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MUNDO
Oposição síria abre
embaixada no Catar
Catar
—Um bloco de oposição da Síria reconhecido
pela Liga Árabe como o único representante do país abriu
sua primeira embaixada no Catar ontem, em um golpe
diplomático para o presidente Bashar Assad. Mas o líder
da oposição Moaz Alkhatib, que assumiu o lugar da Síria
em uma cúpula árabe emDoha na terça-feira, usou a ceri-
mônia de inauguração para expressar sua frustração com
as potências mundiais por não fazerem mais para ajudar
na luta para derrubar Assad, que já dura dois anos. “Há
uma disposição internacional para a revolução, não para
triunfar”, disse ele a jornalistas na embaixada, que foi en-
feitada com balões em vermelho, verde, branco e preto, as
cores da bandeira nacional da Síria. Alkhatib, um clérigo
muçulmano sunita que renunciou esta semana da lideran-
ça da Coalizão Nacional Síria, mas vai ficar como interi-
no, também aludiu às divergências internas que afligem o
grupo de oposição formado no Catar, em novembro. “A
única maneira para a vitória é a unidade”, declarou ele.
Damasco se enfureceu contra o Catar por ajudar a oposi-
ção a obter o assento da Síria na Liga, enquanto a Rússia e
o Irã também criticaram o movimento por deslegitimar o
regime deAssad.
Muro de Berlim
Alemanha
— Por quase 30 anos, o Muro de Berlim
foi o símbolo odiado da divisão da Europa, uma massa
de concreto cinza que serpenteava entre os bairros, sepa-
rando famílias e amigos. Ontem, foram necessários cen-
tenas de policiais para garantir a segurança da remoção
de um trecho de menos de cinco metros do 1,3 quilôme-
tro que ainda resta do muro. Operários da construção,
protegidos por cerca de 250 policiais, derrubaram o tre-
cho antes de amanhecer para dar acesso a um condomí-
nio planejado de apartamentos luxuosos com vista para o
Rio Spree. Embora a maior parte do que resta do muro
permaneça intacta, a decisão enfureceu muitos berlinen-
ses, para os quais as construtoras estão sacrificando a
história em troca de lucro. O local, conhecido como Ga-
leria Oriental, tornou-se uma grande atração turística,
pintada por 120 artistas com cenas coloridas ao longo da
cobertura cinzenta de concreto.
Greve de fome
Estados Unidos
— Os prisioneiros mantidos pe-
los Estados Unidos na carceragem de sua base naval na
Baía de Guantánamo, Cuba, denunciaram ontem falta
de acesso a água potável em meio a uma greve de fome
que persiste e aparentemente aumenta. De acordo com
uma moção de emergência apresentada perante um tri-
bunal federal emWashington, um prisioneiro iemenita
diz que os guardas da prisão recusaram-se a fornecer
água engarrafada a participantes da greve de fome e
disseram aos detentos que bebessem de torneiras exis-
tentes nas celas. Ainda segundo a moção, a temperatura
mantida na prisão é “extremamente fria”. Um porta-
voz da prisão norte-americana negou a acusação. Se-
gundo o capitão Robert Durand, os prisioneiros estão
recebendo água engarrafada, mas afirmou que a água
da torneira em Guantánamo é potável.
Deputado pastor manda
PRENDER MANIFESTANTES
O deputado federal e pas-
tor Marco Feliciano (PSC-SP),
acusado de homofobia e racis-
mo, determinou ontem a pri-
são de manifestante que o cha-
mou de racista logo no início
de audiência pública da Comis-
são de Direitos Humanos da
Câmara Federal. Para tentar
viabilizar o debate, a Polícia
Legislativa da Câmara limitou
o acesso de pessoas à comis-
são. Foramdistribuídas senhas,
em igual número para manifes-
tantes pró e contra Feliciano.
Foi a terceira reunião da
Comissão deDireitosHumanos
eMinorias presidida por Felici-
ano. As duas primeiras tiveram
que ser canceladas depois de tu-
multo provocado por manifes-
tantes contrários à permanência
de Feliciano na presidência.
Depois da prisão do ma-
nifestante, Feliciano limitou o
acesso à comissão a deputados,
jornalistas e debatedores.A au-
diência pública foi marcada
para discutir a contaminação
do solo por chumbo na cidade
baiana de SantoAmaro da Pu-
rificação.
A polícia da Câmara rea-
giu com força e detenção à
manifestação no corredor de
acesso ao gabinete do deputa-
do. Os manifestantes não para-
ram na barreira formada pelos
seguranças próxima ao gabinete
e houve tumulto. Os policiais
imobilizaram manifestantes
passando o braço em torno do
pescoço, a chamada “gravata”.
Allyson Rodrigues, servi-
dor público, foi detido por po-
liciais da Câmara e prestou de-
poimento. Vários manifestan-
tes afirmaram que havia um
assessor de Feliciano junto com
policiais, desferindo socos nas
pessoas que protestavam con-
Duas pessoas que protestavam contra presidente da Comissão de Direitos Humanos foram detidas
tra o deputado. Mais cedo, o
manifestante Marcelo Reges
Ferreira, antropólogo, também
foi detido pela política da Câ-
mara, na sala da Comissão de
Direitos Humanos. Ele estava
no grupo de manifestantes que
chamou o deputado de racista,
durante a gritaria generalizada
na comissão.
Seguranças da Câmara e manifestantes entram em confronto: clima de tensão continua
JoséCruz/ABr
JUSTIÇA
STJ nega pedido de liberdade a Nicolau
O ministro Og Fernandes,
do Superior Tribunal de Justi-
ça (STJ), negou ontem liminar
em habeas corpus pedido em
favor do ex-juiz Nicolau dos
Santos Neto, conhecido por
“Lalau”. No entender do mi-
nistro, o Tribunal Regional
Federal da 3ª Região (TRF3),
ao decidir pela prisão do con-
denado, “agiu dentro das pos-
sibilidades legalmente admiti-
das, diante do que considerou
comportamento desviante do
paciente - que se transmudou
em fiscal do fiscal, no cumpri-
mento da prisão domiciliar -
possível de comprometer a efi-
cácia da atividade processual”.
Nicolau foi condenado,
junto com ex-senador Luiz Es-
tevão, pelo desvio de R$ 169
milhões da obra de construção
do Tribunal Regional do Tra-
balho de São Paulo. No habeas
corpus, a defesa do ex-juiz pe-
dia o restabelecimento de sua
prisão domiciliar, revogada pelo
TRF3, que determinou o retor-
no do ex-magistrado à prisão.
Para oministroOg Fernan-
des, a revogação da prisão do-
miciliar deveu-se à identifica-
ção de fatos que dizem respei-
to diretamente à prisão domi-
ciliar então usufruída pelo ex-
juiz, referindo-se à instalação
de câmeras de vigilância para
o monitoramento dos agentes
policiais encarregados de sua
fiscalização. O caso foi revela-
do pelo Estado. Fernandes des-
tacou que Nicolau inverteu a
lógica de vigilância estatal no
cerceamento da liberdade, ao
passar a vigiar o encarcerador.
Orelator destacou, também,
a constataçãopor períciamédica
oficial, realizada por determina-
ção do juízo das execuções, da
melhora na saúde do ex-magis-
trado, concluindo não mais se
justificar a manutenção de pri-
são domiciliar. De todo modo,
observou Og Fernandes, a de-
cisão do TRF3 teve o cuidado
de determinar que Nicolau fos-
se recolhido emcondições “ade-
quadas a sua peculiar situação
pessoal (pessoa commais de 80
anos de idade)”, ou transferido
para “hospital penitenciário que
possibilite adequado tratamen-
to de saúde, caso necessário”.
4
B
Inclui
M
UNDO
CURITIBA, QUINTA-FEIRA, 28 DE MARÇODE 2013
J
ORNAL DO
E
STADO