[email protected] Cidades 3 Curitiba, sexta-feira, 17 de setembro de 2021 Usina Hidrelétrica Governador Bento Munhoz da Rocha Netto é uma das mais afetadas pela seca MAIS Sem perspectiva de melhora Ainda segundo a Copel, não há perspectiva de melhora no cenário hidrológico nos próximos meses. A previsão de pre- cipitação para os próximos seis meses, inclusive, ainda são de chuva abaixo da média. “Além disso, caso entre uma cheia inesperada, é possível que as hidrelétricas tenham a geração elevada para atender ao resto do sistema de forma que, em pouco tempo, se retorne a níveis reduzidos. Para que o cenário hidrológico retorne à normalidade, é necessário que todo o SIN [Sistema Interliga- do Nacional] melhore a condição de armazenamento.” Seca deixa reservatório de hidrelétrica no PR com menos de 10% da capacidade # CRISE HIDROLÓGICA No último mês, usinas que ficam no Rio Iguaçu passaram a gerar mais energia para atender demanda do ONS, o que fez baixar o nível de reservatórios Rodolfo Luis Kowalski A estiagem prolongada, que desde meados de 2019 atinge o Paraná, está fazendo com que o nível de água dos principais reservatórios de hidrelétricas no esta- do fiquem próximo de atingir o nível mínimo necessá - rio para a geração de energia elétrica. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o vo- lume útil de três dos seis principais reservatórios em território paranaense estão abaixo de 20%, num cená - rio que se torna ainda mais preocupante pelo fato de os reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que concentram 70% de toda a água armazenada no Brasil, também estarem com volume médio baixo (em 21,65%). No principal rio paranaense, o Rio Iguaçu, por exem - plo, o reservatório da Usina Hidrelétrica Governador Bento Munhoz da Rocha Netto, o maior de toda a re- gião Sul, estava com volume de 9,08% na última quar - ta-feira,conforme informações doONS.Odado corres- ponde à parcela de água do reservatório que pode efe- tivamente ser usada para a geração de energia. Enquanto emagostoo reservatório localizado emPi- nhão,na região central doParaná,teve volume útilmé- dio de 14,08%, em setembro está abaixo de 10%, o me - nor valor para o mês nas últimas duas décadas. Já em Salto Santiago, também na bacia Iguaçu e o segundo maior reservatório da região Sul, o volume útil, que chegou a ser de 62,55% em junho último, já se encon - tra em 28,08%. A rápida redução no nível dos reservatórios foi regis- trada principalmente ao longo do último mês, quando o ONS determinou o aumento na geração de energia nas usinas do rio Iguaçu, o que obrigou as hidrelétri- cas a usarem a água estocada desde o começo do ano. Hoje, porém, essa determinação já nem poderia mais ser cumprida, caso persistisse, conforme a Companhia Paranaense de Energia (Copel). “Os atuais níveis reduzidos de armazenamento e va- zões não permitemelevada geração no Iguaçu.Gera-se o que for possível”, explicou a Companhia, em respos - ta a uma série de questionamentos encaminhados pelo BemParaná, classificando ainda a seca no estado como o fator preponderante para o cenário atual. “Estamos enfrentando a pior crise hídrica dos últimos 91 anos”. Necessidade de se racionalizar recursos e economizar energia Em princípio, o cenário atual nos reservatórios de hidrelétrica impõe a necessidade de se racionalizar o uso dos recursos da maneira mais conhecida e amplamente divulga- da: economizando energia. Por is- so, a Copel encaminhou uma série de medidas simples que podem ser adotadas dentro de casa para con- tribuir, lembrando-se ainda que chuveiro e geladeira respondempe- la maior parte do consumo de uma residência, merecendo, portanto, maior atenção. Banhos curtos e com a tempera- tura ajustada ao mínimo necessário são essenciais para manter o con- sumo sob controle. Quanto à ge- ladeira, evitar o abre-e-fecha des- necessário e aguardar os alimentos amornaremantes de guardá-los são atitudes que fazem a diferença na conta de luz. Também é importante verificar se a borracha da porta está garantindo uma boa vedação e, nos dias mais frios, ajustar o termosta - to do refrigerador, que não precisa ficar no nível mais alto. “Outra dica acompanha gera- ções de paranaenses, tanto que já se tornou ditado popular: ‘luz que se apaga é luz que não se paga’. Ou seja, todo aparelho que estiver sem uso deve ser desligado para evitar o desperdício. Isso vale para televi- são, computador, lâmpadas e outros equipamentos, que muitas vezes fi - cam esquecidos nos cômodos deso- cupados da casa”, ressalta a Copel. Divulgação/Copel VOLUME ÚTIL ATUAL DOS RESERVATÓRIOS NO PARANÁ (dados do dia 15/09/2021) Bacia Capivari Gov. Parigot de Souza: 20,60% Bacia Iguaçu Salto Santiago: 28,08% Santa Clara-PR: 28,61% Segredo: 11,45% Gov. Bento Munhoz: 9,08% Bacia Paranapanema Maua: 13,81% Fonte: Energia Agora Reservatórios (EAR), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Com crise, governo volta a cogitar horário de verão Com o agravamento da crise hí- drica, o risco de apagão e a pres- são de alguns setores, o Ministério de Minas e Energia (MME) decidiu reavaliar o horário de verão, extin - to pelo pelo presidente Jair Bolso- naro no primeiro ano de mandato. A pasta mantém a posição de que adiantar os relógios em uma ho- ra têm contribuição limitada para economia de energia, mas mesmo assim pediu que Operador Nacio- nal do Sistema (ONS) faça um no- vo estudo sobre o assunto. Em nota, o MME afirmou que “tem estudado iniciativas que vi- sam o deslocamento do consu- mo de energia elétrica dos horá- rios de maior consumo para os de menor, de forma a otimizar o uso dos recursos energéticos disponí- veis no Sistema Interligado Nacio- nal (SIN)”. Em julho, entidades do setor de turismo e de restaurantes também enviaram um documento ao presi- dente pedindo pelo retorno do ho- rário de verão ainda em 2021. Os empresários acreditam que o ho- rário de verão impacta positiva- mente nos negócios porque adi- ciona uma hora para receber tu- ristas e clientes.