BEM
PARANÁ
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Saúde
CURITIBA, SEGUNDA-FEIRA, 13 DE JUNHO DE 2016
REINVENTANDO-SE
Luciana Kotaka |
Os sentimentos e
a saúde do coração
Especialista afirma que o amor é importante para o bem estar física e mental
O prazer de comer no inverno
pode ser desencadeado
pelo emocional
Manter o comportamento magro mesmo nos dias fri-
os é essencial para manter a saúde e a boa forma
Está chegando o frio, e nessa época sentimos a ne-
cessidade de comer alimentos mais pesados, mas tam-
bém mais calóricos. Acabamos nos aproveitando desse
momento para comermos mais, e as roupas acabam es-
condendo o corpo e muitas pessoas relaxam pensando
que depois irão procurar uma forma de perderem esse
peso acumulado.
Percebo que o que acontece é que a comida aqui en-
tra como forma de conforto, para nos aquecer, seja de
forma a esquentar mesmo como um leite quente, as so-
pas, mas também a alma, com os cappuccinos, o famoso
fondue, as pizzas.
Será mesmo que precisamos aumentar a ingestão
calórica no inverno? Vejo que continuamos no mesmo
ritmo, ou até pode ser que desaceleramos, mas de qual-
quer forma, vamos nos movimentar e desta forma quei-
mamos gordura.
Passar pela estação mais fria do ano nos remete mui-
to a reflexão, ficamos mais introspectivos, gostamos de
ficar deitados no sofá debaixo de uma coberta, um filme
gostoso, e podemos parar para pensar se também não
ficamos mais ociosos, podemos nos sentir solitários e a
comida vem de forma perfeita a preencher esse momen-
to.
É de fundamental importância pensar que o inverno
vai embora, e depois como as festas de fim de ano, casa-
mento, páscoa, o momento passa, e o que se comeu fica,
em forma de gordura no corpo, trazendo junto a insatis-
fação quando nos olhamos no espelho, ou voltamos a
usar as roupas que ficaram no armário.
Podemos continuar a nos comportar de maneira ma-
gra nesse período, escolhendo alimentos saudáveis e
buscando orientação na nutricionista, que é o profissio-
nal habilitado para nos auxiliar nessas mudanças que
interferem em nosso organismo.
Se pararmos para refletir vamos chegar à conclusão
de que precisamos cuidar do que comemos o tempo todo,
claro que também podemos ingerir alimentos que nos
trazem satisfação, tanto no inverno quanto no verão,
porém sempre de forma fracionada, cuidando do que
ingerimos no todo.
Carregamos o peso do que ingerimos, afetando nos-
sa autoestima, trazendo novamente a sensação de im-
potência em função do nosso descontrole, ou melhor, da
nossa falta de cuidados conosco mesmos.
E o ciclo do efeito sanfona novamente entra em cena,
temos que buscar uma forma assertiva de perder o que
ganhamos com nossas gulodices, e nem sempre esse
caminho de volta é rápido e fácil.
A busca pela academia para quem deixou de malhar
nesse período recomeça, e a preguiça, a protelação, tudo
nos remete a ficar estagnados, porém temos que esco-
lher um caminho. Os profissionais que trabalham nessa
área novamente são requisitados, e junto aos novos pa-
cientes, chega a urgência em perder peso, como se magi-
camente tudo pudesse mudar de forma rápida.
Infelizmente queimar calorias não é um processo rá-
pido, ou mesmo nem todas as pessoas respondem com a
mesma facilidade de outras, pois cada metabolismo fun-
ciona de uma forma individual.
Entra nesse momento a paciência e a compreensão
de que o ideal é que se recomece todo o processo, de
forma gradual, onde retomamos os comportamentos
magros, escolhendo agora os alimentos adequados, a
prática de atividade física que agrada, que é prazerosa,
além de poder cuidar das emoções que frequentemente
nos levam a comportamentos de autossabotagem.
Luciana Kotaka é psicóloga, colunista, blogueira e
escritora
Síndrome do Coração Partido
Amar faz bem para a saú-
de? É possível morrer por
amor? Todos os anos, no co-
meço do mês de junho as ale-
grias e tristezas que envolvem
os relacionamentos amorosos
passam a fazer parte do coti-
diano. O que muitos não sa-
bem é que amor afeta, de fato,
a saúde do coração.
O cirurgião cardiovascu-
lar Edmo Atique Gabriel ex-
plica que a relação entre as
emoções e o coração têm base
científica, pois o órgão pos-
sui um grande número de fi-
bras nervosas das estruturas
cerebrais, criando uma liga-
ção estreita. Sendo assim, o
coração sofre com as emo-
ções, tanto as provenientes
dos eventos positivos quanto
negativos que acontecem em
nossas vidas.
A importância das emo-
ções e relações para o bem-
estar foi comprovada por um
estudo realizado pelo Depar-
tamento de Saúde da Univer-
sidade de York, no Reino Uni-
do, e publicado na revista
Heart. Nele constatou-se que
pessoas solitárias têm 30%
mais chances de desenvolver
doenças coronárias e aciden-
te vascular cerebral (AVC).
Para os estudiosos a soli-
dão oferece o mesmo impacto
para o coração do que o es-
tresse e a ansiedade. Além
disso, eles notaram que as
pessoas com ausência de re-
lações afetivas, costumam ser
mais depressivas, estressadas
e possuem um estilo de vida
menos saudável. Normal-
mente, não cuidamda alimen-
tação, fumam, consomem be-
bidas alcoólicas e não prati-
cam atividades físicas.
"É preciso levar em consi-
deração a situação pessoal em
que o indivíduo se encontra
em um processo clínico. Se é
uma pessoa sozinha ou se tem
um companheiro, se o relaci-
onamento amoroso é harmô-
nico ou não. O estado emoci-
onal em que se vive afeta di-
retamente a saúde", explica o
cirurgião vascular Edmo Ati-
que Gabriel.
Um estudo divulgado em
abril de 2016, realizado por
uma universidade dinamar-
quesa com quase um milhão
de pessoas constatou que a
morte do companheiro au-
menta em 41% o risco de uma
arritmia—batimento acelara-
do do coração.
A perda de um amor, seja
por morte ou ruptura de um
relacionamento, já é reco-
nhecida como um problema
de saúde, a Síndrome do Co-
ração Partido e leva muita
gente ao hospital com suspei-
ta de infarto. Também cha-
mada de cardiomiopatia de
Takotsubo, ela foi relatada
pela primeira vez por médi-
cos japoneses, no início dos
anos 1990, e recebeu esse
nome graças à imagem do
ventrículo esquerdo na sísto-
le que, após o problema, se
assemelhava a uma armadi-
lha para capturar polvos
(tako) em forma de pote (tsu-
bo) muito comum no Japão.
No Brasil, o primeiro registro
da doença foi em 2005.
Nessa síndrome, o cora-
ção fica mais ovalado e parte
do músculo para de funcio-
nar, assim como no infarto. A
principal diferença entre os
dois é que, no infarto, há as
obstruções das artérias e o co-
ração não volta a funcionar
sozinho. Já cardiomiopatia
de Takotsubo, não há qual-
quer tipo de obstrução, o co-
ração para e depois volta ao
normal.
Segundo o cirurgião vas-
cular Edmo Atique Gabriel, os
casos descritos na literatura
médica foram desencadea-
dos por situações de estres-
se e de emoção intensas, que
promoveram uma secreção
anormal de adrenalina e no-
radrenalina, com efeitos de-
letérios no coração.
Os sintomas, no entan-
to, são os mesmos do infar-
to: dor no peito, queda de
pressão e desmaio. Na mai-
oria dos casos, o paciente
melhora e fica sem seque-
las. O tratamento é feito com
remédios para manter a
pressão e o batimento cardí-
aco. "É importante fazer o
acompanhamento e norma-
lizar essa arritmia, pois au-
menta a chance de um der-
rame", explica Edmo.
Como a síndrome surge
após a pessoa passar por for-
tes emoções, não há como
preveni-la. Mas o especialis-
ta alerta que convêm evitar
situações extremas de brigas,
separações, estresse e angús-
tia. "Uma pessoa angustiada,
libera na corrente sanguínea
hormônios que prejudicamo
coração. Tanto que uma das
doenças cardíacas, a angina,
é conhecida como Angor Pec-
toris (angústia do peito)", co-
menta Edmo.
Assim como os estados
emocionais negativos de soli-
dão e decepção amorosa ge-
ram doenças cardíacas, o sen-
timentodeamorcontribuipara
o coração bater no compasso
certo, pois traz benefícios para
organismo que reduzemas in-
flamações e amorte celular no
tecido cardíaco.
CINCO ATITUDES QUE AJUDAM A PROTEGER O CORAÇÃO
1. NÃO PERCA O SONO
Brigas, desentendimentos, separações. São muitas as possíveis reviravoltas na
vida amorosa. Mas, a despeito delas, é preciso cuidar da qualidade do sono.
Não deixe que o sentimento de solidão e abandono altere o padrão de sono,
pois ele é fundamental para a manutenção da saúde.
2. DESABAFE OU FAÇA TERAPIA
Como nem sempre é possível blindar o organismo de situações extremas, uma
boa opção para canalizar o estresse são sessões de terapia. O acompanhamento
psicológico pode ser fundamental na melhora do paciente, principalmente se a
Síndrome do Coração Partido tiver acontecido por conta da perda de um ente
querido. Uma boa conversa ou desabafo com alguém de confiança também
pode ser uma ótima opção.
3. NÃO COMPENSE NA COMIDA
Mantenha uma alimentação equilibrada. Procurar conforto em doces ou
alimentos gordurosos pode trazer uma satisfação momentânea, mas a longo
prazo só irá piorar sua situação. Além de obstruir as artérias, este tipo de
alimento engorda, portanto não contribui nem para a saúde, nem para a
autoestima.
4. CULTIVE PENSAMENTOS POSITIVOS
Diversas áreas da medicina e da psicologia já comprovaram o poder e os
benefícios do pensamento positivo. Lembre-se que você não é o que te
acontece, mas o que escolhe fazer com isso. Uma mudança de atitude
psicológica colabora para a recuperação da saúde.
5. MANTENHA A MENTE OCUPADA
Faça atividades físicas, desenvolva hobbies e procure ter atividades de lazer.
Uma pessoa ativa é mais saudável no corpo e na mente.