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BEM
PARANÁ
17
CURITIBA, TERÇA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2013
Jards Macalé
A vida e obra do cantor,
músico e ator Jards Macalé é
celebrada no documentário
Jards dirigido por Eryk
Rocha. O artista carioca
cresceu rodeado de música,
estudou compositores
eruditos, mas sempre
representou a música popular
brasileira. Em cartaz no
Espaço Itaú, às 21h30.
&
arte
Ricardo
Janotto dá
oficina de
percussão
O percussionista e edu-
cador Ricardo Janotto rea-
liza workshop de percus-
são no Centro de Criativi-
dade Astrolábio, a partir de
de hoje Com duração de
seis semanas e encontros
sempre às terças-feiras, a
partir das 19h30, o curso “Te
cutuco, me cutuca” traz um
novo olhar sobre o ensino
musical. “O foco não é na
técnica do instrumento,
mas na percepção da mú-
sica”, explica Janotto. As
inscrições já estão abertas,
com vagas limitadas.
O workshop visa o tra-
balho emgrupo, comdiver-
sos jogos rítmicos que en-
volvem a interação espon-
tânea entre os alunos. As
aulas acontecem em for-
mação circular e trabalham
continuidade, troca de in-
formações e vivências,
além de bate-papos. “Faço
ainda exercícios de arrit-
mia, com batidas de mãos
e pés em ritmos diferentes,
e de caminhadas que imi-
tam os tempos de batidas
musicais, antes de partir
para a prática individual”,
completa o educador. Ao
fim do curso, haverá uma
apresentação.
SERVIÇO
Workshop de Percussão
com Ricardo Janotto
Data:
de 25 de junho a
30 de julho, às terças-
feiras
Horário:
das 19h30 às
21h30
Valor:
R$ 250
(parcelamento em duas
vezes de R$ 125)
Local:
Centro de
Criatividade Astrolábio –
Rua Mateus Leme, 757
Informações:
3082-3232
www.centroastrolabio.com.br
MAIS
Notícias sobre cinema,
música e televisão no
www.bemparana.com.br
Arte
Sabe tudo de batuque
Caixa lança
revista
Bólide
A Caixa Cultural Curi-
tiba lança, hoje, a segunda
edição da revista de litera-
tura e arte
Bólide
, editada
por Eliana Borges, Joana
Corona e Ricardo Corona.
O lançamento conta terá
um pocket-poético com
convidados especiais, artis-
tas e poetas da cidade, no
teatro da CaixaCultural,
com entrada franca. A
Bóli-
de
, uma publicação trimes-
tral, apresenta narrativas,
poesias, imagens, ensaios
e entrevistas; uma revista
pensada como um arquivo.
Serão cinco publicações,
cujas capas terão a partici-
pação de um artista visual
diferente.
Povo na rua é sinônimo de
contestação da ordem estabe-
lecida, desde que o mundo é
mundo. E é também assunto
de livro. O assunto é tão vasto
que rios de tinta correram e
florestas de papel caíram
para que fosse explicado. Ou
que tentassem explicá-lo.
A mais famosa manifesta-
ção de rua dos tempos recen-
tes - o maio de 1968 - foi des-
crita, analisada e esmiuçada
em incontável bibliografia.
Normal, mesmo porque acon-
teceu na terra em que uma
manifestação de rua, em apa-
rência de pouco alcance, que
culminou a tomada da Basti-
lha, teve consequências imen-
sas e em todo o Ocidente. A
Revolução Francesa, que cus-
tou a cabeça de reis e mudou
a face da História Ocidental,
começou com a tomada de
uma velha prisão, na qual res-
tavam apenas sete presos,
segundo contam as crônicas
da época. Quem quiser se in-
formar sobre esses fatos não
tem melhor caminho que ler
LITERATURA BÁSICA
PARA MANIFESTAÇÕES
Não são poucos os livros que tratam dos protestos. A história esconde erros e acertos
as obras do historiador inglês
Eric Hobsbawm em
A Era das
Revoluções
(Cia das Letas).
O mesmo Hobsbawm se
debruça sobre o maio francês
em um livro mais abrangen-
te,
A Era dos Extremos
, que ver-
sa sobre o que ele definiu
como “século breve”, o sécu-
lo 20, que teria começado, na
verdade, no começo da 1ª
Guerra Mundial em 1914, e
terminado com a queda do
Muro de Berlim, em 1989.
Entre as duas datas, o maio
de 68, que Hobsbawm anali-
sa como um período de “ace-
leração da História”, um epi-
sódio limitado no tempo, e, em
aparência, fracassado.
Na ocasião, estudantes da
Sorbonne e de Nanterre de-
fendiam reivindicações espe-
cíficas da classe estudantil.
Mas o protesto ampliou-se e
o movimento se diversificou.
Os operários franceses da
Renault e outras empresas
entraram no movimento e
decretaram greve. O país pa-
rou. Quem quiser entender a
época pode se beneficiar de
clássico do filósofo alemão
Herbert Marcuse,
Eros e Civi-
lização
, que era uma espécie
de manual de vida da moça-
da 68. Marcuse retoma con-
ceitos freudianos para enten-
der como a repressão sexual
podia servir à dominação po-
lítica. E, como, por extensão,
a liberação sexual acompa-
nha o pensamento libertário
em política.
Mas há inúmeros outros
livros que podem dar ideia do
período, revivendo-lhes o cli-
ma e motivações. Em
68: Pa-
ris, Praga, México
(Rocco), o es-
critor mexicano Carlos Fuen-
tes rememora sua vivência
nesse tempo de rebeldia.
Maio
de 68
(Azougue), organizado
por Sérgio Cohn e Heyk Pi-
menta, traz textos antológicos,
como a entrevista de Jean-Paul
Sartre com Daniel Cohn-Ben-
dit, um dos líderes do movi-
mento,
Cohn-Bendit, ou Danny,
Le Rouge, alemão de origem
porém residente em Paris
nos anos 60, tornou-se um
dos principais líderes da
época. Mais tarde converteu-
se ao Partido Verde e publi-
cou um livro relativizando o
movimento,
Forget 68
(Éditi-
ons de l'Aube). Para ele, é tão
irrelevante fazer de conta que
68 não existiu, como queria o
ex-presidente francês Nico-
las Sarkozy, ou insistir em re-
alizar as promessas de 68,
como insiste ainda parte da
esquerda. Difícil mesmo de
realizar porque, das pautas
específicas, os estudantes
passaram a exigir “a imagi-
nação no poder ” e outras coi-
sas mais. Sonhava-se alto
naquele tempo. O que havia
começado nas ruas termina-
ra por acuar o governo de
Charles De Gaulle que, no
entanto, deu a volta por cima
e levou a melhor. Prevaleceu
o conservadorismo francês.
Mas os avanços dessa revo-
lução falhada foram perma-
nentes e se deram mais no
campo do comportamento e
das artes.
Na mesma época, o Brasil
vivia situação semelhante à
francesa, com uma diferença
importante. Lá, como cá, os es-
tudantes foram às ruas protes-
tar. Mas se na França havia o
estado de direito garantido,
aqui vivia-se sob a ditadura
implantada em 1964. Algumas
manifestações ficaram famo-
sas, como a Passeata dos Cem
Mil, no Rio de Janeiro, e a ocu-
pação da Rua Maria Antonia,
onde ficava a Faculdade de Fi-
losofia daUSP. Em
1968 - OAno
Que Não Terminou
(Nova Fron-
teira), o jornalista Zuenir Ven-
tura capta o clima da época em
narrativa empolgante. Aliás, a
Zuenir Ventura narra aquele 1968
Os textos clássicos aju-
dam a entender os movimen-
tos contemporâneos, mas é
preciso notar que eles têm
sua especificidade, sobretu-
do na forma de organização.
Se antes uma passeata de-
mandava esforço de planeja-
mento longo e minucioso,
hoje ela pode ser convocada
pelas redes sociais, o que ex-
plica o espontaneísmo, o vo-
luntarismo e as pautas frag-
mentárias, que aliás vão se
modificando de um dia para
outro.
Os recentes movimentos
Nos tempos das redes sociais
Na segunda edição
James Bar reabre
após reforma
O James reabre hoje
após reforma e manuten-
ção. Além das obras na es-
trutura, a casa também lan-
ça novos programação vi-
sual e cardápio, cadastro
eletrônico de clientes e
uma programação revigo-
rada, especialmente em
suas concorridas noites fi-
xas. A ideia é manter man-
tenr a essência de cada
uma e trazendo também
novidades relevantes para
cada proposta e para o pú-
blico. O bar fica na Aveni-
da Vicente Machado, 894.
Fone (41) 3222-1426.
Noite
Estão abertas até 24 de
julho as inscrições de pro-
jetos para a Corrente Cul-
tural 2013. A seleção será
feita por meio de edital do
FundoMunicipal da Cultu-
ra, que escolherá 30 pro-
postas artísticas para com-
por a grade de programa-
ção de espaços culturais
independentes e logradou-
ros públicos de Curitiba.
Promovida pela Prefeitura
e Fundação Cultural de
Curitiba, a Corrente Cultu-
ral está em sua quinta edi-
ção e será realizada de 3 a
10 de novembro. Mais:
www.fccdigital.com.br/lei-
d o i n c e n t i v o / t e x t o s .
asp?id=97.
Evento
Corrente Cultural
abre inscrições
Novo álbum do
Arcade Fire
O novo álbum do Arca-
de Fire ganhou uma data
de lançamento, marcada
para 9 de setembro, segun-
do informações do site
NME. O site Revolt TV dis-
se que fontes próximas à
banda, confirmaram a
data, mas no entanto, não
confirmou a data. O ex-lí-
der do LCD Soundsystem,
James Murphy, comentou
sobre o material em uma
entrevista recente. Mur-
phy, que ajudou a produ-
zir o disco, disse ao Daily
Star: “O álbum está indo
muito bem. Estou muito
envolvido com o processo
para saber que caminho
ele vai seguir no final, mas
vai ser um material fantás-
tico”. Em outubro de 2012,
a banda canadense publi-
cou no YouTube um vídeo
em que tocam uma nova
música, intitulada
Crucifi-
ed Again
.
Música
Divulgação
Divulgação
Rua Maria Antonia era uma
espécie de Quartier Latin pau-
listano. Era o centronervosoda
agitação estudantil e foi lá que
se deu o célebre confronto en-
tre os alunos do Mackenzie e
da USP. Sobre o assunto há o
livro
Maria Antônia - História de
uma Guerra
, do jornalista Gil-
berto Amêndola.
As Diretas-Já em 1984 e
os caras-pintadas em 1992 ti-
nham finalidades específi-
cas - a transição democrática
e o impeachment de Collor.
A derrota num caso e a vitó-
ria, no outro, os esgotaram.
Há que lembrar, também,
que nem sempre as multi-
dões trazem as boas novas e
as boas causas. O fascismo na
Itália e o nazismo na Alema-
nha reuniram manifestações
imensas. Algumas passeatas
no Brasil ajudaram a derru-
bar um presidente eleito.
Para entender essa "pulsão"
interna das manifestações, a
euforia orgástica que provo-
ca nas pessoas e os nada ra-
ros episódios de violência a
elas associados, nada melhor
do que os clássicos -
Psicolo-
gia de Massas e Análise do Eu
,
de Sigmund Freud, e
Psicolo-
gia de Massas do Fascismo
, do
dissidente da psicanálise Wi-
lhelm Reich.
de rua no Brasil devam ser
aproximados a similares
como o Occupy Wall Street,
os da Praça Tahrir, no Egito,
os “indignados” da Espanha,
França, Portugal, Grécia, a
Primavera Árabe, alguns de-
les vinculados de maneira
direta à crise econômica eu-
ropeia. Outros a circunstân-
cias específicas de seus paí-
ses. O nosso há de ter tam-
bém a sua identidade, ainda
por encontrar. Em todo caso,
um dos estudiosos desses
movimentos, o sociólogo bri-
tânico Paolo Gerbaudo, estu-
dou essa nova modalidade
de presença nas ruas. Sus-
tenta que os movimentos de
hoje são menos políticos do
que os dos anos 60, e vaga-
mente “contra o sistema”.
Não têm líderes carismáti-
cos. São organizados pelo
Facebook e pelo Twitter.
Questões pontuais tornam-
se estopins de outras causas
coligadas. Seu livro "
Tweets
and the Streets: Social Media and
Contemporary Activism
" (Pluto
Books, Londres, 2012) é uma
bíblia contemporânea sobre
a questão
FUTURO
Um panfleto
pronto
Se os movimentos
atuais necessitam de
explicação, talvez
também precisem de
um panfleto. Ele já
está escrito. Legou-o
o ativista francês
Stéphane Hessel
(1917-2013), que o
escreveu aos 93 anos.
Chama-se
Indignem-
se
. Nele, Hessel
defende que a
principal causa atual
está ligada à defesa
da liberdade. À
liberdade política.
Divulgação
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T E RM I N O U
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I ND I GN EM- S E
De Stéphane Hessel
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