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BEM
PARANÁ
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Política
CURITIBA, QUARTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2015
Ivan Santos
Os deputados estaduais
aprovaramontem, emprimei-
ro turno, reajustes salariais
diferentes para os servidores
do Legislativo, Judiciário, Tri-
bunal de Contas, Ministério
Público e Defensoria Pública.
Para os funcionários da pró-
pria Assembleia, foi aprovado
por 41 votos favoráveis e sete
contrários o aumento será de
3,45% a ser pago em outubro
– como aprovado para os ser-
vidores do quadro geral do
governo do Estado. Já para os
servidores dos demais pode-
res foi aprovado, por unani-
midade, o reajuste de 8,17%,
a ser pago no mês que vem,
com valor retroativo a 1º de
maio deste ano.
A discussão se arrastava
desde o mês passado, quan-
do os parlamentares aprova-
ram o reajuste geral do funci-
onalismo sob forte pressão da
greve dos professores e mani-
festações dos servidores. Na
primeira proposta encaminha-
da à Casa, o governo previa
reajuste de 5% dividido em
duas vezes. A fórmula final,
que além dos 3,45% em outu-
Assembleia aprova reajustes
diferentes para servidores
Aumento ficou em 3,45% para o Legislativo; e 8,17% para o Judiciário, Ministério Público e TCE
bro deste ano, prevê outros
8,5% em janeiro de 2016, re-
lativo à inflação estimada para
2015; e as perdas inflacionári-
as de 2016, em janeiro de
2017, acrescido de 1%, só foi
aprovada no dia 29. Ela foi
elaborada pelos próprios de-
putados governistas, que se
recusaram a assumir novo
desgaste de votar a proposta
do Executivo.
Isso depois da pressão so-
frida em fevereiro, quando o
governo foi obrigado a retirar
de pauta o pacote de corte de
gastos e benefícios do funcio-
nalismo após a invasão da As-
sembleia. E após o confronto
entre policiais e manifestantes
do dia 29 de abril, durante a
votação das mudanças no Pa-
raná Previdência, que acabou
com mais de 200 feridos.
Com o fim da greve dos
professores e a aprovação do
projeto, os deputados passa-
ram a discutir o reajuste dos
servidores dos demais pode-
res. Enquanto Judiciário, MP
e TCE usaram suas prerroga-
tivas para garantir a reposição
integral da inflação para seus
funcionários, a Mesa Executi-
va da Assembleia e a lideran-
ça do governo preferiu repetir
o mesmo índice concedido
pelo Executivo para o quadro
geral dos servidores. O argu-
mento era de que seria incoe-
POLÍTICA EM DEBATE
Josianne Ritz | Com a colaboração dos editores do BEMPARANA |
Romanelli (PMDB): aumento maior seria “incoerente”
Franklin de Freitas
rente promover aumentomai-
or para o Legislativo, depois
de aprovar os 3,45% para os
funcionários do governo.
No final, prevaleceu a
vontade do Palácio Iguaçu e
do presidente da Assembleia,
deputado Ademar Traiano
(PSDB), de seguir o mesmo
índice dos servidores do Exe-
cutivo – apesar do Legislati-
vo, assim como o Tribunal de
Justiça, MP, TCE – ter autono-
mia financeira e orçamento
próprio – e recursos para ga-
rantir a reposição da inflação
de seus funcionários.
“Não posso interferir em
propostas encaminhadas pelo
TJ, que é um poder indepen-
Orçamento
LDO passa
sem mudanças
A Assembleia Legisla-
tiva também aprovou on-
tem, em primeiro turno, a
Lei de Diretrizes Orçamen-
tárias (LDO) para 2016. A
proposta passou sem alte-
rações, depois que o gover-
no desistiu de aumentar a
margem da receita que po-
deria remanejar sem con-
sulta aos deputados.
O projeto original do
Executivo previa que ele
poderia transferir recursos
em um porcentual de até
20% do total do Orçamen-
to - o equivalente a R$ 8,4
bilhões. A Comissão de Or-
çamento, porém, reduziu
esse índice para 7% - ou
cerca de R$ 2,92 bilhões.
O líder da bancada do
governo, deputado Luiz
Cláudio
Romanelli
(PMDB), tentou uma ma-
nobra para aumentar o ín-
dice pedindo a retirada do
projeto de pauta. Alegan-
do que a redução do por-
centual de remanejamen-
to teria sidomuito “radical”,
Romanelli chegou a afir-
mar que aproveitaria a re-
tidada da proposta de pau-
ta e seu retorno à comissão
para apresentar uma emen-
da para elevar o índice
para 15%. Diante da rea-
ção contrária dos parla-
mentares e do risco de re-
jeição da emenda, porém,
o líder governista recuou.
dente”, disse Traiano, que ale-
gou ter conversado com a cú-
pula do MP e do Tribunal de
Contas, mas que ambos os ór-
gãos decidirampela reposição
imediata da inflação para seus
servidores. “Em relação à As-
sembleia, seria um contrasen-
so nós agirmos diferente”, ar-
gumentou o tucano. “Seria
profundamente incoerente a
Assembleia aprovar um rea-
juste diferente do que aquele
estabelecido para o Executi-
vo”, reforçou o líder da banca-
da do governo, deputado Luiz
Cláudio Romanelli.
Édipo
— A Oposição che-
gou a articular uma emenda
para garantir os 8,17% para os
servidores da Casa, mas desis-
tiu depois que os funcionários
efetivos da Assembleia decidi-
ramapoiar os 3,45%. “OLegis-
lativo está cometendo umerro.
Passando uma imagem ruim.
Uma espécie de complexo de
Édipo ao contrário. Porque a
mesma coragem que os depu-
tados têmpara aprovar um re-
ajuste menor para seus funci-
onários, não tempara o Judici-
ário e o Ministério Público?”,
questionou ontemo deputado
Péricles de Mello (PT).
Momento
Lupi também minimizou o fato
do prefeito Gustavo Fruet (PDT)
aparecer nas pesquisas mais recen-
tes como segundo colocado nas in-
tenções de voto para a eleição em
Curitiba, no ano que vem, e com ín-
dice de reprovação de mais de 60%.
Segundo o dirigente, o resultado é
momentâneo e reflete uma situação
de crise nacional que atinge todos
os níveis de governo. Para Lupi, Fru-
et tem todas as condições para se
recuperar até a disputa de 2016.
Projeto
Presidente do PSDB do Paraná,
o deputado estadual e presidente da
Assembleia Legislativa, Ademar Trai-
ano, desconversou hoje sobre a pos-
sibilidade do Alvaro Dias deixar o
partido. Traiano se limitou a comen-
tar que Alvaro “é uma grande lide-
rança”, e opinou que o senador te-
nha “um projeto nacional”, por isso
as conversas com outros partidos.
Segundo as informações de bastido-
res, Alvaro teria intenção de dispu-
tar a presidência da República em
2018, e poderia deixar o “ninho tu-
cano” em busca de outra legenda
para suas pretensões, já que no
PSDB, a vaga já é disputada pelo
senador Aécio Neves (MG), além do
governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, e o senador José Serra (SP).
Entre os partidos que ele estaria con-
versando estariam o PSB e o PDT.
No ataque
Ogovernador Beto Richa (PSDB)
voltou a criticar a APP-Sindicato,
ontem, ao afirmar, durante encon-
tro com prefeitos, que a greve dos
professores só terminou depois que
o governo divulgou os salários da
categoria. Richa culpou ainda o sin-
dicato pela queda da nota da rede
pública de ensino do Paraná no Ín-
dice de Desenvolvimento da Edu-
cação Básica (Ideb), no ano passa-
do. “Em Curitiba, quando era pre-
feito, dei 70% de aumento aos pro-
fessores. E, lá, atingimos o maior
Ideb do Brasil. Aqui, não consegui-
mos, porque na pauta dos sindica-
tos, nunca consta a qualidade do
ensino. É só salário, gratificação e
hora-atividade”, afirmou o tucano.
Portas
abertas
O presidente
nacional do PDT
e ex-ministro do
Trabalho,
Carlos
Lupi
, garantiu
ontem que o
partido está de
“portas
abertas” para
receber o
senador Alvaro
Dias, que estaria
pensando em
deixar o PSDB
em busca de
outra legenda
para disputar as
eleições de
2018. Lupi
negou, porém,
que já tenha
havido qualquer
conversa com o
tucano. E fez
uma ressalva: “Nosso partido é como igreja, está sempre de portas
abertas. Mas quem quer não pode entrar querendo já ser bispo ou
cardeal. Tem um rito”.
Até o fim
Parlamentares da base do gover-
no na Assembleia criticaram, ontem,
a decisão do secretário de Estado da
Fazenda, Mauro Ricardo Costa, de
fechar as delegacias regionais da
Receita Estadual em União da Vitó-
ria e Foz do Iguaçu. Um dos mais
irritados é o deputado Hussein Bakri
(PSC), que tem base eleitoral em
União da Vitória, e vinha sendo um
dos mais aguerridos defensores do
governo desde o início da crise en-
volvendo os servidores e professo-
res. Ele prometeu “ir até o fim” para
esclarecer os motivos do fechamen-
to, que segundo Bakri, não foi expli-
cado aos parlamentares governistas.
Prioridade
Segurança pública – em especial
reforço no policiamento – está entre
as principais reivindicações apresen-
tadas por vereadores de Curitiba em
requerimentos na Câmara Munici-
pal, no primeiro semestre. Dos 161
requerimentos, 45 são voltados à
segurança pública, segundo levan-
tamento da Casa.
CUSTO
R$
52,5
milhões
é o impacto do
reajuste para o TJ
em 2015
1,2 4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,...24
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