Jornal Bem Paraná - page 8

BEM
PARANÁ
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Cidades
CURITIBA, QUINTA-FEIRA, 5 DE NOVEMBRO DE 2015
Racismo vemà tona
e denúncias disparam
Desde 2013, denúncias feitas ao Ministério Público do Paraná cresceram 511%
Rodolfo Luis Kowalski
No último feriado de Fina-
dos, dois casos de racismo nas
redes sociais tiveramgrande re-
percussão, umdeles envolven-
do a atriz Taís Araujo e o outro
tendo como vítima o jogador
Michel Bastos, ex-Atlético Pa-
ranaense e hoje no São Paulo.
Os episódios chamam a aten-
ção para um problema que pa-
rece não ter fim. E nem o Para-
ná nem Curitiba estão isentos.
De acordo com dados do
Ministério Público do Paraná
(MP-PR), as denúncias de ra-
cismo e injúria racial tiveram
um crescimento de 511,4%
desde 2013, quando foi cria-
do o Núcleo de Promoção de
Igualdade Étnico-Racial (Nu-
pier) do MP-PR. Em seu pri-
meiro ano de atividade, o
Nupier registrou 42 notifica-
ções, uma média de quase 4
casos por mês. Em 2014 foram
215 denúncias, com média
mensal de 18 casos. Já neste
ano, foram 224 denúncias até
o final de outubro, ou seja,
quase 22 casos por mês.
Para a promotora de Justiça
Mariana Seifert Bazzo, coorde-
nadoradoNupier, osdadosnão
evidenciam um aumento nos
casos de crimes raciais, mas sim
uma queda na subnotificação
dessas ocorrências.
“A gente não entende que
esse aumento foi das práticas
criminosas, mas simdos regis-
tros dessas práticas. Antes, se
falava muito da ausência do
correto registro por parte das
polícias quando a pessoa so-
fria crimes raciais. Então nos
reunimos com a Secretaria de
Segurança Pública, as própri-
as polícias, que imediatamen-
te tomaram a providência de
emitir notas técnicas pelas
corregedorias para correto re-
gistro de crimes raciais”, diz.
Outra medida importante,
afirma a promotora, foi a distri-
buiçãodofolder“Discriminação
é crime”. Ao todo, foram distri-
buídos 17mil exemplares em li-
nhas deônibusmunicipais e in-
termunicipais das 20 cidades
paranaenses com maior popu-
lação negra, em escolas e junto
aosmovimentos sociais negros.
“A cartilha instruiu a pró-
pria população, orientando
como deveria ser fiscalizado
o registro como também in-
centivou a vítima a procurar
os seus direitos, porque a víti-
ma de racismo tem uma falsa
ideia de que a coisa não vai
dar em nada, e isso é produto
do racismo institucionaliza-
do”, afirma a promotora.
Para a ativista e cantora
Michele Mara Domingos, de
fato a maioria dos negros acha
que não pode ou não sabe que
pode (e deve) ir atrás de seus
direitos. “A todomomento, to-
dos os dias, milhares de negros
sofrem, mas eles não conhe-
cem as lei e não sabem para
quem recorrer, e por isso aca-
bamdeixando por issomesmo.
Sofrem calados”, aponta.
A própria cantora, inclusi-
ve, já foi vítima de racismo. O
episódio aconteceu emabril de
2013, quando funcionários de
uma grande rede de supermer-
cados que estavam no horário
de intervalo fizeram comentá-
riosracistassobreseucabelo
black
power
e a cor da sua pele. Após
buscar seus direitos, ela conse-
guiuuma indenização financei-
ra e os agressores foram demi-
tidos pela empresa.
Ontem, mais um caso
veio à tona. Foi vez de uma
amiga da cantora, Janine
Mathias, ser vítima de co-
mentários racistas no Face-
book. O agressor, que seria
funcionário da prefeitura
de São José dos Pinhais, co-
mentou em uma foto que
Janine tinha um vestido e
um sapato bonitos, mas
não tinha cabeleireiro, em
alusão ao cabelo
black power.
“Eu comecei a gritar de
ódiodentrode casa (quando
vi o que aconteceu com a Ja-
nine). Gritar de raiva mes-
mo. A gente já viveu tanto
issoevivemos tanto, já sofre-
mos tanto calado, que chega
uma hora que a gente explo-
de”, desabafa a cantora.
“Tem pessoas que fa-
lam que quando denunci-
amos racismo estamos fa-
zendo vitimismo. Mas nós
somos vítimas, estamos
denunciando e vamos con-
tinuar a fazê-lo. O racismo
só vai acabar quando as
pessaos pararem de come-
ter o crime, e não quando
as pessoas não denuncia-
rem, pararem de falar dis-
so”, finaliza.
Agressão nas
redes sociais
APolíciaCivil doRio vai
pedir à Justiça a quebra do
sigilo de cerca de 30 perfis
do Facebook para tentar
identificar os autores das
ofensas racistas postados
contra a atriz Taís Araújo
na noite do último sábado.
A atriz prestou depoimen-
to ontem, à Delegacia de
Repressão aos Crimes de
Informática (DRCI), que
instaurou inquérito para
investigar o caso.
Quem for identificado
será indiciado por injúria
racial —neste caso, emque
foi usada a internet para
difundir a ofensa, a puni-
ção pode chegar a quatro
anos de prisão. Se for com-
provada a articulação entre
os ofensores, pode ficar ca-
racterizado tambémo crime
de formação de quadrilha e
a punição pode chegar a
oito anos de prisão.
"Éalgoinadmissível,uma
ignorância, uma faltadoque
fazer. A polícia está deixan-
do de trabalhar emassuntos
sérios para investigar uma
brincadeirademaugostofei-
ta contra a atriz. Essa brinca-
deiratemrepercussõescrimi-
nosas,éumcrimegrave",afir-
mou o delegado Alessandro
Thiers, responsável pela in-
vestigação.
Polícia investiga
30 perfis
Pelo terceiro ano conse-
cutivo o esporte dá desta-
que para uma causa muito
importante: o enfrenta-
mento da violência contra
a mulher. A ONG Mais
Marias, que atua nesta
área, promove no sábado a
3ª Corrida e Caminhada
MaisMarias, no Parque
Tingui, em Curitiba.
“Esta é uma causa mui-
to importante e que não
pode ser esquecida. O es-
porte une as pessoas e es-
tamos convocando todos
para apreciar um belo pôr-
do-sol, praticando o espor-
te e o bem”, comenta a pre-
sidente da ONG, a médica
ginecologista Maria Letícia
Fagundes. Toda a renda
da corrida será revertida
para a Associação, que tra-
balha a conscientização e
o enfrentamento da vio-
lência contra a mulher. A
Corrida e Caminhada
MaisMarias está marcada
para às 18 horas. O even-
to ainda vai contar com
sorteio de brindes.
Corrida e
caminhada
Mais Marias
ADivisão de Homicídi-
os e Proteção a Pessoa
(DHPP), prendeu na ma-
drugada de sábado, no bair-
ro Alto São Francisco, um
jovem, 25 anos. Ele é sus-
peito de cometer um ho-
micídio no dia 17 de outu-
bro que vitimou um ado-
lescente de 16 anos, na
praça da Espanha. A polí-
cia também apreendeu
nove buchas de cocaína e
três munições. As informa-
ções são da Polícia Civil.
O crime teria aconteci-
do após uma briga na pra-
ça, onde a vítima teve par-
ticipação ao tentar ajudar
um amigo que estava en-
volvido. Segundo a polícia,
o suspeito efetuou vários
disparos de arma de fogo
em direção as vítimas que
se misturavam em meio as
pessoas que frequentam o
local. Oadolescente foi atin-
gido e morreu no local, seu
amigo de 17 anos foi socor-
rido e levado ao hospital.
Ainda segundo a polí-
cia, o suspeito estava cum-
prido pena emregime aber-
to e já tinha respondido pe-
los crimes de receptação,
roubo, posse ilegal de arma
de fogo e lesão corporal.
Suspeito de
morte é preso
Praça Espanha
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