MUNDO
EUA admitem monitorar
telefone de cidadãos
Estados Unidos
— O governo americano reconhe-
ceu ontem, que monitora ligações de seus cidadãos para
evitar ameaças terroristas. A informação foi revelada pelo
jornal britânico The Guardian. Segundo o diário, a opera-
dora de telefonia Verizon recebeu uma ordem judicial
secreta para quebrar o sigilo telefônico de milhões de cli-
entes.A ordem judicial determina que a empresa, uma das
maiores dos Estados Unidos, dê diariamente àAgência de
SegurançaNacional (NSA) informações sobre todas as cha-
madas telefônicas domésticas e internacionais feitas no país.
O monitoramento é feito de maneira indiscriminada, sem
a necessidade de o cliente ser considerado suspeito de ter-
rorismo.
Reforço
Tunísia
— O primeiro-ministro da Turquia, Recep
Tayyip Erdogan, visitou a Tunísia ontem sob forte esque-
ma de segurança. Em Túnis foram realizadas duas peque-
nas manifestações em apoio aos protestos contra o gover-
no turco, mas nenhum episódio de violência foi registra-
do. Veículos blindados apoiados pela tropa de choque da
polícia cercaram a embaixada da Turquia e mantiveram os
cerca de cem manifestantes à distância. O outro protesto
reuniu dezenas de pessoas que se agruparam na frente da
Câmara de Comércio antes de uma reunião entre Erdogan
e empresários tunisianos.
Retirada
Líbano
—Forças rebeldes sírias conquistaram breve-
mente uma posição próxima à cidade de Kuneitra (área
que separa Israel da Síria), as colinas de Golã. Horas mais
tarde, porém, as tropas do governo Assad repeliram os
rebeldes retomaram o controle do local. A região frontei-
riça é essencial devido ao trânsito de suprimentos destina-
dos às forças de paz da Organização das Nações Unidas
(ONU). Tanques e outros veículos do exército sírio foram
vistos próximos da fronteira em litígio. Durante a retoma-
da, foram ouvidas fortes explosões e as tropas israelenses
se mantiveram em estado de alerta.
Enchentes
Alemanha
— O nível das águas do rio Elba subiu
ontem na cidade alemã de Dresden, leste do país. O centro
histórico não foi afetado, mas grandes áreas do centro da
capital da Saxônia ficaram debaixo d’água. Moradores e
equipes de emergência trabalharam durante toda a noite
para combater as enchentes na cidade. O Exército alemão
e o grupo nacional para desastres enviarammais ajuda para
reforçar diques e margens de rios com sacos de areia na
tentativa de conter as enchentes, que já mataram 16 pesso-
as desde a semana passada. O Elba atingiu 8,76 metros
por volta do meio-dia desta quinta-feira, muito acima de
seu nível normal, que é de 2 metrosAinda assim, as águas
não chegaram a atingir o prédio da ópera, a catedral e
outros edifícios do centro histórico, devastado nas enchen-
tes de 2002.
PF pede quebra de sigilo de
EX-ASSESSOR DE LULA
A Polícia Federal em Mi-
nas pediu à Justiça a quebra do
sigilo bancário de uma conta
pessoal em nome do ex-asses-
sor da Presidência FreudGodoy
e de sua mulher, Simone Go-
doy. Amedida faz parte das in-
vestigações para rastrear paga-
mentos da agência SMPB, do
empresárioMarcosValério Fer-
nandes de Souza, ao ex-asses-
sor do ex-presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva.
A investigação pretende
identificar supostos beneficiá-
rios de depósitos feitos com
dinheiro do esquema de Valé-
rio. A apuração ganhou novo
impulso após depoimento do
empresário à Procuradoria-Ge-
ral da República em setembro,
já durante o julgamento do caso
pelo Supremo Tribunal Fede-
ral, cujo teor foi revelado pelo
Estado.
O foco inicial da apuração
era a empresa Caso, de pro-
priedade do casal. No depoi-
mento, Valério afirmou que
em 2003 fez
repasses a
Freud Go-
doyparacus-
tear despe-
sas pessoais
de Lula. O
ex-presiden-
te nega.
A PF
de s cob r i u
que um dos
repasses, de
R$ 98,5mil,
não foi de-
positado na
conta da
empresa, e sim na conta de
pessoa física que o casal man-
tém em uma agência do San-
tander em São Bernardo do
Campo (SP). Se a Justiça au-
torizar a quebra do sigilo, os
investigadores querem desco-
brir quem se beneficiou des-
ses recursos.
Godoy ale-
gou que o di-
nheiro seria o
pagamento por
serviços presta-
dos durante a
campanha presi-
dencial de 2002.
A movimenta-
ção financeira
da SMPB e da
DNA, outra
agência de pu-
blicidade usada
no esquema do
mensalão, já era
alvo de inquéritos da PF e da
Procuradoria da República em
Minas, mas as declarações do
empresário ajudaram a preen-
Investigação rastreia destino de recursos do esquema de Valério que foram repassados a Freud Godoy
cher lacunas nas apurações.
O empresário recusou um
acordo de delação premiada
para prestar declarações em in-
quérito instaurado pela PF em
Brasília, a pedido do Ministé-
rio Público Federal (MPF),
com base no depoimento pres-
tado em setembro. Mas, de
acordo com a Procuradoria-
Geral, o empresário ainda pode
ser intimado para ser ouvido
nas demais investigações que
ainda tramitam em torno do
esquema.
Valério teria recusado a
oferta de delação porque o
acordo não afetaria a condena-
ção a mais de 40 anos de pri-
são decidida pelo Supremo Tri-
bunal Federal, no julgamento
do processo do mensalão. O
advogado Marcelo Leonardo,
que defende o empresário, não
foi localizado ontem.
CÂMARA FEDERAL
Jean Wyllys e Feliciano trocam acusações
Um dia depois de subir ao
palco e ser ovacionado por mi-
lhares de pessoas na manifesta-
ção liderada pelo pastor Silas
Malafaia, evento que contou
com ataques à comunidade
LGBT, o deputado federalMar-
co Feliciano (PSC-SP) desceu
ontemao subsolodaCâmarados
Deputados e teve de ouvir críti-
cas indiretas dos tambémdepu-
tados JeanWyllys (PSOL-RJ) e
Érika Kokay (PT-DF).
Feliciano participou ontem
de um debate sobre o docu-
mentário “Mais Náufragos que
Navegantes”, do diretor Guil-
lermo Planel, exibido no audi-
tório Nereu Ramos da Câma-
ra. Ele se definiu como um
“corpo estranho” no local e se
disse “um aprendiz dos direi-
tos humanos”.
Feliciano foi convidado
como presidente da Comissão
de Direitos Humanos da Casa.
A princípio, a organização do
evento chegou a cogitar reali-
zar uma mesa de debates com
os parlamentares, a ministra
dos Direitos Humanos, Maria
do Rosário, e o diretor do fil-
me. A posição foi revista por-
que poderia causar constrangi-
mento, pois a ministra, Wyllys
e Kokay são críticos à perma-
nência de Feliciano na Comis-
são de Direitos Humanos. No
final das contas, Maria do Ro-
sário não pôde comparecer por
estar em viagem oficial; os três
deputados, por sua vez, ocupa-
ram a plateia do auditório e
subiram ao palco, um por vez,
apenas para discursarem.
JeanWyllys não se referiu
diretamente a Feliciano, mas
condenou a marcha de quarta-
feira. “Ontem houve uma ma-
nifestação que deveria ser de
valores cristãos virou algo anti-
homossexual”, disse, em refe-
rência ao evento promovido
pelo pastor Silas Malafaia - o
evento nesta quarta-feira na
esplanada foi recheado de ata-
ques ao movimento LGBT.
Feliciano, que chegou na
parte final do documentário e
pediu uma cópia do filme para
“aprender mais” sobre o tema,
foi o segundo a subir ao palco
e confessou que se sentia “um
corpo estranho” no auditório.
Em seguida, sem fazer referên-
cias diretas à Jean Wyllys, o
deputado do PSC alegou que
existe um “ataque ao cristianis-
mo” noBrasil. “Represento essa
comunidade cristã que é ataca-
da”, alegou. Em sua fala, o
pastor disse que, a princípio,
havia resistido ao convite de
participar do encontro, mas que
aceitou pela insistência dos or-
ganizadores.
4
B
Inclui
M
UNDO
CURITIBA, SEXTA-FEIRA, 7 DE JUNHO DE 2013
J
ORNAL DO
E
STADO
Freud Godoy
alegou que o
dinheiro
descoberto pela PF
em sua conta seria
o pagamento por
serviços prestados
durante a
campanha
presidencial de
2002