BEM
PARANÁ
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Educação
CURITIBA, TERÇA-FEIRA, 11 DE AGOSTO DE 2015
SALA DE AULA
Wanda Camargo |
Mudança cultural
O relacionamento por vezes difícil entre os jovens e
a escola não pode ser reduzido a um mero problema
juvenil ou mesmo a um fracasso da própria instituição
escolar, mas representa bem as mudanças culturais típi-
cas de nosso tempo.
O processo de socialização tem tido significativa al-
teração nas últimas décadas, as tensões e desafios atu-
ais nem sempre são compreendidos pela família ou pela
comunidade em que ocorrem. Jovens hoje tem, talvez
pela primeira vez na História, saber próprio, que se
manifesta em roupas, comportamentos, linguagem e
adereços característicos, distintos dos de outras faixas
etárias.
Enquanto em épocas anteriores a criança e o jovem
eram quase inexistentes do ponto de vista comunitário,
hoje são eles que determinam a moda, suas práticas e
símbolos em tudo denotando ummodo de ser diferente
de seus pais ou professores. Se, antigamente, eram os
últimos a falar no ambiente familiar, não tinham opinião
a ser considerada, hoje determinam muitas vezes até as
compras da família, além de suas atitudes.
Falamos inclusive em adultescentes, ou seja, adultos
que em tudo se aproximam dos adolescentes, na forma
de agir e na aparência física, como se estes fossem mo-
delo a ser imitado, ideal a ser perseguido, já que portar-
se como alguém extremamente jovem poderia nos ga-
rantir a eterna juventude, e fossemos então Peter Pans
que jamais amadurecerão. A complexidade emocional
indispensável à maturidade tem sido rejeitada em detri-
mento de uma vida aparentemente mais espontânea e
simples, como a das crianças.
Isso obriga a escola a se colocar novas interrogações,
a repensar sua metodologia, a responder ao desafio que
representa aos adultos que durante centenas de anos
foram os definidores de atitudes e maneiras de viver.
Em particular no Brasil, dada a desigualdade social en-
frentada e sentida mais incisi-vamente pelas classes
menos favorecidas, com pouco acesso aos bens de con-
sumo e, portanto, mais alijadas daquilo que é apreciado
e valorizado pela juventude, conflitos tem explodido no
ambiente escolar.
A instituição escolar, como toda organização, tem sua
missão, ou seja, a explicitação das razões de sua existên-
cia, umpúblico-alvo, umproduto e um ambiente no qual
realiza suas ações. Tais ações dizem respeito ao contexto
sociocultural, envolvendo seres humanos e suas desa-
venças, de forma coletiva e/ou individual. Elas se esta-
belecem por meio de decisões dicotômicas, muitas delas
extremamente complexas, e em qualquer nível de ensi-
no uma das mais importantes é a polêmica entre formar
elite, trabalhando com a alta cultura que implica em aces-
so seletivo, ou investir na transformação social possível
através do acesso mais democrático e na formação do
trabalhador.
As duas opções demandam acréscimo de conheci-
mento, e os mesmos princípios que conduzem o desen-
volvimento da cognição são aplicáveis tambémna apren-
dizagem das regras, das atitudes, da concepção de ciên-
cia, de mundo e de funcionamento da sociedade. Porém,
apenas aqueles dispostos ao amadurecimento podem
enfrentar tais desafios, uma sociedade de crianças pro-
vavelmente seria aquela em que não gostássemos de
estar, mas que tem sido configurada como possível.
Escolas e jovens estão procurando modos de coexis-
tência, seguindo as regras do bom senso, aumentando a
chance de chegar aos objetivos em segurança e com
maior paz, embora sempre um pouco defasados aos nos-
sos desejos.
À instituição de ensino cabe o papel de modelo neste
processo; com clareza de que a escola é constituída pela
sociedade, mas também a constitui, ensino e aprendiza-
gem só podem coexistir com maturidade.
Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência
do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.
Não deixar para estudar
na última hora e ficar atento a
acontecimentos da atualida-
de divulgados diariamente
em jornais e revistas. Essas são
algumas das dicas para quem
fez a inscrição para o Exame
Nacional do Ensino Médio
(Enem) e quer obter uma boa
nota. Há pouco menos de três
meses para as provas marca-
das para os dias 24 e 25 de
outubro, a preparação para as
provas deve ser intensificada.
No Brasil, segundo dados
do Ministério da Educação
(MEC), 7.746.057 pessoas fize-
rama inscrição para participar
do Enem2015. “Esse é umexa-
me cheio de características es-
peciais, a começar pelos con-
teúdos que sãoorganizadospor
unidades temáticas, diferente-
mente das disciplinas que tra-
dicionalmente temos nas esco-
las. Por isso, procurar apoio em
materiais especializados para
estudar é de fundamental im-
portância”, explica o pedago-
go Enerson Torres, que atua no
Curso Evidente, preparatório
que atualmente tem mais de
oitomil alunos estudando para
o Enem.
Segundo o especialista, a
nota média dos candidatos
tem caído a cada ano, especi-
almente em áreas como reda-
ção ematemática. No ano pas-
sado, 529 mil participantes do
Enem tiraram zero na reda-
ção e a pontuação em mate-
mática caiu 7,3%. De acordo
com o pedagogo, o desempe-
nho nessas áreas é maior en-
tre os estudantes que se de-
dicam em ler livros, treinam a
produção de textos e fazem
mais cálculos. “No nosso pre-
paratório, desenvolvemos Clu-
be da Leitura e Clube do Cál-
culo. São áreas consideradas
mais difíceis pelos alunos des-
de a educação básica, o que
deve ser compensado com
muito estudo”, recomenda.
O tambémpedagogo espe-
cializadoemEnem, Jonas Schu-
bert, explica que a prova é com-
posta por conteúdos vistos em
todo período escolar, mas que
acabam sendo esquecidos pe-
los estudantes que, em muitos
casos, deixaram a sala de aula
há anos. Por essa razão, ele re-
comenda que os conteúdos se-
jam revistos e estudados. “Cri-
ar uma rotina de estudo é fun-
damental para quem quer ter
uma boa nota. Pelomenos uma
vez por semana, o candidato
precisa se dedicar para se pre-
parar para o Enem. Quemcon-
fia na memória, sem refrescá-
la, costuma ter notas ruins”,
alerta o pedagogo.
O especialista em educa-
ção e CEO da Rede Educacio-
nal Alub, Alexandre Crispi,
sugere que os estudantes fa-
çam uma planilha com o pla-
nejamento diário do estudo
para organizar o fluxo. Uma
dica é resolver as provas do
Enem dos últimos três anos e
buscar na internet a correção
comentada dos exames. “Isso
ajuda o estudante a entender
o grau de complexidade que
vai encontrar na prova do
Enem. E ele vai conseguir
tambémorganizar o tempo de
resolução do exame.”
Faltam três meses para o exame que exige preparo
Setedicasparase
darbemnoEnem
Estar por
dentro das
notícias é
importante
Ler revistas, jornais e
assistir a noticiários na te-
levisão é outro ponto im-
portante para ter sucesso
no Enem, alerta Crispi.
Além de ser uma forma de
preparo para a redação,
questões envolvendo atu-
alidades sempre estão
presentes nas provas. “O
estudante tem que estar
mais ligado para ter base
para fazer a redação. Ler
revistas e jornais com atu-
alidades”, recomenda.
Tão importante quan-
to ter uma jornada diária
de estudos é reservar
tempo para o descanso.
“Quem corre muito, can-
sa”, diz Crispi. Ele acon-
selha os candidatos a es-
tudar com constância,
mas reservando em tem-
po para o descanso e as
atividades físicas e de la-
zer. O professor destaca
ainda a importância de
dormir bem para o proces-
so de aprendizado. “É
preciso manter pelo me-
nos seis horas diárias de
sono, pois o sono é fun-
damental para a síntese
do conhecimento.”
RÁPIDA
Número de inscritos caiu
Apesar deste ano o número de inscritos ter caído 11,2% em relação a 2014, o Enem é muito procurado por
estudantes de todo o Brasil pelo fato de a nota do exame poder ser usada para diferentes fins. Um dos mais
acessados é a certificação do Ensino Médio, que exige pontuação de 450 pontos em cada área do
conhecimento e, no mínimo, 500 pontos na redação. No ano passado, mais de 67 mil pessoas conseguiram
terminar o Ensino Médio usando a nota do Enem. O exame também é usado como processo seletivo em diversas
universidades e faculdades e é um dos critérios usados para a concessão de bolsas do Programa Universidade
para Todos (ProUni). Pelas regras do Programa de Financiamento Estudantil (Fies), a nota do Enem também deve
ser usada para a concessão do crédito.
AS DICAS PARA IR BEM NO ENEM
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Estude:
parece óbvio, mas é. Vai melhor quem se dedica para fazer a prova do que a maioria que se
inscreve e aparece no dia da prova. O Enem exige dedicação.
Crie uma rotina:
pelo menos uma vez por semana, você deve se dedicar a revisar os conteúdos do
Ensino Médio, que compõe o Enem. Quem deixa tudo para a última hora descobre que é tanta coisa
para rever, que a falta de antecedência na preparação prejudica – e muito.
Leia jornais e revistas:
conhecimentos gerais são importantes para responder as questões e para
entender o tema da redação. O Enem exige pensamento crítico e o candidato precisa ser bem
informado. Incorpore esse hábito que ajuda também na forma de escrever.
Leia livros:
Essa recomendação é conhecida, porém poucos praticam: quem lê muito escreve bem. A
redação costuma ser o vilão do Enem para quem não tem o hábito de ler e escrever.
Reconheça seus pontos fracos:
se matemática sempre foi sua dificuldade, não adiante jogar para baixo
do tapete, pois essa disciplina pode jogar sua média para baixa e tirar a oportunidade de certificação
ou bolsa de estudo. Revise os conhecimentos básicos e as principais operações.
Procure ajuda de especialistas:
cursos preparatórios fazem diferenças. A maioria tem material didático
específico para o Enem e é elaborado por professores que conhecem a prova. Não basta saber o
conteúdo, é preciso conhecer a dinâmica das questões.
Prepare seu emocional:
nervosismo atrapalha na hora da prova. O exame é longo, precisa ter paciência
para responder as questões e muita atenção. Por isso, seu psicológico deve estar preparado para isso.