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BEM
PARANÁ
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Política
CURITIBA, SEXTA-FEIRA, 12 DE AGOSTO DE 2016
Crise e proibições derrubam
a “indústria da campanha”
Agências de publicidade e gráficas prevêem baixo faturamento com eleições municipais deste ano
POLÍTICA EM DEBATE
Ivan Santos | Com a colaboração dos editores do BEMPARANA |
José Marcos Lopes
A campa-
nha eleitoral
mais curta e
cheia restri-
ções parama-
teriais de pro-
paganda vai pesar no bolso de
agências de publicidade e grá-
ficas. Neste ano o período da
campanha foi reduzido pela
metade, de 90 para 45 dias, e
estão proibidos materiais utili-
zados em anos anteriores,
como cavaletes e outdoors.
Outro fator é a restrição no fi-
nanciamento, já que pessoas
jurídicas não poderão fazer
doações para candidatos.
Para as agências de publi-
cidade, as novas regras signi-
ficam mais trabalho e menos
dinheiro entrando. “Com a
proibição das doações de em-
presas, sem dúvida o dinhei-
ro que corria nas outras cam-
panhas vai diminuir conside-
ravelmente”, afirma o publi-
citário Kal Gelbecke, membro
da diretoria e ex-presidente
do Sindicato das Agências de
Propaganda do Paraná (Sina-
pro-PR). “Muitos profissionais
que trabalhavam com custos
maiores estão se adaptando
Novo pacote
O governo Beto Richa estuda enviar à
Assembleia
Legislativa
um novo pacote de medidas de ajuste
fiscal para reforçar o caixa do Estado. O líder da
bancada de situação, deputado Luiz Cláudio Romanelli
(PMDB) confirmou a informação, mas não deu detalhes
das propostas, alegando que elas ainda estariam sendo
estudadas. Parlamentares da base aliada relataram que
foram consultados pelo Executivo sobre a viabilidade
de medidas que incluiriam a instituição de taxas de
fiscalização e exploração de recursos hídricos, a
possibilidade de que estatais como Copel e Sanepar
vendam imóveis sem autorização prévia do Legislativo e
mudanças na Receita Estadual. Segundo eles, o novo
pacote deve provocar muita polêmica e há dúvida se
ele deve ser votado antes das eleições municipais.
ou não estão aceitando traba-
lhar com valores melhores. É
como trabalhar o dobro e ga-
nhar menos”.
Gelbeckedizque, apesar da
diminuiçãodos recursos, a cam-
panha deste ano deverá exigir
aindamaisdosprofissionais. “O
trabalho não diminuiu e emal-
guns casos até aumentou. Nas
campanhas para prefeito, ape-
sar de os programas de TV se-
remmenores eles serãodiários,
antes tinha um revezamento
com os candidatos a vereador.
Programas diários exigem um
sacrifício maior e um cuidado
maior. É como se fosse uma no-
vela, todo dia tem um progra-
manovo”. Ele lembra aindaque
o uso das redes sociais exigiu
uma profissionalização. “OFa-
cebook, por exemplo, também
exige uma produção de vídeo,
uma equipe e atenção diária,
quase full time”.
O presidente da regional
paranaense da Associação
Brasileira da Insdústria Gráfi-
ca (Abigraf-PR), Jair Leite,
avalia que o tempo de cam-
panha reduzido pesará mais
no bolso para o setor do que
as restrições orçamentárias ou
de materiais. “Imaginamos
que essa campanha será rela-
tivamente pobre porque será
muito rápida”, diz. “Algumas
gráficas sempre acabam pe-
gando campanhas grandes,
mas no geral vai cair, porque o
prazo será muito curto e não
vai dar para os candidatos fa-
zeremmuitos giros. E até ago-
ra nenhuma campanha tem
sequer CNPJ”. A legislação
eleitoral determina que todos
os materiais de campanha
devem ter CNPJ.
Mesmo com a expectativa
de queda, Leite avalia que as
gráficas ainda têm um papel
essencial nas campanhas. “Os
materiais gráficos sempre são
Pedro de Oliveira/Alep/divulgação
Santinhos: gráficas prevêem campanha “pobre”
Franklin de Freitas
Ar-condicionado
A empresa Termsul Engenharia ven-
ceu pregão eletrônico realizado pela Câ-
maraMunicipal de Curitiba para amoder-
nização do sistema de ar-condicionado de
três prédios da Casa. O serviço será reali-
zado por R$ 1.699.500,00, sendo que o va-
lor máximo estipulado era de R$
2.596.512,08, uma economia de 35%, se-
gundo a direção do Legislativo da Capital.
Consumo
Entre os serviços que deverão ser pres-
tados estão a retirada do sistema exis-
tente e a adequação com obras civis e
das instalações elétricas. De acordo Fabi-
ano Petroski, pregoeiro da Câmara, o sis-
tema atual de climatização da Câmara
está em funcionamento com aparelhos
de alto consumo de energia elétrica e de
manutenção cara. Além disso, afirma, o
uso nos atuais aparelhos de gás prejudi-
cial à camada de ozônio, o que não ocor-
re nos novos equipamentos. “A moder-
nização do sistema de refrigeração vai
trazer cerca de 40%de economia de ener-
gia elétrica. Além disso, como o novo sis-
Assessoria e Consultoria pela prefeitura
de Cerro Azul (Região Metropolitana de
Curitiba), por R$ 254.050,54, entre 2010
e 2012. O ex-prefeito Dalton Luiz de
Moura e Costa (2009-2012) foi responsa-
bilizado e recebeu uma multa de R$
725,48 e outra de R$ 76.215,16, corres-
pondente a 30% sobre o dano. As multas
totalizam R$ 76.940,64. Segundo o tribu-
nal, a contratação de consultorias dessa
natureza são admitidas para a prestação
de serviços que exijam notória especiali-
zação, desde que seja demonstrada a sin-
gularidade do objeto ou envolva deman-
da de alta complexidade.
Diárias
Em outra decisão, o TCE condenou o
prefeito de Rio Bonito do Iguaçu, Irio
Onélio de Rosso, a devolver R$ 14.558,71
gastos irregularmente em 2014 com diá-
rias e ressarcimento de despesas. Os téc-
nicos do tribunal constataram que houve
o pagamento de diárias em quantidade
elevada, desrespeitando os princípios
administrativos. O prefeito reconheceu
o erro no pagamento das diárias e efe-
tuou a devolução dos valores.
tema é modular, pode ser reutilizado em
outro lugar, por exemplo. Ou seja, caso a
Câmara mude de sede, pode ser levado
para o outro espaço”, explica.
Adiantamento
OTribunal de Contas do Estado (TCE-
PR) julgou irregulares os contratos de em-
preitada para roçada da prefeitura de
Matinhos (Litoral), no valor de R$
685.825,80, de 2001 a 2003. O ex-prefei-
to Acindino Ricardo Duarte (gestor de
2001 a 2002); o então secretário munici-
pal de Obras e Urbanismo Francisco Car-
los Ricardo de Mesquita; e o presidente
da empresa contratada, Marcos Henri-
que Correa, foram responsabilizados pela
irregularidade e terão que devolver, soli-
dariamente, o valor integral gasto com
essas despesas, corrigido desde a data
dos pagamentos. Entre as irregularida-
des estão falta de medições da execução
dos serviços e pagamentos adiantados
Multa
OTCE também julgou irregular a con-
tratação da empresa AWM Serviços de
uma aposta dos candidatos.
Eles têm como recursos as mí-
dias sociais, o corpo a corpo e os
materiais impressos”, afirma.
Diante da crise e do receio dos
empresários do setor, a Abigraf
nacional produziuuma cartilha
paraorientar sobre as restrições.
Novas plataformas –
O
consultor emmarketing e pro-
fessor da Universidade Está-
cio de Sá Diniz Fiori avalia que
é normal a adequação das
campanhas. Ele lembra que
brindes, como bonés e cami-
setas, eram comuns antes.
“Isso vemmudando ao longo
dos anos. As plataformas mu-
daram”, define. “Hoje, não se
ganha mais com os santinhos
como eles eram feitos antiga-
mente. O eleitor que pedia
boné em troca do voto está
fora. O que é bom para a de-
mocracia”.
Já Kal Gelbecke diz não ver
problemas na distruição de
brindes. “Não vejo como um
problema. Arapongas (cidade
paranense que é a maior pro-
dutora de bonés do país) deve
estar sentido esse baque até
hoje. São coisas que animam. A
campanha nas ruas precisa ter
vida, quando começama cortar
ações ela se tornamuito rígida”.
Um problema comum
enfrentado por gráficas que
fazem materiais para can-
didatos é o calote: políticos
que, passada a campanha,
não pagam pelos serviços
prestados. Segundo Jair Lei-
te, presidente da regional
paranaense da Associação
Brasileira da InsdústriaGrá-
fica (Abigraf-PR), as empre-
sas costumamcobrar adian-
tado de candidatos. Neste
ano, com crise econômica e
proibição da doação de em-
presas para candidatos, o
cenário pode piorar.
“Sabemos de empresas
que fecharamemfunçãodis-
so”, comenta Leite. “Ogran-
de problema é que o cliente
de política é sazonal, ele faz
osmateriais e sódaqui aqua-
tro anos vai fazer de novo.
Não é assimtão frequente (o
calote), mas é um fato de ris-
co. Por isso, muita empresas
cobramadiantado”.
Se por um lado a cam-
panha deste ano tem res-
trições orçamentárias, por
outro os principais candida-
tos darão um jeito de se fi-
nanciar, avalia o cientista
político e professor da Uni-
versidade Federal do Para-
ná (UFPR) RicardoOliveira.
“Os grandes grupos econô-
micos sempre encontram
um mecanismo para bene-
ficiar as candidaturas, o que
muitas vezes só é constata-
do anos depois”, afirma.
Risco
Temor de
calote aumenta
“Muitos
profissionais que
trabalhavam com
custos maiores
estão se
adaptando ou não
estão aceitando
trabalhar com
valores
melhores”.
do publicitário
Kal Gelbecke
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