Jornal Bem Paraná - page 16

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CURITIBA, QUINTA-FEIRA,
5 DE NOVEMBRO DE 2015
Diversão
&Arte
BEM
PARANÁ
Osmortos estão vivos em
novo filme de James Bond
007 Contra Spectre
estreia hoje nos cinemas brasileiros e deve ser despedida de Sam Mendes na direção
Elba, Hardy,
Jackman:
quem será o
novo 007?
A lista é grande:
quem pode ser o novo
James Bond nos cine-
mas? O oitavo de uma
linhagem de grandes
atores, iniciada por
Sean Connery, em 1962,
e conduzida por nomes
como Roger Moore e Pi-
erce Brosnan até Dani-
el Craig. O ator, quando
assinou um contrato
para interpretar o mais
famoso espião do mun-
do, havia garantido
protagonizar cinco fil-
mes da franquia. Qua-
tro deles depois, contu-
do, já não é certo que
ele estará em Bond 25
(título provisório).
Craig mudou James
Bond. A linguagem "lim-
pinha" do personagem,
que perdurava por dé-
cadas, ficou para trás.
Bond sofre de verdade,
ganhou profundidade e
camadas. Apaixonou-se
por Vesper, interpreta-
da por Eva Green, e
nunca mais foi o mes-
mo depois da cena final
de
007-CassinoRoyale
.Em
entrevista recente ao
britânico Daily Mail,
disse que preferia cor-
tar os pulsos a voltar a
interpretar o persona-
gem emmais um longa.
Havia umhumor in-
glês e bonachão de Craig
na resposta, mas o
mundo levou a senten-
ça a sério. Em outras ve-
zes, o ator desconversou
sobre a possibilidade de
deixar o posto.
E, mesmo com esse
último filme sob contra-
to, nomes já pipocam
para dar nova vida ao
personagem tão trans-
formado nessa "era
Craig". Hugh Jackman,
oWolverine da franquia
X-Men, já havia sido co-
tado anteriormente, an-
tes de Craig, e agora já
se disse pronto para vi-
ver o personagem nas
telonas. Entre os cota-
dos comumhistórico de
"super-heróis do cine-
ma" também está Hen-
ry Cavill, o Superman, e
TomHardy, o vilão Bane
na trilogia
Batman: Cava-
leiro das Trevas
. Há quem
aposte forte em Idris
Elba e diga que o porte
dele será perfeito.
"Os mortos estão vivos", recita Sam
Mendes, diretor inglês que comanda
seu segundo (e possivelmente último)
filme da franquia de James Bond, cha-
mado
007ContraSpectre
,comestreiamar-
cada no circuitonacional para hoje. "Há
uma razão para termos escolhido inici-
ar o filme com uma cena de ação na
Cidade do México, justamente na co-
memoração doDia de LosMuertos. Os
mortos estão vivos. E isso tem muita
ligação com essa história. É o máximo
que eu posso dizer."
Era 14 de junho de 2015, o dia 130.°
de filmagem deste que é o 24.º longa
da história do espião fictíciomais famo-
so domundo. Jornalistas de todo o glo-
bo—reunidos pela distribuidora Sony
Pictures —, sentados em uma sala es-
paçosa em Cancún, no México, viam e
entrevistavam elenco e produtores de
007Contra Spectre
pormeiodevideocon-
ferência. O temporal tropical do lado
de fora dificultava a chegada do sinal
de vídeo e voz, mas funcionava como
um aliado para parte da produção do
filme, que se esforçava paramanter de-
talhes da trama em segredo naquele
momento.
Até mesmo o rosto do vilão do fil-
me, interpretado pelo duas vezes ven-
cedor doOscar ChristophWaltz, era es-
condidopelas sombras noprimeiro trai-
ler. Sabia-se apenas o que a entidade
Spectre, uma organização cujo nome é
a sigla em inglês para Executiva Espe-
cial de Contrainteligência, Terrorismo,
Vingança e Extorsão, estaria de volta à
vida de Bond, depois de um longo im-
bróglio judicial iniciado enquanto Ian
Fleming, criador de 007, ainda era vivo,
nos anos 1960.
Com o passar dos meses até o
enfim lançamento do
quartolongoprota-
gonizado pelo
inglêsDaniel
Craig,mais
e mais da
t r a m a
foi di-
vulga-
da. E
B o n d
é, cada
v e z
m a i s ,
caçado
pelo pas-
sado que há
tempos o as-
sombra.
007Con-
tra Spectre
faz o pos-
sível para concluir o tra-
balho iniciadoporCraignoótimo
007
- Cassino Royale
, de 2006. Depois dessa
estreia, vieramomediano
007 -Quantum
of Solace
(2008) eoarrasa-quarteirão
007 -
OperaçãoSkyfall
(2012).
Cada um dos três anteriores é cita-
do em Spectre, como se tudo não pas-
sassedeumamesmanarrativa, algonão
usual para a mitologia de Bond. O es-
pião já foi interpretado por Sean Con-
nery, GeorgeLazenby, RogerMoore, Ti-
mothyDalton e PierceBrosnanantes de
Craig, e os filmes sempre compunham
uma espécie de antologia de historias
do personagem, sem a necessidade de
se estabelecer uma cronologia e tramas
interligadas. Agora, não. Aconteci-
mentos do fimde
Cassino
Royale
têm impacto
direto na vida
do persona-
gem.
S a m
M e n -
d e s ,
diretor
q u e
hav i a
d i t o
q u e
n ã o
voltaria
para a
franquia
depois de
Skyfall
, mas
mudoude ideia
e comanda o novo
longa, teve o trabalho de criar as
conexões entre
Spectre
e os três anteces-
sores e fazê-lo de forma didática. Esfor-
çou-se para tornar esse novo potencial
blockbuster emumprodutoquepudes-
se ser consumidode forma única e tam-
bém encerrasse um ciclo. Referências
foram espalhadas pelas mais de duas
horas de filme para fazer a alegria dos
fãs mais ortodoxos.
"Só aceitei voltar porque pedi para
que adiassem em seis meses o início da
produção. Precisava me regenerar. Fiz
uma peça de teatro. Foi importante fi-
car esse tempo longe para descobrir
onde mais eu poderia chegar com essa
franquia", contou Mendes.
Mendes se viu preso, no bomsenti-
do, aos personagens que ele introduziu
em
Skyfall
, caso do novo M, chefe de
Bond interpretado por Ralph Fiennes,
o mestre da tecnologia Q (Ben
Whishaw) eaagenteMoneypenny (Na-
omie Harris). “Queria contar um novo
capítulo da história deles.”
Spectre
tambémintroduznovos per-
sonagens na trama, caso de Franz
Oberhauser, vilão vividopor Christoph
Waltz, e as bond girls Lucia (Monica
Bellucci) e Madeleine Swann (Léa
Seydoux). A última, aliás, segue a tra-
dição da "era Craig" de Bond, e foge do
estereótipo criado para as bond girls,
com corpos de fora e roupas mínimas.
"Ainda estamos filmando, então, é difí-
cil falar da personagem. Mas elamuda-
rá a vida de Bond para sempre", diz
Léa.
Moneypenny, de Naomie Harris,
desde
Skyfall
, também interrompe o es-
tabelecidonamitologiadeBond, demu-
lheres indefesas, e vai para a ação. Para
ela, é um reflexo da sociedade atual. E
que se faz extremamente necessário em
um filme com um alcance tão grande
quanto esse — o longa de 2012 reuniu
US$ 1,1 bilhão em bilheteria.
É sinal dos tempos. Bond sangra
com Daniel Craig, tem falhas e comete
erros.
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