BEM
PARANÁ
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Política
CURITIBA, QUINTA-FEIRA, 8 DE JANEIRO DE 2015
Ratinho Jr admite disputar
prefeitura de Curitiba em2016
Secretário diz que não dá para ignorar liderança em pesquisa, e que vai avaliar cenário até abril do ano que vem
Ivan Santos
Apesar de dizer que é
cedo para pensar nisso, o se-
cretário de Estado do Desen-
volvimento Urbano e deputa-
do estadual eleito Ratinho Jú-
nior (PSC) admitiu ontem a
possibilidade de se candida-
tar à prefeitura de Curitiba
em 2016. Até então, ele vinha
sinalizando a intenção de
“pular” a eleição do ano que
vem para se concentrar no
projeto político de concorrer
à sucessão do governador
Beto Richa (PSDB) em 2018.
Mas agora, Ratinho Jr reco-
nhece que não dá para igno-
rar o resultado do levanta-
mento da Paraná Pesquisas,
divulgado na última terça-fei-
ra, que o coloca na liderança
das intenções de voto para a
prefeitura da Capital, com
38% da preferência do eleito-
rado, contra 17%do atual pre-
feito Gustavo Fruet (PDT) e
10% do ex-prefeito e deputa-
do federal Luciano Ducci
(PSB). E que vai avaliar o ce-
nário até abril do ano que vem
para decidir o que fazer.
O prazo estipulado pelo
secretário – que saiu das ur-
nas de outubro último com
mais de 300 mil votos para
deputado estadual e ainda
garantiu para seu partido a
maior bancada na Assem-
bleia Legislativa, com doze
cadeiras – não é gratuito. Abril
é justamente o prazo limite
estipulado pela legislação
eleitoral para quem pretende
disputar a eleição municipal
se desincompatibilizar do
cargo no Executivo.
“Você com 38% (de inten-
ção de voto) falar que não é
candidato a nada é uma bo-
bagem. Eu digo que é uma
reflexão que tem que ser feita
lá na frente”, admitiu Ratinho
Jr ao BemParaná. “E uma ava-
liação que eu tenho que fazer
não sozinho. Mas com as pes-
soas que fazem parte do nos-
so grupo político lá na frente,
para lá emmarço, abril do ano
que vem fazer uma análise
mais profunda”, explicou.
Em 2012, Ratinho Jr apa-
receu como a grande surpre-
sa da eleição, terminando o
segundo turno com 39,35%,
contra 60,65% de Fruet. No
primeiro turno, ele já havia
surpreendido ao terminar na
frente, com 34,09% dos votos,
contra 27,22% do pedetista,
e 26,77% do então prefeito
Luciano Ducci – que tinha o
apoio do governador. Após a
eleição deste ano, chegou a
ensaiar uma disputa pela
presidência da Assembleia,
mas acabou abrindo mão em
favor do líder do governo, de-
putado Ademar Traiano
(PSDB), e aceitando convite
de Richa para voltar ao co-
mando da Sedu.
Desde então, ele e aliados
sinalizavam que uma nova
candidatura a prefeito estaria
fora de seus planos, pois o pro-
jeto seria concorrer ao gover-
no daqui a quatro anos. A pes-
quisa – que mostra um cená-
rio francamente favorável –
acaboumudando essa percep-
ção. “Eu tenho agora que fazer
uma interpretação e commui-
to cuidado, porque eu fui o
mais votado em Curitiba –
uma votação histórica para
deputado estadual na cidade
– e fui o mais votado no interi-
or”, reconhece o secretário.
“Então eu tenho que agora en-
tender essas demandas, va-
mos dizer assim, das pessoas
que acreditaram em mim. Eu
tenho um carinho por Curiti-
bamuitogrande, atéporque foi
aqui que eu cresci”, afirma,
ressalvando, porém, achar
“que é muito distante para a
gente pensar nisso”.
Assembleia
– Questiona-
do sobre porque desistiu de
disputar a presidência da As-
sembleia, apesar de ter sido
o mais votado e ainda garan-
tir a eleição da maior banca-
da na Casa, Ratinho Jr afir-
ma que tratou-se de um re-
cuo estratégico. “Eu não sou
de fazer nenhum tipo de en-
frentamento no sentido de
querer fazer um racha. Tinha
a minha candidatura e a do
(líder do governo, deputado
Ademar) Traiano, que em um
primeiro momento a gente
achou que poderia entrar em
um consenso, ele sendo pri-
meiro-secretário ou vindo
ocupar um outro cargo na
Mesa. Ou eu também. Mas
como a gente começou a ver
um movimento forte até de
outros partidos que não esta-
va na base (do governo) pró-
Traiano, e o governador tam-
bém fez um apelo, os própri-
os prefeitos, para que eu vol-
tasse para a Secretaria de De-
senvolvimento Urbano, eu
entendi que esse recuo seria
estratégico para poder fazer
um bom trabalho na Sedu”,
diz ele.
Sobre as dificuldades fi-
nanceiras enfrentadas pelo
governo nesse início de man-
dato, Ratinho Jr diz estar
tranquilo. É que ao contrário
de outras pastas, a Sedu não
depende de recursos do cai-
xa geral do Tesouro do Esta-
do para tocar seus projetos,
que são financiados por or-
ganismos nacionais e inter-
nacionais, através da Agên-
cia de Fomento. “Temos R$
400 milhões para este ano, o
que é bastante dinheiro”, co-
memora.
Ratinho Jr (PSC): “Tenho agora que fazer uma interpretação com muito cuidado”
Divulgação
“
“Você com 38% (de
intenção de voto
para prefeito de
Curitiba) falar que
não é candidato a
nada é uma
bobagem. Eu digo
que é uma reflexão
que tem que ser
feita lá na frente”
do secretário de Estado
do Desenvolvimento
Urbano e deputado
estadual eleito Ratinho
Júnior (PSC)
Menos de uma semana
depois de ter reassumido a
Secretaria de Estado de De-
senvolvimento Urbano, Rati-
nho Júnior (PSC) já se viu en-
volto em uma polêmica com
a prefeitura de Curitiba, dian-
te de uma ameaça de greve
de motoristas e cobradores de
ônibus da Capital. A catego-
ria ameaça cruzar os braços
por atrasos no pagamento de
adiantamento de salários pe-
las empresas. O Sindicato da
Empresas de Transporte (Se-
transp), por sua vez, alega que
o não pagamento é motivado
por atrasos nos repasses do
governo do Estado e da pre-
feitura. E a prefeitura atribui
o problema ao fato do gover-
no estadual – através da Co-
ordenação da Região Metro-
politana de Curitiba (Comec),
subordinada à Sedu – não ter
feito os repasses das últimas
parcelas do convênio que pre-
vê subsídio para a rede inte-
grada de transporte da RMC.
O secretário admite o atra-
so, mas afirma que está nego-
Transporte coletivo
“Subsídio deve diminuir de 15% a 20%”
ciando com a área econômica
do governo a regularização
dos repasses. Mas diz que a
dívida maior com o sistema é
da própria prefeitura. Além
disso, avisa que diante do re-
sultado da pesquisa origem-
destino encomendada pela
Sedu, que teria mostrado que
o peso dos usuários da RMC
sobre o sistema de transporte
da Capital é muito menor do
que se dizia, o valor do subsí-
dio deve ser reduzido signifi-
cativamente, caso haja reno-
vação do convênio.
Bem Paraná — Os moto-
ristas e cobradores de ônibus
chegaram a anunciar para
hoje uma greve alegando
atraso no pagamento de adi-
antamento de salários, que
acabou suspensa. O Sindica-
to das Empresas de Trans-
porte alega atraso nos repas-
ses da prefeitura e governo
do Estado. A Urbs alega que
o governo do estado não re-
passou R$ 16,7 milhões rela-
tivos às últimas parcelas do
convênio do subsídio. O que
acontece realmente?
Ratinho Jr —
Realmente
tem um atraso do governo do
Estado de três meses – de ou-
tubro, novembro e dezembro
– que dá um total de R$ 15 mi-
lhões. A informação que a
gente tem, que não está claro
ainda porque a Urbs não abre
isso para a Comec, pelo que
me passaram, é que a Urbs, a
prefeitura de Curitiba deve
mais R$ 16 milhões. Então o
que nós estamos tentando fa-
zer aqui da nossa parte é con-
vencer o secretário da Fazen-
da (Ricardo Costa) a pelo me-
nos pagar uma parte disso. E
a informação que o sindicato
das empresas de ônibus diz
que se o Estado puder repas-
sar R$ 5 milhões já aliviaria
bastante. Então estamos ten-
tando fazer essa engenharia
com o secretário da Fazenda
para atender esse pedido.
Essa é a nossa parte. Só que
nós representamos para o sis-
tema cerca de 20%. Então não
é querer jogar a culpa no colo
do outro, mas a prefeitura de
Curitiba está, em tese, muito
mais devedora do que nós. Aí
é que entra o colapso. Porque
a gente é responsável por
uma pequena parcela de todo
o bolo do transporte público.
BP — Como estão as ne-
gociações para a renovação
do convênio?
Ratinho Jr —
Estão em an-
damento. A Comec fez uma
pesquisa de origem-destino
que foi a primeira feita na his-
tória do transporte público da
região metropolitana e tam-
bém de Curitiba. Foram 128
mil entrevistas. Na época nós
convidamos a Urbs para parti-
cipar, eles abrirammão, não sei
qual omotivo. Eu julgo porque
eles não tinhamo interesse que
essa pesquisa saísse porque
daria um resultado que eles
não queriam. Internamente já
sabíamos mais ou menos pelo
nossos números que o peso da
região metropolitana é muito
menor do que se dizia para o
transporte público. Foi uma
pesquisa feita com a Fipe, li-
gada à USP, que ganhou uma
licitação. E que deu dado que
mostra que o transporte públi-
co tem um peso realmente
menor. Então eu acho que o
justo é o governo do Estado
pagar por aquilo que ele repre-
senta. Então nós vamos usar a
pesquisa – que nós colocamos
para todos os prefeitos da re-
gião metropolitana para parti-
cipar – e houve o aval da Asso-
mec. E vamos encaminhar
para todos os órgãos compe-
tentes, Ministério Público, Tri-
bunal deContas e oprópriogo-
verno para fazer uma discus-
são justa. O governo do Esta-
do sabe da sua responsabili-
dade, que tem uma parcela de
investimento para o transpor-
te. Oque o governo não quer é
pagar além daquilo que é sua
obrigação.
BP — Ou seja, deve haver
uma redução do subsídio?
Ratinho Jr—
Pela lógica di-
minui aí cerca de 15% a 20%
ou mais.
O deputado federal
Eduardo Cunha (PMDB-
RJ) afirmou ontemque a
citação de seu nome no
âmbito da operação Lava
Jato, que investiga desvi-
os na Petrobras, é uma
“tentativa política de ata-
car ” sua candidatura à
presidência da Câmara
dos Deputados. Em sua
conta no Twitter, Cunha
negou envolvimento com
o esquema e disse que
não admitirá prejuízos à
sua campanha, que pas-
saria ontem por Rio Bran-
co, Boa Vista e Manaus.
“No momento em que
defendo a Câmara inde-
pendente,
aparecem
aqueles patrocinados não
sei por quem a divulgar
parcialmente fatos inexis-
tentes”, escreveu.
Segundo reportagem
do jornal Folha de S. Pau-
lo, o Ministério Público
Federal vai pedir aval ao
Supremo Tribunal Fede-
ral para investigar Cu-
nha. O nome do deputa-
do foi citado no depoi-
mento do policial federal
Jayme de Oliveira Filho,
que fazia entregas de di-
nheiro pelo doleiro Alber-
to Youssef. O policial afir-
mou que teria levado va-
lores ao parlamentar em
sua casa no Rio.
Cunha afirmou que
não conhece Jayme nem
o doleiro Youssef, que o
condomínio citado no de-
poimento pelo policial
não é o dele e que o advo-
gado do investigado na
Lava Jato teria feito uma
petição para esclarecer o
endereço. “Repito: não
conheço o cidadão, não
fui acusado de nada e
meu endereço é outro,
completamente diferen-
te”, escreveu. Segundo
Cunha, em depoimento, o
policial fala que “ouviu
dizer ” que o endereço é
do parlamentar, mas não
pode afirmar que entre-
gou o dinheiro a ele.
O deputado disse ain-
da que não conseguirão
constrangê-lo com “a di-
vulgação de fatos inexis-
tentes” e reafirmou ino-
cência. “Não devo, não
temo nada, o fato não exis-
te e nem acusação tem.”
“Se a pólvora da bom-
ba deles é dessa qualida-
de, será tiro de festim na
água”, disse. “É lamentá-
vel que oponentes meus
usem desse expediente
baixo tentando me des-
qualificar.”
Lava Jato
Eduardo
Cunha nega
envolvimento
no esquema
MAIS
Na página 6
Aministra doDesenvolvi-
mento Social e Combate à
Fome (MDS), Tereza Campe-
llo, foi reconduzida ontem ao
cargo. No fim da cerimônia,
em entrevista aos jornalistas,
ela disse que o Programa Bol-
sa Família não sofrerá cortes
e que o MDS, com outros mi-
nistérios, fará parte de um es-
Bolsa Família
Ministra descarta corte de verbas
forço para redução de gastos.
“Existe um esforço con-
junto de reduzir custos da
máquina administrativa.
Sempre é possível melhorar
o gasto público. Faremos
parte do esforço, sem redu-
zir direitos. Esta é a orienta-
ção da presidenta”, salien-
tou. Entre os desafios da pas-
ta para os próximos quatro
anos, ela destacou a geração
de oportunidades. “Temos
um desafio grande com a
qualificação profissional,
porque nos interessa apro-
ximar cada vez mais o pú-
blico da qualificação profis-
sional com as vagas de em-
prego no Brasil.”
Terminada a temporada
de transmissão de cargos aos
novos ministros, o PTB jun-
tou-se ontem ao grupo de le-
gendas insatisfeitas com o es-
paço recebido no governo. A
presidente nacional do parti-
do, Cristiane Brasil (RJ), disse
que o novo ministro do De-
senvolvimento, Indústria e
Ministério
PTB se diz “independente”
Comércio Exterior, o senador
Armando Monteiro (PE), é
uma escolha pessoal da pre-
sidente Dilma Rousseff.
Para Brasil, apesar de
Monteiro, o PTB continua sem
comandar ministério, assim
como no primeiro governo
Dilma. “Ele é uma escolha
pessoal da presidente Dil-
ma”, afirmou. Cristiane Bra-
sil disse que sua legenda irá
apoiá-lo, mas afirmou que o
partido é independente. “In-
dependente, porém torcendo
muito por ele”, disse. Apesar
da ressalva, o PTB levou à
posse ontem, 21 de seus 25
deputados e quatro de seus
seis senadores.
“
“Se a pólvora da
bomba deles é
dessa qualidade,
será tiro de
festim na água”
do deputado federal
e candidato à
presidência da
Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB/RJ)