Jornal Bem Paraná - page 18

BEM
PARANÁ
18
Saúde
CURITIBA, SEGUNDA-FEIRA, 2 DE MAIO DE 2016
COMPORTE-SE
Ronise Vilela|
Casos demorte súbita
assustamno Brasil
O melindre da
adultescência
Não adianta franzir a testa e fazer de conta que não
sabe o que é adultescência. É com você mesmo ai na
faixa dos 30, 40 e quem sabe dos 50, que teria resquícios
do complexo de Peter Pan (se recusar a crescer e viver na
Terra do Nunca). Você é um adulto do século XXI, que
disputa tecnologia, mercado de trabalho e quem sabe
até o mesmo crush com seu filho ou sobrinho adolescen-
te, porque a única coisa diferente no documento de iden-
tidade é o ano de nascimento e a responsabilidade de
pagar as contas.
A adultescência não é pejorativa
, ela é
um retrato do fim da juventude; deriva da expressão
inglesa Kidadults (fusão de das palavras crianças e adul-
tos), um período que a vontade de ir ao um show de rock
compete com o ciático e a lombar, que o porre tem que
ser programado, que o cabelo azul que você sempre quis
pintar, agora é tarde demais. Porém, não significa que
você precisa se comportar com um senhorzão, mas há
posturas já não tão toleráveis. Aliás, um paradoxo: você
é maduro e intolerante. É sim, na maioria das vezes.
Ao assunto do melindre
. Em uma breve
pesquisa no Facebook, um post de minha autoria convi-
dava meus seguidores a espontaneamente se manifes-
tar sobre a seguinte questão: Numa situação de desen-
tendimento, discordância de opiniões ou até mesmo se-
vera contrariedade com amigo ou pessoa de seu círculo
de relacionamentos, como você, adulto, costuma se com-
portar. Das 52 pessoas que se envolveram no assunto,
42,3% optaram pela alternativa A que era “eu procuro
não dar importância”; 19,2% escolheramC “procuro uma
ocasião propícia para discutir meu descontentamento;
enquanto 14,2% foram taxativas e elegeram a questão B
“eu reclamo na hora”. Os demais itens eram D “não tem
perdão e solto os cachorros independente da conseqü-
ência, com 3,8%; E “simplesmente apago da minha vida,
sem quaisquer satisfações” (sem nenhuma escolha) e a
opção F “outra alternativa que não seja nenhuma das
citadas” - 7,6%. Vale ressaltar que os três primeiros itens
foram escolhidos muitas vezes pela mesma pessoa de-
pendendo da ocasião, ou seja, ela pode ignorar ou pedir
satisfações. E ai reside o ponto da coluna, o melindre
dessa geração adulta, que não aceita as diferenças ou
pior, impõe sua opinião, seu time, sua bandeira num
fanatismo burro e infantil.
Ontem era o impeachment
, depois o cli-
ma (calor X frio) e amanhã certamente será a importân-
cia ou não do xadrez nas festas juninas. Ameaças de
bloqueio e exclusão em redes sociais, discursos inflama-
dos em bares ou nas reuniões informais com amigos,
uma divisão de X e de Y ridícula, sem sentido, aquilo que
nos bastidores chamamos de “5ª série”, uma alusão ao
grau de maturidade nessa época da vida, onde os meni-
nos diziam para outro “olha o avião”, ai o coleguinha
mirava para o alto, enquanto o outro abaixava suas cal-
ças e disparava “caiu teu calção” – no entanto, a diferen-
ça era que isso terminava em risos.
Por dia, são mil casos de morte súbita decorrente de arritmia cardíaca
Onúmero assusta: de acor-
do com o Ministério da Saú-
de, são registrados no Brasil
mil casos de morte súbita de-
corrente de arritmia cardíaca
por dia, o que representa 45
por hora e quase dois por mi-
nuto. Segundo o cardiologista
Carlos Eduardo Duarte, mé-
dico especialista em Estimu-
lação Cardíaca e colaborador
da ABEC/DECA - Associação
Brasileira de Arritmia, Eletro-
fisiologia e Estimulação Car-
díaca Artificial/Departamento
de Estimulação Cardíaca Ar-
tificial, o número demortes no
país a cada ano está próximo
a 350 mil.
Mas, por que os diversos
avanços na medicina e, espe-
cificamente, na cardiologia,
não impedem o aumento des-
tes números? “A falta de acom-
panhamento médico preven-
tivo, principalmente nos casos
de pacientes mais jovens, e o
estilo de vida seguido pelas
pessoas hoje em dia são fato-
res fundamentais para o cres-
cimento da quantidade de
casos”, explica Duarte.
Popularmente conhecida
como parada cardíaca, a mor-
te súbita decorrente de arrit-
mia acontece até uma hora
após o início dos sintomas.
“Em 70% dos casos, as ocor-
rências estão ligadas a doen-
ças coronárias”, afirma o es-
pecialista. Este é um dos mo-
tivos pelos quais a prevenção
é tão importante.
Para não fazer parte das
estatísticas, além de avalia-
ções e exames de rotina para
detectar anormalidades ou
fatores de risco cardíaco, é
fundamental estar atento à
qualidade de vida, com práti-
ca periódica de atividades fí-
sicas, alimentação equilibrada
e hábitos saudáveis, evitando
o tabagismo, o consumo exa-
gerado de bebidas alcoólicas
e situações de estresse.
Algumas arritmias são crô-
nicas e não têm cura, mas po-
dem ser controladas comme-
dicamentos e estilo de vida
saudável. É recomendável
controlar bem a pressão arte-
rial, o diabetes (açúcar no san-
gue), o colesterol (gordura no
sangue), a obesidade, não fu-
mar e fazer atividades físicas
regulares.
Duarte acrescenta que a
maioriadas arritmias precisade
uma alteração na anatomia do
coração para ocorrer — o cha-
mado "substrato da arritmia".
"O substratomais frequen-
te é a cicatriz de um infarto do
músculo cardíaco. Outras mo-
léstias, como a doença de Cha-
gas, tambémpodempredispor
ao problema. Alémdisso, exis-
temos males genéticos e here-
ditários que, quando diagnos-
ticados, requerem tratamento
adequado. Cada caso deve ser
particularizado para determi-
nar amelhor conduta."Embora
não existammedidas específi-
cas para prevenir arritmias,
sabe-se que tratar bem o cora-
ção diminui o perigo. Isso en-
volve ter vida saudável, boa
alimentação, prática regular de
atividades físicas, não fumar,
beber com moderação e con-
trolar fatores como pressão
alta, diabetes, colesterol eleva-
do e obesidade.
Com o acompanhamento
CUIDE-SE
especializado, os pacientes
que detectam algum fator de
risco contam com uma ajuda
valiosa. “Na ABEC/DECA, tra-
balhamos com um cardiover-
sor desfibrilador implantável
(CDI) que vem se mostrando
uma medida de tratamento
eficiente para pessoas que já
se recuperaram de uma para-
da cardíaca e para pacientes
comum riscomuito grande de
ter uma parada”, explica o
médico. Semelhante a um
marcapasso, o dispositivo re-
conhece uma arritmia e pode
interrompê-la por meio de
choque ou estimulação rápi-
da — como um desfibrilador,
oferecendo uma proteção ex-
tra ao paciente.
A ABEC/DECA - Associa-
ção Brasileira de Arritmia, Ele-
trofisiologia e Estimulação
Cardíaca Artificial/Departa-
mento de Estimulação Cardí-
aca Artificial faz parte da So-
ciedade Brasileira de Cirurgia
Cardiovascular (SBCCV). O
DECA foi fundado em 1986
por cardiologistas, cirurgiões
cardíacos e outros médicos
interessados no tema. Duran-
te esses 29 anos, mantém seus
objetivos de agregar, discipli-
nar e capacitar os profissionais
da medicina envolvidos na
área de estimulação cardíaca
artificial.
Atualmente, o DECA con-
ta com mais de 500 associa-
dos em todo o Brasil, que rea-
lizam em média 18 mil im-
plantes de marcapassos, des-
fibriladores e ressincronizado-
res por ano, para pacientes
previdenciários (SUS), parti-
culares ou conveniados.
SINTOMAS
)
Palpitação
)
Sofrer com fraqueza
)
Cansaço
)
Falta de ar
)
Tontura
)
Visão turva
)
Palidez cutânea
)
Sudorese fria
)
Desmaio e dor no
peito
)
Confusão mental
)
Pressão baixa
)
Dor no peito
)
Desmaios
EXAMES PRINCIPAIS
PARA DETECTAR O
PROBLEMA
)
Eletrocardiograma
feito no consultório
)
Holter de 24 horas
(aparelho que grava
os batimentos
durante o dia todo)
)
Monitor de
eventos, que
possibilita acompanhar
os pulsos por períodos
prolongados
BATIMENTOS
)
60 e 100 vezes por
minuto é quanto bate o
coração em condições
normais em indivíduos
que se exercitam com
regularidade, ou que
recebem medicamen-
tos para diminuir o
ritmo cardíaco, a
frequência pode cair
para 55 batimentos por
minuto
Ronise Vilela é jornalista e ativista de redes sociais.
1...,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17 19,20,21,22,23,24,25,26,27,28,...32
Powered by FlippingBook