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SALA
DE AULA
Wanda Camargo | [email protected]
Realidade Virtual e Educação
Na década de 1990 um seriado de ficção científica,
com o mote “A verdade está lá fora”, propunha abertura
para possibilidades que não pertenceriam ao usual, ao
comum, ao esperado; mas trazia o risco de ser interpre-
tado como “A verdade só está lá fora”, afastando o foco
de observação do que pudesse estar mais próximo.
Hoje parece haver uma procura de milhões de pes-
soas por alguma coisa fora das proximidades, quase to-
dos concentrados em seus smartphones, iPads, e outros
equipamentos. Na maior parte dos casos, não estarão
simplesmente se comunicando, acessando dados, foto-
grafando algo ou mesmo envolvidos em algum jogo,
parecem estar buscando identidade, transcendência,
isolamento.
Pessoas que estão fisicamente juntas, falando ou “te-
clando” o tempo inteiro com outros interlocutores que
estão distantes, ao se separarem provavelmente se co-
nectarão, e terão a conversa que não tiveram pessoal-
mente, como se a única forma aceitável de comunica-
ção fosse aquela que passa pela web, ficando cada vez
mais difícil separar fato e ficção, como se a realidade
passasse a existir apenas no espaço virtual.
Cientistas sociais e especialistas em aprendizagem
normalmente discordam da inalterabilidade do passa-
do, pois, aparentemente, a cada lembrança avançamos
na compreensão, reinscrevendo os fatos, situando-os e
adaptando-os a uma nova maturidade. Ou seja, o acon-
tecido não seria imutável, na medida em que os contor-
nos tornam-se difusos, a memória o reconstitui por in-
termédio dos novos conhecimentos, alterando o anteri-
ormente definido. Assim é que “o tempo é o melhor re-
médio”, na medida em que nos tornamos mais consci-
entes dos fatores intervenientes, e podemos compreen-
der melhor até os motivos de nossos eventuais inimi-
gos.
Nummomento em que o passado está presente, pois
tudo está registrado na nuvem, todo acontecimento,
mesmo os mais banais, gravado no YouTube, como
aprender, esmaecer e amadurecer, como distinguir o
perene do provisório? Como separar o real do simbóli-
co?
Nunca fotografamos tanto e fomos tão fotografados,
e deixamos de olhar com atenção ao que nunca mais
poderá ser visto, simplesmente preferindo o registrar
através de aparelhos, para montar o acervo daquilo que,
um dia, de posse de todo o tempo que nunca usufruí-
mos, veremos como passado, e não como presente. Ro-
deados de câmaras nas ruas, lojas, pátios, somos parte
do espetáculo, embora ainda pretendamos privacida-
de.
Pessoas com mais idade, estrangeiros digitais, pare-
cem não ter muita utilidade em nosso mundo wireless.
Em sala de aula, o professor compete com o Google, e
sempre parece saber menos.
O problema de separar simples dados, um grande
volume de informações, do real conhecimento, não é
compartilhado apenas por adolescentes, adultos tem
embaraços para entender a verdadeira função de um
bom orientador. A concretude do virtual pode tornar
nossa existência mais cômoda no lazer, no estudo e no
trabalho; mas necessita reflexão sobre a quase impossi-
bilidade de distinguirmos exatamente a realidade de
sua representação.
Wanda Camargo é educadora e assessora da presidência das
Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil).
O perigo
de plantas
tóxicas em
escolas
Pesquisa que virou livro encontrou espécies
perigosas em 58 das 69 escolas pesquisadas
BEM
PARANÁ
16
Educação
CURITIBA, TERÇA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2013
DICAS DE
VESTIBULAR
Márcio Santos|
História do Brasil
Nos últimos anos, a Universidade Federal do Para-
ná vem buscando moldar o vestibular às novas tendên-
cias da educação, ou seja, a prova de História passa a
contar com questões interdisciplinares e de interpreta-
ção textual, visto que esta já é uma tendência seguida
pelo ENEM e outras universidades Brasil afora.
Temas atuais vêm sendo amplamente abordados,
considerando a relação como passado, assim como ques-
tões envolvendo a escravidão e o racismo no Brasil -
herança colonial que persiste até os nossos dias.
Outro assunto que aparece com certa frequência é a
Ditadura Militar (1964-1985). Porém, não se engane:
além das questões políticas e econômicas referentes ao
período, o candidato deve aprofundar seus estudos nos
movimentos culturais e estudantis dos anos 60.
História dos gêneros também pode fazer parte do
cardápio da Federal. Como exemplo, estudem as ques-
tões envolvendo a entrada das mulheres no mercado
de trabalho no século XX e os direitos adquiridos por
elas ao longo das décadas - tanto na política, por meio
do voto, como na escolha de representantes para o exe-
cutivo e legislativo.
Resumindo: cultura, minorias, política e conflitos inter-
nos continuam sendo bastante cobrados. Como dica (sem
pretensões de vidente), arriscaria na Era Vargas, focando
na participação brasileira da FEB durante a Segunda Guer-
ra Mundial.
É isso ai galera. Bola pra frente e bons estudos!
Nem todos sabem que
plantas como jibóia, espada-
de-são-jorge, coroa-de-cristo,
chapéu de Napoleão, comigo-
ninguém-pode e mamona são
venenosas. E, como são en-
contradas nas escolas de todo
o país, representam um risco
à saúde e à vida das crianças.
Para alertar professores, dire-
tores e pessoal de apoio das
escolas, foi lançado o livro
Plantas tóxicas ao alcance de cri-
anças: transformando risco em in-
formação
, das pesquisadoras
Rosany Bochner, Judith Tio-
mny Fiszon e Maria Apareci-
da de Assis.
O livro, que é uma parce-
ria entre o Instituto de Comu-
nicação e Informação Cientí-
fica e Tecnológica em Saúde
(Icict/Fiocruz) com o Instituto
Vital Brazil, é o resultado de
um projeto de pesquisa reali-
zado em 69 escolas do muni-
cipais do Rio de Janeiro, en-
tre 2008 e 2010. Dessas, 58
apresentavam mais de 20 es-
pécies de plantas venenosas.
A obra acaba sendo uma
fonte segura de informação
também para pais e alunos,
pois a cada dez casos de into-
xicação por plantas tóxicas re-
gistradas no Brasil, seis ocor-
rem com crianças menores de
10 anos e 84% do total dessas
intoxicações são acidentais,
ou seja, a criança ingeriu,
mastigou ou tocou a planta.
Com a falta de informação,
o perigo é maior ainda. “Plan-
tas como espada-de-são-jor-
ge, jibóia, comigo-ninguém-
pode, aroeira e tinhorão são
as mais comuns nas escolas”,
explica a pesquisadora Ro-
sany Bochner, coordenadora
do Sistema Nacional de Infor-
mações Tóxico-Farmacológi-
cas (Sinitox), uma parceria do
Icict com o Ministério da Saú-
de.
Recheado de fotos ilustra-
tivas, o livro contém explica-
ções sobre as principais plan-
tas venenosas e os riscos que
elas causam à saúde, mos-
trando as partes tóxicas de
cada uma delas e os sintomas
de intoxicação.
As imagens facilitam a
identificação de plantas tóxi-
cas que são encontradas em
diversos ambientes, muitos
dos quais, freqüentados por
crianças. Para a coordenado-
ra do Sinitox, em vez de sim-
plesmente retirar as plantas
das escolas, o ideal seria
aprender a lidar com elas. “A
manutenção de plantas tóxi-
cas em um jardim temático
de forma a transformar o ris-
co em informação, pode ser
muito mais efetivo na forma-
ção das crianças do que proi-
bi-las”, explica. O livro será
distribuído em escolas públi-
cas municipais e estaduais,
mas também será vendido ao
público pela editora Rio-
books.
Marcio Santos é professor de História do curso Apogeu
REGISTROS
COMO EVITAR ACIDENTES COM PLANTAS TÓXICAS
)
Ensine às crianças que não se deve colocar plantas na boca;
)
Conheça as plantas que tem em casa e arredores pelo nome e características;
)
Não coma plantas desconhecidas. Lembre-se que não há regras ou testes
seguros para distinguir as plantas comestíveis das venenosas. Nem sempre o
cozimento elimina a toxicidade das plantas;
)
Quando estiver lidando com plantas venenosas use luvas ou lave bem as mãos
após esta atividade;
)
Não faça remédios ou chás caseiros preparados com plantas, sem orientação
médica.
EM CASO DE ACIDENTE COM PLANTAS TÓXICAS
)
Retire da boca o que resta da planta, cuidadosamente;
)
Enxágüe a boca com água corrente;
)
Guarde a planta para identificação;
)
Ligue para o Centro de Controle de Intoxicação
(Fonte: Sinitox)
PERIGO NO CANTEIRO
As dez plantas que mais causam intoxicação, segundo
dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-
Farmacológicas (Sinitox)
TINHORÃO
Família: Araceae.
Nome científico:
Caladium bicolor Vent.
Nome popular: tajá, taiá, caládio.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema
(inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação abundante,
dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar irritação e
lesão da córnea.
Princípio ativo: oxalato de cálcio.
COMIGO-NINGUÉM-PODE
Família: Araceae.
Nome científico:
Dieffenbachia picta Schott.
Nome popular: aninga-do-Pará.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema
(inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação abundante,
dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar irritação e
lesão da córnea.
Princípio ativo: oxalato de cálcio, saponinas.
TAIOBA-BRAVA
Família: Araceae.TAIOBA-BRAVA
Nome científico:
Colocasia antiquorum Schott.
Nome popular: cocó, taió, tajá.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema
(inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação abundante,
dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar irritação e
lesão da córnea.
Princípio ativo: oxalato de cálcio.
COPO-DE-LEITE
Família: Araceae.
Nome científico:
Zantedeschia aethiopica Spreng.
Nome popular: copo-de-leite.
Parte tóxica: todas as partes da planta
Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema
(inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação abundante,
dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar irritação e
lesão da córnea.
Princípio ativo: oxalato de cálcio.
SAIA-BRANCA
Família: Solanaceae.
Nome científico:
Datura suaveolens L.
Nome popular: trombeta, trombeta-de-anjo, trombeteira,
cartucheira, zabumba.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Sintomas: boca seca, pele seca, taquicardia, dilatação das pupilas, rubor da face,
estado de agitação, alucinação, hipertermia; nos casos mais graves pode levar à morte.
Princípio ativo: alcalóides beladonados (atropina, escopolamina e hioscina).
AROEIRA
Família: Anacardiaceae.
Nome científico:
Lithraea brasiliens March.
Nome popular: pau-de-bugre, coração-de-bugre,
aroeirinha preta, aroeira-do-mato, aroeira-brava.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Sintomas: o contato ou, possivelmente, a proximidade provoca reação dérmica
local (bolhas, vermelhidão e coceira), que persiste por vários dias; a ingestão pode
provocar manifestações gastrointestinais.
Princípio ativo: os conhecidos são os óleos voláteis, felandreno, carvacrol e pineno.
BICO-DE-PAPAGAIO
Família: Euphorbiaceae.
Nome científico:
Euphorbia pulcherrima Willd.
Nome popular: rabo-de-arara, papagaio.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Sintomas: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço) de
lábios, boca e língua, dor em queimação e coceira; o contato com os olhos provoca
irritação, lacrimejamento, edema das pálpebras e dificuldade de visão;
a ingestão pode causar náuseas, vômitos e diarréia.
Princípio ativo: látex irritante.
COROA-DE-CRISTO
Família: Euphorbiaceae.
Nome científico:
Euphorbia milii L.
Nome popular: coroa-de-cristo.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Sintomas: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço) de
lábios, boca e língua, dor em queimação e coceira; o contato com os olhos provoca
irritação, lacrimejamento, edema das pálpebras e dificuldade de visão; a ingestão
pode causar náuseas, vômitos e diarréia.
Princípio ativo: látex irritante.
AVELÓS
Família: Euphorbiaceae.
Nome científico:
Euphorbia tirucalli L.
Nome popular: graveto-do-cão, figueira-do-diabo, dedo-
do-diabo, pau-pelado, árvore de São Sebastião.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Sintomas: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço) de
lábios,boca e língua, dor em queimação e coceira; o contato com os olhos provoca
irritação, lacrimejamento, edema das pálpebras e dificuldade de visão; a ingestão
pode causar náuseas, vômitos e diarréia.
Princípio ativo: látex irritante.
URTIGA
Família: Urticaceae.
Nome científico:
Fleurya aestuans L.
Nome popular: urtiga-brava, urtigão, cansanção.
Parte tóxica: pêlos do caule e folhas.
Sintomas: o contato causa dor imediata devido ao efeito
irritativo, com inflamação, vermelhidão cutânea, bolhas e
coceira.
Princípio ativo: histamina, acetilcolina, serotonina.