BEM
PARANÁ
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Política
CURITIBA, TERÇA-FEIRA, 23 DE SETEMBRO DE 2014
A presidente e candida-
ta à reeleição, Dilma Rous-
seff, afirmou ontem que a
Petrobras “já se recuperou
e bateu todos os recordes de
produção”. Ementrevista ao
Bom Dia Brasil, da TV Glo-
bo, a presidente destacou
que a própria agência inter-
nacional de
energia re-
c o nh e c e u
esse dado.
Ela garan-
tiu ainda
que as in-
vestigações
envolvendo
m e m b r o s
da empresa
em um su-
posto es-
quema de corrupção na es-
tatal não comprometem a
produção de petróleo nem
o pré-sal. “Esse será um
imenso fator de crescimen-
to para o Brasil. A produção
de petróleo é fundamental
para o País”, disse. “Toda
essa investigação não com-
promete o ritmo de desen-
volvimento (da empresa).”
Segundo Dilma, não há
dúvidas de que em breve o
País passará a ser exporta-
dor de petróleo. Ela afirmou
que, apesar de a Petrobras
ter sido a maior responsá-
vel pelo déficit brasileiro
nos últimos anos, o cenário
está controlado. “A dívida
está controlada. Não temos
flancos externos”, afirmou.
Dilma voltou a citar a cri-
se internaci-
onal para
justificar o
baixo cresci-
mento do
País e alguns
problemas
na econo-
mia, como a
inflação bei-
rando o teto
da meta. Se-
gundo ela, a
independência do Federal
Reserve (Fed, banco central
norte-americano), por exem-
plo, está baseada nomáximo
emprego, estabilidade no
curto prazo e juros modera-
dos no longo prazo. “Aqui é
considerado de extrema he-
terodoxia. Aqui (o BC) perse-
gue apenas a inflação”, afir-
mou. A presidente afirmou
que “hoje no mundo nin-
guém está conseguindo” al-
cançar todas as metas.
Petrobras
Dilma descarta prejuízo
para produção de petróleo
Em terceiro lugar nas
pesquisas eleitorais e com
a perspectiva de ficar fora
de um possível segundo
turno na eleição presiden-
cial, o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) voltou ao ata-
que contra suas principais
adversárias, a presidente
Dilma Rousseff (PT) e a ex-
senadora Marina Silva
(PSB), para tentar recuperar
espaço entre os eleitores. Ao
desembarcar ontem, para
participar de atos em Minas
Gerais, seu principal redu-
to eleitoral, o tucano afir-
mou que o programa de go-
verno da socialista é um
“conjunto de colagens que
são modificadas ao sabor do
vento” e que a petista “não
tem autoridade para pedir
ummandato” novo por cau-
sa das denúncias de corrup-
ção na Petrobras.
O senador chegou de
helicóptero no fim da ma-
nhã de ontem a Betim para
participar de carreatas na
cidade e em Contagem, os
dois maiores municípios da
região metropolitana de
Belo Horizonte. No segun-
do, porém, o programa teve
que ser alterado por causa
de um acidente automobi-
lístico no percurso e Aécio
apenas tomou café em um
bar e fez um discurso de
pouco mais de um minuto
para uma claque e um gru-
po de mi l itantes que se
concentrou em uma praça
da cidade. O tempo todo
ele estava acompanhado
dos candidatos do PSDB ao
governo de Minas, Pimen-
ta da Veiga, e ao Senado, o
ex-governador Antonio
Anastasia. Aécio intensifi-
cou os atos de campanha
em Minas para tentar reto-
mar a dianteira entre os
presidenciáveis no Estado
e impedir que a militância
tucana desanime diante do
atual cenário.
Campanha
Aécio Neves retoma
ataques a adversárias
Juiz nega acesso à
delação de ex-diretor
Sérgio Moro alega que antes de homologação de acordo não há como abrir informações à CPI
O juiz SergioMoro, respon-
sável pelas ações da Operação
Lava Jato que tramitam na Jus-
tiça Federal do Paraná, rejeitou
ontem, o pedido de comparti-
lhamento das informações da
delação premiada prestada
pelo ex-diretor Paulo Roberto
Costa ao Ministério Público
Federal. Sérgio Moro determi-
nou, conforme solicitado pelo
presidente da CPMI da Petro-
bras, senador Vital do Rêgo
(PMDB-PB), o encaminhamen-
to à Comissão de cópia dos de-
poimentos da contadora do
doleiro Alberto Youseff, Meire
Poza. Na última reunião da
CPMI, os parlamentares apro-
varama convoção da contado-
ra, mas ainda não há data pre-
vista para o depoimento dela
na Comissão.
“Reconheço o papel rele-
vante da CGU e das CPIs na
investigação criminal e no
controle da Administração
Pública. Também enalteço o
auxílio que a Petrobras S/A
tem prestado para investiga-
ção e instrução dos processos
nesse feito, bem como o legí-
timo interesse das três em
obter cópia dos supostos de-
poimentos prestados por
Paulo Roberto Costa. Entre-
tanto, omomento atual, quan-
do o suposto acordo e os even-
tuais depoimentos colhidos
sequer foram submetidos ao
Juízo, para homologação judi-
cial, não permite o comparti-
lhamento, sem prejuízo de
que isso ocorra no futuro”,
afirma o magistrado na deci-
são. O acordo de delação pre-
vê um acerto de Costa com o
MPF, que destacou uma for-
ça-tarefa de seis procuradores
para avaliar os depoimentos
do ex-diretor. Depois esse
acordo precisa ser levado ao
juiz para ser homologado.
A decisão responde às so-
licitações feitas pela CPI mis-
ta que investiga a Petrobras,
pela Controladoria-Geral da
União e pela própria estatal,
que manifestaram interesse
de ter acesso à delação que
vem sendo realizada por
Costa, preso na Lava Jato acu-
sado de participar de esque-
ma de lavagem e desvio de
dinheiro na Petrobrás.
Na semana passada, Costa
chegou a ir à sessãodaCPImis-
ta no Congresso, mas se man-
teve em silêncio. Caso desse
detalhes de seudepoimento ao
MPF, ele poderia perder bene-
fícios da delação premiada,
como a redução de sua pena.
Segundo tem sido divul-
gado pela imprensa, o ex-di-
retor teria revelado a existên-
cia de um esquema de co-
brança de propinas a políticos
envolvendo contratos da es-
tatal petrolífera. Foram cita-
dos mais de 30 políticos, den-
tre eles o presidente do Sena-
do, Renan Calheiros (PMDB),
e o governador do Ceará, Cid
Gomes (PROS).
Hoje, o presidente e uma
comissão de parlamentares
da CPMI serão recebidos pelo
presidente do Supremo Tribu-
nal Federal (STF), ministro
Ricardo Lewandowski, e pelo
ministro Teori Zavascki, rela-
tor dos processos da Opera-
ção Lava a Jato na Corte. Eles
querem convencer os minis-
tros a liberarem a documen-
tação para a comissão. O pro-
curador-geral da República,
Rodrigo Janot, também parti-
cipará do encontro.
A sociedade não pode
“assinar um cheque em
branco”, disse ontem, a can-
didata do PSB à Presidência
da República, Marina Silva,
em crítica aos adversários na
corrida ao Planalto. Ela argu-
mentou, em discurso na As-
sociação Nacional da Educa-
ção Católica (Anec), em Bra-
sília, que os oponentes não
formalizaram suas propos-
tas. “A sociedade não pode
assinar um cheque em bran-
co”, declarou a candidata.
A ex-senadora repetiu
que pretende trabalhar com
os “melhores” representan-
tes dos partidos e alegou
que a prática já é comum
em vários países do mundo,
onde os governos “escalam
os melhores”. Em sua visão,
será possível fazer alianças
programáticas e conseguir
maioria no Congresso por-
que a população também
votará pela mudança no
Parlamento. “A sociedade
está dizendo, de forma ma-
dura, que quer outra quali-
dade na política”, concluiu.
À uma plateia de edu-
cadores, Marina disse que
a educação pode fazer a di-
ferença na vida dos cida-
dãos e que é preciso uma
“visão estratégica” para a
área, de forma a reduzir as
desigualdades que ainda
prevalecem no País. “É pre-
ciso vencer as desigualda-
des regionais”, defendeu.
Ela também pregou a par-
ceria com instituições pri-
vadas de ensino para supe-
rar o “apagão” de mão de
obra qualificada.
“Cheque em branco”
Candidata do PSB critica
falta de programas
A candidata do PSB à Pre-
sidência da República, Mari-
na Silva, afirmou hoje (22)
que, se eleita, vai cumprir o
mandato de quatro anos e não
tentará a reeleição. Ao parti-
cipar de uma sabatina com
integrantes da Associação
Nacional de Educação Cató-
lica, em Brasília, a candidata
criticou o processo de recon-
dução aos cargos do Executi-
vo que, segundo ela, é “um
atraso para o país”. A ex se-
nadora se comprometeu a
defender uma reforma políti-
ca que mude essa regra já
para as próximas eleições.
“Estou antecipando que só
terei quatro anos de mandato
porque vamos apresentar o
projeto de reforma política
aumentando [o mandato] de
quatro para cinco anos”, dis-
se ela, explicando que a mu-
dança só valerá para o gover-
no seguinte e incluirá o fim
da reeleição. “O problema da
reeleição é esse de criar uma
confusão entre o uso institu-
cional para o exercício da fun-
ção e o uso dos meios e equi-
pamentos que são do Estado
para campanha. Essa é uma
ambiguidade que será resol-
vida com o fim da reeleição”,
afirmou.
No encontro, Marina des-
tacou pontos de seu progra-
ma de governo e reiterou com-
promissos como o de melho-
rias na área de educação e
implementação do ensino
em tempo integral nas esco-
las. A candidata descartou
rumores de que não dará se-
quência a programas sociais,
como o Bolsa Família.
Reeleição
Marina promete não
buscar novo mandato
Paulo Roberto Costa na CPI: na comissão ex-diretor da Petrobras ficou calado
“
“O momento atual,
quando o suposto
acordo e os
eventuais
depoimentos
colhidos sequer
foram submetidos ao
Juízo, para
homologação
judicial, não
permite o
compartilhamento,
sem prejuízo de que
isso ocorra no
futuro”.
da juiz Séregio Moro
Divulgação
Judiciário
A concessão de uma me-
dida liminar peloministro do
Supremo Tribunal Federal
(STF) Luiz Fux, na semana
passada, para estender o be-
nefício do auxílio-moradia
aos juízes federais, abre bre-
cha para beneficiar todo o Ju-
diciário brasileiro. Em ofício
encaminhado por Fux ao
presidente da Corte e tam-
bém do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), Ricardo
Lewandowski, na última
quarta-feira, oministro escla-
rece que a intenção é de fato
estender a vantagem a todos
os magistrados.
Já têm direito hoje ao be-
nefício ministros do Supre-
mo, do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), os conselheiros
do CNJ, além de juízes esta-
duais de 18 Estados e do Dis-
trito Federal e membros do
Ministério Público, desde
que não possuam residência
oficial ou imóvel funcional no
local de trabalho. Este foi um
dos argumentos apontados
na decisão da última segun-
da-feira, 15, para permitir
que a magistratura federal
também tivesse acesso ao
benefício imediatamente.
Lewandowski questionou
Fux a respeito do alcance da
decisão. Como ofício encami-
nhado ao presidente do CNJ,
Fux sinaliza que pretende
que todos os Estados incluam
o auxílio-moradia como bene-
fício aos magistrados. “Em
relação ao alcance da decisão,
cumpre destacar que a ratio
decidendi do provimento é
aplicável a todos os ramos do
judiciário brasileiro, o que
pode ser avaliado pelo CNJ
na regulamentação da maté-
ria”, escreveu o ministro. O
CNJ divide o Judiciário brasi-
leiro entre os ramos federal,
estadual e trabalhista.
Auxílio-moradia pode ser ampliado
Dilma voltou a
citar a crise
internacional para
justificar o baixo
crescimento do
m
País e alguns
problemas na
economia