6
Geral
CURITIBA, QUINTA-FEIRA, 8 DE JANEIRO DE 2015
BEM
PARANÁ
Três anos após ser conquis-
tada, a integração do transpor-
te coletivo de Curitiba e Região
Metropolitana está ameaçada.
O acordo atual venceu no últi-
mo dia 31 e apesar de tanto a
Prefeitura de Curitiba quanto
o Governo do Estado garanti-
rem que há interesse na reno-
vação do convênio, tratado
como uma conquista histórica,
o desfecho para a situação pa-
rece distante.
O problema começa pelas
pendências financeiras do
Governo do Estado. De acordo
com a Urbs, o débito atual é de
R$ 16,5 milhões, valor referen-
te aos meses entre outubro e
dezembro. Segundo Roberto
Gregório, presidente da insti-
tuição, até agora a Comec (Co-
ordenação da Região Metro-
politana deCuritiba) não infor-
mou como e quando pretende
quitar o débito.
“No dia 30 de dezembro,
solicitamos à Comec um posi-
cionamento formal quanto à
Greve de ônibus de
Curitiba é suspensa
Prefeitura abre crédito adicional para cobrir salários de motoristas e cobradores
A greve dos motoristas e
cobradores de ônibus, que co-
meçaria à zero hora de hoje, foi
suspensa pelo Sindicato dos
Motoristas e Cobradores de
Curitiba e Região Metropolita-
na (Sindimoc) após a Prefeitu-
ra de Curitiba abrir um crédito
adicional de R$ 3,8milhões por
meio do Fundo de Urbaniza-
ção. O valor será repassado às
empresas do transporte coleti-
vo para o pagamento do salá-
rio dos trabalhadores.
Segundo informou o presi-
dente daUrbs, RobertoGrego-
rio da Silva Junior, o dinheiro
já estará na conta dos traba-
lhadores até as 14h de hoje.
Cerca de uma hora após o
anúncio do repasse, o Sindi-
moc resolveu dar um voto de
confiança à Prefeitura e sus-
pendeu a paralisação. Contu-
do, se o dinheiro não chegar,
será retomada a greve geral.
“Estamos dando um voto
de confiança ao prefeito Gus-
tavo Fruet, acreditando que os
trabalhadores receberão seus
salários. Por isso suspende-
mos a greve”, explicou o pre-
sidente do Sindimoc, Ander-
son Teixeira.
No Twitter, o prefeito Gus-
tavo Fruet falou sobre o crédi-
to adicional. “Acabo de assinar
decreto autorizando repasse
de R$ 3,8 milhões para que as
empresas de ônibus paguem
em dia o salário de cobrado-
res e motoristas.É fundamen-
tal evitar que trabalhadores fi-
quem sem receber seus venci-
mentos, o que motivaria a pa-
ralisação do sistema de trans-
porte, gerando prejuízo para
todos”, escreveu.
Ocrédito adicional, porém,
não será suficiente para cobrir
todo o débito existente com as
empresas de transporte. Se-
gundo a Urbs, a dívida é de R$
9,4 milhões e os atrasos nos re-
passes estão acontecendo por-
que o Governo do Estado ain-
da deve cerca de R$ 16,5 mi-
lhões referentes aos subsídios
que garantem a integração
metropolitana com uma tarifa
de R$ 2,85.
“Os R$ 3,8 milhões foram
remanejados peloprefeitopara
evitar a greve e atender essa
questão emergencial”, expli-
cou Roberto Gregório. “Se o
GovernodoEstado tivessecum-
prido como prometido, não te-
ríamos tido esses problemas”.
E é exatamente por conta
dos atrasos dos repasses do
Governo do Estado que osmo-
toristas e cobradores de ônibus
deverão protestar nesta quin-
ta-feira, mesmo com a greve
suspensa. O alvo da manifes-
tação será a Comec, que seria
“opivôdos problemas do trans-
porte de Curitiba e RegiãoMe-
tropolitana”.
Integração com RMC ainda corre risco
renovação da Rede Integrada
de Transporte (RIT). Eles pedi-
ram um prazo para responder
até o dia cinco (anteontem),
mas não deram retorno. No
dia 26 de dezembro, também
fizemos uma solicitação for-
mal à Comec sobre o paga-
mento das pendências finan-
ceiras, que totalizam cerca de
R$ 16,5 milhões. Também não
tivemos resposta. Para nós, isso
deixa claro o desinteresse do
Governo do Paraná na renova-
ção da parceria”, afirmou o
presidente da Urbs.
Por outro lado, a Comec
garantiu, em nota enviada à
imprensa, que o Governo do
Estado trabalha pela manu-
tenção da Rede Integrada de
Transporte (RIT), garantindo
ainda ter enviado em outubro
do ano passado um ofício à
Urbs, no qual teria manifesta-
do, “de forma clara e objetiva,
a intenção de manter o convê-
nio que garante a integração
do transporte coletivo”.
Mas se tem interesse na
renovação do convênio, o que
estaria emperrando a renova-
ção do acordo? É aí que o im-
bróglio começa a ganhar novos
capítulos. No dia 11 de novem-
bro, a Prefeitura reajustou a
tarifa paga pelo passageiro
para R$ 2,85, o que reduziria a
necessidade de subsídios. No
dia 17 do mesmo mês, a Co-
mec divulgou a pesquisa Ori-
gem-Destino. O estudo indi-
cou que o porcentual de pas-
sageiros metropolitanos trans-
portado é quase 10%maior do
que o informado pela Urbs –
31,2% ante 21,7%. - e também
apontou que o custo por pas-
sageiro metropolitano é infe-
rior ao que afirmava a Prefei-
tura de Curitiba.
AUrbs critica o estudo, que
teria diversas falhas, mas a
Comec pretende renovar o
convênio utilizando tal pes-
quisa como base, o que redu-
ziria os subsídios em até 20%.
Contudo, em fevereiro a tarifa
técnica terá novo reajuste. Por-
tanto, a necessidade de aporte
não cessará. Uma possível so-
lução neste momento, segun-
do apontou Gregório, seria a
separação financeira, com a
manutenção da integração
operacional. Desta forma, a
Urbs seguiria responsável pe-
los três consórcios da Capital,
enquanto o Governo do Esta-
do teria de pagar as empresas
metropolitanas.
Uma reunião entre a Urbs
e a Comec deve acontecer
ainda nesta semana. O diálo-
go, porém, só deve avançar
após a Urbs encaminhar a pla-
nilha com o saldo do Fundo
de Urbanização de Curitiba
(FUC), cujo pedido teria sido
feito dois meses atrás. Como
é do FUC que são transferidos
os recursos para as empresas,
o Governo do Estado poderia
utilizar um e ventual saldo
como argumento para redu-
zir os subsídios repassados
ao setor.
Casa de Apoio já recebeu
primeiros índios
Cerca de 30 índios já
ocupam a Casa de Apoio ao
indígenas emCuritiba, aber-
ta na última terça-feira. O
lugar abriu capacidade para
70 pessoas e funcionará nes-
ses moldes durante dois
meses, quando novas medi-
das deverão ser tomadas
pelos órgãos envolvidos. A
Prefeitura de Curitiba, por
meio da Fundação de Ação
Social (FAS), também fará a
supervisão técnica do servi-
ço e permanecerá fornecen-
do no período passagens de
ônibus para os indígenas
que desejarem retornar a
seus municípios de origem.
“Temos a necessidade
urgente de proteger princi-
palmente crianças e adoles-
centes que estão em situa-
ção de rua ou trabalhando,
o que não é permitido por
lei”, afirmou a promotora
Laís Letchacovski, da Pro-
motoria de Justiça da Vara
de Infância e Juventude de
Curitiba, representando o
Ministério Público. “A prio-
ridade desta casa será dar
proteção à criança e ao ado-
lescente indígena. Por isso
ela será destinada apenas a
indígenas que estão na cida-
de para comercialização de
artesanato”, disse a presi-
dente da FAS, Marcia
Oleskovicz Fruet. A Funda-
ção já vinha atendendo os
indígenas oferecendo aco-
lhimento na Central de Res-
gate Social.
O imóvel foi cedido pela
Prefeitura de Curitiba e o
serviço, coordenado pela
Fundação Nacional do Índio
(Funai). O governo do Esta-
do se responsabilizará pelo
fornecimento de mobília,
utensílios domésticos e ma-
nutenção predial.rior do Pa-
raná e de outros estados,
estejam em situação de rua
em Curitiba.
Valquir Aureliano
FAS
Motoristas na Praça Rui Barbosa fizeram encontro ontem. Presidente da Urbs, Roberto Gregório, em entrevista coletiva
Índios chegam na Casa de Apoio da FAS: ajuda
O Papa Francisco nomeou
Dom José Antônio Peruzzo o
novo arcebispo de Curitiba, no
Paraná. Adecisão foi confirma-
da pela Arquidiocese de Curi-
tiba ontem depois de um co-
municado enviado pela Nun-
ciatura Apostólica no Brasil. A
arquidiocese vinha sendo co-
mandada interinamente des-
de o dia 1ª de julho de 2014
pelo bispo-auxiliar Dom Rafa-
el Biernaski, após a morte do
arcebispo Dom Moacyr Vitti,
aos 73 anos, no dia 26 de ju-
nho de 2014.
Dom José Antônio Peruzzo
nasceu em Cascavel, no oeste
Decisão do Papa
Dom Peruzzo vira novo arcebispo
do Paraná, tem 54 anos e foi
nomeado bispo de Palmas e
Francisco Beltrão pelo papa
Bento XVI no dia 24 de agosto
de 2005. Tem como lema epis-
copal “Fazei discípulos... Ensi-
nai”. Ele é mestre e doutor em
Ciências Bíblicas pela Pontifí-
cia Universidade de Santo To-
más de Aquino, em Roma, na
Itália. Atualmente, também é
bispo referencial da Pastoral da
Pessoa Idosa da Confederação
Nacional dos Bispos do Brasil.
“Assustei-me num primei-
ro momento, depois senti
também comoção. Com um
desafio desta magnitude es-
tou abrindo caminhos e espe-
ro que outros tambémpossam
percorrer estradas semelhan-
tes e conhecer o quanto a
evangelização pede o máxi-
mo”, comentou ao completar
que o maior desafio que deve
enfrentar será “evangelizar
na grande cidade”. “Isto é o
que mais exige reflexão, cria-
tividade e dedicação.”
O novo arcebispo deve as-
sumir o cargo - o principal da
Igreja Católica no Paraná – no
fim de março. Porém, ainda
não há previsão do anúncio de
quem deve substitui-lo à fren-
te da diocese do sudoeste.
Mesmo nas férias
Número de doações de sangue em alta
A solidariedade dos para-
naenses neste período de fé-
rias temmantido os estoques
de sangue em níveis seguros
no Estado. Após o apelo do
Hemepar para que as pesso-
as doassem sangue antes de
viajar, o número de coletas
aumentou e garantiu o abas-
tecimento dos 384 hospitais
atendidos pela hemorrede
estadual. Durante os oito dias
úteis entre o feriado de Natal
e Ano-Novo, as 22 unidades
do Hemepar no Paraná rece-
beram 3.749 doadores volun-
tários. O maior movimento
foi registrado na unidade de
Curitiba, com 1.058 doações.
No dia 30 de dezembro, por
exemplo, havia pessoas à es-
pera para doar sangue mes-
mo após o fechamento da
unidade, às 18h30.
De acordo com o diretor-
geral do Hemepar, Paulo
Hatschbach, os números re-
gistrados superaram as ex-
pectativas para esta época do
ano. “Tínhamos umreceio de
que houvesse uma queda de
30% no número de doações.
Contudo, o que aconteceu foi
umaumento de 18,5%em re-
lação ao mesmo período de
2013”, destacou. Em dezem-
bro de 2014, a hemorrede es-
tadual recebeu 12.194 doa-
ções, contra 10.290 coletas no
ano anterior. “A população
atendeu ao nosso pedido, se
sensibilizou e veio doar san-
gue. Isso mostra que o povo
paranaense é solidário e sem-
pre responde quando mais
precisamos”, enfatizou.
DICAS
Saiba como doar sangue
Para se tornar doador é preciso ter de 16 a 69 anos,
passar por uma breve entrevista e ser considerado
apto nos exames solicitados. Homens podem doar
sangue a cada dois meses, enquanto as mulheres têm
que aguardar o intervalo de três meses entre cada
doação. Cada bolsa de sangue pode beneficiar até
quatro pessoas, visto que o sangue pode ser utilizado
integralmente ou de forma fracionada em hemácias,
plaquetas, plasma e crioprecipitado.
Fotos: Valquir Aureliano