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PARANÁ
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Política
CURITIBA, QUINTA-FEIRA, 18 DE FEVEREIRO DE 2016
MP investiga deputado no
casoda “máfia dos remédios”
Dinheiro desviado através de superfaturamento teria financiado campanha de políticos, diz Gaeco
POLÍTICA EM DEBATE
Josianne Ritz | Com a colaboração dos editores do BEMPARANA |
Ou vai ou racha
Os quatro deputados do PMDB que apoiam o
governo Beto Richa (PSDB) na Assembleia
Legislativa adiaram para a semana que vem, a
decisão sobre se permanecem no partido ou
aproveitam a “janela da infidelidade”, que será
aberta a partir de hoje, para buscar outra
legenda. O grupo é pressionado pela direção
estadual do PMDB, presidida pelo senador
Roberto Requião, que quer a sigla na oposição.
Segundo o deputado Alexandre Curi, que integra
o PMDB governista, qualquer que seja a decisão,
ela será conjunta. “Ou ficam os quatro ou saem
os quatros”, afirmou Curi. A ala pró-Richa inclui
ainda o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli,
Jonas Guimarães e Artagão Júnior.
Ivan Santos
O Grupo de Atuação Es-
pecial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco) doMinis-
tério Público estadual confir-
mou que investiga o envolvi-
mento de um deputado esta-
dual no esquema de desvio de
recursos da saúde pública para
compra de medicamentos,
apurado na Operação Pana-
ceia. A nome do parlamentar
não foi revelado, segundo o
MP, porque as investigações
ainda estão em andamento. A
suspeita é de que parte do
dinheiro desviado tenha sido
destinado ao financiamento
de campanhas eleitorais de
prefeitos, vereadores e depu-
tados.
Na terça-feira, o Gaeco de
Cascavel cumpriu três manda-
dos de busca e apreensão em
Toledo, na quinta fase da ope-
ração. Os mandados foram
cumpridos em uma empresa,
na residência e no sítio do em-
presário José Edson Rinaldi,
dono da Tolemed, empresa de
medicamentos com sede em
Toledo (região Oeste) Na em-
presa – citada na terceira fase
daOperaçãoPanaceia,queocor-
reu nomunicípio de Corbélia –
e na residência foram apreen-
didos documentos e medica-
mentos com embalagens adul-
teradas. Já no sítio do empresá-
rio, os policiais doGaecoencon-
traram medicamentos que ha-
viamsido queimados e posteri-
ormente enterrados. O empre-
sário foi autuado em flagrante
pelas práticas de crime ambi-
ental e de estelionato.
O laboratório é investigado
por participar de licitações su-
postamente fraudulentas en-
volvendoprefeituras da região.
Segundo odelegado Thiagode
Almeida, do Gaeco, parte dos
medicamentos encontrados
deveriam ser distribuídos gra-
tuitamente em postos de saú-
de, mas vinha sendo vendidos
em farmácias de Toledo com
embalagens adulteradas.
Aoperação é umdesdobra-
mento do trabalho de investi-
gação realizado pelo Gaeco
desde julho de 2015, quando
secretáriosmunicipais e empre-
sários foram presos na região
Oeste. De acordo comas inves-
tigações, um grupo de empre-
sários, associados comos secre-
táriosmunicipais, superfatura-
ram contratos na quantidade
dos produtos fornecidos. Os
valores desviados eramdividi-
dos, e parte do montante era
entregue a políticos.
De acordo com o delega-
do parte desse dinheiro teria
sido repassado a pelo menos
um deputado estadual. O ob-
jetivo era garantir novos con-
tratos junto ao poder público.
Revista
O líder da bancada peemedebista,
deputado Nereu Moura, criticou ontem a
publicação de uma revista de 134 páginas
pelo governo do Estado para divulgação
das ações da atual administração. Moura
disse ter somado todos os investimentos
que estão inseridos na publicação “Che-
guei à conta que o governo Beto Richa
afirma que, em cinco anos, investiu mais
de R$ 43,4 bilhões, ou seja, aproximada-
mente R$ 8,5 bilhões por ano, quando to-
dos sabem que a capacidade de investi-
mento do Paraná não chega a R$ 1 bilhão
por ano”, apontou. O parlamentar infor-
mou que irá apresentar um pedido de in-
formação para saber quantos exemplares
foram impressos e o custo da produção
do material.
Prestação de contas
O líder do governo rebateu as críticas,
afirmando que a revista não envolve pro-
moção pessoal do governador – que se-
quer aparece na publicação, segundo ele
– nem propaganda. “Trata-se apenas de
uma prestação de contas”, explicou Ro-
manelli.
Novo líder
O deputado Luiz Carlos Martins as-
sumiu ontem a liderança do PSD na As-
sembleia. Martins foi escolhido para o car-
go pela bancada em substituição ao de-
putado Chico Brasileiro. “É um rodízio
entres os três parlamentares do PSD na
Assembleia. Temos muito claro o caminho
do partido e nos revezamos na tarefa de
liderar o PSD na Casa”, explica Martins.
Além dos dois, o partido tem ainda o de-
putado Ney Leprevost.
Recibo
A Assembleia aprovou ontem projeto
dos deputados Claudio Palozi (PSC) e
Claudia Pereira (PSC), que dispõe sobre a
qualidade do papel de comprovantes ao
consumidor emitidos pelo comércio, como
Valquir Aureliano
“A gente identificou que al-
gumas empresas envolvidas
patrocinavam sim candidatu-
ras de prefeitos, vereadores,
até mesmo deputados esta-
duais. Em contrapartida, eles
acabavam entrando dentro da
máquina pública, fechando
contratos licitatórios com es-
sas prefeituras. Há um nome
de umdeputado aí que supos-
tamente está envolvido em
uma dessas prefeituras. A
gente está aprofundando
para tentar vinculá-lo às in-
vestigações, mas não tem
nada concreto que a gente
possa estar dizendo no mo-
mento”, afirmou o delegado à
rádio Band News.
é o caso das notas fiscais. A proposição, que
passou em primeiro turno, estabelece que es-
ses recibos devam ser impressos commaterial
que tenha uma durabilidade mínima de cinco
anos. “Temos recebido muitas reclamações por
parte dos consumidores que argumentam que
os comprovantes não são apresentados em
papel de qualidade, o mesmo acontecendo
com a tinta. Assim, sofrem prejuízos quando
necessitam comprovar a compra de algumpro-
duto”, alegou Palozi.
Compagás
O ex-presidente da Companhia Parana-
ense de Gás (Compagás) Luciano Pizzato e os
atuais diretores Fábio Augusto Norcio (Admi-
nistração e Finanças) e José Roberto Gomes
Paes Leme (Técnico-Comercial) vão ter que
devolver à empresa R$ 364,4. A decisão é do
Tribunal de Contas do Estado. O motivo, se-
gundo o TCE, seria o abandono de imóvel alu-
gado pela Compagás na Aem Curitiba. Os va-
lores a serem ressarcidos por cada um dos res-
ponsáveis serão definidos em processo de li-
quidação, com juros e correção monetária.
RÁPIDA
Tempo
O presidente da
Assembleia
Legislativa, deputado
Ademar Traiano
(PSDB), afirmou
ontem não ter
conhecimento do
caso. Traiano disse
que a Assembleia não
deve pedir
informações sobre a
investigação ao
Gaeco. “Se o Gaeco
está investigando, vai
tornar público. Não
há razão para eu
encaminhar qualquer
iniciativa”, disse
Traiano. “Acredito
que se há indícios e
o Gaeco está falando
vai surgir. É questão
de tempo”, alegou.
Se depender da
cúpula da Casa,
mesmo que o nome
do parlamentar
supostamente
envolvido no
esquema venha à
tona, a Assembleia
não deve tomar
nenhuma iniciativa
sobre o caso,
explicou o tucano.
“Se o Gaeco está
investigando, a
autoridade maior
para comprovação de
envolvimento ou não
(de deputado) é de
responsabilidade do
Gaeco”, afirmou.
“Até porque o fato
de investigar não
significa estar
denunciado”,
argumentou.
Protesto tumultua sessão da Câmara
Cerca de 50 pessoas participaram ontem de protesto na frentre à Câmara Municipal de
Curitiba contra o reajuste salarial sugerido por alguns vereadores no começo do ano
legislativo. Apenas 30 tiveram permissão para entrar no plenário.
Organizado pela Primavera Cidadã, o evento coletou assinaturas para um projeto de lei
de iniciativa popular que propõe a redução do salário de vereadores para pouco mais
de R$ 3 mil mensais, que já contaria com 10.192 assinaturas, das 62 mil necessárias.
O presidente da Câmara Municipal, Ailton Araújo (PSC), afirmou, no início do mês, que
a Casa deve reajustar os salários dos vereadores pela inflação do período, ou 10,7%.
Segundo, o integrante do movimento, André Barreto, o reajuste é uma “imoralidade”.
“Eles são representantes do povo e o que a maioria da população quer é a redução
dos seus salários”, afirmou o estudante.
Valquir Aureliano