Jornal Bem Paraná - page 3

BEM
PARANÁ
3
Política
CURITIBA, SEGUNDA-FEIRA, 18 DE ABRIL DE 2016
Oplenário da Câmara dos
Deputados aprovou ontem a
abertura do processo de im-
peachment da presidenta
Dilma Rousseff por 367 votos
favoráveis e 137 votos favo-
ráveis. Houve 7 abstenções e
duas faltas. O voto da vitória
foi dado pelo deputado Bru-
no Araújo (PSDB-PE) que
deu o 342º voto pelo anda-
mento do impeachment, que
agora será analisado pelo Se-
nado Federal. A votação ter-
minou às 23h45, nove horas
após o início das sessão, às
14 horas.
O quórum no painel ele-
trônico do plenário da Câma-
ra registrou a presença de 511
parlamentares presentes na
sessão, dos 513. Até o placar
que definiu a abertura do im-
peachment, 127 deputados
votaram “não” e seis se absti-
veram. Dois parlamentares
não compareceram.
A sessão de ontem foi aber-
ta às 14 horas pelo presidente
da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). Após manifesta-
ções do relator da Comissão
Especial do Impeachment,
deputado Jovair Arantes
(PTB-GO), de líderes partidá-
rios e representantes da mi-
noria e do governo, a votação
começou por volta de 17h45.
Os deputados foram cha-
mados a votar de acordo com
ordem definida no regimen-
to interno da Câmara, da re-
gião Norte para a Sul do país.
O primeiro a votar foi o de-
putado Abel Galinha (DEM-
RR), que disse “sim” ao im-
peachment.
A discussão do parecer
sobre a abertura de processo
de impeachment de Dilma,
que antecedeu a sessão de
hoje, começou na última sex-
ta-feira, durou mais de 43 ho-
ras ininterruptas e se tornou
a mais longa da história da
Câmara dos Deputados.
Antes de chegar ao ple-
nário, na Comissão Especial
do Impeachment, o relatório
de Arantes pela admissibili-
dade do processo foi aprova-
do com placar de 38 votos fa-
voráveis e 27 contrários. O
pedido de impeachment, as-
sinado pelos juristas Miguel
Reale Jr., Janaína Paschoal e
Hélio Bicudo, foi recebido por
Cunha em dezembro de 2015.
O pedido teve como base
o argumento de que Dilma co-
meteu crime de responsabili-
dade por causa do atraso nos
repasses a bancos públicos
para o pagamento de benefí-
cios sociais, que ficaram co-
nhecidos como pedaladas
fiscais.
Um grupo de seis sena-
dores pretende propor elei-
ções antecipadas para presi-
dente e vice-presidente do
Brasil. A ideia é aprovar uma
proposta de emenda à Cons-
tituição (PEC) no Congresso
para que a escolha ocorra em
outubro, juntamente com o
pleito para definir os novos
prefeitos e vereadores.
A iniciativa parte de Ran-
dolfe Rodrigues (Rede), João
Capiberibe (PSB-AP), Lídice
da Mata (PSB-BA), Paulo
Paim (PT-RS), Cristovam Bu-
arque (PPS-DF) e Walter Pi-
nheiro (ex-PT-BA, agora sem
partido) Os quatro primeiros
já se manifestaram contra a
abertura do impeachment no
Senado, que implicaria o afas-
tamento de Dilma por 180
dias, enquanto Cristovam
Buarque é a favor e Pinheiro
não se posicionou.
No grupo, contudo, há
consenso de que qualquer
desfecho do processo não re-
Grupopropõe antecipar eleições
solverá a crise, tornando-a
mais grave e aprofundando a
divisão da sociedade. Setores
doPT agora tambémse dizem
favoráveis à ideia.
Cristovam Buarque afir-
ma que a solução não envol-
ve somente a aprovação de
uma PEC, mas a concordân-
cia de Dilma e do vice Michel
Temer para evitar que a ques-
tão vire um impasse no Judi-
ciário.
“Mesmo que tenhamos
dois terços da Câmara e dois
terços do Senado (placar ne-
cessário para mudanças na
Constituição), se eles entra-
rem no Supremo, pode ser
que a corte considere que fe-
rimos uma cláusula pétrea”,
explica. “Por isso, reconheço
que a nossa proposta tem
muita dificuldade”, acrescen-
ta o senador.
Ogrupo de congressistas,
no entanto, vê possibilidade
de um movimento nacional
pelas eleições “pegar” diante
das dificuldades que se apre-
sentam tanto para a continui-
dade de um governo Dilma
quanto para o início de uma
gestão Temer, que não se re-
sumem à crise econômica.
A partir de hoje, o PT e
seus aliados, incluindo parte
dos movimentos sociais, de-
vem iniciar uma investida
para desgastar politicamente
Temer e seu grupo, que en-
frentariam, nessa perspecti-
va, forte oposição num even-
tual governo.
Por outro lado, os obstá-
culos de Dilma serão imensos
mesmo que, ao fim, ela consi-
ga preservar a faixa presiden-
cial, com sua base de apoio
esfacelada e vários segmen-
tos da sociedade alinhados
por sua saída. “Tenho a im-
pressão de que estamos vo-
tando para escolher qual é o
caminho que nós vamos se-
guir para o abismo, se é com
DilmaoucomTemer”, comen-
ta CristovamBuarque.
“Perderam em
1964, perderam
agora em 2016”,
disse, fazendo
uma referência
ao golpe militar.
“Contra o
comunismo, pela
nossa liberdade,
contra o Foro de
São Paulo, pela
memória do
coronel Carlos
Alberto Brilhante
Ustra, o pavor de
Dilma Rousseff,
pelo exército de
Caxias, pelas
Forças Armadas, o
meu voto é sim”.
Do deputado Jair
Bolsonaro (PSC-RJ)
“Estou
constrangido de
participar de uma
‘eleição indireta’,
conduzida por um
ladrão, urdida por
um traidor
conspirador e
apoiada por
torturadores
covardes,
analfabetos
políticos e
vendidos. Uma
farsa sexista”.
Do deputado Jean
Willys (Psol-RJ)
“O que dá
sustentação à sua
cadeira cheira a
enxofre. Eu voto
por aqueles que
nunca escolheram
o lado fácil da
história, como
Carlos Marighella,
morto em 1969
pelo regime
militar”.
Do deputado Glauber
Braga (PSOL-RJ) ao
votar por não ao
impeachment
“É uma página
triste, que
ameaça
interromper
trinta anos de
democracia no
País”.
Do ministro-chefe
da Casa Civil
da presidência,
Jacques Wagner (PT)
Bruno Araújo, do PSDB, de Pernambuco: voto de número de 342 a favor
MAIS
RÁPIDA
Reunião
Antes mesmo do
resultado final da
votação, a
presidente Dilma
Rousseff convocou
uma reunião com
ministros e
parlamentares da
base aliada no Palácio
da Alvorada. A ideia é
unificar o discurso
de que a derrota é
momentânea e que o
governo continuará
lutando para
derrotar o
impeachment no
Senado.O líder do
governo na Câmara,
deputado José
Guimarães, já deu
declarações neste
sentido.
Com a votação na
Câmara
encaminhando para o
fim, o governo
também reforçou a
segurança nas
proximidades do
Alvorada e do Palácio
do Jaburu. Um
grande número de
efetivo chegou há
pouco no local.
Dilma passou o dia no
Alvorada, onde
assistiu à sessão da
Câmara ao lado do
ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e
ministros do núcleo
duro do governo,
como Jaques Wagner
(Gabinete Pessoal).
COMO FICA O PROCESSO AGORA
Œ
Processo de pedido de impeachment de Dilma
Rousseff será enviado para o Senado Federal nesta
segunda-feira, 18.
Œ
No dia 19, o processo será lido no plenário do
Senado. No mesmo dia os líderes de partido
devem indicar o nome de 42 parlamentares para
compor a Comissão que analisará o assunto, sendo
21 titulares e 21 suplentes
Œ
A comissão tem 48 horas para eleger, o
presidente e relator, na próxima segunda-feira, 25
Œ
A comissão terá 10 dias para dar o parecer final
da Comissão
Œ
Oparecer será votado ma comissão e támbém
pelo plenário do Senado.
Œ
Em ambos os casos, o pedido precisa ser 41
votados dos 81 senadores (maioria simples)
Œ
Se aceito, Dilma Rousseff será afastada por 180
dias. O vice-presidente, Michel Temer (PMDB),
assume a presidência
Œ
Dilma Rousseff terá 20 dias para apresentar a
defesa no Senado
Œ
Neste período, Dilma receberá metade do salário
de presidente, mas não precisará deixar a
residência oficial
Œ
Os senadores terão 180 dias para julgar se Dilma
Rousseff é responsável pelos crimes apresentados
no processo.
Impeachment passa
com367 votos a favor
Pedido de abertura do processo é aceito na Câmara; hoje segue para o Senado
1,2 4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,...24
Powered by FlippingBook