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[email protected] Cidades 3 Curitiba, segunda-feira, 30 de agosto de 2021 ATENDIMENTO PÓS-COVID EM CURITIBA HOSPITAL DE CLÍNICAS (HC) Atualmente o HC-UFPR atende em ambu- latórios os pacientes com quadros pós-Co- vid que foram tratados pelo próprio hos- pital, recebendo cerca de 80 pessoas por dia, mas já está implementando um Cen- tro Multidisciplinar de tratamento, com in- vestimento de R$ 1 milhão. O espaço con- tará com médicos de várias especialidades, assim como enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos. As atividades se basearão em três pilares: atendimen- to às sequelas causadas pela Covid; se- quelas decorrentes do próprio tratamen- to, como perda de massa muscular, úlceras de pressão, disfagia e disfonia; e sequelas emocionais. HOSPITAL CAJURU O Hospital Universitário Cajuru, em par- ceria com a PUCPR, montou ainda em no- vembro do ano passado um ambulatório especializado em tratamento pós-Covid, que oferece atendimento especializado em pneumologia, fisioterapia respiratória e funcional, psicologia, neuropsicologia e cardiologia. O serviço é oferecido às quin- tas-feiras no ambulatório do Cajuru e rece- be entre seis e oito pessoas por semana. O encaminhamento e agendamento da con- sulta é feito por uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou por hospitais do SUS, após a alta do paciente que enfrentou a doen- ça pandêmica. UTP Para atender a comunidade, a Universida- de Tuiuti do Paraná (UTP) criou há alguns meses o Centro Integrado de Reabilitação Pós-Covid. Com participação de equipes das clínicas de Fisioterapia, Fonoaudiolo- gia, Psicologia, Nutrição, Biomedicina e En- fermagem, os atendimentos são realiza- dos pelos alunos dos cursos de graduação e pós-graduação da Tuiuti, sempre com a supervisão dos professores e responsáveis técnicos pelas respectivas clínicas. UNIBRASIL Desde março deste ano o curso de fisiote - rapia da UniBrasil atende pessoas com se- quelas respiratórias, cardíacas, neuroló- gicas ou motoras após contraírem o co- ronavírus. O atendimento é feito por acadêmicos do sétimo e oitavo período, sob orientação de professores. As consul- tas, que também acontecem de forma onli- ne, visam uma avaliação completa do qua- dro do paciente, para em seguida se defi - nir todo o tratamento que será realizado. A cada dia, cerca de oito pessoas são atendi- das (sem contar as sessões remotas). PILAR HOSPITAL Ao completar 57 anos no final de julho, a instituição, que atendeu mais de 900 pa- cientes acometidos pela Covid-19 des- de o início da pandemia, anunciou a cria- ção de um Centro de Cuidados Pós-Covid, que auxiliará os pacientes com sequelas como redução de força e resistência mus- cular, disfunção respiratória e comprome- timento da mobilidade. O Centro de Cui- dados fica ao lado do próprio hospital e realiza atendimentos em caráter particular ou via convênio. PELO PARANÁ... UNIVERSIDADES ESTADUAIS/ HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS Em outras regiões do estado, os hospitais universitários em Cascavel (no oeste para- naense), em Londrina (região norte) e em Ponta Grossa (nos Campos Gerais) atuam na reabilitação de pacientes com sintomas pós-Covid. Além disso, a Universidade Es- tadual do Centro-Oeste (Unicentro) possui um projeto em parceria com a Prefeitura de Guarapuava, e o Hospital Regional de Maringá está firmando um convênio com a Câmara de Vereadores para implantar um centro de reabilitação pós-Covid. No Paraná, 110,8 mil pacientes foram hospitalizados por Covid-19 desde o início da pandemia e 77,6 mil ainda sofreriam com sintomas persistentes Rodolfo Luis Kowalski Depois de um ano e meio de pande- mia do coronavírus, período no qual os sistemas de saúde por todo o mundo sobreviveram sob intenso estresse en- quanto a ciência buscava (e ainda bus- ca) vacinas epossíveis tratamentospara adoençapandêmica,uma luzfinalmen - te parece surgir no túnel da crise sanitá- ria,namedidaemqueavacinaçãoavan- ça e o número de pacientes internados e de casos novos de Covid-19 diminui. O possível fim dessa fase mais agu - da da pandemia,no entanto,não repre- senta e não representará o fimdos pro - blemas sanitários. Isso porque, assim como acontecenumconflitobelicoso,a guerra contra aCovid-19 está deixando uma legião de sequelados, que deman- dam uma atenção especial do sistema de saúde. E em Curitiba, uma rede de atendimento já vem sendo montada e estruturada, desde o ano passado, para lidar com essa nova demanda. Até aqui, não se sabe ao certo a quan- tidade de pessoas que sofrem ou sofre - rão com a chamada pós-covid. A Orga- nização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, já apontou que cerca de 10% dosinfectadospelocoronavírus(emes - mo pessoas que tiveramquadros assin- tomáticos) sofreriamcomalgumsinto - ma persistente da doença 12 semanas após a infecção, sendo os mais comuns fadiga crônica, dificuldade cognitiva, persistência de dores no corpo e se- quelas psicológicas (como transtorno do estresse pós-traumático). Mais recentemente, uma pesquisa feita pelo Hospital das Clínicas da Fa - culdade de Medicina da USP (FMUSP) trouxe outros dados aterradores: entre os pacientes que necessitaram de hos- pitalização, cerca de 70% apresentam algum tipo de sequela um ano depois de terem recebido alta hospitalar. No Paraná, onde 110.838 pessoas ha- viam sido hospitalizadas por Covid-19 até aúltima sexta-feira,isso representa - ria umcontingente de aproximadamen- te 77.500 pessoas com sequelas que per- sistemumano após a infecção,afetando seus sistemas nervoso, central, respira- tório e/ou cardiovascular, o que deman- daria atenção especializada e, não raro, multidisciplinar para sua recuperação. ## PÓS-COVID Muitos pacientes sofrrem com as sequelas mesmo um no depois Franklin de Freitas Da gameterapia a planos terapêuticos R.F., de 53 anos, teve 25% do pulmão compro- metido e enfrenta dificul - dade na retomada do rit- mo de exercícios de antes. Ele, então, foi a um hos - pital do Governo Federal vinculado à Rede Ebserh/ MEC e, por meio de jogos de videogame que captam movimentos do corpo,en- controu atividades espe- cializadas para recuperar o condicionamento físico. Essa prática terapêuti- ca, chamada de gamete- rapia, atua em conjunto com exercícios aeróbicos e de resistência e, depen- dendo da necessidade do paciente, jogos de diver- sas modalidades (como tênis, boxe ou boliche) são inseridos na rotina. R.F., por exemplo, inter - cala o videogame comati- vidades na bicicleta ergo- métrica e treinos comhal- teres e faixas elásticas. “O atendimento é muito bom, me sinto melhor a cada sessão”, afirma. Outros procedimen- tos terapêuticos, porém, também podem ser ado- tados. Foi o que aconte - ceu com o motoboy F.J.L., de 38 anos, que ficou 29 dias internado (e 17 intu- bado) após ser diagnosti- cado com Covid-19. Após receber alta, continuava fraco, sem forças para re - alizar atividades diárias, e foi encaminhado para um programa de reabilitação pulmonar pós-Covid, com oito semanas deduraçãoe atividades três vezes por semana, sendo duas no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e uma em casa, com orientação do fisioterapeuta responsá - vel. O HUB também ofe - rece suporte de oxigê- nio por cateter nasal pa- raquemaindadependedo oxigênio durante a reali- zação das atividades. Sequelas de quem foi internado podem perdurar até um ano Atendimento multiprofissional é o padrão Em Curitiba, o Hospi - tal Universitário Cajuru é um dos estabelecimentos de saúde que está aten- dendo, pelo SUS, pacien- tes com sequelas da Co- vid-19. Esse atendimento acontece no ambulatório pós-Covid, localizado no bairro Rebouças, onde os pacientes passam por um exame amplo, para ava- liar todas as possíveis se- quelas e orientar os tra- tamentos e terapias ade- quadas para cada caso, individualmente. “O paciente passa pe- la pneumologia e a clíni- ca médica, a fisioterapia faz avaliação funcional, respiratória, a psicologia faz triagem de depressão, ansiedade, estresse pós- -traumático, e ele ain- da passa pela neuro-psi- cologia, para fazer testes de função cognitiva, e so - licitamos o retorno em três meses”, explica Cris- tina Baena, pesquisadora do ambulatório. “É a menor parte, feliz - mente, que evolui comse- quelas, mas em torno de 30 a 40% dos pacientes de ambulatório vão precisar de tratamento especiali- zado”, destaca. Ela apon- ta ainda que boa parte dos pacientes que chegam ao ambulatório são jovens

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