechada, ainda, uma par- ceria com universidades do Paraná para o projeto de abrangência estadual Possí- veis Conexões, no segundo semestre. A programação fortalece os objetivos da atual gestão do museu, dirigido pe- la curadora e produtora Ana Rocha (leia entrevista abaixo), de torná-lo cada vez mais inclusivo, diverso e plural. Destaques da programação Entreos destaques daprogramaçãopa- ra os próximos meses está a exposição do Salão Paranaense de Arte Contemporâ- nea. Em sua 67ª edição, o Salão vem de encontro com uma revisão sobre a cole- ção do museu e lacunas que nela exis- tem, com o objetivo de ampliar a diver- sidade e a pluralidade de vozes represen- tadas nesse acervo. Com edital aberto a artistas brasileiras e brasileiros de todo o território nacional, o Salão, de manei- ra inédita, valorizou e incentivou a ins- crição de grupos que sofrem discrimina- ção baseada em raça, gênero, etnia, cul- tura e pessoas LGBTQI+. Outro projeto pautado pelas atuais di- retrizes é o Possíveis Conexões, uma gran- de exposição-laboratório em que todas as atividades que compõem a criação de uma mostra serão transformadas em cursos abertos a centenas de estudantes de artes de todo o Paraná e à comunidade emgeral. O resultado desse processo será uma gran- demostraquetrarávisibilidadeàprodução universitária estadual, prevista para 2022. A produção da pintora, desenhista e gravadora paranaense Dulce Osinski também vai ganhar duas exposições pro- movidas pelo MAC Paraná. Uma será de- dicada anovos trabalhos da artistade Ira- ti,comcuradoria deBeneditoCostaNeto, e a segunda realizará um resgate históri- co de sua importante produção. Em constante transformação Nos últimos meses, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná também pro- moveu uma série de ações online para le- var arte ao público durante o período de isolamento social. Além de valorizar seu acervo por meio das redes sociais, o MAC Paraná foi escolhido o representante bra- sileiro da exposição online Do It Home, promovida pelo Independent Curators In- tl e com curadoria de Hans Ulrich Obrist. Nesse programa, o público teve contato comumasériede instruçõesdeartistas co- mo Olafur Eliasson, BTS e Jota Mombaça para produzir obras de arte e se desconec- tar, por alguns momentos, da vida digital. Ainda sobre ações culturais on-line, o museu irá promover, nos próximos me- ses, uma série de encontros para discutir temas pertinentes à arte contemporânea –da arte indígena contemporânea noPa- raná a uma discussão sobre curadoria e a relação entre museus e universidades. Dessa forma, o MAC Paraná se fortale- ce como museu que tem a missão de es- tabelecer um diálogo crítico entre passa- do e presente, culturas e territórios; pro- mover o encontro entre os públicos e a arte por meio de experiências inclusivas e transformadoras; e ampliar, pesquisar, preservar e difundir seu acervo, cada vez mais diverso e plural. Aniversário online Paramarcar os 51 anos da instituição,o MAC Paraná publica emseu perfil no Ins - tagram uma série de depoimentos de ar- tistas, críticos, ex-funcionários e do pró- prio criador do museu, o artista Fernan- do Velloso. Por meio dos depoimentos, constrói-se um panorama crítico sobre o passado, o presente e o futuro do museu. Museu terá Salão Paranaense, exposição de Dulce Osinski e ações sobre arte indígena contemporânea no Paraná A diretora do MAC Paraná, Ana Rocha Foto: Ricardo Perini A fachada do MAC Paraná: mais inclusivo, diverso e plural Nego Miranda Museu tem que estar atento à sociedade, diz Ana Rocha A presente edição do tradi- cional Salão Paranaense é um marco importante na tarefa de tornar o museu mais plural – e um dos pontos centrais da sua gestão. Quais são as moti- vações por trás dessa ação? Ana Rocha – O formato do 67º Salão Paranaense começou a ser pensado no final de 2019. Por conta da pandemia, tivemos que repensar tudo desde o zero: como realizar uma exposição e um processo seletivo que de- pende de muitas discussões de forma totalmente remota? E foi daí que foi sendo desenhada a proposta de dividir as inscrições em categorias de apresentações possíveis durante a pandemia, sem esquecer das obras que precisam do espaço físico para acontecerem. A necessidade de tratar da questão da diversidade do acervo e nas ações progra- máticas do MAC ficou evidente quando, em 2019, iniciamos um processo de revisão da história do museu, levantando dados sobre o acervo, as exposições e as políticas de aquisição, expo- sição e gestão de acervo. Nesse processo, constatamos que a co- leção do MAC é formada majori- tariamente por obras de artistas homens e brancos. O que não é exclusividade do MAC Paraná, mas um problema sistêmico das coleções de museus pelo mundo. E como ummuseu que tem como uma de suas missões preservar a memória da arte brasileira, a partir dos dados levantados en- tendemos que é preciso ampliar as vozes dessa história que vem sendo contada pelo museu. Quais são outros conceitos importantes que você busca trazer para o Museu de Arte Contemporânea e que consi- dera fundamentais? Ana Rocha – A ideia de ummu- seu vivo, em constante processo de transformação, é, pra mim, o que define um museu de arte contemporânea. Ele nunca terá um escopo completamente de- finido e deve estar atento e em diálogo com as questões urgen- tes da sociedade. O Museu de Arte Contemporânea é um mu- seu que, mesmo com um acervo histórico, está de olho no futuro. Antes de assumir a direção do museu, você atuava como pro- dutora e curadora de exposi- ções. O que a atrai nessas duas formas de atuação nas artes? Ana Rocha – Tanto a produção quanto a curadoria nos permi- tem estar em contato com os processos artísticos. Podemos dialogar com artistas e pensar juntos as relações possíveis na recepção do trabalho de arte. Já na produção, é possível partici- par de soluções técnicas e acom- panhar passo a passo a execução de propostas artísticas. E estar perto do processo dos e das ar- tistas é o que me atrai. Apesar desse trabalho de uma década, dirigir uma ins- tituição tem outra dinâmica, como você mesma já afirmou. Como está sendo a experiên- cia de pensar os rumos de um museu? Ana Rocha – Ser diretora do MAC, neste momento, quando o museu completa 51 anos, duran- te a pandemia do coronavírus, em meio às questões urgentes desse início de década, é estar em constante processo de re- visão. A dinâmica é muito dife- rente da gestão de projetos, que tem por definição começo, meio e fim. Os processos dentro do museu são constantes e de longa duração. As exposições continu- am sendo pensadas como proje- tos individuais, mas fazem parte de um grande projeto de curado- ria e gestão de quatro anos. Qual é a mensagem que você gostaria de deixar para o MAC Paraná? Ana Rocha – Meu desejo é que o MAC siga como um museu dos e das artistas, uma casa para dar o primeiro impulso aos jovens e preservar as histórias dos e das artistas que são parte da nossa história. Um espaço de experi- ências transformadoras desde a primeira visita com a escola até a visita de curiosos pela internet.

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