Jornal Bem Paraná - page 16

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CURITIBA, QUARTA-FEIRA,
8 DE JULHO DE 2015
Diversão
&Arte
BEM
PARANÁ
A programação es-
pecial será dedicada a
crianças e maiores de 60
anos. Foto: Maíta Fran-
co/MON O Museu Os-
car Niemeyer (MON)
oferece uma programa-
ção especial com duas
semanas de atividades,
oficinas e mediações
dedicadas a crianças
de 3 a 12 anos e adul-
tos acima de 60 anos.
Os valores por dia para
as oficinas custarão R$
12 e R$ 6 (meia-entra-
da para professores, es-
tudantes, menores de
12 anos e maiores de
60) e serão vendidos na
bilheteria do MON, de
terça a domingo, das
10h às 18h.
A primeira semana,
de 14 a 17 (terça a sex-
ta) entre 14h e 17h, terá
atividades para crian-
ças, que devem sempre
estar acompanhadas
dos pais ou responsá-
veis. Já a semana do dia
21 a 24 de julho (terça a
sexta) foi preparada
para adultos a partir de
60 anos. Nestas duas
semanas serão ofereci-
das visitas mediadas,
dinâmicas, oficinas e
peças de teatro.
Para mais informa-
ções entre em contato
com a Ação Educativa
nos telefones (41)
3350-4412/4468, das
9h às 12h e das 14h às
17h, ou confira o site
w w w . m u s e u o s c
arniemeyer.org.br
SERVIÇO:
O quê:
Oficina de
férias no MON.
Quando:
14 a 17
(terça a sexta).
Idade:
3 a 12 anos
acompanhados dos
pais ou responsáveis
Valor:
R$12 e R$6
Venda na Bilheteria:
10h às 18h, terça a
domingo
Horário: 14h às 17h
Programação: visitas
mediadas, dinâmicas,
oficinas e peças de
teatro.
Rapper Emicida, entre
músicas e peças de roupas
Ao mesmo tempo que prepara álbum inspirado na África, rapper lança grife
MON
oferece
Oficina
de Férias
MAIS
Atividades
Na semana passada,o
rapper Emicida fez barulho
nas redes sociais ao divulgar
seu novo clipe, B
oa Esperança
.
Dirigido por Kátia Lund e
João Wainer, o vídeo tem fo-
tografia de cinema e mostra
a rebelião de empregados de
uma mansão, que se revol-
tam com os patrões ao som
das batidas de hip-hop e da
letra que diz "Favela ainda é
senzala. Bomba-relógio pres-
tes a estourar".
A música faz parte de
seu novo álbum, baseado
em uma viagem feita por ele
a Cabo Verde e Angola, que
contará com a participação
de Caetano Veloso e Vanes-
sa da Mata e deve ser lança-
do em agosto. Antes disso,
ontem, o rapper realizou
um show em São Paulo que
marca outra de suas emprei-
tadas: a criação de uma li-
nha de roupas em parceria
com a marca West Coast,
com direção criativa do esti-
lista João Pimenta. Entre as
peças, há camisas, botas, tê-
nis e moletom, que custam
de R$ 189 a R$ 389. "Minha
mãe era empregada, eu mo-
rava na favela, mas ia ao bair-
ro dos playboys todo dia e
isso também foi importante
na minha formação", diz
Emicida - ele cresceu no
bairro Cachoeira, zona
norte da capital paulis-
ta. "Gosto da fusão dos
dois mundos " Aos 29
anos, dono da própria
gravadora e recém-
chegado de turnê
pela Europa, Emici-
da gosta também
de quadrinhos,
política e contar
histórias, como
pode ser con-
ferido na
entrevista.
P o r
que se in-
t e r e s s o u
pela pro-
posta de lan-
çar uma coleção de roupas?
Emicida—
Antesmesmo
de a marca me procurar, eu
andava desenhando roupas.
Comprei uns livros de corte
e costura num sebo e, às ve-
zes, faço aula de tricô com a
minha mãe. (Risos) Ficamos
conversando sobre a vida e
tricotando. Quando soube do
conceito da coleção, do lan-
ce do workwear, de ser uma
roupa de trabalho, achei que
tinha a ver. Porque é isso que
a gente faz - corre. Tanto que
as etiquetas das roupas têm
escrito "Corre Sempre", com
o desenho de uma marmiti-
nha.
Você crioumesmo as pe-
ças?
Emicida —
Sim. O
João (Pimenta) me
deu um direciona-
mento e rabiscamos
as ideias. Quis fa-
lar das quebradas,
que é de onde o
trabalhador sai
todo dia para atra-
vessar a cidade. Aí,
liguei para o Opni,
um coletivo de arte
de São Mateus,
que criou uma estampa ba-
seada na fiação elétrica lá do
meu bairro. Juntei João Pi-
menta, Emicida, West Coast
e Opni nessa história. É dis-
so que gosto.
Tem talento para dese-
nhar?
Emicida —
Sim. Meu
plano A era fazer quadri-
nhos. Foram eles que me fi-
zeram gostar de ler.
Você já afirmou ser con-
tra a redução da maioridade
penal, pois acredita que os jo-
vensprecisamde escola enão
de cadeia. Como foi a sua for-
mação?
Emicida —
Meu pai
m o r r e u
quando
eu tinha 6 anos e a minha
mãe sempre teve que traba-
lhar. Ela era doméstica em
duas casas de família e, para
fugir do estresse, começou a
ler. Parei de estudar na 3.ª
série, pois comecei a brigar
por causa dos comentários
racistas que sofria. Depois,
acabei voltando. Devo mui-
to do que sei ao hip-hop,
também. Brinco que, na mi-
nha época, para entrar no
hip-hop, você tinha que sa-
ber toda a biografia do Mal-
colm X. O papel do MC é
esse, passar informação.
Acha quehoje existeuma
alienação dos jovens na peri-
feria?
Emicida —
Não. O nível
intelectual da nossa burgue-
sia é baixo e o pobre quer ser
rico. Ele anseia o dinheiro,
não o nível de conhecimen-
to. Quando você não tem
uma classe que influencia o
País com ideias interessan-
tes, o discurso fica raso. Hoje,
no Brasil, as pessoas sentem
orgulho disso. Se um discor-
da, o outro diz que tem di-
reito à liberdade de expres-
são. Todo mundo vira
uma metralhadora giratória,
dando tiro no próprio pé.
E as redes sociais colabo-
rampara isso.
Emicida—
Apolarização
que aconteceu nas eleições
não existe dessa forma. No
dia a dia, a gente passa por
situações em que tem que
tomar decisões equilibradas.
Mas aí para falar de política
as pessoas se portam ou
como Che Guevara ou como
Margareth Thatcher.
Mas não é preciso radica-
lizar para passar umamensa-
gem, como fez no clipe de
BoaEsperança?
Emicida—
Fomos cuida-
dosos. A ideia é mostrar que
existe uma série de camadas
de ódio que ficam escondi-
das por um verniz. É um
motim de empregadas, mas
poderia ser de pedreiros, co-
zinheiros ou operários. Mas
as empregadas estão ali por-
que, para mim, em especial,
é um trabalho que tem um
vínculo gigantesco com a es-
cravidão. As pessoas pagam
o serviço de alguémpara lim-
par a própria casa, mas não
é difícil se acharemdonas da
pessoa. Essa confusão nos
aproxima muito de 1888.
Você se preocupa emnão
se tornar mainstream de-
mais?
Emicida—
Naminha ca-
beça, eu sou underground!
O que apodrece o mainstre-
am é a sua atitude em re-
lação a ele. Você não pode
deixar que omundo pau-
te a sua busca como ar-
tista. E a minha busca
é fazer justiça a esses
100 anos de música
brasileira e mostrar
que a maneira
como o hip-hop
se comunica é
fruto da diás-
pora africana.
É disso que
trata meu
próximo ál-
bum.
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