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[email protected] Cidades 3 Curitiba, terça-feira, 24 de agosto de 2021 Segundo o MapBiomas, anualmente o estado vê queimar uma área de 297 km², enquanto o município da Grande Curitiba tem 227 km² Rodolfo Luis Kowalski Um levantamento inédito, feito pelo Projeto MapBiomas a partir da análise de imagens de sa- téliteentre1985e2020,mostraoimpactodofogo sobre o território paranaense. Em cada um des- ses 36 anos analisados, o Paraná queimou uma área maior que a de Piraquara, município locali- zadonaRegiãoMetropolitana deCuritiba: foram 297,22quilômetros quadrados queimados anual- mente, enquanto omunicípiometropolitano em comparação tem 227 km². Ainda segundo os dados do MapBiomas, que podemserconferidosatravésdolink:https://pla- taforma.brasil.mapbiomas.org/, desde 1985 uma área total de 10,7mil km² ardeu no Paraná.Aboa notícia, por outro lado, é que a área queimada tem apresentado tendência de redução nos úl- timos anos - em 2020, por exemplo, foram 145,7 km², 28,35% a menos que os 203,35 km² do ano anterior. Comrelaçãoaousoe coberturada áreaqueima- da,verifica-seaindaqueos terrenosmais afetados nos 36 anos analisados eram destinados à pasta- gem e agricultura, áreas de formação florestal ou campos alagados e áreas pantanosas, nessa or- dem.Alémdisso,osgrandespicosdeáreaqueima- dacostumamocorrerprincipalmenteemanosim- pactados por eventos de seca extrema e também a estação mais seca, entre julho e outubro, con- centra a maior parte das queimadas e incêndios. Por isso, a situação atual do estado demanda cuidado e exige alerta constante. Desde 2019 o Paraná enfrenta uma estiagem severa que, alia- da ao clima seco característico da estação e à ve- getação ressecada, pode favorecer a ocorrência de incêndios florestais. Não à toa,os casos,que chegarama reduzir nos primeirosquatromesesdoano,voltaramcomtu- do especialmente após a chegada do inverno. Em julho,por exemplo,foram1.505 focosdequeima- das no estado, conforme o Corpo de Bombeiros, 125% amais que nomesmomês do ano passado. Já em agosto, a corporação registrou, até o dia 23, um total de 2.483 focos de incêndio em vege- tação emtodo o estado.Isso equivale a 29,6%das 8.393 ocorrências no ano, sendo que em 2021 o número de registros já é bastante superior ao ve- rificadonomesmoperíododoanoanterior,quan- do haviam 7.082 ocorrências desse tipo. Por isso, é importante que o cidadão ajude e contate imediatamente a Central de Operações, via193,casopresenciealgumasituaçãode incên- dio ambiental, já que o fogo descontrolado pode se alastrar rapidamente, causando danos irrever- síveis à fauna e à flora.. Ao longo do último final de semana e ainda nesta segunda-feira, inclusi- ve, o município de São José dos Pinhais, na Re- gião Metropolitana de Curitiba (RMC), registrou diversos focos de incêndio. # MAPBIOMAS Queimada, ontem, próximo à BR-277, na Grande Curitiba: cena ocorre mais na seca e no inverno Franklin de Freitas Ação humana: tragédias poderiam ser evitadas Além das condições cli- máticas ou naturais, uma grande parcela dos incên- dios é causada pela ação humana, com as queima- das irregulares de vege- tação e de lixo, bitucas de cigarro lançadas no mato, fogueiras e balões soltos irregularmente. NoParaná,a infraçãoad- ministrativa e amulta para os responsáveis por provo- car um incêndio ambien- tal variam de acordo com o tamanho da área atingi- da. O valor mínimo é de R$ 5 mil, mas pode chegar a R$ 50 milhões, dependen- do de quantos hectares fo- ramafetados pelo fogo e os danos causados na fauna e na flora da região. A soltura de balões tam- bém é proibida no Estado, já que a queda do artefa- to pode causar acidentes, com incêndios que podem atingir não somente a ve- getação, mas também al- guma residência. Nesse caso, o crime ambiental é punível com pena de de- tenção de um a três anos, multa ou ambas as penas cumulativamente. sistemafaep.org.br Parceria pelo produtor rural Não é de hoje que o SENAR-PR leva conhecimento técnico de qualidade e informação de ponta para o produtor rural paranaense. Por meio de seus mais de 300 títulos de cursos (disponibilizados gratuitamente), a instituição abrange praticamente todas as atividades presentes na agropecuária, possuindo além de treinamentos na área de profissionalização rural, capacitações voltadas à promoção social em formatos presencial e Ensino a Distância (EaD). Recentemente, o SENAR-PR deu mais um passo para apoiar a família do campo. Em agosto deste ano, a entidade assinou um aditivo em uma parceria firmada com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná- Iapar-Emater (IDR-Paraná) com objetivo de capacitar técnicos, extensionistas e produtores paranaenses nas áreas de bovinocultura de leite e promoção social. A ideia é preparar 40 extensionistas em controle reprodutivo, outros 40 em sanidade animal (mais especificamente no diagnóstico de brucelose e tuberculose), além de 150 em sistemas de ordenha e qualidade de leite. Com a parceria, também está prevista a compra de equipamentos como aparelhos portáteis de ultrassonografia veterinária e kits para verificação de equipamentos de ordenha mecânica. A medida vem para complementar um convênio firmado entre as duas entidades em novembro de 2020. Com vigência até 2023, essa iniciativa tem objetivo de capacitar técnicos e produtores rurais em oito programas, em áreas como: energias renováveis, boas práticas na produção de grãos, agroecologia e integração institucional. Um quinto do território brasileiro já ardeu O levantamento do Pro- jeto MapBiomas revela ainda que, no território nacional, o Brasil quei- ma anualmente uma área maior que a Inglaterra - 150.957 km², ou 1,8% do país. Além disso, as cica- trizes do fogo são assus- tadoras, com praticamen- te um quinto do território nacional já tendo queima- do em algum momento: 1.672.142 km², ou 19,6% do Brasil, sendo que 65% do total da área queima- da foi de vegetação nativa. Entre os cinco biomas brasileiros, o mais atin- gido é o Pantanal: entre 1985 e 2020, 57% do ter- ritório foi queimado pelo menos uma vez. A vege- tação campestre é a mais afetada no bioma, duran- te os períodos úmidos as plantas acumulam bio- massa e no período seco, a vegetação seca vira com- bustível para o fogo. “Es- sas características do bio- ma, associadas a eventos climáticos de seca e for- tes ventos, torna o fogo um problema a ser con- trolado.”, alerta o coorde- nador doMapBiomas Pan- tanal, Eduardo Reis Rosa. A cada ano, uma área maior que Piraquara queima no Paraná

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