P olítica em D ebate Ivan Santos com colaboração dos editores do Bem Paraná [email protected] + em www.bemparana.com.br Fux deve julgar recurso de ‘ex-braço-direito’ de Richa Da Redação O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, deve julgar pedido de habeas corpus do ex-che- fe de gabinete do ex-governador Be- to Richa (PSDB), Deonilson Roldo, preso em setembro do ano passado na operação Piloto, 53ª fase da Lava Jato, que investiga um esquema de pagamento de propina pela Odebre- cht ao grupo político do tucano em troca de favorecimento em uma li- citação para obras de duplicação da PR 323 (região Norte), em 2014. No último sábado, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, acatou pedido semelhante e determinou a soltura do empresário Jorge Atherino, preso na mesma operação, e apontado pe- lo Ministério Público Federal como o “operador financeiro” do esquema. Em relação a Roldo, Toffoli enca- minhou nomesmo dia, umpedido de informações ao juiz Paulo Sergio Ri- beiro, da 23.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, antes de tomar uma de- cisão. E indicou que a decisão final seria de Fux, que assumiu interina- mente a presidência do STF na últi- ma segunda-feira, com a responsa- bilidade de julgar esse tipo de pedi- do até o fim do recesso do Judiciário. Na resposta ao Supremo ontem, Ribeiro reiterou as razões da prisão de Roldo e Atherino, afirmando que a suspensão da prisão preventiva do ex-chefe de gabinete do tucano po- deria colocar em risco as investiga- ções e o andamento do processo. “Os fundamentos das prisões preventi- vas (...)não estão restritos aos deli- tos objeto da denúncia da ação penal (...). Abordam também outros ele- mentos de informação colhidos no curso da investigação, em especial a intensa atividade financeira suspei- ta por parte dos investigados, a in- dicar fundado risco concreto de rei- teração da prática de crimes de lava- gem de dinheiro”, alegou o juiz. Ribeiro também afirmou que a pri- são de Roldo “foi decretada na pa- ra a garantia da ordem pública, pa- ra afastar os riscos de renovação de crimes de corrupção e de lavagem, além de necessária pela elevada gra- vidade em concreto dos crimes em apuração”. Caixa dois Roldo e Atherino foram presos sob a acusaçãode participaremde umes- quema que teria recebido pelo me- nos R$ 3,5 milhões da Odebrecht em 2014,para favorecer a empreiteira na licitação para obras da PR 323. O di- nheiro seria destinado ao caixa dois de campanha de Richa, que dispu- tou a reeleição para o governo na- quele ano. Entre as provas apresentadas es- tão a gravação de uma conversa em que Roldo pede ao empresário Pedro Rache, do grupo Bertin, e controla- dor da empresa Contern, que se afas- te da concorrência porque o governo teria “compromissos” com a Odebre- cht, e pede que a Contern se afaste da disputa em troca da participação em negócios com a Copel. No pedido de prisão de Roldo, o MPF apontou ain- da suspeitas de que Roldo estava tra- balhando na coordenação da campa- nha de Beto Richa ao Senado nas elei- ções de 2018. Os advogados do ex-chefe de ga- binete alegam que os fatos descri- tos na denúncia teriam ocorrido em 2014, quatro anos antes da prisão, e que Roldo, assim como o grupo po- lítico de Richa – que não conseguiu se eleger senador – estão afastados do poder e não teriam como influir- na investigação. Liquidação O MDB do Paraná cogita vender a sede do partido na rua Vicente Machado, em Curitiba, para pagar dívidas da legenda. A origem das dívidas, que segundo fontes da le- genda, chegariam a R$ 1,9 milhão, seriam multas eleitorais recebidas pelo senador e ex-presidente da sigla no Estado, Roberto Re- quião. A ideia da venda teria sido levantada pelo deputado es- tadual Requião Filho, na última reunião da Executiva Estadual, mas causou reações contrárias entre os integrantes da legen- da. Os adversários da ideia afirmam que a lei não permite o uso de patrimônio partidário para pagar multas de candidatos. Re- quião não conseguiu se reeleger para o Senado. Fundo Em nota divulgada ontem, o atual presidente do MDB parana- ense, deputado federal João Arruda , sobrinho do senador, diz que as dificuldades financeiras da legenda não envolvem ape- nas dívidas com multas eleitorais, mas redução de receita. “O problema financeiro do partido é grave e não se trata apenas da mudança na legislação que proibiu o pagamento de multas eleitorais a partir de 2015. O repasse do fundo partidário dimi- nuiu pela metade e, portanto, o nosso orçamento não comporta mais a estrutura existente. Sem contar que corremos o risco de perder os repasses do fundo partidário”, alega ele. Manutenção “Teremos que cortar gastos”, admite o dirigente. “Não se tra- ta da venda da sede, uma estrutura antiga que foi reformada há mais de 15 anos com dinheiro do fundo partidário e não dos fi- liados, e que tem um custo alto de manutenção. O que se es- tuda é a possibilidade de mudança para uma nova e mais mo- derna sede que esteja adequada a realidade de hoje”, argumen- ta o parlamentar. “Temos um problema, precisamos resolver e vamos resolver. Não me interessa o culpado ou o responsável. Precisamos resolver o futuro. A decisão passa pela executiva Estadual do MDB”, concluiu Arruda. Privilégios O governador Ratinho Júnior (PSD) defendeu, em entrevista publi- cada ontem pelo jornal Folha de São Paulo, a aprovação da refor- ma da previdência, mas afirmou que ela deve combater privilégios e valer “para todos”.“A previdência começa acabando com privilé- gios.Até para que o cidadão fale: ‘não, realmente, todo mundo está dando um pouquinho de si’. Se você não acaba com os privilégios, a reforma passa a não ter legitimidade”, avaliou Ratinho Jr. Exceções Questionado se a reforma deve incluir a todos, inclusive milita- res, o governador respondeu assertivamente.“Todo mundo. Acho que tudo tem que ser discutido. Acho que pode haver, pontual- mente, dependendo da profissão, situações com algum tipo de exceção. Mas tudo tem que ser discutido profundamente”, disse. Avulso Candidato à presidência da Câmara Federal, o deputado paranaen- se e ex-ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), afirma que entra na disputa de forma “avulsa”, sem apoio formal de partidos ou blocos. “Não é uma candidatura do partido. É uma candidatura de todos, voltada para cada parlamentar. Eu tenho uma boa relação com to- dos eles e vou pedindo voto para cada um”, diz.“Tenho condições de fazer a condução dos trabalhos da Câmara neste momento im- portante em que o Brasil pede mudanças”, argumenta. Corpo a corpo Durante o final de semana, o deputado afirma ter feito conta- tos individuais com quase 90 % dos colegas parlamentares pa- ra pedir votos. “A expectativa é boa. Estou tendo bons retor- nos”, alega. Barros explica que lançou a candidatura depois que o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, anunciou apoio à candidatura de Rodrigo Maia (DEM). Curitiba, quarta-feira, 16 de janeiro de 2019 Roldo: juiz vê risco para caso Franklin de Freitas Juiz recomenda que ministro mantenha prisão de ex-chefe de gabinete de tucano ## OPERAÇÃO PILOTO ## FIANÇA Empresário diz não ter R$ 8 milhões O empresário Jorge Atherino afir- mou ao juiz Paulo Sergio Ribeiro, da 23 a Vara Federal Criminal de Curiti- ba, que não tem R$ 8 milhões em es- pécie para pagar a fiança estipulada pelo magistrado para livrá-lo da pri- são. No último sábado, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, concedeu habeas cor- pus a Atherino – preso na operação Piloto, que investiga um esquema de pagamento de propina ao grupo po- lítico do ex-governador Beto Richa (PSDB) em troca do favorecimento da empreiteira em uma licitação pa- ra obras de duplicação da PR 323 (re- giãoNorte), em2014–determinando que a prisão preventiva do empresá- rio fosse substituída por outras me- didas cautelares a serem determina- das por Ribeiro. O juiz estipulou a fiança de R$ 8mi- lhões com base nos valores que ele e suaempresa teriammovimentado,se- gundoadenúnciadoMinistérioPúbli- co Federal (MPF). “Diante desses ele- mentos, em especial o alto valor re- lacionado ao fato criminoso que foi objeto de denúncia, 4 milhões de re- ais, e a enorme movimentação finan- ceira suspeita que está sendo investi- gada, superior a 500 milhões de reais, relacionada a JorgeTheodocioAtheri- nio e pessoas a ele vinculadas (...) es- tabeleço a necessidade de pagamento de fiança, em espécie, no valor de R$ 8 milhões de reais”, decidiu o Ribeiro. Os advogados do empresário ofere- ceramcomo alternativa ao pagamen- to em dinheiro imóveis do empresá- rio e de sua família que segundo eles, valeriammais deR$ 12milhões.Ade- fesa aponta ainda que ao decretar a prisão, a Justiça também determinou o sequestro de bens de Atherino. “Ao executar a ordemde bloqueio,encon- trou-se tão somente R$ 114.886,66, inclusive do denominado pela acusa- ção Grupo Atherino”, lembramos ad- vogados, no pedido. Segundo a denúncia do MPF, Athe- rino seria o “operador financeiro” do esquema, responsável por receber os pagamentos da Odebrecht e repas- sá-los ao caixa dois de Richa. Além disso, ele seria uma espécie de “sócio oculto” do ex-governador. O empre- sário nega, alegando que nuncaman- teve negócios com o poder público, nem com Richa. Franklin de Freitas [email protected] Política 3

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