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BEM
PARANÁ
6
Saúde &Comportamento
CURITIBA, SEGUNDA-FEIRA, 10 DE MARÇO DE 2014
O sonambulismo é um
comportamento que ocorre
com algumas pessoas a par-
tir do sono profundo, chama-
do de sono de ondas lentas.
Durante esta fase, o sonâm-
bulo levanta dormindo, cami-
nha e fala, porém seu estado
de consciência, memória e a
capacidade de julgamento
fica alterado. “O paciente re-
aliza atividades, porém sem
objetivo, sem memória e é
muito difícil acordá-lo. E na
maioria das vezes, não se
lembra do que fez”, explica, o
neurologista do Hospital Nos-
sa Senhora das Graças, Paulo
Rogério M de Bittencourt.
De acordo com o médico
os episódios ocorrem nas pri-
Sonambulismo, o
inimigo noturno
A doença é um distúrbio do sono, que acontece principalmente na infância
meiras três e quatro horas de
sono. “Os movimentos come-
çam com poucos. Os pacien-
tes movimentam-se na cama,
sentam e depois caminham
com uma expressão de nada,
indiferença total. Apesar da
face demonstrar indiferença,
as pessoas estão desorienta-
das, não respondem a per-
guntas ou estímulos, mas es-
tão de olhos abertos e pare-
cem acordadas. Alguns falam
devagar, mas não respondem
a perguntas”, enfatiza.
A doença é uma espécie de
distúrbios do sono, hereditá-
ria e comum na infância.
“Ocorre nas crianças, princi-
palmente, entre os quatro e
oito anos, quando elas passam
por alterações do sono”, des-
taca o Dr. Bittencourt. Aproxi-
madamente, 30% das crian-
ças apresentam episódios de
sonambulismo durante a in-
fância. Na fase adulta há 4%
de prevalência.
De acordo com o neurolo-
gista, nos últimos anos existe
uma preocupação com episó-
dios de transtornos seme-
lhantes ao sonambulismo.
Principalmente com pessoas
que utilizam álcool, drogas ou
medicamentos, em especial
os tarja preta, como por exem-
plo, o diazepam, clonazepam,
alprazolam e os medicamen-
tos indutores de sono como o
zolpidem. “Em qualquer des-
tas situações o pacientes com
o disturbio do sono, devemser
acompanhados por ummédi-
co de confiança da família. O
profissional é essencial tratar
o problema e evitar complica-
ções mais graves”, afirma o
Dr. Bittencourt.
O sonâmbulo deve ser
acompanhando com calma.
“Tente levar a pessoa em um
local seguro. Para evitar aci-
dentes. as pessoas devem se
preocupar com janelas de
andares altos, tapetes e mó-
veis que possam levá-lo a
quedas. O acompanhante
teve propiciar um ambiente
calmo, fresco, escuro, silenci-
oso para que o sono do paci-
ente volte”, destaca o médi-
co.
17% das crianças têm sonambulismo até os 13 anos: adultos também estão propensos
Divulgação
REINVEN
TANDO-SE
LUCIANA KOTAKA | [email protected]
A obesidade é um tema que vem sendo cansativa-
mente discutido nos últimos anos. No Brasil, a obesi-
dade já é reconhecida como doença, e no mês de
março deste ano o governo brasileiro lançou as
diretrizes para a organização da prevenção e do
tratamento do sobrepeso e da obesidade, por meio da
portaria 424, do Ministério da Saúde, que entre outras
questões, trouxe mudanças no acesso à cirurgia
bariátrica pelo Sistema Único de Saúde.
Com esse avanço em relação à cirurgia, devemos
ficar atentos também às condições do público a ser
atendido, pois é uma cirurgia que depende muito de
mudanças efetivas de comportamento, e os candida-
tos precisam estar conscientes da seriedade dessa
decisão.
É fundamental que o paciente esteja apto intelec-
tualmente para que entenda o processo pelo qual será
submetido, pois muitas pessoas não conseguem ter
clareza suficiente da dimensão da mudança que terá
que enfrentar para o êxito do pós-cirúrgico.
Desta forma será submetido a uma série de avalia-
ções médicas com o intuito de prepará-lo, pois o
conjunto de ações tomadas vai contribuir para o
sucesso da cirurgia.
Mudanças em relação a sua alimentação devem
acontecer antes da cirurgia, assim como o hábito de
praticar atividade física.
O emocional é uns dos pilares
funda-
mentais nesse processo, pois será exigido do paciente
muita disciplina e organização nos horários e quanti-
dade de comida a serem consumidas. Como o desejo
de comer não se altera com a cirurgia, o paciente
precisa mudar sua forma de se relacionar com a
comida, comendo para sua fome e não por gula, por
desejo de comer.
Após a liberação de todos profissionais de saúde
para a realização da cirurgia de redução do estômago
começa outra fase, onde precisará ter muito equilíbrio
e tranquilidade para dar conta de colocar em prática
todas as mudanças que incorporou durante o processo
pré-operatório.
Agora, já em casa, o comer em pequeninas quanti-
dades, seguindo o tipo de alimentos e os horários
prescritos, começa a fase mais importante que é tornar
esse procedimento um sucesso, que vai depender
somente do paciente.
Muitas pessoas após a cirurgia desaparecem do
consultório, negligenciando essa etapa tão importan-
te, na qual serão realizados exames médicos que
poderão avaliar se estão seguindo a alimentação
prescrita. Nessa fase todo cuidado é pouco.
É importante deixar claro
que quando
alcançam o peso pretendido precisam continuar os
cuidados e comportamentos adequados, pois o
reganho de peso pode acontecer. Não podem se iludir
em achar que a cirurgia em si vai mudar a forma de se
relacionar com a comida, o paciente precisa continuar
a comer em porções menores, escolhendo alimentos
saudáveis, além de praticarem atividade física com
frequência.
A psicologia vai além da preparação pré-cirúrgica,
pois é comum o paciente cometer abusos e ocorrer o
reganho de peso, sendo necessário identificar junto
com o terapeuta o significado do abuso alimentar,
podendo assim, resolver algumas situações de forma
mais efetiva, colocando cada necessidade no lugar
adequado, e a comida podendo ocupar somente o seu
papel de nutrição.
MAIS
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Fotos: Divulgação
Apesar de ser mais fre-
quente em crianças - 17% de-
las têm sonambulismo até os
13 anos - esses episódios tam-
bém podem acontecer em
adultos. Na população infan-
til, o sonambulismo pode ser
um fenômeno normal, relaci-
onado ao processo de amadu-
recimento do cérebro. Em cer-
ca de 65% dos casos existe um
componente genético de pre-
disposição a esse fenômeno.
Já nos adultos o sonambu-
lismo pode estar associado a
situações de estresse, consumo
de bebida alcoólica ou drogas,
além de doenças que alteram
o padrão do sono, como a ap-
neia do sono, e a ingestão de
medicamentos que interferem
nesse mecanismo.
O episódio de sonambulis-
mo pode durar de segundos a
minutos. Os movimentos po-
dem ser simples como sentar e
depois deitar na cama, chegan-
do até a situaçõesmais comple-
xas em que as pessoas saem de
casa e caminham na rua ou
pegam o automóvel e dirigem.
O sonâmbulo costuma agir
de olhos abertos, porém com
movimentos mais lentos do
que o usual e com olhar estáti-
co. Algumas pessoas andam
com os braços esticados, que é
uma forma de se equilibrar e
se localizar no quarto. As pes-
soas não costumam se lembrar
da situação no dia seguinte,
com exceção das situações que
envolvam força física ou atrito.
Apesar de não se recordar
do que acontece durante a cri-
se, a memória continua ativa.
Portanto, mesmo que ele tran-
que a porta da casa e a escon-
da, as chances de encontrar o
objeto durante a noite são
grandes.
Descubra por que
é importante
se preparar para a
cirurgia bariátrica
Nos adultos,
doença pode
estar ligada
ao estresse
COOMO LIDAR COMO SONAMBULISMO
)
Quando existem comportamentos que representam riscos à integridade física do
sonâmbulo ou daqueles que convivem com ele, é fundamental o tratamento com
medicamentos que atuem no padrão de sono.
)
Em alguns casos, dependendo do grau de sonambulismo é possível complementar
o tratamento com técnicas de relaxamento e psicoterapia.
)
Evitar o excesso de estímulos no ambiente do sono, com pouca luz e barulhos
externos
)
Evitar atividades que provocam agitação (televisão, celular, videogame e
computador) também são medidas para combater o sonambulismo.
)
Existe muita dúvida quanto a acordar ou não o sonâmbulo. Você pode direcionar o
sonâmbulo até a cama ou acordá-lo de forma tranquila, como acorda qualquer
pessoa. O único risco é da pessoa acordar confusa
)
Esconder objetos pontiagudos como facas, tesouras e navalhas
)
Trancar as portas e janelas e garantir que o sonâmbulo não saiba onde estão as
chaves
)
Priorizar sempre dormir em camas baixas, para evitar que ele se levante e caia de
uma altura que represente risco
)
Saber que, ao despertar durante um episódio de sonambulismo, o indivíduo pode
permanecer confuso ou agitado por alguns minutos.
“O paciente realiza
atividades, porém
sem objetivo, sem
memória e é muito
difícil acordá-lo. E
na maioria das
vezes, não se
lembra do que fez”.
Do neurologista do
Hospital Nossa Senhora
das Graças, Paulo
Rogério M de
Bittencourt.