BEM
PARANÁ
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Política
CURITIBA, TERÇA-FEIRA, 25 DE AGOSTO DE 2015
Emprosseguimentoàagen-
da de ajustes, o governo anun-
ciou ontem, que dará início a
uma reforma administrativa.
Entre as medidas, está a extin-
ção de ministérios, redução do
número de cargos comissiona-
dos e venda de imóveis do Es-
tado. As medidas têm o objeti-
vo de reduzir despesas e trazer
receitas aos cofres federais.
De acordo com o ministro
do Planejamento, Nelson Bar-
bosa, que esteve reunido com
a presidente Dilma Rousseff
ao longo do fim de semana
para fechar os pontos apre-
sentados, serão perseguidas
cinco diretrizes. A primeira
delas propõe a redução de dez
ministérios. Ainda não há de-
finição de quais seriam as pas-
tas extintas e quando isso se-
ria concretizado.
O segundo ponto diz res-
peito à racionalização da má-
Dilma anuncia que vai
cortar dezministérios
Medida é resposta a cobrança por redução da máquina administrativa do governo
Nelson Barbosa: governo não definiu pastas extintas
Divulgação
O presidente do PSDB,
senador AécioNeves (MG),
afirmou ontem, que o go-
verno da presidente Dilma
Rousseff “se rendeu ao ób-
vio” ao anunciar, com “in-
justificado atraso”, um cor-
te de ministérios e cargos.
O tucano destacou que,
embora a medida tenha
sido “violentamente recha-
çada” pela presidente na
campanha eleitoral, quan-
do proposta por ele, a re-
dução é necessária.
“A redução de ministé-
rios e cargos é necessária,
mas melhor seria se reali-
zada com convicção, e não
por um governo em busca
de algum oxigênio para
continuar a existir”, criti-
cou Aécio, em nota.
Ontem, o governo dis-
se que até setembro vai fa-
zer uma reforma adminis-
trativa na qual deverá cor-
tar até dez ministérios.
Também deve haver cortes
em cargos em comissão.
Atualmente existemno go-
verno federal 22 mil cargos
de livre nomeação, que dis-
pensam concurso público.
Para o presidente do
PSDB, as “medidas toma-
das para atender as cir-
cunstâncias costumam ter
efeitos muito aquém da-
queles necessários, como os
que assistimos também na
área econômica”. “Conti-
nua, no entanto, faltando
ao governo o que seria es-
sencial para que essas e
outras medidas sejam ade-
quadamente implementa-
das: credibilidade. Um ati-
vo que, na política, quan-
do se perde, é difícil ser
recuperado”, afirmou.
Repercussão
Aécio diz que
medida vem tarde
Diante do agravamen-
to da crise política, da pos-
sibilidade de o PMDB de-
sembarcar do governo e de
ameaças de impeachment,
a presidente Dilma Rous-
seff (PT) fez nesta segun-
da-feira, 24, um apelo ao
vice-presidente Michel Te-
mer (PMDB) para que ele
permaneça à frente da ar-
ticulação política do Palá-
cio do Planalto. “Eu não
quero mudança na articu-
lação política”, disse Dil-
ma, na reunião de coorde-
nação de governo.
Temer atendeu o pedi-
do de Dilma, mas deixou
claro que não vai cuidar do
“pequeno varejo” da polí-
tica, como a liberação de
emendas parlamentares e
a composição de segundo
e terceiro escalões, segun-
do a reportagem apurou.
Essas negociações seguirão
sendo tocadas pelo minis-
tro-chefe da Secretaria de
Aviação Civil, Eliseu Padi-
lha. Tanto Temer quanto
Padilha tiveram recente-
mente embate com o mi-
nistro da Fazenda, Joa-
quim Levy, por causa da li-
beração de verbas para
emendas parlamentares. O
vice também se desenten-
deu como titular da Fazen-
da na negociação em torno
do projeto de desoneração
da folha de pagamento das
empresas. Ficou acertado
que o vice-presidente vai
concentrar as atenções em
grandes temas, como o di-
álogo com o Congresso e
reuniões com líderes do go-
verno para garantir a apro-
vação de projetos de inte-
resse do Planalto.
Articulação
Temer deixa
“pequeno varejo”
quina pública, comredução do
número de secretarias e com-
binação de divisões dentro dos
órgãos federais. Outra medi-
da pretende reduzir, sem
meta específica, o número de
cargos comissionados no go-
verno. Barbosa ressaltou que
atualmente a maior parte dos
cargos desse tipo já é ocupa-
serviços para todos os ministé-
rios, extinguindo algumas con-
tratações individualizadas.
Por fim, foi proposto um
aperfeiçoamento da gestão do
patrimônio da União, o que na
prática significa que imóveis
do Estado serão colocados à
venda. Terrenos de posse da
União também são alvo da
medida. “Tem vários terrenos
da União, o mais famoso é o
terreno de Marinha. Vamos
promover umprograma de re-
gularização do pagamento
desses de direitos e oferta
para que possam adquirir es-
ses domínios”, disse Barbosa.
Ogoverno estabeleceu um
prazo até 30 de setembro para
que as propostas sejam agru-
padas e estudadas. Segundo o
ministro, as iniciativas exigem
procedimentos distintos, como
a apresentação de projetos de
lei, decretos e portarias.
da por servidores públicos.
Foi anunciado ainda uma
ampliação do programa de re-
dução de custeio, que deve ra-
cionalizar gastos comserviços de
limpeza, manutenção e trans-
porte. Entre as ideias apresen-
tadas pelo ministro do Planeja-
mento está a adoção de contra-
tos unificados de prestação de
“PEDALADAS”
Planalto pede mais 15 dias ao TCU
O governo federal pediu ontem, ao Tribunal de Contas da União (TCU) mais 15 dias de prazo para se explicar
sobre os indícios de irregularidades nos seus gastos em 2014, segundo o ministro Augusto Nardes, relator do
caso na Corte. Esse é o segundo pedido de adiamento depois do prazo inicial de 30 dias concedido pelo
tribunal em 17 de junho. Na ocasião, o TCU decidiu adiar a votação e fez 13 questionamentos sobre as contas
do governo, sendo três deles relacionados às “pedaladas fiscais” - atraso de repasse de recursos do governo
para bancos públicos entre 2010 e 2014. A verba seria usada para o pagamento de programas sociais como o
Bolsa Família e o seguro-desemprego. As “pedaladas” são apontadas pela oposição como um dos motivos para
um eventual pedido de impeachment da presidente Dilma.
No dia 12 de agosto a presidente Dilma Rousseff pediu mais 15 dias para se explicar e teve o prazo concedido
por Nardes. “Tomei conhecimento agora (desse novo pedido de prazo) e vou tomar uma decisão entre hoje e
amanhã. Já foi dado um prazo bastante elástico, de 45 dias”, disse Nardes, que participa nesta segunda-feira
de um evento na Associação Comercial de São Paulo, na capital paulista.