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BEM
PARANÁ
16
Saúde & Comportamento
CURITIBA, SEGUNDA-FEIRA, 22 DE JULHO DE 2013
Longas viagens exigem
cuidados com as pernas
SAÚDE
EM FOCO
Marcelo Malaghini
Maioria dos testes de
paternidade é positivo
O mês de julho é o perío-
do de férias e lazer. Porém, al-
guns cuidados são necessári-
os para evitar que alegria e
descontração acabem antes
da hora. As viagens longas de
carro ou avião exigem mais
atenção, pois as pessoas per-
manecem sentadas por um
longo período. “O excesso de
tempo sentado, em uma mes-
ma posição, dificulta o retor-
no venoso e isso pode desen-
cadear dor, peso, cansaço ou
queimação nas pernas”, ex-
plica a cirurgiã vascular do
Hospital Nossa Senhora das
Graças, Flávia Ramos Tristão.
Quando os joelhos perma-
necem em ângulo de 90 graus
– associado a falta de movi-
mentação dos músculos da
panturrilha podem prejudicar
o retorno venoso. Por isso, a
Dra. Flávia faz uma ressalva.
“É necessário alternar perío-
dos para caminhar ou alongar
as pernas a cada duas horas,
pois pode ocorrer a formação
de coágulos dentro das veias,
a chamada trombose venosa,
com risco de evolução para
embolia pulmonar ”.
Para amenizar as dores
durante a viagem é necessá-
rio que a cadeira possua um
apoio para as pernas, assim
evita que as mesmas perma-
neçam dobradas durante
muito tempo. “Para isso, é
necessário que o espaço en-
tre a sua cadeira e a da frente
seja suficiente”, destaca a es-
pecialista.
Além das pernas, coluna,
pescoço e mesmo os braços
também podem sofrer com
dores, caso permaneçam na
mesma posição por muito
tempo. “E, principalmente, a
coluna lombar em caso de
posição inadequada durante
a viagem”, orienta.
Permanecer sentado pormuito tempo pode causar dor, inchaço e até coágulos e trombose venosa
Algumas pessoas em es-
pecial, entre elas as gestan-
tes, idosos e crianças preci-
sam de atenção redobrada
durante as viagens longas.
De acordo com a Dra. Flávia,
as gestantes já têm o retor-
no venoso dificultado com a
compressão das veias da
pelve pelo útero. Portanto,
longos períodos sentadas
podem prejudicar ainda
mais a circulação venosa das
pernas levando a dor, ede-
ma e favorecendo o apareci-
mento de trombose. Os ido-
sos também possuem maior
propensão à trombose. “Por-
tanto, devem usar meia elás-
tica após orientação médica,
andar a cada duas horas ou
fazer movimentos de exten-
são e flexão dos pés - pro-
movendo assim o exercício
dos músculos da panturri-
lha”, ensina a médica.
De acordo com a Dra.
Flávia algumas pessoas
possuem uma predisposi-
ção maior à formação de co-
águlos. “Nestes casos espe-
cíficos há medicação pró-
pria para a prevenção de
trombose associada às reco-
mendações. Porém, a medi-
cação só deve ser usada
com orientação do médico
especialista”, destaca.
Além dos idosos e gestan-
te, segundo a médica outros
grupos também devem ficar
atentos ao cuidados para pre-
venção da dor e trombose
após viagens prolongadas: os
obesos, tabagistas, usuários
de medicação indutora do
sono e pessoas com varizes
muito calibrosas.
Gestantes e idosos estão
no grupo de risco
SAIBA COMO EVITAR PROBLEMAS
Para aproveitar as férias com saúde é necessário seguir algumas dicas, mesmo
que não haja fator de risco conhecido para a trombose.
Procure se movimentar em viagens longas.
Caminhe ou faça exercícios de movimento dos músculos da panturrilha.
Mantenha-se hidratado e evite o consumo de bebidas alcoólicas, que aceleram a
desidratação.
Utilize meias elásticas que auxiliam no estímulo à circulação venosa, mas só deve
ser usada após avaliação médica pois algumas pessoas não podem usá-las
O principal sintoma da trombose é um inchaço na perna, principalmente se uma
fica maior que a outra. Vermelhidão, aumento de temperatura e dores na batata da
perna também podem indicar a doença.
ANTES DE VIAJAR, VERIFIQUE SE É PRECISO SE VACINAR
A proteção contra o sarampo é recomendada para quem viaja para qualquer lugar do mundo. Essa doença é
prevenida pela vacina tríplice viral, que evita também a rubéola e a caxumba. Embora o Brasil esteja livre do sarampo,
o vírus dessa doença ainda circula em países da Europa e da Ásia, como França, Espanha, Alemanha, Polônia e Japão.
A volta da coqueluche é uma tendência verificada não só no Brasil, mas em países como Estados Unidos, Austrália
e Reino Unido. Por isso, deve ser prevenida. “Quem vai viajar para alguns países da Ásia e a África, pode usar a
vacina que, além da coqueluche, evita a poliomielite, a difteria e o tétano”, informa a presidente da SBIm do Rio de
Janeiro.
Como boa parte do território nacional é considerada área de risco para a febre amarela, os viajantes que vão
passear nessas regiões precisam se precaver contra a doença. Há também países que exigem o certificado da vacina
contra a febre amarela, porque o Brasil é considerado área endêmica para a doença.
As vacinas contra as hepatites virais também estão entre aquelas recomendadas para os viajantes. De
transmissão fecal-oral, a hepatite A é transmitida por água e alimentos contaminados com as fezes de uma pessoa
doente, o que ocorre principalmente em locais com problemas de saneamento básico.
A vacina contra a hepatite B tem recomendação universal. E deve ser tomada, principalmente, para quem vai à
Amazônia, que é uma região onde a doença é prevalente. No Brasil, ela é administrada gratuitamente nos postos de
saúde para pessoas até 49 anos.
PERIGO
70%
dos casos
apresentam a
trombose venosa
associada a fatores
de risco como:
imobilização
prolongada (pós
operatórios,
viagens de longa
duração), uso de
anticoncepcional
oral e terapia de
reposição hormonal
ou nos casos em
que o paciente já
tenha apresentado
esta patologia. São
sintomas da TVP o
surgimento de dor
no membro afetado,
aumento de volume
(edema) e aumento
da temperatura.
Cerca de 30% dos registros de nascimento no Brasil
ainda estão sem o nome do pai, segundo dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O elevado
número de exames de paternidade em nosso país deve-
se, em parte, à Lei Federal 8.560/92, que reduziu a possi-
bilidade de o filho permanecer sem o reconhecimento de
seu estado de filiação. O cartório é obrigado a indagar à
mãe, no momento do registro do nascimento, quem é o
pai da criança. O suposto pai será, então, intimado a com-
parecer em juízo para confirmar ou não a declaração da
mãe, de que o filho é seu. Não havendo a confirmação
por parte do suposto pai, pode ocorrer a instauração de
um processo judicial que, muitas vezes, culmina em um
exame de DNA.
O Laboratório Frischmann Aisengart realizou uma
pesquisa com uma amostra de 3.640 exames de paterni-
dade realizados no Setor de Biologia Molecular do Labo-
ratório no período de 2007 a 2010 (4 anos). O objetivo da
análise foi compilar o número de resultados positivos
(favorável à paternidade) em relação ao tipo de solicita-
ção do exame: judicial, particular e espólio (reconstru-
ções genéticas e exumações).
Os resultados foram: particular com 63,9% de resul-
tados positivos, judicial com 77,2%, espólio-reconstrução
com 81,3% e espólio-exumação com 88,5% de resultados
positivos.
De acordo com Marcelo Malaghini, Doutor em Bio-
tecnologia e responsável pela área de Biologia Molecu-
lar do Laboratório Frischmann Aisengart, tais achados
demonstram uma tendência de maior frequência de re-
sultados positivos em relação à complexidade da situa-
ção. Casos de natureza particular, em que o exame é rea-
lizado de forma “espontânea”, sem o envolvimento da
Justiça, foram os que proporcionaram o menor índice de
resultados favoráveis à hipótese da paternidade (63,9%).
Malaghini lembra que o percentual de resultados po-
sitivos foi expressivamente maior entre os casos de natu-
reza judicial (77,2%). Tal tendência verifica-se ainda nos
casos de espólio. 81,3 e 88,5% foram os percentuais de
resultados positivos para reconstruções genéticas e exu-
mações, respectivamente. “Tais situações são as de mai-
or complexidade para realização, pois envolvem custos
expressivamente maiores (até 10 vezes o preço de uma
análise trivial), maior tempo de execução (média de 50
dias entre coleta das amostras e entrega do resultado,
contra 10 dias das análises triviais) e necessidade de pro-
cedimentos especiais (colheita de vários familiares do
suposto pai ou da exumação do cadáver do falecido)”,
explica o especialista.
O Doutor em Biotecnologia revela que se pode dedu-
zir que, ao instaurar uma ação judicial e/ou partir para a
realização do exame, mesmo na ausência do suposto pai
(casos de espólio), a parte requerente - geralmente a mãe
- possui maior convicção em relação à paternidade ale-
gada do que nas situações extrajudiciais triviais.
Malaghini lembra que todas as análises foram reali-
zadas pelo emprego de número mínimo de 15 marcado-
res minisatélites (STRs), amplificados pela técnica de PCR
(Reação em Cadeia da Polimerase), com detecção de flu-
orescência laser-induzida em sistema automatizado de
eletroforese capilar (ABI 3100). Tal metodologia de análi-
se é a mesma empregada nos principais centros do gêne-
ro na Europa e nos Estados Unidos.
O Laboratório Frischmann Aisengart recebeu no iní-
cio deste ano a revalidação da acreditação na norma in-
ternacional 17.025 nos processos de análises de paterni-
dade e de identificação de Organismos Geneticamente
Modificados (OGM) em alimentos. A certificação do IN-
METRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia) é considerada o principal selo de qualidade,
de reconhecimento internacional que um laboratório de
ensaios pode obter. “Em análises de paternidade, o Labo-
ratório Frischmann Aisengart é o primeiro no país a rece-
ber esta certificação.” explica o responsável.
O Laboratório oferece testes de paternidade que se-
guem padrões da Sociedade Internacional de Genética
Forense (ISFG) e da Associação Americana de Bancos de
Sangue (AABB), alcançando graus de precisão entre 99,9%
e 99,99999999%. O teste é processado com o auxílio de
modernos equipamentos e um minucioso trabalho de es-
pecialistas em genética molecular.
Entende-se por ensaios de natureza particular os exa-
mes triviais (trios ou duos de paternidade) realizados sem
envolvimento da justiça. Trios sãos exames realizados com
a colheita de três amostras: mãe, filho e suposto pai. Duos
são exames realizados sem a presença da mãe (é aplicável
aos casos de filho maior de idade ou registrado em nome
do suposto pai). Em exames de natureza particular é o
próprio cliente quem escolhe o laboratório e realiza o teste
sem a necessidade de instaurar um processo de reconhe-
cimento de paternidade. O exame é feito de forma amigá-
vel, em comum acordo entre as partes envolvidas.
Exames de natureza judicial são casos triviais de pa-
ternidade (trios ou duos de paternidade) em que há um
processo de reconhecimento (ou de negatória) de pater-
nidade em trâmite na Justiça. Entende-se também como
exames de natureza judicial aqueles realizados com a
interveniência do Ministério Público.
Casos de espólio são exames de paternidade realiza-
dos sem a presença do suposto pai, por estar falecido ou
ausente. Duas situações se enquadram nesta categoria:
reconstruções genéticas e exumações. Casos de recons-
trução genética são aqueles em que o perfil genético do
suposto pai é reconstituído por seus ascendentes ou des-
cendentes em primeiro grau (através de seus genitores
ou de seus filhos legítimos, respectivamente). Por outro
lado, a exumação do cadáver do suposto pai falecido é a
única alternativa quando este não possui parentes dis-
poníveis para realização do exame. Tanto as reconstru-
ções genéticas como as exumações têm custo e prazo de
execução expressivamente maiores que os exames trivi-
ais de paternidade.