BEM
PARANÁ
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Saúde
CURITIBA, SEGUNDA-FEIRA, 18 DE ABRIL DE 2016
Se você não teme a
DPOC, deveria temer
SAÚDE EM FOCO
Clovis Cechinel
Hipertensão na
terceira idade
26 de abril é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à
Hipertensão Arterial. De acordo comoMinistério da Saúde,
em nosso país existem mais de 40 milhões de hipertensos.
Na população acima de 60 anos eles são 60%. Com o passar
dos anos e com a idade chegando a pressão arterial sobe
devido ao acúmulo de cálcio nos vasos sanguíneos, que vão
ficando mais rijos. Isto acaba aumentando a pressão de san-
gue, o que prejudica não só os rins, mas tambémo cérebro e
o coração. Clovis Cechinel, geriatra do Laboratório Frisch-
mannAisengart, explica que geralmente a pressão começa a
subir devagar e a dificuldade de observar os sintomas se dá
porque o organismo acaba acostumando comessa elevação.
Além disso, o hipertireoidismo, a doença de Paget, a
anemia, a deficiência de tiamina, o uso de antiinflamatóri-
os e anticoncepcionais também podem ser responsáveis
pela elevação da pressão. As principais causas seriam a
dieta rica emsal, sedentarismo, obesidade, alémda própria
genética individual.
Ogeriatra explica que a pressão alta pode ser chamada
de “inimiga oculta”, pois pode não apresentar sintomas, o
que dificulta o diagnóstico precoce e, mesmo assim, causar
derrame cerebral, infarto, insuficiência renal e cardíaca, além
de comprometimento dos vasos sanguíneos. ”Atenção es-
pecial deve ser dada para os pacientes com fatores de risco
para hipertensão arterial, histórico familiar de doenças car-
diovasculares ou que desejam iniciar atividades físicas”,
diz o especialista.
Algumas situações como dores e alterações emocionais
(crises de ansiedade e pânico, por exemplo) elevam transi-
toriamente a pressão arterial e não devemser consideradas
para diagnóstico da doença. Também existem pessoas cuja
pressão arterial sobe pelo fato de estarem em ambiente
médico,tambémconhecidacomohipertensãodojalecobran-
co. Muitas vezes está relacionada ao perfil de ansiedade do
paciente e independe de sua vontade.
Cechinel afirma que a dificuldade maior se encontra no
tratamento desses pacientes, dado ao fato de os idosos apre-
sentarem um comportamento aos anti-hipertensivos dife-
rente do adulto jovem. Esse fato ocorre por vários motivos,
comoamaior sensibilidadede certos sistemas eórgãos àação
de determinadas drogas e a interação com outros medica-
mentos que o paciente frequentemente vemusando. Assim,
a terapêutica anti-hipertensiva deve ser iniciada prudente-
mente, com uma única droga, sendo a dose inicial habitual-
mente a metade da dose empregada no adulto jovem. O
aumentodaposologiadeve ser lentoegradual, controlando-
se rigorosamente seus efeitos e manifestações colaterais.
“Dietas muito restritivas não são recomendadas”, afir-
ma o médico. Por isso, para o geriatra o ideal é orientação
sobre como se pode evitar o aumento de pressão antes que
o caso se torne grave. Evitar ingerir sal e gorduras é o prin-
cipal. O consumo de certas variedades de alimentos, inclu-
indo cereais, leite, verduras e frutas também é recomenda-
do. “Nutricionalmenteousode temperos naturais comalho,
limão, ervas, cebola, ao invés de similares industrializados
que contêmmuito sódio também é adequado”, afirma.
De acordo com o médico, mudar o estilo de vida do
paciente tem sido o segredo no tratamento dessa doença
semcura. “Programas de exercício físico regulares, alémde
diminuir a pressão arterial, podem reduzir consideravel-
mente o risco de doença arterial coronária, acidentes vascu-
larescerebraisemortalidadegeral”,afirma.Econtinua:“Tudo
isso, aliado a uma alimentação adequada, ao não hábito de
tabagismo,aopoucoconsumodeálcooleumdia-a-diamenos
estressante pode manter o paciente idoso hipertenso mui-
to saudável”.
Cechinel lembra que, “apesar do conceito difundido de
que é muito difícil mudar hábitos de vida muito antigos,
quando a abordagem é feita com bom senso, criando alter-
nativas saudáveis, sem radicalismos, com esclarecimentos
dos objetivos e resultados esperados, é possível obter boa
aderência, assim como os resultados esperados”.
Clovis Cechinel, geriatra do Laboratório Frischmann
Aisengart, explica porque a doença é mais comum em idosos
Doença será a terceira maior causa de morte em 2020, segundo a OMS
Com o progresso tecnoló-
gico e a maior emissão de ga-
ses tóxicos, a saúde da popu-
lação sofre com diferentes ti-
pos de doenças. Entre elas, a
DPOC (Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica), respon-
sável por dificultar progressi-
vamente o fluxo de ar para os
pulmões e que foi, nos últi-
mos 10 anos, a 5ª maior causa
de internações no Sistema
Único de Saúde (SUS), de acor-
do com o próprio Sistema, e
será a 3ª maior causa de mor-
te em 2020 no mundo, segun-
do a Organização Mundial de
Saúde (OMS). A DPOC usu-
almente inicia pela bronquite
crônica, caracterizada por tos-
se e catarro. Progressivamen-
te irá se desenvolver enfise-
ma, que é a destruição das
paredes dos alvéolos.
A doença é causada pela
inspiração de partículas noci-
vas encontradas em fumaças
como a do cigarro, químicos,
madeira e poluição. Com isso,
a enfermidade demora anos
para se manifestar, fazendo
com que seus pacientes apre-
sentem sintomas a partir dos
40 anos. “Em seu estágio ini-
cial a DPOC causa falta de ar
apenas durante esforço físico,
e por isso o paciente vive anos
sem perceber a presença da
doença”, afirma o Dr. José Jar-
dim, Pneumologista, e Profes-
sor-Livre Docente da Escola
Paulista de Medicina da UNI-
FESP.
Apesar do grande número
de pacientes, apenas 12% de-
les são diagnosticados com a
doença, dos quais apenas 18%
são devidamente tratados, se-
gundo a Associação Brasileira
de Portadores de DPOC (ABP
DPOC). O diagnóstico da
DPOC é realizado por meio da
espirometria, um exame que
mede o volume de ar e a rapi-
dez que uma pessoa pode ins-
pirar e expirar. Quando cons-
tatada a doença, é necessário
definir em qual dos 4 estágios
a doença se encontra.
Em seu primeiro estágio,
chamado de Grau Leve o pa-
ciente apresenta uma limita-
ção leve no fluxo de ar, segui-
do de tosse e expectoração,
porém a doença não afeta sua
rotina. No próximo estágio,
Grau Moderado, pode-se ob-
servar o aumento da falta de
ar durante a realização de es-
forço físico, além da frequên-
cia da tosse e expectoração,
sendo geralmente a fase em
que o paciente procura um es-
pecialista.
OGrauGrave segue como
uma continuação do anterior,
com progressiva diminuição
da função pulmonar e apare-
cimento de surtos de infecção
pulmonar, chamada de exa-
cerbação. Já no último estágio,
Grau Muito Grave, o pacien-
te apresenta menos de 50%
da função esperada do pul-
mão, dificuldade extrema em
respirar, inclusive durante ta-
refas diárias fadiga e exacer-
bações mais frequente.
A DPOC está intimamen-
te ligada a perda na qualida-
de de vida das pessoas. “Com
o avanço da doença o pacien-
te passa a ter dificuldade de
realizar tarefas cotidianas
como tomar banho, se vestir,
e até mesmo repousar”, afir-
ma o especialista. É comum
que o paciente muito grave
tenha de ser suplementado
com oxigênio contínuo.
Tabagismo —
Apesar de
ser provocado por diferentes
tipos de fumaça, o principal
agente causador da DPOC
continua sendo o cigarro. A
fumaça do cigarro não com-
promete apenas o fumante,
mas também aqueles que es-
tão ao seu redor. De acordo
com o Instituto Nacional de
Câncer (INCA), a fumaça li-
berada pela ponta do cigarro
contém 3 vezes mais nicotina
e monóxido de carbono, e até
50 vezes mais substâncias
cancerígenas do que a fuma-
ça inalada pelo fumante.
PALIATIVO
Tratamento
Apesar de não ter
cura, é possível
preservar a
qualidade de vida
do paciente por
meio de um
tratamento
individual com
diferentes
especialistas, como
pneumologista,
fisioterapeuta e
nutricionista. No
entanto é de
extrema importância
a interrupção do
tabagismo, e
procurar evitar a
inalação de poeira e
poluentes. “O
tratamento
medicamentoso é
aconselhado de
acordo com o grau
apresentado pelo
paciente. Na fase
inicial são utilizados
broncodilatadores,
que relaxam a
musculatura ao
redor do aparelho
respiratório,
facilitando a
respiração”,
completa Dr. Jardim.
SINTOMAS
A recomendação da sociedade médica é que consultem um pneumologista para avaliação quando tiverem
sintomas respiratórios. Mas há um teste da Iniciativa Global para a DPOC (GOLD) que pode ser realizado
para rastrear a doença.
BASTA RESPONDER SIM OU NÃO ÀS QUESTÕES ABAIXO
)
Você tosse diariamente?
)
Você tem catarro todos os dias?
)
Você se cansa mais do que uma pessoa da sua idade?
)
Você tem mais de 40 anos?
)
Você é fumante ou ex-fumante?
Três respostas positivas indicam a necessidade de consultar um pneumologista para a realização de
espirometria, exame utilizado como uma das etapas do diagnóstico da DPOC.
OUTROS SINTOMAS DE DPOC INCLUEM
)
Falta de ar, especialmente durante as atividades físicas
)
Chiado no peito
)
Aperto no peito
)
Ter que limpar a garganta logo no início da manhã, devido ao excesso de muco nos pulmões
)
Tosse crônica que produz expectoração. O muco pode ser claro, branco, amarelo ou esverdeado
)
Lábios ou camas de unha azulados (cianose)
)
Infecções respiratórias frequentes
)
Falta de energia
)
Perda de peso não intencional (em fases mais avançadas).