Jornal Bem Paraná - page 18

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CURITIBA, SEGUNDA-FEIRA,
13 DE JUNHO DE 2016
Diversão
&Arte
BEM
PARANÁ
Luiz Carlos Merten
Na trama de Luiz Alfredo
Garcia-Roza em
Berenice Procu-
ra
, ummenino de 2 anos, filho
de um diplomata, brinca com
uma pá nas areias de Copa-
cabana e descobre um corpo.
Trata-se da travesti Valéria,
que foi assassinada. Cansada
de ser, como diz, apenas uma
caixa de ressonância da cida-
de, uma motorista de táxi re-
solve investigar o caso. Na
versão para cinema, Berenice
continua taxista, mas Valéria
virou Isabelle e é transexual.
Não parece muita coisa, mas
é uma diferença e tanto.
Além de taxista, a Bereni-
ce do filme é ex-mulher de um
repórter policial e tem um fi-
lho. O garoto ainda não for-
mou uma identidade sexual,
mas está circulando pelo
mundo LGBT. A transexual é
assassinada na boate que ele
frequenta e, ao investigar, Be-
renice descobre o envolvimen-
to do próprio ex-marido. Cláu-
dia Abreu, que faz Berenice
no filme de Allan Fiterman,
conversa com o repórter na
The Week, uma famosa casa
noturna do Rio. A cena grava-
da nessa tarde, com extensa
figuração, é justamente aque-
la em que a transexual parti-
cipa do concurso que vai trans-
formá-la em estrela da casa.
É um flash-back. O repór-
ter vive uma situação quase
surreal. Fala comCláudia, com
Du Moscovis (o ex-marido),
Flávia Guimarães (a roteiris-
ta), Elisa Tolomelli (a produ-
tora) e Allan Fiterman (o dire-
tor), menos com Valentina
Sampaio, que faz a transexu-
al, e é uma transexual de ver-
dade. O tempo todo em que o
repórter visita o set de Bere-
nice Procura, Valentina está
sempre no centro do palco,
com seu longo transparente
que o canhão de luz torna
mais transparente ainda. Todo
o mundo conta para o repór-
ter quem é a personagem, e
quem é Valentina.
Nascida menino numa al-
deia de pescadores do Ceará,
o pai e a mãe deram sempre
apoio ao filho, que se sentia
menina. Já como Valentina,
virou top. Berenice Procura é
sua estreia no cinema. "Valen-
tina é maravilhosa. Acho que
o público vai tomar um cho-
que, quando a vir. Quem é
essa mulher? De onde veio?"
Cláudia Abreu já deu entre-
vista sobre o filme e apareceu
na imprensa que ela era fasci-
nada por esse universo ‘mar-
ginal’. Não é nada disso "Eu
acho que Valentina, que todas
essas travestis e transexuais
que você está vendo aqui, são
o futuro. Essas pessoas são a
vanguarda de um novo com-
Cláudia Abreu
descobre as
poderosas
trans em filme
Incansável, atriz está em
Berenice Procura
e se prepara para nova novela na Globo
Cláudia Abreu e Isa-
belle Drummond já fo-
ram mãe e filha na no-
vela
Geração Brasil
, na fai-
xa das 7. Agora farão a
mesma personagem na
nova novela de Maria
Adelaide Amaral (e Vin-
centVillari),
ALeidoAmor
,
que vai substituir
Velho
Chico
. Na primeira parte,
Isabelle vive um grande
amor que não dá certo.
Na sequência, a perso-
nagem, madura, vira
Cláudia, que volta para
os desdobramentos da
trama inicial. Cláudia
mal havia encerrado sua
participação no set de
Berenice Procura, o lon-
ga da produtora Elisa To-
lomelli, adaptado do li-
vro de Luiz AlfredoGar-
cia-Roza, e dois dias de-
pois, já estava no Projac,
nos ensaios da próxima
novela das 9, na Globo.
Houve uma primei-
ra etapa de ensaios, com
o elenco da primeira
fase. Depois, uma se-
gunda. Cláudia Abreu
participou de ambas.
Afinal, mesmo com ou-
tra cara (a de Isabelle),
sua personagem atra-
vessa a trama toda. "Eu
amo os textos da Maria
Adelaide. Ela escreve
tão bem... E cria perso-
nagens humanas, den-
sas. Acho sempre uma
responsabilidade fazer
textos de autores assim,
mas é gostoso. Mais que
isso: preciso. Agente tem
de fazer alguma coisa
que nos coloque à prova.
E, agora, Berenice.
Claudia adentra o uni-
verso transgênero. No
livro de Garcia-Roza, a
personagem é uma tra-
vesti, circulando no uni-
verso da baixa Copaca-
bana em que se passam
as tramas do escritor. A
transposição para o ci-
nema faz da travesti
uma transexual. Quem
é Berenice, e o que pro-
cura? O que procura a
própria Cláudia Abreu?
Casada, mãe, ela é uma
mulher moderna que
vive no fio da navalha,
conciliando vida profis-
sional e familiar Não de-
siste de sonhar. "Gosto
de coisas que me desa-
fiem." A volta às nove-
las, dois anos depois de
Geração Brasil, coincide
comoutro projeto de TV,
no canal Gloob.
Atriz estará em
A Lei do Amor
Claudia Abreu: “Valentina é maravilhosa. Acho que o público vai tomar um choque”
portamento sexual. Deixaram
para trás os gêneros. Pensa
comigo. Adoro ser atriz, criar
personagens que são diferen-
tes de mim e que me permi-
tem compreender o outro.
Hoje em dia, atriz é celebrida-
de, mas há um século era
marginal. Tinha de ter cartei-
rinha de saúde como as p...
Então, não é fascínio pela
marginalidade. São pessoas.
Reivindicam um outro olhar.
A Valentina se fez mulher, e é
esse espanto, essa beleza. Sou
totalmente a favor."
O set ferve de drags, de
transexuais. Muitas plumas,
paetês. O mais discreto é um
senhor de meia-idade, de ter-
no, muito bem-composto, mas
com um sapato de strass colo-
rido, que brilha quase tanto
quanto o canhão que ilumina
Valentina no palco. Num certo
sentido, Cláudia é a estranha
nesse ninho. Berenice não per-
tence a esse universo, mas ela
vai adentrar e as descobertas,
do ex-marido e do filho, vão
confrontá-la com suas certe-
zas. Flávia Lacerda é quem ia
dirigir, mas desistiu e recomen-
dou o amigo Allan Fiterman,
que estudou cinema nos EUA
e, no Brasil, tem dirigido mais
novela. Fiterman embarcou na
hora. AGlobo deu uma força e
o liberou. Duas atrizes passa-
ram pela Berenice, incluindo
Camila Pitanga, sem se fixar.
Como um pedido de socorro,
Fiterman chamou a amiga ‘Ca-
cau’. Cláudia Abreu reflete -
"Ele acha que eu o socorri, mas
o Allan me deu esse presen-
tão. É uma belíssima persona-
gem e eu estou adorando isso
aqui, esse set. É uma energia
muito grande. Faço cinema,
faço TV e sinto que a pegada é
diferente. Lá (na Globo), o
Allan faz televisão, e muito
bem. Aqui, está fazendo cine-
ma, e também está sendo óti-
mo. Coloco amaior fé de que o
filme vai ser bom."
Casada (desde 1997, há
quase 20 anos) com o diretor
José Henrique Fonseca, mãe
de quatro filhos (Maria
Maud, Felipa, José Joaquim e
Pedro Henrique), Cláudia
Abreu, aos 45 anos, está mais
bela do que nunca. Sorry, me-
ninas, mas naquela boate ela
brilha mais que qualquer pae-
tê. Como qualquer mulher
moderna, ela tem de vencer
uma batalha por dia. Não é
fácil ser mulher, mãe, atriz,
"mas a gente tenta, né?". A
volta à televisão, dois anos
após Geração Brasil, está sen-
do dupla. Além da novela de
Maria Adelaide Amaral (e Vin-
cent Villari), A Lei do Amor,
Cláudia tem outro projeto no
canal Gloob, que começou a
gravar no fim do mês Não dá
para falar muito porque o ca-
nal quer fazer um lançamen-
to especial, mas Os Valentins
é um infantil de autoria da
própria Cláudia. "É sobre qua-
tro irmãos sozinhos numa casa
cheia de invenções malucas.
Tem também um antigo ami-
go da família, que, na verda-
de, pode ser um vilão sinistro.
A ideia é trabalhar o medo no
inconsciente das crianças." A
produção é da Zola, empresa
da qual Cláudia é sócia. "Zé
Henrique (o marido) é quem
está formatando. Ele dirige o
episódio inicial e segue com a
direção-geral. Acho que as cri-
anças, e não só elas, vão gos-
tar. E mais não posso falar."
Sobre
A Lei do Amor
, Cláu-
dia, encantada com o texto de
Maria Adelaide, só acrescen-
ta que formará trio com Rey-
naldo Gianecchini e José
Mayer. E já tem outro projeto
de filme para 2017. "Vai ser
uma releitura da personagem
Chayane, da novela Cheias de
Charme. "A história é muito
engraçada", garante.
Divulgação
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