Jornal Bem Paraná - page 8

BEM
PARANÁ
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Consumidor
CURITIBA, SEGUNDA-FEIRA, 20 DE JULHO DE 2015
Mesmo com a expansão
do crédito nas últimas déca-
das e o ingresso de mais bra-
sileiros no mercado de consu-
mo no país, o hábito de usar o
nome de terceiros para com-
pras a crédito ainda é bastan-
te comum no Brasil. Um le-
vantamento realizado em to-
das as capitais pelo Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC Bra-
sil) e pelo portal de educação
financeira 'Meu Bolso Feliz',
revela que em cada dez brasi-
leiros, dois (21%) já pediram
o nome emprestado a outras
pessoas para realizar compras
parceladas — especialmente
Umquinto dos brasileiros
ainda empresta o nome
Estratégia é utilizada principalmente pelos consumidores que enfrentam dificuldades para ter crédito
Inadimplência
tem alta de 16,4%
A inadimplência do
consumidor cresceu 16,4%
no primeiro semestre des-
te ano, na comparação
com o mesmo período do
ano passado, de acordo
com a empresa de consul-
toria Serasa Experian.
Esta foi a maior alta se-
mestral desde 2012, quan-
do o índice registrou cres-
cimento de 19,1%.
Em junho, o indicador
subiu 5,9% em relação ao
de maio. Houve alta de
23,4% na comparação com
junho de 2014. Segundo os
economistas da Serasa, o
crescimento significativo
do número de consumido-
res que não pagaram as
contas em dia pode ser ex-
plicado pelas altas da in-
flação, das taxas de juros
e do desemprego.
A inadimplência de
cartões de crédito, finan-
ceiras, lojas e prestadoras
de serviços como telefo-
nia, energia elétrica e
água foi a principal res-
ponsável pela alta do in-
dicador em junho, com
aumento de 10,2%. As dí-
vidas com os bancos e os
títulos protestados subi-
ram 2,5% e 4,7%, respec-
tivamente. Os cheques
sem fundos tiveram que-
da de 1,1%.
O valor médio das dí-
vidas não bancárias subiu
24,6% no primeiro semes-
tre do ano, na compara-
ção com o mesmo período
de 2014. O valor médio
dos cheques sem fundos
e da inadimplência com os
bancos cresceu 10,9% e
0,9%, respectivamente.
as mulheres (26%).
A estratégia é utilizada
principalmente pelos consu-
midores que enfrentam difi-
culdades para ter acesso ao
crédito, mas querem continu-
ar consumindo. Quase um ter-
ço desses entrevistados (31%)
disse que teve de recorrer ao
empréstimo de nome por es-
tar com o CPF registrado em
cadastrados de inadimplentes
e 24% alegam ter estourado o
limite do cartão de crédito ou
do cheque especial.
"Trata-se de uma combi-
nação perigosa para o bolso do
consumidor. Ele não conse-
guiu pagar suas dívidas anti-
gas ou está no limite do endi-
vidamento, mas ainda assim
mostra-se disposto para con-
tinuar consumindo por meio
da ajuda de terceiros. Em vez
de priorizar o pagamento de
dívidas, esse comportamento
pode fazer com que o consu-
midor fique com suas finan-
ças desajustadas", alerta a
economista-chefe do SPC Bra-
sil, Marcela Kawauti.
O estudo ainda revela que
grande parte dos pedidos de
empréstimos de nome é feita
para pessoas muito próximas,
geralmente um familiar ou
amigo e a proximidade da re-
lação acaba sendo um dos fa-
tores de constrangimento para
a recusa do pedido. Quando
se considera o empréstimo de
cartão de crédito, por exem-
plo, os mais solicitados são os
pais (32%), amigos (21%) e
familiares (20%). Já quando a
solicitação é para abrir um cre-
diário, os pedidos são concen-
trados, principalmente nos
amigos (56%), pais (27%) e
familiares (18%).
"O consumidor que acaba
cedendo aos pedidos, precisa
recordar que apessoa quepede
esse tipo de favor já tem o pró-
prio nome com restrição e pro-
vavelmente enfrentará dificul-
dades parapagar o compromis-
so em dia", afirma Marcela.
"O recomendável é nunca
emprestar ou pedir o nome
emprestado, mesmo que seja
paraalgumparentepróximoou
amigo íntimo. Dizer 'não' pode
até abalar a amizade, mas se a
pessoa diz "sim" sem pensar
nas consequências daquele
ato, corre o risco de perder não
somente o amigo, mas tam-
bém dinheiro e ficar com o
nome sujo." alerta o educador
financeiro do portal 'Meu Bol-
so Feliz', José Vignoli.
Compras a crédito
Mulheres
A MeSeems, empresa de
pesquisa Web-Mobile, produ-
ziu uma pesquisa destacan-
do os hábitos de consumo em
época de crise econômica. Em
uma das questões, a pesquisa
mensura a prioridade de con-
sumo nessemomento de vida.
Para as mulheres, 86% coloca
como alta prioridade a compra
demantimentos no supermer-
cado, seguido de medicamen-
tos, com 73% — prioridade
média. A ideia da pesquisa foi
apontar as mudanças nos há-
bitos de consumo das mulhe-
res na atual crise econômica.
Veja a seguir outras medidas
tomadas pelas mulheres na
hora do consumo.
Elas falam sobre as prioridades de compras em tempo de crise
A pesquisa também con-
templou respostas masculinas
para a mesma questão e que
seguiram as prioridades das
respostas das mulheres. A
maior discrepância entre elas,
da ordem de 3%, é a priorida-
de de consumo de artigos para
a beleza.
A pesquisa da MeSeems
abordou 1.650 pessoas, foi re-
alizada entre 12 e 15 de ju-
nho. O público alvo para este
estudo é composto de homens
(50%) e mulheres (50%), de
idades entre 18 e 40 anos, das
regiões Nordeste, Sudeste e
Sul. Os usuários fazem parte
das classes sociais A, B e C,
segundo o Critério Brasil 2015.
NA SEQUÊNCIA, AS PRIORIDADES DELAS SÃO AS SEGUINTES
FORMAS DE EMPRÉSTIMO
)
Segundo o levantamento, 6% dos entrevistados que tomaram o nome
emprestado afirmam não ter informado a pessoa solicitada sobre o valor que seria
gasto na compra
)
O cartão de crédito é o meio de pagamento mais solicitado pelos
consumidores (19%) realizarem compras em nome de terceiros, seguido pelo
crediário, como carnês e boletos (12%), financiamento em bancos (5%), empréstimo
consignado (4%) e cheque pré-datado (3%)
)
A pesquisa mostra que, na maior parte dos casos, os pedidos de empréstimo de
nome serviram para o consumidor adquirir produtos como calçados (37%) e roupas
(34%) — sobretudo entre os indivíduos da classe C — eletrodomésticos (25%), móveis
para casa (24%), computadores, notebooks e tablets (20%), smarthphones e
eletrônicos (15%)
)
Os especialistas do SPC Brasil explicam que ao assumir a divida de terceiros,
por ingenuidade ou por uma simples gentileza, a pessoa passa a arcar com todas as
consequências financeiras e jurídicas, caso o tomador do nome emprestado não
consiga honrar o compromisso assumido. "A responsabilidade sobre a dívida é
sempre de quem a contratou,", alerta José Vignoli.
Comprar roupas e
calçados
Ir ao bar com amigos e
conhecidos
Frequentar cinema ou
teatro
Fazer viagens
Comprar artigos para
beleza
Comprar smartphones
ou tablets
Comprar imóveis novos
ou seminovos
Comprar carro novo ou
seminovo
57%
55%
51%
50%
46%
45%
40%
34%
1,2,3,4,5,6,7 9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,...24
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