[email protected] Educação 10 Curitiba, terça-feira, 5 de fevereiro de 2019 Dicas de como escolher uma escola inclusiva ## NECESSIDADES ESPECIAIS Escrevendo bem no ENEM Segundo informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesqui- sas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), responsável pela elabo- ração e correção das provas do Exame Nacional do Ensino Mé- dio (ENEM), hoje consolidado em todo o território brasileiro, dos 55 participantes do Exame 2018 que atingiram a nota 1000 na redação, 42 são do sexo feminino e 13 do masculino. Portanto, mulheres representam 72% daqueles que atingiram esse exce- lente resultado e, em alguns estados como Pará, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe e Distrito Federal, foram apenas elas atin- gindo nota 1000 na redação. Mulheres escrevendo não foi comum até o início do século vin- te, o número de escritoras antes disso foi sempre reduzido, e em- bora existido algumas grandes exceções, podia-se considerar es- sa atividade como masculina. Meninas e adolescentes não eram orientadas ao estudo, apenas deveriam aprender o básico para gerir o próprio lar ou, quando muito, serem professoras de crian- ças, uma das poucas profissões adequadas para uma jovem de “boa formação”. Sem dúvida é o acesso ao processo educacional mais amplo que possibilita a representação cultural, revelando o delineamento dos conflitos tipicamente femininos, para a consciência da qua- se escravidão sob a máscara de “rainha do lar”, da alienação que permite a subsistência da exclusão, que agora o próprio ENEM, ao facilitar o ingresso em instituições públicas ou privadas me- diante bolsas ou financiamentos estudantis, tende a sanar. Numa sociedade ainda patriarcal, o aumento da capacidade argumen- tativa feminina auxilia um novo entendimento da disparidade nos papéis atribuídos a mulheres e homens, definindo um novo percurso rumo ao autoconhecimento; quem consegue se expres- sar com lógica e coerência, analisar com pertinência um tema proposto, manifestar de modo inteligível sua opinião, e ainda fa- zer isso tudo com adequado respeito às normas do idioma, estará qualificado para iniciar estudos em praticamente qualquer área. Embora outras disciplinas concorram para sua boa formação, científica ou humanística, é a capacidade de expressar-se ade- quadamente que poderá manifestar as habilidades e competên- cias de cada pessoa; uma composição escrita demonstra capaci- dade cognitiva e cultural, uma visão de mundo e valores. Ainda que a linguagem escrita esteja em mutação constante, su- as alterações formais se processam em períodos de décadas, o que é correto, pois, ao contrário da língua falada que é natural, a escrita é uma criação artificial, e necessita de regras que a or- ganizem, perenizem, e garantam sua universalidade, sem o que não poderia ampliar-se a cultura, ciência e tecnologia. Mesmo que os meios atuais de comunicação propiciem certa uniformiza- ção da linguagem no país inteiro, em regiões e em cidades dife- rentes expressamo-nos oralmente de maneiras pouco ou muito diversas; não se pode dizer o mesmo da forma como se escreve, ou, pelo menos, não da forma como se deveria escrever. A escrita de boa qualidade é geralmente derivada da leitura de boa quali- dade, e uma boa redação constitui-se basicamente no desenvol- vimento harmônico e coerente de ideias, de um tema. Isso exige primeiramente reflexão sobre o que se vai escrever, uma boa de- senvoltura no idioma, das regras gramaticais e liberdade de ex- pressar ideias. Há uma questão a ser pensada: mulheres talvez sempre tenham escrito, o que não faziam era levar a público o que escreviam, uma pesquisa em fundos de gavetas e baús de avós talvez nos desse uma boa surpresa. É inegável que homens e mulheres es- crevem igualmente bem ou igualmente mal, na dependência de suas leituras, estímulo familiar, maior autonomia e acesso esco- lar. É alvissareiro que jovens mulheres tenham atingido tão bons resultados, demonstrando isonomia intelectual num país ainda tão repleto de desigualdades. Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil. S ala de A ula Wanda Camargo | [email protected] Alguns detalhes importantes podem passar despercebidos, como o excesso de estímulos visuais em sala de aula, que pode prejudicar a aprendizagem Selecionar a escola onde o filho irá estudar não é uma tarefa fácil, e re- quer atenção aos detalhes para esco- lher o melhor ambiente. Quando se trata de crianças com necessidades educacionais especiais, esse cuidado deve ser ainda mais apurado. Para iniciar a procura do local, os pais precisam saber que a Constitui- ção Federal, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), a Lei Federal n0 7853/99 e a Resolução do CNE/CEB nº 2/2001 preveem a inclusão edu- cacional desses alunos em classe re- gular, ou seja: é um direito constitu- cional. Contudo, muitas escolas não estão preparadas para fazer o aten- dimento especializado e acabam por indicar outra instituição para receber a criança. É fundamental que a família en- tenda que a escola é um local fér- til para o desenvolvimento infan- til, onde habilidades de autonomia, socialização e comunicação são vi- venciadas intensamente. E agora: como escolher a melhor escola para uma criança comneces- sidade educacional especial? A pedagoga especialista em Edu- cação Especial e Inclusiva Gra- zielle Tavares, do Centro de Ex- celência em Recuperação Neu- rológica (Cerne), dá dicas muito úteis que podem servir de um nor- te para os pais que estão a pro- cura e uma boa escola inclusiva. DICAS PARA ESCOLHER A ESCOLA 1 Os valores da família devem estar claros para que não entrem em conflito com as concepções propostas pela escola. Busque informações no site ou recomendação de pais que já frequentam a instituição. 2 Seja prático, pesquise escolas próximas para não complicar a sua rotina. Caso não seja possível, opte por alternativas nas redondezas. 3 Marque uma reunião com a pedagoga para esclarecer as suas dúvidas. 4 Fique atento ao tratamento dispensado. É fundamental que haja acolhimento e que seja humanizado. 5 Observe a estrutura física, ela revela o modo como o ensino é realizado. Verifique se há rampas de acesso e se os banheiros são adaptados. Caso o ano letivo já tenha iniciado, veja se as produções criativas são realizadas pelas crianças. 6 Fique atento ao espaço interno e externo. Muitos estímulos são prejudiciais para o conforto de algumas crianças com necessidades educacionais especiais. 7 Repare nos brinquedos: a criança deve ter contato com diversidade de materiais. 8 Analise se há uma biblioteca e se nela há títulos variados; questione se os alunos podem emprestar livros e como são realizadas as práticas de leitura. 9 Observe se há um olhar individualizado e respeitoso; pergunte se outras crianças com necessidades educacionais especiais estão matriculadas e como é feita a inclusão. Caso o seu filho (a) seja o primeiro (a), veja se há interesse em atendê-lo. Fique muito atenta à fala dos profissionais para nortear sua decisão. Se perceber que falta interesse, o melhor é buscar outra escola (ainda que dê trabalho!) 10 Verifique se há interesse em fazer parceria com a equipe multidisciplinar da clínica terapêutica em que seu filho é atendido. 11 Veja como é o método de ensino da instituição, se ele se enquadra nas possibilidades de seu filho e abarca seus valores pessoais. 12 Questione sobre o perfil profissional dos professores que atuam na escola. Verifique suas formações acadêmicas e se a escola propicia formação continuada, e como os docentes são orientados em caso de alunos com inclusão. 13 Indague sobre como é realizada a adaptação do aluno e se há um período pré-determinado para ela. 14 Veja qual é o melhor meio de comunicação com a escola. Há instituições que usam WhatsApp, enquanto outras utilizam a agenda. 15 Caso esteja em dúvida entre algumas escolas, leve seu filho ao local, e ele demonstrará qual agrada mais. 16 É imprescindível entender que a escola inclusiva dá possibilidades para a criança se desenvolver.

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