[email protected] Cidades 3 Curitiba, quinta-feira, 22 de julho de 2021 ## DRAMA Em Curitiba, 38 idosos foram abandonados até maio e recentemente o Pequeno Cotolengo anunciou a ampliação no atendimento e acolhimento desses pacientes Rodolfo Luis Kowalski A cada dia, conforme dados do Sistema de Informa- ções Hospitalares do SUS (SIH/SUS), uma média de 252 pessoas são internadas, pelos mais diversos motivos, em hospitais que fazem parte da rede pública de saú- de de Curitiba. Via de regra, esses pacientes são aten- didos e realizam os tratamentos ou procedimentos ne- cessários para depois receber alta e poder voltar para casa. Lamentavelmente, no entanto, em alguns casos essas pessoas, mesmo depois de ter a alta médica, não conseguem voltar para casa. Em sua maioria, esses pacientes abandonados são idosos, alguns em condição social vulnerável, efetiva- mente, mas outros que foram simplesmente largados por familiares que não querem ter de cuidar de paren- tes com necessidades médicas e especiais. Na capital paranaense, por exemplo, 38 idosos foram abandonados em hospitais apenas nos cinco primeiros meses de 2021, registra a Rede de Atenção e Proteção às Pessoas em Situação de Risco para a Violência do município. São pacientes de Curitiba e também de ou- tros municípios que são vítimas de uma forma extre- ma de negligência. Não surpreende, então, que essas pessoas normal- mente apresentam alto grau de dependência, com ne- cessidade de cuidados especializados na área de saúde. Dependendo do grau de complexidade, algumas des- sas pessoas podem ser acolhidas pela assistência so- cial, sendo encaminhadas pelas equipes dos Centros de Referência Especializados daAssistência Social (Creas) para instituições de longa permanência. Em Curitiba, uma dessas instituições é a Unidade de Cuidados Continuados Integrados (UCCI) Santa Tere- zinha, mantida pelo Pequeno Cotolengo. Na prática, a unidade tem capacidade de liberar mais de 2,4 mil leitos na saúde pública de Curitiba no período de um ano, justamente por receber 37 pacientes transferidos de outras unidades de saúde da capital, como o Hos- pital do Trabalhador, Hospital do Idoso, entre outros. Desse total, 31 leitos são exclusivos do SUS, totalmen- te gratuitos. Segundo o Padre Renaldo Amauri Lopes, diretor pre- sidente da instituição, o lar esteve próximo de fechar as portas recentemente. Acabou sendo salvo por uma emenda parlamentar no valor de R$ 1 milhão, recur- so encaminhado pelo deputado federal Luizão Gou- lart (Republicanos-PR) e que ajudará a unidade a am- pliar os atendimentos a pacientes que sofreram aban- dono familiar em leitos de hospitais públicos da capital paranaense. “Esse recurso do deputado Luizão permitiu que esse lar pudesse continuar funcionando, atendendo e dan- do qualidade de vida tanto na continuidade do trata- mento, quanto na alimentação, no acolhimento como um todo. Sem esse recurso, com certeza, nós estaría- mos sem condições de manter esse lar”, agradeceu o Padre Renaldo. Trabalho multidisciplinar e reestabelecimento do vínculo familiar Fundado em 1965, o Peque- no Cotolengo do Paraná acolhe pessoas com deficiência múlti- pla que foram abandonados pe- la família, sofriam maus tratos ou viviam em situação de risco. Por meio da UCCI, também rece- be asilados hospitalares, totali- zando 230 assistidos atualmen- te, entre crianças, jovens, adul- tos e idosos. A UCCI tem mais de 889m² e funciona com uma equipe mul- tidisciplinar commais de 40 pro- fissionais, nas especialidades de clínica médica, geriatria, fisiote- rapia, terapia ocupacional, psi- cologia, nutrição, fonoaudiolo- gia, enfermagem e serviço social. Ao todo, já foram realizados mais de 35.145 atendimentos. Além de todo o trabalho mul- tidisciplinar, a unidade também atua para o reestabelecimento do vínculo familiar daqueles pa- cientes que se veem em situação de abandono em hospitais. Des- sa forma, possibilita-se a alta da UCCI Santa Terezinha. Mesmo após alta, dezenas de pessoas são abandonadas por familiares em hospitais Pequeno Cotolengo realiza acolhimento de pessoas abandonadas pela família Franklin de Freitas ## GOVERNO Rede de Conselhos Tutelares será reforçada no Paraná OGoverno do Paraná recebeu na terça-feira a confirmação da estru - turação completa de todos os con- selhos tutelares no Estado, com apoio da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança, vinculada ao MinistériodaMulher,Família eDi- reitos Humanos. A medida vai re- forçar a rede de unidades já exis- tente no Paraná. Ainformação foi dada pelo secre- tárioMaurícioCunha,queanunciou tambéma instalaçãodeumnovo ti- po de atendimento às crianças víti- mas de violência, em reunião com o secretário estadual da Justiça, Fa- mília e Trabalho, Ney Leprevost. Segundo o secretário nacional, também será implantado em Pa- ranaguá, com o lançamento no dia 2 de agosto, o Centro Integrado de Atendimento às Crianças e Ado- lescentes vítimas de violência. “É uma iniciativa pioneira, em que vamos reunir vários serviços em um mesmo local para atender as crianças e adolescentes vítimas de violência, a exemplo do que é fei- to hoje na Casa da Mulher Brasi- leira”, disse. Aunidade de Paranaguá será im- plantada com recursos do Conse- lhoEstadual deDefesadaCriança e Adolescente,novalor deR$1,8mi- lhão “O secretário nacional trou- xe boas notícias ao Paraná. Quero agradecer a nossa bancada federal que destinouparte das emendas de bancada para equipar totalmente os nossos conselhos tutelares”, destacou Leprevost. Além da implantação do novo centro, oMinistério daMulher, Fa- mília e Direitos Humanos também vai repassar 28 carros para serem utilizados pelos conselhos tutela- res do Estado. “A proteção à criança no Estado é uma das nossas prioridades e es- tamos conseguindo trabalhar para alcançar osobjetivos”,afirmouNey.