BEM
PARANÁ
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Geral
CURITIBA, SEXTA-FEIRA, 19 DE SETEMBRO DE 2014
Milenar e patrimônio da
humanidade: é a falcoaria
Arte de criar, treinar e cuidar de falcões e outras aves de rapina tem 80 praticantes no País, quatro no Paraná
Uma arte milenar, que sur-
giu antesmesmo do nascimen-
to de Cristo, vai aos poucos
ganhando espaço no Brasil e
no Paraná. Tradicional empaí-
ses europeus e desde 2010 clas-
sificada como Patrimônio Cul-
tural Imaterial da Humanida-
de pela Unesco (Organização
dasNações Unidas para a Edu-
cação, a Ciência e a Cultura), a
falcoaria—a arte de criar, trei-
nar e cuidar de falcões e outras
aves de rapina para a caça—é
hoje praticada por cerca de 80
apaixonados no Brasil. No Pa-
raná, são quatro os falcoeiros.
E um dos maiores especia-
listas brasileiros no assunto está
no Estado. É o médico veteri-
nário Renan Cardoso, funda-
dor da empresa Peregrinus CF,
que oferece serviços deContro-
le de Fauna emaeroportos, ae-
ródromos, portos, indústrias,
galpões, empresas e emoutras
situações. Renané tambémpre-
sidente e um dos fundadores
da Rapipar (Rapinantes do Pa-
raná), a Associação Paranaen-
se de Criadores, Reabilitadores
e Manejadores de Aves de Ra-
pina, que no próximo domin-
go realiza o 2º Curso deMane-
jo de aves de Rapina e Intro-
dução à Falcoaria, no Yellow
Ball Arco e Flecha, emPiraqua-
ra. O início do curso, com du-
ração de seis horas, está previs-
to para as 9 horas. Os interes-
sados deverão investir R$ 220
para participar.
Falcoeiro há nove anos, Re-
nan já se formou em Medici-
na Veterinária para poder fa-
zer de seu hobby e paixão, a
falcoaria, também sua profis-
são. Recentemente, dois de
seus falcões, o Virgulino e o
Lampião (eles são irmãos), fo-
ram 1º e 2º colocados, respec-
tivamente, do Encontro Nor-
deste de Falcoaria.
Para alcançar o ótimo resul-
tado, as aves tiveramde se sair
bem em quesitos como beleza
do lance, velocidade e a difi-
culdade da manobra realiza-
da. Fruto de um trabalho ár-
duo que todos os que deseja-
rem se tornar falcoeiros terão
de enfrentar. “A falcoaria é um
estilo de vida. Quemquer pra-
ticar a arte precisa ter tempo,
dedicação e deve conhecer
um falcoeiro experiente”, ex-
plica Renan. “Desde 1997 es-
tamos evoluindo no Brasil e,
no ano passado, fundamos a
Rapipar. Agora, estamos ten-
tando a regulamentação da
arte. Depende do Ibama (Ins-
tituto Brasileiro do Meio Am-
biente e dos Recursos Naturais
Renováveis)”.
Para aqueles que também
sonham em ter uma ave de ra-
pina, o primeiro passo é acal-
mar econdicionaroanimal, atu-
ando emsua psicologia. Ocon-
trole da ave é feitopela comida.
“Temos de abolir os reflexos ne-
gativos da ave ao homempara
que ela aceite sua presença. O
animal, porém, não é domesti-
cado. Eles são tranquilos num
geral, mas não aceitam, por
exemplo, carinho. É preciso ter
muito tempo e dedicação por-
que, como se trata de um ani-
mal silvestre, é preciso treina-
mento”, afirma Renan.
Para ser um falcoeiro, a
pessoa deve dominar uma
série de conhecimentos
como biologia da ave de
rapina, ecologia, técnicas
de treinamentos, arte em
couro, noções de tecnologia
de alimentos, nutrição, zoo-
tecnia, design de aviários,
entre outros. Os treinamen-
tos, inclusive, devemser di-
ários, já que a ave precisa
voar. Ela deve ainda fazer
trabalho de musculação e
condicionamento físico.
“A gente faz até contro-
le de peso. Tem de manter
o animal como se ele fosse
umatleta. Temque ser bem
musculado, com bom con-
dicionamento físico”, diz
Renan. Muitas vezes, para
acalmar o animal — que
possui uma visãomais agu-
çada —, um capuz venda
os olhos da ave. Além de
toda a dedicação, para ser
um falcoeiro é preciso ter
disposição para gastar um
bom dinheiro. Antes de
comprar a ave, o ideal é
conversar com alguém da
área que já tenha experiên-
cia. É importante também
buscar a literatura para se
aprofundar no assunto.
Depois, é a hora de com-
prar sua ave.
Atualmenteexistemqua-
tro criadouros no Brasil,
mas apenas três estão ven-
dendo. O preço das aves
podemvariar de R$ 800 até
R$ 6 mil. É também indis-
pensável a aquisição de
uma luva importada, pró-
pria para a falcoaria, que
tem duas camadas de cou-
ro. Para manter o animal, é
preciso alimentá-lo comcar-
ne. Renan, por exemplo,
alimenta suas aves com co-
dorna, camundongo e coe-
lho. O investimentomensal
nos bichos, contando a ali-
mentação e os cuidados ve-
terinários, chega a R$ 1mil.
Alémdisso, há sempre o ris-
co de a ave fugir.
“Só não perde ave
quemnão voa. Éumanimal
arredio que vai aos poucos
ganhando confiança, ao
ponto de comer na sua pre-
sença e na sua luva. Depois
que ele estiver responden-
do bem, você pode come-
çar a voar com a ave. Pri-
meiro em lugar fechados,
onde o animal não tem
como fugir. Depois, o obje-
tivo é ele ter voo livre”, fi-
naliza Renan.
Aves são
como atletas,
e fazem até
musculação
Renan com seu falcão Virgulino, vencedor de um encontro nacional de falcoeiros
SURGIMENTO
4.000
anos
é a idade estimada da prática da falcoaria, que
pode ter nascido na China. Na idade média, foi
associada a cavaleiros, tornando-se a arte dos
nobres. Hoje, diversos aeroportos brasileiros,
como os aeroportos internacionais de Confins,
Porto Alegre e do Rio de Janeiro, além dos
aeroportos de Vitória e da Pampulha, utilizam a
técnica para a redução de colisões de pássaros
com aeronaves.
Abracadabra em Curitiba
Festival de mágicas
Começouontem, emCuri-
tiba, o Festival de Mágicas de
Curitiba. Oevento, que acon-
tece ininterruptamente há 13
anos, cresce cada vez mais.
Para se ter uma noção, na 10ª
edição do festival, foram ape-
nas dois dias de evento no Te-
atro Regina Vogue. Agora, na
13ª edição, serãoquatrodiasde
evento, comshows, conferên-
cias e vendas demateriaismá-
gicos no teatro do Shopping
Estaçãoe tambémnoHotel Ita-
maraty, no Jardim Botânico.
SegundoAntenorDelfinoBo-
nifácio, mágicomais conheci-
do como Délfus e presidente
daAssociação dosMágicos do
EstadodoParaná (Magipar), o
Festival irá reunir de 60 a 70
mágicos e a expectativa é que
pelomenos 800 pessoas parti-
cipemdo evento.
“
“Hoje em dia, o
mercado está
muito bom para o
mágico. Há quem
faça trabalhos para
empresas e
palestras
motivacionais
recebendo cachê
de R$ 5 mil, as
vezes até mais de
R$ 10 mil. Já para
quem faz shows,
aniversários, a
remuneração base
é de R$ 300 por
evento. Depende
do que o mágico
faz
do presidente da
Magipar, Antenor
Delfino Bonifácio, o
Délfus
Franklin de Freitas