BEM
PARANÁ
3
Política
CURITIBA, SEXTA-FEIRA, 19 DE SETEMBRO DE 2014
PALANQUE
ELETRÔNICO
Eleição mostra os
limites da propaganda
Se Marina Silva (PSB) chegar ao segundo turno da elei-
ção presidencial, como apontam as pesquisas, ficará evi-
denciado novamente que ao contrário do que acreditamos
políticos, partidos e marqueteiros, tempo maior na propa-
ganda eleitoral não significa necessariamente maiores
chances de vitória. Entre os três principais candidatos à
sucessão, Marina é o que tem o menor espaço, dois minu-
tos, contra quase doze de Dilma Rousseff (PT) e quatro de
Aécio Neves (PSDB). Mesmo assim, até agora sua campa-
nha é a mais efetiva e a que temdadomelhores resultados.
Isso porque a mensagem que a candidata passa, incluindo
aí sua história de vida, é muitomais convincente do que os
adversários. As eleições de Curitiba em 2012 tambémmos-
traram isso. Gustavo Fruet (PDT) tinha metade do tempo
do ex-prefeito Luciano Ducci (PSB). Ratinho Júnior (PSC)
tinhamenos ainda, não chegava a quatrominutos emcada
bloco. Mesmo assim, Ducci ficou fora do segundo turno,
disputado entre Ratinho e Fruet.
Vale tudo
Nas últimas eleições, os partidos tem muitas vezes
mandado às favas os escrúpulos e se aliado a legendas
com as quais não têm qualquer afinidade para garantir
mais tempo no horário eleitoral. Ficou famosa a foto de
Lula com Maluf no jardim da casa do último, nas elei-
ções paulistanas de 2012.
Bolos e salgadinhos
A campanha vai chegando à reta final, e Roberto
Requião (PMDB) apela para o tom apocalíptico. Em uma
“conversa franca e direta” sobre a crise nos presídios,
disse que o PCC comemorou aniversário em uma peni-
tenciária do Estado com bolos e salgadinhos.
Memória
Requião também afirmou que os agentes penitenci-
ários estão ameaçando fazer greve por falta de condi-
ções de trabalho. Só esqueceu que em seu último gover-
no, eles efetivamente entraram em greve por melhores
salários. A resposta do então governador na época: “O
salário é excepcional. Isso é safadeza política”. Questi-
onado sobre qual o tratamento daria à categoria caso ela
insistisse na greve, o peemedebista disse na ocasião: “é
pau, polícia e cacete”, entre outros imprompérios. A cena
está eternizada no Youtube (http://goo.gl/KVvj0R)
Desgaste
Requião parece cada vez mais nervoso e irritadiço
agora não só no contato com a imprensa, mas até no
horário eleitoral. Sintoma de problemas na campanha.
Modernidade
O programa de Beto Richa diz que “governador mo-
derno não pode ser apenas um bom gerente da área
pública”, mas “tem que ser um grande embaixador, re-
presentante da modernidade”.
Mea culpa
Dilma Rousseff diz que “durante muito tempo o go-
verno mais atrapalhou do que ajudou” os pequenos e
microempresários.
Verdade
Levi Fidelix (PRTB) repete há semanas trecho do
debate na Bandeirantes onde ele diz que “todo povo
ora, ninguém aguenta mais”. Tem toda a razão.
Relógio
Eymael – o democrata cristão – diz que tem só 45
segundos de verdade contra 11 minutos de fantasia.
Imagine se ele tivesse mais tempo.
Estou aqui
Aécio Neves comemorou como nunca os quatro pon-
tos que ganhou no último Ibope. Destacou que a diferen-
ça dele para Dilma “caiu pela metade”. Para quem era
dado como “morto”, qualquer subida tá valendo ouro.
Gavetas
A petista usou no início da semana pela primeira vez
no horário eleitoral, uma das peças da campanha “fan-
tasmas do passado”, que já havia sido veiculada pelo PT
em maio, e gerou polêmica ao tentar assustar os eleitores
com ums suposto risco de perda de conquistas sociais
caso a oposição vença a eleição. A propaganda resgatada
pela campanha petista, intitulada “Com gavetas”, afirma
que “nunca se combateu tanto a corrupção no Brasil”.
Ferrugem
A propaganda mostra imagens de gavetas de arqui-
vos de metal, nas quais, segundo a peça publicitária,
ficavam as denúncias de corrupção no passado. Mas
não cita nomes nem partidos. Ficou com cara de mensa-
gem cifrada que pouco acrescenta ao debate.
Matagal
Marina propôs na TV aumentar em 40% a área de
florestas plantadas no país. Os adversários brincam que
a ambientalista vai instituir o “bolsa cipó”.
Figurino
Na propaganda de rádio, Aécio disse que “Marina é
Dilma com outra roupa”. O tucano tem razão, afinal o
figurino de uma não daria certo na outra.
Beto Richa mantém
liderança no Datafolha
Governador segue com 44%, contra 30% de Requião e 10% da candidata do PT, Gleisi
Da Redação
O governador Beto Richa
(PSDB) manteve a liderança
das intenções de voto na elei-
ção para o governo do Esta-
do, em pesquisa Datafolha
divulgada ontem. Segundo o
instituto, se a votação fosse
hoje, Richa teria 44% dos vo-
tos, contra 30% do candidato
do PMDB, senador Roberto
Requião, e 10% da candida-
ta do PT, senadora Gleisi Ho-
ffmann. Considerando ape-
nas os votos válidos, Richa
tem 51,7% e pode vencer já
no primeiro turno.
Em relação ao levanta-
mento anterior do mesmo
Datafolha, Richa manteve os
mesmos índices de prefe-
rência do eleitorado, Re-
quião oscilou dois pontos
porcentuais a mais dentro
da margem de erro, e Gleisi
ficou estacionada.
Na pesquisa real izada
entre os dias 8 e 9 de setem-
bro, Richa tinha os mesmos
44%, o peemedebista apare-
cia com 28% e a candidata do
PT já estava com 10%. Entre
os demais candidatos, so-
mente Ogier Bucchi (PRP)
chegou a 1%. Bernardo Pilot-
to (PSOL), Geonisio Marinho
(PRTB), Rodrigo Tomazini
(PSTU), Tulio Bandeira (PTC)
não atingiram 1%.
Outros 6% dos entrevis-
tados manifestaram inten-
ção de votar em branco ou
anular o voto e 9% não sou-
beram responder.
Segundo turno –
O Data-
folha também fez uma simu-
lação de segundo turno entre
o governador e o candidato do
PMDB. Nesse caso, Richa te-
ria 51%da preferência do elei-
torado e Requião 36%. Bran-
cos e nulos somam 7% e in-
decisos 6%.
O senador peemedebista
também continua sendo o
mais rejeitado pelo eleitor,
segundo o institudo. Entre os
entrevistados, 25% declara-
ram que não votariam em
Requião de jeito nenhum. A
senadora petista vem em se-
guida, com 20%. Beto Richa é
rejeitado por 18% dos eleito-
res. A lista é completa por
Ogier Buchi (10%), Tulio Ban-
deira (10%), Bernardo Pilotto
(10%), Geonisio Marinho
(9%), e Rodrigo Tomazini
(9%). Outros 4%dos entrevis-
tados disseram que não vota-
riam em nenhum candidato,
enquanto 12% afirmaramnão
rejeitar nenhum dos concor-
Senado
Na disputa pelo Senado,
o candidato à reeleição, Ál-
varo Dias (PSDB), segue iso-
lado na frente, segundo o
Datafolha. De acordo com o
instituto, o tucano teria hoje
59% das intenções de voto,
contra 6% do candidato do
PMDB, o suplente de depu-
tado federal Marcelo Almei-
da, e 6% do candidato do
PCdoB, o ex-deputado fede-
ral Ricardo Gomyde. Adil-
son Silva (PRTB), Mauri Vi-
ana (PRP) , e Luiz Piva
(PSOL) tiveram 1% cada. Os
Alvaro Dias segue na liderança isolada
Justiça
O deputado estadual Leo-
naldo Paranhos (PSC), candi-
dato à reeleição, conseguiu na
Justiça Eleitoral que um usu-
ário do Facebook excluísse
uma foto de um cavalete adul-
terado com uma imagem do
deputado modificada artisti-
camente. O tatuador Henri-
que Pochmann Oyarzabal
pegou um cavalete do depu-
tado que estava entre duas
avenidas emCascavel (oeste),
fez uma intervenção, e publi-
cou em seu perfil pessoal uma
parodia do deputado com a
imagem dele com “camisa
aberta, com o peito tatuado e
com o número de urna modi-
ficado”, de acordo com a des-
crição do processo judicial.
O tatuador fez uma inter-
venção no banner de propa-
ganda do deputado e publi-
cou no Facebook como forma
de protesto contra o sistema
de cavaletes e a falta de in-
centivo à arte, segundo ele.
Paranhos não gostou da brin-
cadeira e entrou com uma
ação contra o jovem. “Não era
nada contra o deputado, foi
contra o sistema que não in-
centiva a arte”, disse o tatua-
dor. Na legenda da foto havia
uma sátira contra a falta de
recurso para a cultura. “Obra
50% financiada pelo governo;
até que enfim um incentivo à
arte”, dizia a legenda.
Depois da brincadeira
como cavalete, o tatuador que
mora em Cascavel (oeste) re-
cebeu uma intimação para
comparecer em uma audiên-
cia em Curitiba. Ele não teve
condições de cir à capital e a
Justiça determinou que ele
removesse a foto da interven-
ção sob pena de multa de R$
20 mil. A Justiça entendeu que
se tratava de propaganda elei-
toral negativa e não uma ma-
nifestação artística. “Aalteração
se deu unicamente na imagem
do candidato (ao apresentá-lo
de camisa aberta, com o peito
tatuado e com o número de
urna modificado) e não está
ligada a nenhuma charge, ne-
nhuma crítica, nenhum con-
texto político que possa justifi-
cá-la, o que demonstra de ma-
neira inequívoca a intenção de
única e simplesmente ridicu-
larizar o candidato”, diz a de-
cisão do juiz Leonardo Casta-
nho Mendes.
Depredação —
Paranhos
afirma que não sabia que a
coordenação da campanha
havia entrado com a ação,
Intervenção em cavalete é censurada
PLACAR
Os números da corrida para o governo, segundo o Datafolha
44
%
Beto Richa (PSDB)
30
%
Roberto Requião (PMDB)
10
%
Gleisi Hoffmann (PT)
* Demais candidatos: Bernardo Pilotto
(PSOL), Geonísio Marinho (PRTB),
Rodrigo Tomazini (PSTU) e Tulio Bandeira
(PTC) não atingiram 1%.
1
%
Ogier Buchi
(PRP)
6
%
Brancos
e Nulos
9
%
não
sabe
rentes e 15% não souberam
responder.
A pesquisa foi realizada
entre os dias 17 e 18 de se-
tembro. Foram entrevistados
1.256 eleitores em 46 muni-
cípios do estado. A margem
de erro é de três pontos per-
centuais, para mais ou para
menos. O nível de confiança
é de 95%. O levantamento foi
registrada no Tribunal Regi-
onal Eleitoral (TRE) sob o pro-
tocolo número PR-00035/
2014 e no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) sob protocolo
número BR-00665/2014.
candidatos do PSTU, Evan-
dro Castagna, e do PTC,
Luiz Barbara, não atingiram
1%.
Outros 9% dos entrevis-
tados optaram por anular ou
votar em branco e 18% não
souberam responder. No le-
vantamento anterior, de 15
de agosto, Alvaro tinha 57%,
Gomyde, 5%, Almeida, 4%,
Piva, 1%, Viana, 1%, Adil-
son, 1%, Luiz Barbara, 0%, e
Castagna, 0%. Brancos e nu-
los eram 9%, e indecisos,
23%.
mas conta que foi para coibir
a depredação constante dos
banners. “Fizemos para coibir
porque temmuita gente reco-
lhendo o display em tamanho
real e no caso dele fez algu-
mas pinturas, até não vi nada
de mau, mas tínhamos que
coibir a depredação”, afirma
o deputado. A peça publicitá-
ria é chamada de “display” e
é feita de compensado com a
imagem do deputado em ta-
manho real.
O tatuador Henrique Oyarzabal, de Cascavel: deputado não gostou da brincadeira
Divulgação