BEM
PARANÁ
6
Cidades
CURITIBA, QUARTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2015
Rodolfo Luis Kowalski
A crise no setor elétrico,
com o temor de falta de luz e
os sucessivos aumentos na
conta de energia elétrica, que
deve ter um reajuste de
43,4% em 2015, segundo o
Banco Central (BC), têm pro-
vocado uma verdadeira ex-
plosão na procura por solu-
ções e fontes alternativas ca-
pazes de evitar problemas de
abastecimento e ainda ajudar
a reduzir os custos. Em Curi-
tiba e Londrina, duas das ci-
dades mais ricas e mais in-
dustrializadas do Paraná, a
procura por geradores mais
do que dobrou neste ano.
A Gruger (Curitiba) e a
Sete Locações (Londrina),
duas das maiores empresas
do setor presentes no esta-
do, informaram ter registra-
do uma alta de 100% na pro-
cura por geradores desde o
começo do ano. O principal
motivo para essa alta seria a
possibilidade de economia
Coma crise, empresas
apelamparageradores
Economia com o uso dos equipamentos em horários de pico pode chegar a 30%
com o aluguel de geradores.
Em segundo lugar, estaria a
preocupação com o risco de
falta de luz, o que torna os
geradores uma espécie de se-
guro, uma garantia.
Segundo Matheus Vieira,
supervisor de manutenção da
Gruger, os principais interes-
sados no aluguel de gerado-
res são empresas com alto
consumo no horário de ponta
(no caso do Paraná, de 2ª a 6ª
feira das 18 às 21 horas, ou
das 19 horas às 22 horas no
horário de verão). É que nes-
se horário uma indústria paga,
no mínimo, R$ 1,50 o quiilo-
watt-hora (kWh)—emalguns
casos, o valor pode passar de
R$ 2. Com um gerador, o gas-
to do kWh no horário de pon-
ta cai para R$ 1,20.
“O que se dá é que hoje a
Copel trabalha comas bandei-
ras de tarifa. E as bandeiras
verde e azul tem muita pro-
cura para o uso de gerador.
Hoje, poucas tem conseguido
uma economia de mais de
10% com o uso de gerador,
mas dependendo de quanto
a pessoa paga em energia,
esse percentual já vai signifi-
car uma economia importan-
te”, aponta Vieira. “E o pesso-
al tambémprioriza (o gerador)
pela segurança. A Copel, além
de aumentar constantemente
o custo da energia, tem o risco
de queda no horário de pon-
ta, que é muito grande”, com-
plementa.
Já na Sete Locações, que
trabalha com geradores pró-
prios (o grupo possui uma fá-
brica que produz os equipa-
mento), a economia pode che-
gar a até 30%. “Uma estimati-
va razoável seria de uma eco-
nomia em torno de 15%, mas
em alguns casos pode chegar
a até o dobro disso. Aí quando
você olha a situação macroe-
conômica, com queda de fa-
turamento por conta do mer-
cado desaquecido, e o aumen-
to no custo da energia, uma
economia dessa se torna mui-
to significativa”, argumenta
Leopoldo Pegoraro, da Sete
Locações.
Em fevereiro deste ano,
inclusive, o ministro de Minas
e Energia, Eduardo Braga, já
havia defendido o uso de ge-
radores próprios por grandes
consumidores com o intuito
de aliviar a pressão sobre o sis-
tema elétrico, como uma for-
ma de “mitigar a crise hídrica
para não gerar uma crise ener-
gética”. De acordo com Pego-
raro, o empresariado enten-
deu o recado.
“Está havendo umproces-
so de reeducação, uma mu-
dança de cultura. Isso já vi-
nha acontecendo antes, mas
de forma lenta. O medo de
falta de energia e o aumento
na conta fez acelerar esse pro-
cesso de tomada de consciên-
cia”, afirma. “Nos últimos seis
meses, quando começaram a
vir os aumentos na conta, a
procura por geradores, que é
nosso carro chefe, e soluções
energéticas cresceu por volta
de 100%”, finaliza.
O aumento no valor da
conta de energia elétrica
fez a Sanepar encaminhar
proposta de revisão tarifá-
ria extraordinária ao agen-
te regulador do setor no Pa-
raná, o Instituto das Águas.
A revisão tarifária extraor-
dinária está prevista na Lei
do Saneamento (11.445/
2017), que também estabe-
lece as regras para o rea-
juste anual e a revisão pe-
riódica. A energia é o insu-
mo de maior peso na com-
posição tarifária do setor.
“Os reajustes autorizados
pela Aneel estão bem aci-
ma do que prevíamos”, afir-
ma o diretor-financeiro da
companhia de saneamento,
Gustavo Guimarães.
Alta da água é efeito cascata da alta da luz
Energia elétrica
NORTE PIONEIRO
Nova usina e linhas de transmissão
O governador Beto Richa e o presidente da Copel,
Luiz Fernando Vianna, lançam, amanhã, às 10h30, a
pedra fundamental da Nova Usina Figueira, no Norte
Pioneiro. O evento marca o início da completa
modernização da Usina Termelétrica de Figueira,
pertencente à Copel. Na mesma solenidade, será
também inaugurada a linha de transmissão de
energia recém-instalada entre as subestações
Figueira e Londrina. O circuito tem 92 km de
extensão, e passa por sete municípios no Norte.
CONTEÚDOSUSTENTÁVEL
Ceres Battistelli |
Coca-Cola lança
garrafa feita da
cana-de-açúcar
Uma garrafa pionei-
ra, feita de plástico 100%
da cana-de-açúcar, foi
anunciada pela Coca-
Cola. A inovação pode
representar o fim da uti-
lizaçãodopetróleo como
matéria-prima para a
produção de polímeros.
A “PlantBottle” foi apre-
sentada na ExpoMilano,
conferênciade tecnologia
e alimentação. De acor-
do coma empresa, a em-
balagem se parece com as tradicionais. O sistema de reci-
clagem é o mesmo, mas com um plástico feito a partir da
cana e não do petróleo. Com isso, a “pegada ambiental”
deixada no planeta é muitomenor. Em 2009 a Coca-Cola já
havia desenvolvido uma garrafa com 30% de plástico à
base de planta. Essa versão já foi distribuída em 40 países
nos últimos anos, totalizando 35 bilhões de embalagens.
Ibama promove simulado
surpresa no Porto de Paranaguá
O Ibama coordenou um exercício simulado de atendi-
mento a acidente ambiental no Porto de Paranaguá, com o
objetivo de testar o plano de atendimento a emergência do
porto. Durante a atividade, foi simulado um acidente com
derramamento de 80 mil litros de óleo, com vítimas e im-
pacto ambiental. O Ibama avaliou positivamente a execu-
çãodo exercíciopeloPortodoParanaguá, concluindohaver
capacidade de resposta para o cenário proposto. De acordo
com o superintendente do Ibama no Paraná, Vinícius Car-
los Freire, exercícios comoo realizadobuscamantecipar situ-
ações indesejáveis que possam ocorrer durante a operação.
Suspensão da extração
do gás de xisto no Brasil
Integrantes da Coalizão Não Fracking Brasil - coorde-
nada pela Coesus emparceria coma 350.org/Brasil e outras
entidades - participaram de audiência pública, na última
semana, na Câmara Federal, para debater o projeto de Lei
6904/2013 que propõe a suspensão da exploração do fra-
ckingnoBrasil por 5 anos. Ofracking é uma tecnologia para
a extração do gás do xisto, através da perfuração profunda
do solo, onde é inserida tubulação e injetada grande quan-
tidade de água e mais de 600 solventes químicos. Estudos
comprovam que, nos locais onde o fracking foi adotado,
ocorreram danos à saúde da população e ao meio ambien-
te, entre eles, a escassez e contaminação da água e a infer-
tilidade do solo.
Como age o Governo Federal
Mesmo diante dos perigos do fracking como alternati-
va energética, o governo brasileiro autorizou a Agência
Nacional de Petróleo (ANP) a leiloar 240 blocos de explo-
ração em 2013 e para este ano já anunciou que vai leiloar,
em Outubro, mais 269. Para a 13ª Rodada, há blocos em
cima dos Aquíferos Serra Grande e Guarani no Paraná e
São Paulo, próximos ao arquipélago de Abrolhos, na Bahia,
e na parte sul da floresta amazônica, já no Acre. Durante
os debates na Câmara, representantes do Ministério das
Minas e Energia (MME) admitiram que o fracking é peri-
goso e que estão trabalhando para a contenção de danos.
“O Governo continuará o fraturamento em bacias sedi-
mentares, utilizando uma tecnologia que o país não do-
mina, difícil, cara e arriscada”, disse o coordenador da
Coesus, Juliano Bueno de Araújo.
Ceres Battistelli, jornalista especializada em meio ambiente